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sábado, 2 de agosto de 2014

A Teosofia e as Sociedades Teosóficas (3ª parte)

Continuamos com a tradução do excelente artigo do professor James A. Santucci, "A Teosofia e as Sociedades Teosóficas". Esta semana é publicada a terceira de dez partes.


História posterior

Com a morte de H.P. Blavatsky a 8 de maio de 1891, a liderança da Secção Esotérica (naquela altura chamada de Escola Oriental de Teosofia) passou para W.Q. Judge e Annie Besant. Poucos anos depois, acusações foram dirigidas contra Judge de que ele estaria “usando indevidamente os nomes e caligrafia dos Mahatmas”. Por outras palavras, alegava-se que ele recebia mensagens dos Mestres, ou, como Besant afirmou “dando uma forma enganosa a mensagens recebidas psiquicamente do Mestre”. Embora Besant e Olcott deixassem cair as acusações em julho de 1894, elas foram reabertas no final desse mesmo ano por Besant, que propôs uma resolução em dezembro de 1894, durante a Convenção da S.T. Adyar para que o Presidente Olcott “instasse de imediato a que o Sr. W.Q. Judge se demitisse” da vice-presidência da Sociedade. A resolução foi aprovada, mas Judge recusou demitir-se. Mais tarde, na convenção da Secção Americana da S.T. em Boston (28-29 de abril de 1895), os delegados votaram a favor da autonomia da Secção Americana em relação à Sociedade Teosófica de Adyar com Judge a ser eleito presidente vitalício, autodesignando-se aquele organismo de “Sociedade Teosófica na América”.


William Quan Judge

Quer esta separação seja interpretada como uma dissidência - a posição da S.T. Adyar – ou como o reconhecimento de que nunca houve qualquer ligação de natureza legal entre a S.T. Adyar e a S.T. original de Nova Iorque, de acordo com a interpretação da “Sociedade Teosófica na América” – é uma questão de opinião. Isto é discutido por W.Q. Judge em “The Theosophical Society”, The Path 10 (maio 1895): 55-60, reimpresso em Echoes of the Orient: The Writings of William Quan Judge 2, compilado por Dara Eklund (San Diego: Point Loma Publications, 1980), p. 197-202. A votação da Secção Americana teve como consequência a expulsão por parte de Olcott, de Judge e de todos aqueles que o seguiram. Isto incluiu mais de 5 000 membros nos Estados Unidos e noutras sociedades afiliadas noutros locais, incluindo lojas em Inglaterra e na Austrália.

Depois da morte de W.Q. Judge em 21 de março de 1896, Ernest Temple Hargrove (1870-1939) foi eleito presidente da S.T. na América de Judge. A Escola Oriental de Teosofia (o novo nome da Secção Esotérica desde 1890) também se separou a 3 de novembro de 1894: um grupo permaneceu na Sociedade de Adyar com Annie Besant como líder externa e outro dentro da Sociedade de Judge sob uma líder externa cujo nome era para ter permanecido secreto até 1897, mas foi revelado (no New York Sun de 27-28 maio de 1896 e em Theosophy, o novo nome para o The Path de junho de 1896), que Katherine Tingley (1847-1929) seria a sucessora de Judge. Tingley seguiu e desenvolveu a direção que Judge perseguira nos últimos anos da sua vida, colocando menos ênfase na teoria e mais nas aplicações práticas dos ensinamentos teosóficos na área social e na da reforma educativa. Em fevereiro de 1897, ela colocou a primeira pedra de uma comunidade em Point Loma, San Diego, que se tornaria a nova sede internacional da S.T. na América (a antiga sede era em Nova Iorque). No mesmo ano, fundou a Liga de Fraternidade Internacional tomando o cargo, ela própria, como presidente, e tendo como objetivo realizar um conjunto de tarefas humanitárias, desde as educacionais às filantrópicas. Acrescente-se ainda que todas as lojas da sua Sociedade foram fechadas ao público em 1904.


Katherine Tingley


No final de 1897, Hargrove encontrava-se desagradado com as atividades de Tingley e possivelmente também com a relutância dela em partilhar o poder com ele ou com outra pessoa. Demitiu-se da presidência e tentou ganhar o controlo na convenção de 1898 em Chicago, mas não teve sucesso nem na Convenção nem na ação judicial subsequente. Como consequência da intensa oposição de Hargrove na convenção em relação aos conteúdos da nova constituição elaborada por Tingley (da qual ele nada sabia até à sua apresentação na convenção, conforme referido em Emmett GreenwaltCalifornia Utopia: Point Loma: 1897–1942 [San Diego: Point Loma Publications, 1978], p. 37-40), Hargrove deixou a Sociedade e formou a sua própria organização com cerca de 200 membros da S.T. na América de Tingley.
Com base em Nova Iorque, a reformada Sociedade Teosófica na América de Hargrove, foi mais tarde, em 1908, rebatizada como a Sociedade Teosófica, (John Cooper, “The Esoteric School within the Hargrove Theosophical Society,” Theosophical History 4.7-8: 179), com A.H. Spencer a se tornar no seu presidente em exercício. Manteve-se como uma organização viável durante muito tempo até a Sociedade, e possivelmente até a sua própria Escola Esotérica de Teosofia ter entrado num período de “recolhimento” do trabalho ativo. O último documento atribuído à E.E.T. é Aids e Suggestions No. 18, de 7 Dezembro, 1907; ver Cooper, “The Esoteric School within the Hargrove Theosophical Society,” p. 185. O “recolhimento” teve provavelmente lugar no final de 1938 embora John Cooper, “The Esoteric School within the Hargrove Theosophical Society,” p. 180, considere 1935 como a data efetiva. A Theosophical Quarterly, a maior revista da Sociedade, cessou a sua publicação em outubro de 1938.


Ernest Temple Hargrove

A direção da enérgica liderança de Tingley levou ao nascimento de dois organismos dissidentes: o Templo do Povo, fundado em 1898 e a Loja Unida de Teosofistas, constituída em 1909, por Robert Crosbie e outros em Los Angeles. De acordo com Jerry Hejka-Ekins numa comunicação privada (20 fevereiro de 1996), a L.U.T. efetivamente nasceu a partir da Sociedade de Hargrove pois Crosbie juntou-se a esta última depois de ter deixado a Sociedade Teosófica e Fraternidade Universal de Tingley. Hejka-Ekins acrescenta, contudo, que “ela [a L.U.T.] parece ser mais uma reação à Sociedade de Point Loma [a S.T e F.U.].”


Continua na próxima semana.

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