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sábado, 29 de março de 2014

A arte e o transcendente IV

És Tu, sou eu? Isso faria dois.
Longe de Vós, longe de Vós o pensamento de afirmar dois.
Um ser, o Teu, exprime-se sempre no fundo do meu não ser.
Pretender somar o meu todo ao Todo seria uma dupla ilusão:
Onde está a Tua essência, em relação a mim, para que eu possa vê-la,
Já que a minha essência ultrapassou visivelmente o Onde?
E onde está a Tua face?
A minha visão devo procurá-lo no íntimo do meu coração
Ou na pupila do meu olho?
Entre Ti e mim, há um "eu sou" que me atormenta.
Ah! Tira pelo teu "Eu sou" o meu "eu sou" do meio de nós dois.

Al-Hallaj

sábado, 22 de março de 2014

A influência da Teosofia em personalidades famosas II - Escritores

Há duas semanas atrás, inicíamos esta série de seis secções (repartidas em sete partes, pois a seção relativa às figuras religiosas e espirituais e extensa e foi dividida em dois) sobre a influência da Teosofia e da Sociedade Teosófica em indivíduos que se tornaram conhecidos.

Este artigo baseia-se num levantamento originalmente feito por Katinka Hesselink e para entender o contexto é necessário ler a primeira parte.




ESCRITORES

Sir Edwin Arnold (1832-1904) – britânico, autor de “A Luz da Ásia” [poema épico sobre a vida e os ensinamentos do Buda] e “A Canção Celestial” [um tradução do Bhagavad-Gita]. [A E.T. refere Arnold como amigo próximo do Coronel Olcott, um dos fundadores da S.T.. Também conheceu Blavatsky, a quem admirava pelas suas capacidades mentais. Perto da sua morte tornar-se-ia membro honorário da Sociedade Budista Internacional. Tinha simpatia pelo movimento teosófico e expressava a opinião que o mesmo tinha tido um excelente efeito na humanidade. A certa altura da sua vida tornou-se vegetariano.]




Lyman Frank Baum (1856-1919) – Autor norte-americano de “O Feiticeiro de Oz” e de outras histórias infantis. [Segundo a E.T., ele ter-se-á filiado na S.T. em 1892. O verbete dedicado a Baum é muito interessante explicando a simbologia de “O Feiticeiro de Oz” à luz da Teosofia. Assim a referência ao Kansas, vem do facto deste estado norte-americano ter forma quadrangular, uma alusão ao quaternário inferior da literatura teosófica. Os personagens que acompanham Dorothy (que enquanto no Kansas simboliza a alma humana aguardando a encarnação no mundo físico), representam os nossos corpos imperfeitos mental (espantalho), astral (Homem de Lata) e físico (Leão Medroso).]




Algernon Blackwood (1869-1951) - escreveu sobre o sobrenatural e histórias misteriosas. [ A E.T. diz-nos que Blackwood foi um teosofista britânico que refletia o interesse na Teosofia nos seus romances. Foi membro e Secretário-Geral da S.T. de Toronto e anos mais tarde esteve também ligado à Loja de Londres].

Lewis Carroll (1832-1898) – pseudónimo de Charles Lutwidge Dodgson, autor britânico dos livros “Alice no país das maravilhas”, “Algumas aventuras de Sílvia e Bruno”, etc…[NT: A versão em inglês do verbete do wikipedia referente a  Lewis Carroll lembra o interesse dele na Teosofia].




Mohini  Mohun Chatterji (1858-1936) – escreveu sobre o Bhagavad Gita, Vivekachudamani, etc... [A E.T. descreve Mohini como um chela do Mestre KH, que caiu na armadilha da arrogância. Aderiu à S.T. em 1882 tendo a abandonado cinco anos mais tarde fruto de uma postura crítica face à condução da Sociedade por parte de Olcott. Segundo Sven Eek, em “Damodar e os Pioneiros da Teosofia”, Mohini morreu praticamente cego devido a cataratas nos olhos].

James Henry Cousins (1873-1956) – Escritor, dramaturgo, ator, crítico, editor, professor e poeta, nascido na Irlanda. Usou vários pseudónimos incluindo Mac Oisin e Jayaram, um nome hindu. Cousins foi bastante influenciado pela capacidade de George William Russell de reconciliar o misticismo com uma abordagem pragmática às reformas sociais e de acordo com os ensinamentos da Senhora Blavatsky. Teve um interesse no paranormal durante toda a sua vida e foi testemunha de várias experiências levadas a cabo por William Fletcher Barrett, professor de Física na Universidade de Dublin e um dos fundadores da Sociedade de Pesquisa Psíquica. Também escreveu profusamente sobre Teosofia e em 1915 Cousins deslocou-se até à Índia com viagem paga por Annie Besant, a Presidente da Sociedade Teosófica (Fonte: Wikipedia)

Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) - inglês, autor das histórias de Sherlock Holmes; espiritualista. O seu interesse na Teosofia é duvidoso, embora tenha estado em contacto com ela. Teve ligação com a Blavatsky Association sobre o Relatório Hogdson.


O falecido ator Jeremy Brett fez uma das memoráveis
interpretações do famoso Sherlock Holmes

Robert Duncan (1919–1988) – Poeta norte- americano e um estudante (…) da tradição esotérica ocidental, tendo passado a maior parte da sua carreira em São Francisco e arredores.(…) O trabalho mais maduro de Duncan emergiu nos anos 1950 no contexto literário da cultura Beat. (…) A sua mãe, (…) morreu durante a infância [de Duncan] e o pai não era capaz de sustentá-lo pelo que foi adotado por Edwin e Minnehaha Symmes, uma família de devotos teosofistas (Fonte: Wikipedia).

T.S. Eliot (1888-1965) - poeta e crítico anglo-americano.

E.M. Forster (1879-1970) - romancista inglês, [autor de] “Passagem para a Índia”.

Kahlil Gibran (1883-1931) (consultar “Prophet: the life and times of Kahlil Gibran / Robin Waterfield. (New York : St. Martin's Press, 1998), p. 225.) [NT: A versão em inglês do verbete do wikipedia referente a Gibran menciona o seu misticismo como sendo uma convergência de diversas influências: Cristianismo, Islamismo, Sufismo, Judaísmo e Teosofia. Autor do famoso livro “O Profeta”, muito popular durante os anos 60 nos EUA, embora tenha sido publicado pela primeira vez em 1923].




Sir Henry Rider Haggard (1856-1925) -  escritor inglês, [autor de] “As Minas do Rei Salomão”, “Ela, a feiticeira”, etc…

James Joyce (1882-1941) - romancista irlandês, [autor de] “Ullisses” e “Finnegans Wake”.

D.H. Lawrence (1885-1930) - romancista inglês, [autor de] “A Serpente Emplumada”, etc.. “um escritor religioso que não rejeitou o Cristianismo, mas que tentou criar uma nova base religiosa e moral para a vida moderna”.

D.H. Lawrence

Jack London (1876-1916) - romancista norte-americano.

Maurice Maeterlinck (1862-1949) - poeta belga, também dramaturgo e romancista, principal expoente do teatro simbolista que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1911.

Henry Miller (1891-1980) - [norte-americano] autor de romances autobiográficos.

Talbot Mundy (1879-1940) – [NT: Katinka Hesselink não dá detalhes sobre Mundy no artigo, remetendo para um link com extensa informação sobre este escritor, que teve relação com a ST de Point Loma, através de Katherine Tingley - a sucessora de W.Q. Judge - entre 1922 e 1929. A E.T. também o menciona, embora não haja informação muito mais relevante do que aquela que já foi atrás referida].

John Boynton Priestley (1894-1984) - romancista e dramaturgo inglês, autor de “O tempo e os Conways”, “I Have Been Here Before”, “An Inspector Calls”, [etc].

George W. Russell (Æ) (1867-1935) – Poeta irlandês, também pintor e especialista em agricultura [Segundo a E.T. foi aluno de Helena P. Blavatsky e contemporâneo de Yeats. Aderiu à S.T. em 1887, tendo, aquando da cisão da Sociedade em 1895, apoiado William Judge. Quando este morreu um ano mais tarde, abandonou aquela S.T. e formou a Sociedade Hermética. Foi um ativista político a favor dos movimentos de libertação irlandeses. Grande parte dos poemas de Russell são de natureza mística refletindo as suas crenças teosóficas. Aqui mais um artigo do Canadian Theosophist sobre Russell].

Retrato de George Russell

Sir Thomas (Tom) Stoppard (n. 1937) - dramaturgo nascido na República Checa, autor de drama intelectual, como por exemplo “Arcádia” (1993), que juntou o último teorema de Fermat, a teoria do caos, arquitetura paisagística e o Lorde Byron. Também escreveu “Indian Ink” sobre a independência da Índia e os teosofistas.

Kurt Vonnegut Jr. (1922-2007) - autor norte-americano de romances satíricos de crítica social.

Thornton Wilder (1897-1975) - romancista e dramaturgo norte-americano, [autor de] “The Cabala”, “A ponte de São Luís Rei”, “Nossa Cidade”, “The Matchmaker”,”The Skin of Our Teeth”…

William Butler Yeats (1865-1939) - Poeta e dramaturgo anglo-irlandês [A E.T. conta-nos que Yeats juntou-se à S.T. em 1887, estando os seus trabalhos fortemente influenciados pela Teosofia e pelas suas incursões no misticismo. Foi por sugestão de Blavatsky que o poeta irlandês haveria de estudar a literatura espiritual indiana, o que o influenciaria nalgumas das suas produções. Mais tarde reconheceria que Blavatsky o tinha ajudado a desenvolver os seus poderes mentais e capacidade de liderança].

W.B. Yeats

sábado, 15 de março de 2014

Como uma borboleta na sua crisálida

Daniel Caldwell é um dos mais conhecidos investigadores no campo da Teosofia, particularmente de todo o universo relacionado com Helena Blavatsky. Conhece como poucos a vida de HPB e sabe imensos detalhes sobre as inúmeras controvérsias da história do movimento teosófico, as diferenças sobre edições de livros, as datas de certos acontecimentos, as diferentes perspetivas sobre determinado conceito, etc…uma verdadeira enciclopédia, vertida no seu Blavatsky Study Center, o portal existente com mais conteúdos sobre Teosofia e HPB. Tem tanto material que duvido que alguém o tenha explorado na sua totalidade. Será a porta de entrada mais provável para aqueles que procuram as primeiras informações sobre Teosofia e HPB (em língua inglesa, naturalmente).


Helena Blavatsky (1831-1891)


Caldwell já editou três livros, um deles traduzido para português, “O Mundo Esotérico de Madame Blavatsky” que foi um dos meus primeiros contactos com Blavatsky. Um livro que já reli e que permanece como um dos meus favoritos. No fundo, é uma espécie de biografia de Blavatsky com base numa série de relatos de quem a conheceu, quer daqueles que lhe eram mais próximos, quer de pessoas que só a viram por uma vez. Também há lugar para aqueles que não gostaram (e não gostavam) da Velha Senhora.

Nem todos são apreciadores do trabalho de Caldwell, que já se envolveu em várias polémicas na internet e que fez parte do grupo de trabalho envolvido na controversa edição do I volume das Cartas de HPB, liderado por John Algeo, cujas deficiências foram referidas num artigo da revista Biosofia. A publicação de textos críticos para com algumas das práticas da Loja Unida de Teosofistas (LUT), bem como algumas referências à história desta organização e aos seus líderes acarretaram uma ligação um pouco difícil com certos elementos desta estrutura. “O Mundo Esotérico de Madame Blavatsky” foi inclusive alvo de uma dura crítica de Jerome Wheeler, um decano da LUT, a meu ver um pouco exagerada, pois na altura em que li o livro fiquei com uma ideia de HPB que mantenho até hoje, a de uma mulher extraordinária, a quem o mundo muito deve.





Mais recentemente Caldwell, editou “Laura Holloway e os Mahatmas” e antes “The Esoteric Papers of Madame Blavatsky”, que contém fac-similes de diverso material importante na história do movimento, como sejam as regras e  as primeiras instruções para os membros da Secção Esotérica e transcrições das reuniões do Grupo Interno (Inner Group). Há ainda uma compilação de Caldwell para introdução à Teosofia em forma de e-book.


Esta introdução antecede a tradução de uma interessante subpágina do Blavatsky Study Center sob o processo pós-morte e que se intitula “Como uma borboleta na sua crisálida“. Caldwell autorizou a sua tradução para português, ficando aqui desde já o meu agradecimento.


Como uma borboleta na sua crisálida

As esferas intermediárias (…) são os grandes pontos de paragem, as estações nas quais são gerados os futuros Egos autoconscientes, a prole auto-engendrada dos Egos antigos e desencarnados no nosso planeta. Antes que a nova Fénix, renascida das cinzas dos seus pais, possa voar mais alto para um mundo melhor, mais espiritual e mais perfeito…tem que passar pelo processo de um novo nascimento...”


“(…) naquele mundo de sombras o Ego-feto, novo e ainda inconsciente, transforma-se na vítima merecida das transgressões do seu último Eu, cuja carma – mérito e demérito - criará sozinho o seu futuro destino. Naquele mundo (…) nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autómatas; almas em estado de transição, cujas faculdades e individualidades adormecidas estão como uma borboleta na sua crisálida; e os Espíritas esperam que elas falem com sensatez…!”

Mestre KH, [Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, carta 18 (por ordem cronológica), vol I, p.125 da edição em português]

Usando o ciclo de vida da borboleta-monarca, tentemos ilustrar as palavras do Mestre KH.


Imagens 1 e 2 : o Mundo Físico


1
2

A fase da lagarta representa o ser humano durante a sua vida no plano físico. É a nossa personalidade humana.

A lagarta da borboleta monarca tem um apetite voraz por serralha e passa a sua vida enquanto naquele estádio a se alimentar…da mesma forma que os seres humanos têm apetite por experiências – físicas, emocionais, mentais, etc…

Imagens 3 a 10: Kama-loka

Naquele mundo (...) nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autómatas, almas em estado de transição..." [op.cit, carta 18, vol. I, p.25]


3
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Quando o ser humano morre de morte natural normal, a personalidade entra numa fase de casulo no Kama-loka. Tem lugar uma transformação e apenas as partes “superiores” da personalidade  são assimiladas pelo nosso “Deus” interior, ou seja, dá-se a “ressuscitação”…no Devachan…a fase da borboleta. As partes inferiores da nossa personalidade são descartadas…tornando-se uma casca.


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Existem contudo exceções…vidas interrompidas pelo doença, acidentes, assassinatos, suicídios, abortos. Veja-se o que escreve Plutarco [também n'"A Chave para a Teosofia", p.94 a 96]


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O Mestre KH escreve:

“Aquele que possui as chaves dos segredos da Morte é possuidor das chaves da Vida.” [Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett , carta 136, vol II, p.315]

E o Mestre M escreve:

“O sr. Hume [no seu artigo “Fragmentos da Verdade Oculta”] definiu perfeitamente a diferença entre personalidade e individualidade. A primeira dificilmente sobrevive; a segunda, para percorrer com êxito os seus cursos setenários descendente e ascendente, tem de incorporar em si mesma a força vital eterna que reside somente no sétimo princípio e então unir os três (quarto, quinto e sétimo) num – o sexto. Os que chegam a fazê-lo convertem-se em Budas, Dhyan Chohans, etc…O propósito principal dos nossos esforços e iniciações é alcançar esta união enquanto estamos na Terra." [op.cit., carta 44, vol. I, p.205-6]


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Ver aqui este texto em inglês com excertos de referências feitas por  HPB e pelos Mestres, bem como estas tabelas (1 e 2) do livro de Geoffrey Farthing, "When we die". Explicações sobre o Kama-loka e o Devachan podem ser encontradas em posts anteriores do Lua em Escorpião.

Imagens 11 e 12: Devachan


Uma vez acordadas do seu torpor pós-morte





A revitalização da consciência começa depois da luta no Kama-loka, às portas do Devachan e apenas depois do “período de gestação”.


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“Do Kama-loka (…) uma vez despertadas do seu torpor pós-morte, as “Almas” recém-transladadas vão todas (exceto as cascas), de acordo com as suas atrações, ou para o Devachan, ou para o Avitchi [estado de maldade espiritual, a antítese do Devachan].” [op.cit., carta 104, vol.II, p.190]

“Quando o sexto [Buddhi] e sétimo [Atman] princípios tiverem ido, levando consigo as partes mais finas e espirituais daquilo que certa vez foi a consciência pessoal do quinto princípio [Manas], só então a casca gradualmente desenvolve uma espécie de vaga consciência própria a partir do que permanece na sombra da personalidade.” [op.cit, carta 93B, vol.II, p.141]



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No chamado manuscrito de Wurzburg d’”A Doutrina Secreta” , HPB escreveu:

[Buddhi] é também o plano de existência no qual a individualidade espiritual evolui, e a partir do qual a personalidade é eliminada.”

Devemos portanto aprender a fazer de forma consciente nesta vida, aquilo que é feito automática e inconscientemente nos estados pós-morte.

sábado, 8 de março de 2014

A influência da Teosofia em personalidades famosas I - Músicos

Katinka Hesselink era até há pouco tempo uma das teosofistas mais ativas no mundo da internet. Contudo, desiludida com as cúpulas da Sociedade Teosófica de Adyar, virou-se para o Budismo. As suas opiniões colocadas em blogues e sites eram bastante lidas, bem como muitos dos seus interessantes artigos.

Há dias, numa pesquisa no Google, acabei por localizar um desses artigos – uma extensa lista de pessoas conhecidas que foram tocadas pela Teosofia, uns de modo mais profundo, outros nem tanto. Katinka Hesselink autorizou a tradução do artigo que foi elaborado entre 2006 e 2010, mas ao longo da mesma achei por bem adicionar umas notas entre parenteses retos e eliminar algumas partes que me pareceram mais irrelevantes. 

Katinka Hesselink


Também procedi à ordenação alfabética dentro de cada categoria. Muitas das referências do artigo original vêm da wikipedia, que não será a melhor das fontes para um tema tão específico como é o da Teosofia. Por isso e aproveitando o facto da “Theosophical Encyclopedia” (E.T.) estar online fiz uma adaptação do conteúdo original, com a permissão da Katinka, e o que se encontra dentro dos parenteses retos é em praticamente todos os casos extraído da E.T..

Este texto será colocado no Lua em Escorpião dividido em seis secções ao longo de várias semanas, intercalando com outros posts, pois não existe propriamente continuidade entre cada uma das secções (uma delas, a das figuras religiosas e espirituais, por ser extensa, será partida em duas partes). As personalidades estão agregadas em várias categorias: escritores, cientistas e inventores, pintores, músicos, políticos, arquitetos, atores, psicólogos, feministas e figuras religiosas e espirituais.

O facto de determinada personalidade constar desta lista não significa que o seu contributo tenha sido, na minha opinião, positivo. Esse é o caso do casal Ballard, que iniciou o movimento “I AM”, um conjunto de ilusões e mistificações à volta dos “Mestres Ascensos”. Há também uma menção a um antigo presidente de El Salvador que só consta da lista por estar referenciado no artigo original, pois as suas ideias e práticas estão nos antípodas do que defende a Teosofia.

O objetivo do artigo, para o qual avançamos já de seguida, é mostrar a amplitude da influência da Teosofia nestes quase 140 anos que passaram sobre a fundação da Sociedade Teosófica.




Este é um inventário provisório do impacto da Sociedade Teosófica no mundo. Baseia-se bastante no trabalho de John Algeo. Algumas coisas foram adicionadas, embora a minha fonte para elas sejam meramente rumores no meio teosófico. Estes casos necessitam obviamente de maior investigação. Eu (ainda) não incluí as fontes de referência adequadas, o que com o tempo acontecerá. De momento esta lista apenas inclui pessoas da Sociedade Teosófica de Adyar. Isto não é uma questão política, mas o reflexo do meu conhecimento nesta área. Se alguém consegue indicar pessoas de outras organizações teosóficas que tiveram um impacto significativo na sociedade, contactem-me por favor.

Tenho consciência que este é um campo de estudo problemático: o que constitui exatamente influência? Contudo, penso que é possível dar algum tipo de resposta à questão da influência da Sociedade Teosófica fazendo um inventário de destacados inovadores culturais que foram membros da Sociedade Teosófica. Se se consegue encontrar um número significativo, então é plausível que uma organização relativamente pequena tenha tido uma influência relativamente elevada no Oriente e no Ocidente. Como demonstra a lista, nem sempre é fácil mostrar como a Sociedade Teosófica ou os seus ideais e ensinamentos fizeram diferença no método ou nas perspetivas de certas pessoas. De qualquer modo, julgo ser útil para os historiadores da área da cultura estarem conscientes das filiações na Sociedade Teosófica. Para os membros da Sociedade Teosófica pode ser interessante saber as contribuições que outros membros tiveram no mundo.

Algumas pessoas que constam da lista nunca foram membros da Sociedade Teosófica (S.T.), e nesses casos foi adicionada uma nota. Elas constam da mesma devido aos seus interesses espirituais, ou devido ao seu contacto com teosofistas, mesmo que nunca se tenham filiado.

Esta lista tornou-se em parte desnecessária porque a Enciclopédia Teosófica (doravante E.T.) também fornece um inventário considerável. [NT: Esta enciclopédia existe em forma de livro, mas também está disponível gratuitamente na internet em formato wiki].




MÚSICOS

Ruth Crawford-Seeger (1901-1953) – compositora [norte-americana, influenciada por Scriabin e interessada pelo misticismo oriental, segundo refere o wikipedia].

Gustav Mahler (1860-1911), compositor de sinfonias [Segundo Cranston escreveu na sua biografia de HPB, quer Mahler quer Sibelius tinham muitas ligações ao meio teosófico e uma firme crença na reencarnação (p.533 da edição em língua portuguesa)].




Elvis Presley (1935-1977) - músico norte-americano de rock & roll.

Dane Rudhyar (1895-1985) – compositor [francês. A E.T. refere que foi influenciado por Scriabin. Rudhyar é especialmente conhecido pelo seu papel enquanto grande dinamizador da astrologia humanista, que depois transformou em transpessoal. Esta nova visão da astrologia caracterizava-se por ser menos determinista, com a ação dos planetas a constituir um conjunto de forças psicológicas nos indivíduos, mas sem condicionar de modo absoluto  o seu livre-arbítrio. Casou com uma secretária de um teosofista independente e foi próximo de Alice Bailey, de quem falaremos na secção V].


Dane Rudhyar
(foto retirada de beyondsunsigns.com)


Cyril Scott (1879-1970) - compositor e autor [Segundo a E.T. aderiu à S.T. em 1914, depois de ouvir uma palestra de Annie Besant. Alegava ligações a um mestre. Proponente do vegetarianismo].

Alexandre Nikolayevich Scriabin (1872-1915), compositor russo. As ideias teosóficas forneceram a base para o “Poema da Êxtase” (1908) e para “Prometeu” (1910), que necessitava da projeção de cores num ecrã durante o concerto. [Segundo a E.T., Scriabin era um grande entusiasta de Blavatsky e da Teosofia. A sua síntese das cores com a música lembra as correspondências como Hermetismo. ”Prometeu” invoca as Estâncias de Dzyan, e a sua síntese inacabada das artes, “Mistério”, é essencialmente a visão teosófica da futura transformação da humanidade].




Jean Sibelius (1865-1957) – finlandês, compositor musical inspirado pelo Kalevala.[ver Mahler]



sábado, 1 de março de 2014

A arte e o transcendente III

Desde a sua origem que a Sétima Arte tem acompanhado a evolução interior e exterior do Homem e contribuido para o despertar de consciências.

Este terceiro post da rubrica "A arte e o transcendente" será composto por diversas sugestões cinematográficas tendo como principal foco a espiritualidade e introspecção/reflexão.

Cá ficam algumas sugestões:

- Mindwalk (1990)

O filme "Mindwalk" é baseado no livro do físico Fritjof Capra, autor do livro "O Tao da Física".

O filme gira à volta de três personagens: um político frustrado, uma ex-cientista e um poeta.

Num casual encontro, ambos partilham as suas respectivas visões sobre o Homem e a Vida. Um filme que alia a ciência moderna com a sabedoria antiga.
IMDb
Link do Youtube para o filme (legendado PT)


- Giordano Bruno (1973)



Giordano Bruno, talvez a mais famosa vítima da Inquisição da Igreja Católica Romana, foi um teólogo e filósofo italiano que viveu no séc. XVI.

Foi um dos primeiros a romper com a concepção aristotélica de um mundo estático e tornou-se progressivamente num símbolo da luta contra o obscurantismo e/ou dogmatismo.

De realçar que diversas ideias defendidas por Giordano Bruno são idênticas às que encontramos na Teosofia.
IMDb
Links para a parte 1 do filme (legendado PT) e parte 2
(Um artigo da revista Biosofia sobre a vida de Giordano Bruno: Link)


- La Belle Vert (1996)



"(...), é uma divertida e criativa crítica ao estado actual da ¨civilização¨ sob a ótica de uma suposta visitante vinda de ¨outro planeta¨, que poderia ser uma versão otimista futura da Terra, após a decadência do presente paradigma de degradação ecológica, consumismo, poluição indústrial, moral e ética que está culminando com o presente patético dramático que vivemos." (fonte do texto)
Link para o filme com legendas em espanhol aqui


- Milarepa (2006)

Um dos mais famosos místicos tibetanos que viveu no séc. XI e XII.

O filme retrata o seu processo de evolução espiritual. Não só a sua dedicação à obtenção da iluminação espiritual como também os erros e obstáculos pelos quais passou.
IMDb


Abaixo o  filme com legendas em inglês.




- Mahabharata (1989)



Juntamente com o Ramayana, Mahabharata constitui um dos grandes épicos da Índia, atribuindo-se a sua autoria a Vyasa.

O Mahabharata é uma pedra basilar do hinduísmo e engloba várias temáticas incluindo a libertação do ciclo de morte e nascimento e os métodos de desenvolvimento espiritual.

O Bhagavad Gita, umas das partes de Mahabharata, é bastante citado pelos principais autores teosóficos.
IMDb
Link do Youtube para o filme (legendado, PT: parte 1 ; parte 2 ; parte 3)


- Samsara (2001)

"Samsara é uma ¨história de amor espiritual¨ filmada nas imponentes locações geladas dos Himalaias. Um jovem discípulo a monge, depois de passar três anos meditando solitariamente nas montanhas, é levado de volta para o seu monastério, onde recupera suas forças. Em um passeio na aldeia, conhece Perna, se apaixona à primeira vista e desiste da sua vocação. Mas logo se depara com seu despreparo perante as dificuldades e desafio do dia-a-dia." (fonte do texto)


Em falta ficam filmes de Tarkovsky, Miyazaki, Bergman, Kurosawa entre outros, que, por serem mais populares achei que seria escusado colocar na lista.

Contudo, ficam algumas recomendações:

Andrei Tarkovsky: Stalker, Nostalghia, Andrei Rubliov
Hayao Miyazaki: Spirited Away; Princess Mononoke
Ron Fricke: Baraka; Samsara
Darren Aronofsky: The Fountain
Carlos Reygadas: Silent Light
Ingmar Bergman: The Magic Flute; Personna; The Seventh Seal
Akira Kurosawa: Ran; Ikiru; Dreams; Madadayo
Kim Ki-Duk: Spring, Summer, Fall, Winter... and Spring
Im Kwon-Taek: Mandala
Bae Yong-Kyun: Why has Bodhi-Dharma Left for the East
Terrence Malick: The Tree of Life
Alejandro Amenábar: Àgora
Kenji Mizoguchi: Ugetsu
Richard Linklater: Waking Life
René Laloux: Fantastic Planet
Richard Schenkman: The Man From Earth
Banmei Takahashi: Zen 
Clint Eastwood: Hereafter
Nina Paley: Sita Sings the Blues