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sábado, 11 de abril de 2015

A Ciência e as evidências sobre a existência da alma (2ª parte)

Na passada semana, iniciámos a publicação de um artigo sobre as investigações da ciência no domínio da reencarnação. O texto - generalista e escrito por um não teosofista - foi publicado no site Spirit Science and Metaphysics e é da autoria de Steven Bancarz.

Prosseguimos com a tradução, recomendando-se a leitura prévia da primeira parte.

Algo que interessava o Dr. Stevenson eram as fobias que resultavam de traumas de vida passadas. Como escreveu o Dr. Jim Tucker:



“Outra área que interessava Ian era o comportamento destas crianças. Ele escreveu um artigo sobre fobias que muitas das crianças evidenciavam, habitualmente relacionadas com a forma como morreram nessa vida de que alegavam se recordar (Stevenson, 1990a). Ele relatou que 36% das crianças num conjunto de 387 casos evidenciava esses receios. Ocorriam quando a criança era muito jovem, muitas vezes antes de fazer alegações sobre a vida passada. Ele descreveu, por exemplo, uma rapariga no Sri Lanka que enquanto bebé resistia a tomar banho de tal forma que três adultos tinham de a agarrar. Com seis meses, ela também mostrou uma fobia pronunciada de autocarros e mais tarde descreveu a vida de uma rapariga noutra aldeia que andava por uma rua estreita entre campos de arroz alagados, quando se desviou para evitar um autocarro que passava e caiu à agua, afogando-se.” O artigo de jornal original onde estas descobertas foram publicadas pode ser encontrado aqui.

O que parece ser mais do que puro acaso é o facto de as crianças serem capazes de identificar com precisão relacionamentos e amizades antigas que tiveram com determinadas pessoas nas suas vidas passadas. Um caso bastante impressionante foi o de uma rapariga libanesa que foi capaz de se recordar e identificar 25 pessoas diferentes da sua vida passada e os relacionamentos interpessoais que teve com eles. As melhores descobertas de Stevenson foram condensadas num livro chamado “Vinte casos sugestivos de reencarnação”. Como leitura adicional, este livro seria efetivamente a melhor aposta. O American Journal of Psychiatry analisou estes casos e disse que existiam “casos cujas lembranças tinham um nível de detalhe tal, que persuadem uma mente aberta que a reencarnação é uma hipótese lógica para explicá-los.” Ele publicou outros livros e artigos que eram largamente aceites pela comunidade em geral.

Como afirmava uma crítica no Journal of the American Medical Association, “com respeito à reencarnação ele meticulosa e friamente reuniu um conjunto detalhado de casos da Índia, casos nos quais a prova é difícil de explicar noutros termos.” O crítico acrescenta: “Ele disponibilizou uma quantidade significativa de dados que não podem ser ignorados.” O seu artigo ‘‘The Explanatory Value of the Idea of Reincarnation’’ [O valor explicativo da ideia da reencarnação] teve milhares de pedidos de reimpressão por parte de cientistas de todo o mundo. As suas descobertas também foram publicadas em revistas científicas como o Journal of Nervous and Mental Disease e o International Journal of Comparative Sociology.

Em 2005, durante uma apresentação na Penn State University, o Dr. Jim B. Tucker, um pedopsiquiatra da Universidade da Virgínia, contou que uma mãe estava inclinada sobre uma mesa para mudar a fralda do filho quando a sua criança disse inesperadamente “Quanto eu tinha a tua idade, costumava mudar-te as fraldas.”. Sam Taylor, do estado do Vermont, nasceu 18 meses depois da morte do seu avô. Quando ele fez este comentário, tinha apenas alguns anos [NT: um ano e meio mais precisamente]. Aos 4 anos e meio, Taylor era capaz de apontar para o seu avô numa fotografia da escola onde apareciam mais de vinte pessoas e identificar o primeiro carro do seu avô a partir de uma fotografia.

Aqui está um vídeo de uma história de reencarnação de um jovem rapaz feita pelo canal norte-americano ABC News para dar uma ideia da natureza destes casos. É importante perceber que este caso é americano, portanto os pais não estão a influenciar ou a encorajar o rapaz a acreditar na reencarnação em nome da cultura ou da religião.




Esta é apenas um pequena fração da quantidade de provas que existe sobre a reencarnação. Ao chegar a uma conclusão sobre as suas descobertas e publicações, temos de nos perguntar “Qual é a melhor explicação que possa acomodar todas estas provas?” Se a reencarnação não existe, porque existem tantos casos de crianças que alegam ter sido outras pessoas, que sabem os nomes específicos e relações interpessoais da pessoa que alegam ter sido, que têm marcas de nascença e anormalidades onde dizem ter sofrido ferimentos nas suas vidas passadas e que tiveram fobias específicas ligadas a supostos traumas de vidas passadas? Quais são as probabilidades de todas estas provas existirem sem existir a alma? Quais são as probabilidades que a reencarnação não exista dadas estas provas? Os relatos são demasiado precisos para serem fruto do acaso e todas as outras explicações são incapazes de tentar explicar esta ampla variedade de dados.

A reencarnação não pode mais ser olhada como alguma fantasia pseudocientífica, religiosa ou dogmática da Nova Era, nem tão pouco a alma. Podemos inferir a realidade da alma porque é a melhor explicação para os todos os dados existentes. Deverá existir uma parte não-física de nós (a própria consciência, talvez) que contém memórias que deixam o nosso corpo e entram num novo corpo. Esta é uma hipótese que tem merecido séria atenção no grosso da comunidade académica e que a investigação tem vindo a amadurecer até aos dias de hoje. Quando pegamos em todas as provas e olhamos para elas sem que o enviesamento religioso ou científico interfira, parece que não apenas temos justificação para a crença na reencarnação, como pode ser esta a melhor de todas as explicações nos casos mais sólidos.

“Não é uma surpresa nascer mais do que uma vez; tudo na natureza é ressurreição” – Voltaire

Mais provas sobre a existência da alma podem ser encontradas nas ligações abaixo:




Fontes:

Laidlaw, R. W. (1967). Review of Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. American Journal of Psychiatry, 124, 128.

King, L. S. (1975). Reincarnation. JAMA, 234, 978




Leitura recomendada: Vida Antes da Vida pelo Dr. Jim Tucker e "Jornada das Almas" pelo Dr. Michael Newton.

Fim da tradução.

Embora pessoalmente recomende vivamente o livro do Dr. Tucker, em relação à outra sugestão manifesto algumas dúvidas. Os livros do Dr. Newton são a "bíblia" do movimento new age, e estão baseadas na terapia de regressão a vidas passadas. Existem vários pontos conflituantes com a doutrina teosófica e alguns de convergência, mas subsistem dúvidas quanto ao método utilizado e à veracidade das lembranças. O Lua em Escorpião irá naturalmente no futuro voltar a abordar esta questão.

A principal valia do texto de Bancarz é a sua abordagem simples e o facto de referir alguns dos casos que Stevenson e Tucker investigaram.

sábado, 4 de abril de 2015

A Ciência e as evidências sobre a existência da alma (1ª parte)


Há dias deparei-me no Facebook com um simples e interessante texto que resume parte do que se tem feito no domínio da ciência para provar a reencarnação e a existência de algo que sobrevive à morte.

O texto é generalista e foi escrito por um não teosofista, de nome Steven Bancarz, editor do site Spirit Science and Metaphysics. Segue-se a tradução:




Muitas pessoas são resistentes à ideia de “alma” porque atualmente este termo está enredado em dogma e superstição religiosa. Algumas pessoas pensam que é uma completa parvoíce. Contudo, o conceito de uma consciência capaz de se desprender do corpo oferece bastante poder explicativo no que respeita a fenómenos como as Experiências de Quase Morte, Experiências fora do corpo, projeções astrais e até a reencarnação.

De facto, a prova da reencarnação é a melhor e mais forte prova da existência de uma alma. Esta é uma afirmação ousada, mas a evidência da reencarnação é inegável e não pode ser atribuída coletivamente ao acaso ou a qualquer outra explicação física. Se a reencarnação existe, a alma existe. Senão, vejamos.

Antes de explorarmos as evidências, é útil recordar que não precisamos de PROVAS irrefutáveis que sirvam de justificação para acreditar seja no que for. Se o meteorologista disser que existe 70% de probabilidade de aguaceiros, não preciso de prova que vai chover para então levar o guarda-chuva comigo. Não preciso de ter a certeza que um meteoro não vai cair na minha cabeça para sair de casa. Não preciso de provas científicas irrefutáveis sobre vida extraterrestre para acreditar que a vida existe noutros planetas, porque existem tantas e boas razões para que consideradas cumulativamente, forneçam uma explicação plausível para acreditar na vida noutros planetas. Isto é conhecido como “abdução” [NT: ver aqui uma explicação sobre esta expressão] e é o tipo de raciocínio que mais vezes usamos no nosso quotidiano.

A reencarnação não é algo que possa ser medido objetivamente do mesmo modo que medimos uma reação química, pelo que, pode, à partida, não ser possível provar usando o método científico. A ciência é a medição empírica do mundo natural e a alma é algo que existe para lá do mundo natural. Portanto a questão é: “existem suficientes peças sólidas de provas, que consideradas em conjunto possam fornecer uma explicação plausível para a reencarnação? Julgo que a resposta é um rotundo sim. Atentemos:

O Dr. Ian Stevenson, antigo professor de Psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, levou 40 anos a investigar histórias de reencarnação com crianças. Este antigo diretor do Departamento de Psiquiatria e Neurologia investigou mais de 3 000 relatos independentes de crianças que alegavam ter memórias e conhecer pessoas das suas supostas vidas passadas. De acordo com Stevenson, o número de casos passíveis de ser levados em conta é de tal modo elevado que excedeu a capacidade dele e da sua equipa serem capazes de investigá-los na sua totalidade.




O software de reconhecimento facial confirmou que existiam de facto semelhanças faciais com as alegadas reencarnações anteriores reportadas. Alguns tinham marcas de nascença onde alegadamente tinham sofrido feridas fatais na sua vida passada. Muitas vezes existiam lesões impressionantes e às vezes bizarras, tal como dedos malformados ou falta de membros, cabeças deformadas e outras marcas estranhas. Como escreve o Dr. Stevenson no seu artigo ““Birthmarks and Birth Defects Corresponding to Wounds on Deceased Persons” [Marcas e defeitos de nascença que correspondem a feridas de pessoas falecidas] no Journal of Scientific Exploration:

“Cerca de 35% das crianças que alegam se recordar de vidas passadas têm marcas de nascença e/ou defeitos de nascença que atribuem (ou os adultos informantes) a feridas numa pessoa de cuja vida a criança se lembra. Os casos de 210 dessas crianças foram investigados. As marcas de nascença eram habitualmente áreas de pele sem pelos e enrugadas; noutros casos áreas sem ou com pouca pigmentação (máculas hipocrómicas) e ainda noutras situações áreas de pigmentação excessiva (nevos hiperpigmentados).

Os defeitos de nascença eram quase sempre de tipo raro. Em casos nos quais era identificada uma pessoa falecida e os detalhes da respetiva vida coincidiam inequivocamente com as afirmações da criança, era quase sempre encontrada uma correspondência próxima com as marcas e/ou os defeitos de nascença na criança e as feridas da pessoa falecida. Em 43 dos 49 casos nos quais um documento médico (habitualmente um certificado de óbito) era obtido, confirmava-se a correspondência entre as feridas e as marcas de nascença (ou defeitos de nascença).”

As memórias das crianças eram demasiado específicas para serem fruto do acaso. Num artigo no qual três casos foram analisados em grande detalhe pelo Dr. Stevenson, ele declarou que cada uma das três crianças fez cerca de 30-40 alegações relativas a memórias que tinham de vidas passadas, 82-92% das quais eram simultaneamente verificáveis e corretas. As particularidades e os detalhes específicos dados pelas crianças iam desde os nomes, personalidades e ocupações dos seus antigos pais e irmãos, às disposições precisas das casas onde viviam. Não era raro para Stevenson encontrar uma criança que pudesse ir a uma vila onde nunca tivesse estado antes e dar os detalhes da vila, dos antigos pertences pessoais, a vizinhança onde viveu numa vida passada e as pessoas com as quais se juntava.

Ele conclui: “Era possível em cada um dos casos encontrar uma família que tivesse perdido um membro cuja vida correspondia às declarações da criança. As suas afirmações, consideradas no seu conjunto, eram suficientemente específicas para não corresponderem à vida de uma qualquer outra pessoa. Acreditamos que excluímos a transmissão normal de informação correta às crianças ou que elas obtiveram a informação correta que expuseram sobre a respetiva pessoa falecida através de algum processo paranormal.”

Continua na próxima semana.