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sábado, 28 de julho de 2012

Conhecendo o astral (3ª parte)


Com este post termina a tradução de "Conhecendo o astral", da autoria de Odin Townley, o responsável pelo blog Theosophy Watch.

Um problema difícil


Concordando com a Rainha Branca, sugeriríamos que a Consciência por si só merece especial atenção.
A omnipresente existência da Consciência e a necessidade da mesma, permanece como o mistério por resolver mais singular e duradouro de todos os tempos.

A Consciência deve estar presente para potenciar outros efeitos, como a ignição electrónica num motor automóvel. De outra forma, só existe o motor com as velas de ignição, sem faísca eléctrica para ligá-lo.

A força mestra da Consciência, qualquer que seja a sua verdadeira natureza, é auto-evidente e inegável.

O verdadeiro Ser


O enigma da Consciência é capturado de forma magistral pelo pioneiro do pensamento Peter Russell, e H. P. Blavatsky escreve de forma semelhante em “Psychic and Noetic Action”, que:

“O fenómeno da consciência humana deve ser olhado como actividade de outra qualquer forma do verdadeiro Ser mais do que moléculas em movimento no cérebro.” (mencionados na ciência de hoje como as rede neuronais [NT: neurais, no português do Brasil].”

“O conclave de psico-fisiologistas,” Blavatsky diz, “pode ser desafiado para definir correctamente Consciência.”

Blavatsky insistia que “o que a Consciência é, nunca pode ser algo definido psicologicamente. Nós podemos analisar e classificar o seu trabalho e efeitos,” garantia ela, mas “nós não podemos defini-la a menos que nós postulemos um Ego [alma, mente] distinto do corpo.”

Antigos Videntes


As tradições da sabedoria perene estão hoje vivas na Teosofia. Este conhecimento não teve origem nos livros, mas começou com as visões de gerações incontáveis de videntes iniciados. Estes eram todos antigos Adeptos, perdidos para a história, que foram capazes de olhar directamente para a “alma das coisas”.

Levitação



Visão cintilante


A  Doutrina Secreta completa foi descrita como, “a Sabedoria acumulada das Eras”, dizia H.P. Blavatsky, e tudo o que poderia ser dito “não caberia em 100 volumes” (vol. 1, pág. XXII, no original em inglês) [NT: pode conferir aqui a p. 14 da nova tradução para português que está a ser feita por Carlos Cardoso Aveline].

“A visão cintilante daqueles Iniciados penetrou no próprio âmago da matéria, descobriu e perscrutou a alma das coisas.”

“O comum profano, por mais arguto que fosse, não teria percebido senão a tessitura externa da forma”, escreve ela, acrescentando: “mas a ciência hodierna não crê na ‘alma das coisas’, e por isso rejeitará todo o sistema de cosmogonia antiga.”

Anjo da guarda


Os Iniciados



“É inútil dizer que tal sistema não é o fruto da imaginação ou da fantasia de um ou mais indivíduos isolados” escreve Blavatsky, mas sim o produto de “anais ininterruptos de milhares de gerações de videntes, cujas respectivas experiências têm concorrido para verificar e comprovar as tradições transmitidas oralmente de uma raça primitiva a outra acerca dos ensinamentos de Seres superiores e excelsos que velaram sobre a infância da Humanidade.”


“Os ensinamentos da Doutrina Secreta são anteriores aos Vedas”, afirmava Blavatsky, “e uma grande parte deles foram transmitidas oralmente por grandes génios da antiguidade.” 

Todos estes grandes instrutores partilhavam a mesma mente, ensinamento e tradição não obstante a diferente cultura, língua e costumes do grupo da humanidade em que cada um deles encarnou para servir.

As verdades foram periodicamente apresentadas à humanidade pelos homens sábios em diferentes paragens: Apolónio [de Tiana], Hermes, Orfeu, Platão, Pitágoras, Krishna, Buda, Lao Tsé, Jesus e muitos outros, de grau e estado de desenvolvimento variados.



Profecia


“Ninguém que se descreva a si mesmo como um “erudito académico” em qualquer departamento das ciências exactas terá permissão para levar a sério estes ensinamentos,” profetizou Blavatsky, “eles serão ridicularizados e rejeitados a priori neste século; mas só neste século, porque no século vinte da nossa era os eruditos académicos irão começar a reconhecer que a Doutrina Secreta não foi inventada nem exagerada, mas, ao contrário, apenas esboçada; e, finalmente, que os seus ensinamentos são anteriores aos Vedas.”

sábado, 21 de julho de 2012

Conhecendo o astral (2ª parte)


Continuamos com a tradução do post do blog Theosophy Watch, "Conhecendo o astral", iniciado na semana passada.

Traduzindo do astral


Quando se lida com os discursos dos psíquicos e dos médiuns, deve ser sempre lembrado conforme escreveu H.P. Blavatsky que “eles traduzem automaticamente e inconscientemente as suas experiências. ”Em qualquer plano da consciência", diz ela, há uma tradução “para a linguagem e experiência do nosso plano físico normal.”

O antigo astronauta Edgar Mitchell descreve a sua experiência no filme visionário de Renée Scheltema “Something Unknown is Doing We Don´t Know What".

Olhando para o infinito e escuro campo de estrelas, ele ficou completamente envolvido num sentido profundo de conectividade universal.

Ele descreve uma experiência que mudou a sua vida, às vezes chamada de Efeito Panorâmico. Mitchell, juntamente com o parapsicólogo Charles Tart, tentou interpretar os sentimentos e percepções não lineares para nós.


Um psíquico puro?


“E esta confusão só pode ser evitada pelo treino-estudo especial do ocultismo”, continua Blavatsky, “que ensina como rastrear e guiar a passagem das impressões de um plano a outro e fixá-las na memória…”

Mesmo destreinado, nota Blavatsky, “o Ego de um medium puro pode ser atraído e, por um instante, unir-se numa relação magnética com um espírito desencarnado verdadeiro”.

Um “médium impuro”, avisa ela, “só pode confabular com a alma astral, ou “casca” do falecido. Devemos então dizer que a moralidade pessoal do médium será um teste justo à genuinidade da manifestação.”

Um exemplo de alguém que parece encaixar na definição de um médium puro, foi Edgar Cayce.



Cayce nunca se lembrava de nada após as suas leituras, o que confirma o que Blavatsky disse sobre médiuns em transe, que  “eles traduzem automática e inconscientemente as suas experiências”.

A Voz de Cayce


De seguida temos um fascinante arquivo áudio de Cayce a dar uma leitura. Ele deu mais de 14 mil leituras durante a sua vida, enquanto em transe auto-induzido.



As verdades espirituais, alvo de chacota pela moderna ciência reducionista, foram reverenciadas nas culturas antigas. Os mistérios escondidos do homem e da Natureza, são uma parte integrante da Tradição-Sabedoria.

O Rig-Veda


Quem verdadeiramente conhece e quem pode aqui
declarar de onde nasceu e de onde veio essa criação?
Os deuses são posteriores a essa produção do mundo.
Quem sabe então como se originou?

Ele, a primeira origem da criação,
formou tudo ou não formou.
Na verdade, Ele, cujo olho vela pelo mundo nos altos céus,
sabe, ou talvez não saiba...

Visão Espiritual


“O mais alto grau de clarividência – o da visão espiritual – é muito rara,” explica William Q. Judge, colega de confiança de H. P. Blavatsky que a ajudou com ”A Doutrina Secreta”.

“ O clarividente normal lida apena com os aspectos e estratos comuns da matéria astral,” reafirma Judge, e “a visão espiritual surge apenas naqueles que são puros, devotados e firmes.”

“Toda a outra clarividência é transitória, inadequada e fragmentária, lidando apenas com a matéria e a ilusão.”

“Pode ser atingida pelo desenvolvimento especial de um órgão particular no corpo através do qual tal visão é possível”, afirma ele, “ e apenas depois de disciplina, longo treinamento, e o mais elevado altruísmo”

Como funciona


O “carácter fragmentário e inadequado [dos poderes psíquicos] resultam do facto”, nota W.Q.Judge, “de muito dificilmente qualquer clarividente ter o poder de ver para lá dos níveis inferiores da substância astral num determinado momento” e, que “os de mente pura e corajosos podem lidar com o futuro e com o presente muito melhor que qualquer clarividente.”

“A existência destes dois poderes” [clarividência e visão espiritual] conclui Judge, “prova a presença em nós dos sentidos internos, e do médium necessário – a Luz Astral.”

Na próxima semana será colocada a terceira e última parte de "Conhecendo o astral.

sábado, 14 de julho de 2012

Conhecendo o astral (1ª parte)

Como já tive oportunidade de referir anteriormente, o blog “Theosophy Watch” é uma das páginas de internet mais fascinantes que se podem encontrar, mesmo para aqueles que não são teosofistas. Mais do que uma vez por semana, Odin Townley, teosofista residente em Nova Iorque, faz-nos o grande favor de actualizar as ligações da ciência (e não só) com as Verdades Eternas expressas por Helena Blavatsky e os seus Mestres. Como sabe quem leu “A Doutrina Secreta”, Blavatsky fez questão de usar a ciência do seu tempo para fundamentar várias da passagem da sua magnum opus. Ora, passados quase 125 anos sobre a publicação da edição original, e com tanto desenvolvimento científico entretanto havido, o blog Theosophy Watch é uma ferramenta imprescindível para a propagação da Teosofia e para a percepção do seu inestimável valor (tal como a página Exploring Theosophy de David Pratt, mencionada no post anterior).


Solicitei a Townley autorização para tradução de um dos últimos posts intitulado “Conhecendo o astral”, que achei particularmente brilhante. Aqui vai a primeira das três partes:


Conhecendo o astral


A paisagem surreal do livro de Lewis Carroll, “Alice do outro lado do espelho” [NT: No Brasil, o título é “Alice no país do espelho”] faz com que Alice se questione como é o mundo do outro lado do espelho.
Para surpresa dela, Alice é capaz de passar para um fantástico mundo astral e experienciar uma existência alternativa.


Uma Alice intrigada descobre um livro com poesia chamado “Jabberwocky” que ela só consegue ler em frente a um espelho.

Para os estudantes de Teosofia, o artifício da imaginação de Carroll é uma lembrança inequívoca da “luz astral” falada no ocultismo, uma unidade de armazenamento universal onde as imagens originais de todas as coisas são vistas ao contrário das suas projecções visíveis no nosso plano terrestre.

Em 1871, a mediunidade e as mesas girantes estavam na moda, como descreve Mitch Horowitz no seu livro recente, “Occult America”. Compreensivelmente, a sequela de “Alice no País das Maravilhas” escrita por Carroll, foi muito popular na época.

A clarividência e os poderes psíquicos sempre fascinaram o público em geral. Mas, na altura, tal como agora, isso era considerado algo sem sentido pelos cientistas da corrente dominante.

“Às vezes, eu acreditei em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço” confidencia a Rainha Branca a Alice.


Quando antes interessavam apenas aos caçadores de fantasmas e à ridicularizada ciência da parapsicologia, “os cinco grandes”: precognição, telepatia, clarividência, psicocinese e cura (conhecidas no seu conjunto como “psi”), são agora alvo de atenção pelo grosso da comunidade ligada à psicologia e à neurociência.

América do Oculto


Tocou vidas tão díspares como as de Frederick Douglass [NT: abolicionista e escritor norte-americano], Franklin Roosevelt e Mary Todd Lincoln – que uma vez convenceu o seu marido, Abe [NT:presidente norte-americano durante o período da Guerra Civil], a acolher uma sessão na Casa Branca. Estes norte-americanos estavam entre as figuras famosas cujos caminhos se entrelançaram com o movimento místico e esotérico amplamente conhecido como do oculto.




“Algo desconhecido”


Renée Scheltema

A realizadora holandesa Renée Scheltema lançou um documentário sobre parapsicologia.  O seu colega e pesquisador de assuntos psíquicos desde há largo tempo, Charles Tart, autor de “The End of Materialism” fez uma crítica ao filme:



“Eu finalmente vi o resultado dos esforços de Renée, um DVD do seu esforço talentoso em “Something Unknown is Doing We Don´t Know What” [NT:Algo desconhecido está a fazer não sabemos o quê] e estou muito satisfeito.”

“Este é provavelmente o melhor filme educativo sobre parapsicologia e suas implicações já alguma vez feito. Se querem ver e ouvir muitos dos cientistas mais criativos a pesquisarem nesta área, e descobrirem o que sabemos, então eu não poderia recomendar este filme de forma mais enfática!”



Vendo a dobrar




Localizada nos terrenos do Castelo de Guildford num jardim amurado por trás de um relvado de bowling, a escultura de Alice está perto da casa que Lewis Carroll arrendou, e foi criada pelo escultor Jeanne Argent.

Lewis Carroll (1832-1898) foi na vida real professor de Matemática de Oxford (1855-1881), o Reverendo Charles Lutwidge Dodgson, ou para alguns dos seus jovens amigos que o conheceram pessoalmente, Sr. Dodgson.

Estátua de Alice

Na próxima semana será carregada a 2ª parte de "Conhecendo o astral."

sábado, 7 de julho de 2012

A Escada de Ouro (2ª parte)


Nesta 2ª parte vamos analisar os restantes degraus da “Escada de Ouro”. No último post, tínhamos detalhado um pouco mais os quatro primeiros passos.

Esses quatro passos estão associados com o desenvolvimento e controlo do nosso estado físico, mental e emocional. Estão relacionados com o Eu Inferior e são pré-requisitos do quinto degrau que é:

5. Clara percepção espiritual
É o reconhecimento que existe algo mais: o Eu no homem, um plano na Natureza para ele, uma visão de que existe um propósito maior na vida.
Chegado a este passo, o aprendiz domina já parcialmente a mente, a vontade e o coração e agora passa a direccioná-los para propósitos maiores. Há uma clara reorientação de vida, que deixa de ser governada por circunstâncias externas. O trabalho activo e serviço tomam o lugar da bondade passiva.
É nesta fase de maior percepção espiritual que se descortina que as limitações são algo auto-imposto e começa uma luta interior para ultrapassar essas mesmas limitações. O karma, como lei de justiça começa agora a ser interiorizado e aceite.

6. Fraternidade para com o seu co-discípulo
A falta de fraternidade e de tolerância dentro das e entre as várias as organizações teosóficas é sinal de que este degrau está a ser negligenciado. Não é algo exclusivo das organizações teosóficas, pois mesmo nas religiões organizadas esta lacuna tem estado omnipresente. O princípio de amar “o próximo como a ti mesmo” não tem passado da teoria.
Lembremo-nos que nas nossas anteriores encarnações, com certeza estivemos ligados a diferentes religiões, religiões essas que como sabemos têm uma base comum.

Fica ainda a nota que, por razões que desconheço Sidney Cook traduz este princípio como “fraternidade para com todos”, diferindo da versão original dos Collected Writings (pode ser conferida também a compilação de Daniel Caldwell “The Esoteric Papers of Madame Blavatsky” que está parcialmente disponível aqui).

7. Prontidão para dar e receber conselhos e instruções
Neste passo, é importante perceber que a oferta de um conselho pode não implicar a aceitação por parte do outro lado, não devendo isso gerar qualquer desconforto ou preocupação. Escutar um conselho pode ser ainda mais difícil, devemos ser humildes e saber retirar aquilo que é bom e verdadeiro.

8. Leal sentido de dever para com o Instrutor
Apenas aqueles que expressam confiança no Instrutor e têm desejo de aprender podem ser ensinados. É inconcebível ouvir um Instrutor de forma pretensiosa e desrespeitosa.

9. Obediência diligente aos preceitos da Verdade
Por isto não se entende a aceitação cega, baseada na inactividade mental, ou outro qualquer estado negativo. Não é a aceitação da Verdade resultante de um desejo ou inclinação, mas uma obediência para com a mesma que resulte de intenção auto-dirigida e profunda em segui-la.

Enquanto os degraus de 1 a 4 são qualificações pessoais, os passos de 5 a 9 são expressões de relacionamento – fraternidade, dar, receber, conselho, instrução, dever e obediência, portanto envolvem mais de uma pessoa.

Os quatro passos finais são:

10. Resistência corajosa às injustiças pessoais
Aqui bastaria pensar na vida de Helena Blavatsky, como grande exemplo deste passo. A defesa pessoal é esquecida, mas a defesa das Verdades Eternas nunca pode ser descurada. O esforço vai se tornando progressivamente mais solitário…

11. Destemida declaração de princípios
É um teste aos nossos conhecimentos, às nossas certezas e convicções. A gentileza e o tacto não a devem condicionar, mas também devemos ter cuidado com o perigo do fanatismo, que pode conduzir a efeitos opostos aos pretendidos.

12. Defesa valente daqueles que são injustamente atacados
É algo que obriga a ter discernimento, pois o quando e como ajudar nem sempre é muito claro.

13. Uma mira constante no ideal do progresso humano
A mira deve estar na ajuda activa e não na observância passiva.

Estes últimos quatro degraus são dirigidos ao Eu Superior. As qualidades são resistência, braveza na defesa de princípios, oposição à injustiça e a mira no Grande Plano – expressões do Eu na acção e no serviço.

Cook divide os degraus em quatro partes:

1 a 4 – Preparação
5 –A revelação e a visão
6 a 9 – Relacionamento e Instrução
10 a 13 – A descoberta  e a libertação do Eu numa acção iluminada

Cada indivíduo sobe pois pela “Escada de Ouro” ao seu ritmo, para se tornar um pilar do Templo da Humanidade. É uma longa mas fascinante caminhada, partilhada com muitos irmãos e irmãs.

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Escada de Ouro (1ª parte)


No ano de 1890, em instruções dirigidas à Secção Esotérica da Sociedade Teosófica, Helena Blavatsky deu a conhecer a “Escada de Ouro”, um conjunto de regras destinadas aos membros daquela Secção e que foram retiradas do Livro da Disciplina. Este livro era usado nas escolas de Dzyan, pelos estudantes da Ciência Secreta (Gupta Vidya). O objectivo destas regras era ajudar ao progresso de cada um dos estudantes, aproveitando a experiência diária de cada um deles, de modo a que atingissem a Sabedoria necessária através de uma vida nobre e de serviço corajoso à humanidade.

Essas instruções constam do volume XII dos Collected Writings de HPB e podem ser consultadas aqui (deve ser consultada a página 501).


As duas frases que precedem a "Escada de Ouro” propriamente dita merecem especial atenção:

“Aquele que não retira a sujidade que pode ter contaminado a sua fonte de inspiração, não ama a sua fonte de inspiração nem honra a si próprio.
Aquele que não defende os perseguidos nem os indefesos, que não partilha a sua comida com os famintos nem tira água do seu poço para os sedentos, nasceu demasiado cedo na forma humana.”

Avançando agora para a “Escada de Ouro”…

“Observe a verdade diante de si:
Vida limpa, mente aberta,
Coração puro, intelecto ardente,
Clara percepção espiritual,
Fraternidade para com o seu co-discípulo,

Prontidão para dar e receber conselhos e instruções,
Leal sentido de dever para com o Instrutor,
Obediência diligente aos preceitos da Verdade,
Uma vez que tenhamos depositado a nossa confiança nela,
Crendo que o Instrutor a possui;

Resistência corajosa às injustiças pessoais,
Destemida declaração de princípios,
Defesa valente daqueles que são injustamente atacados,
Uma mira constante no ideal do progresso humano,
E na perfeição, conforme revela a ciência secreta (Gupta Vidya).

Esta é a escada de ouro
Os degraus da qual o aprendiz pode subir
Até o templo da Sabedoria Divina.”

Na internet é possível encontrar alguns comentários que podem auxiliar na interpretação da “Escada de Ouro”. Por exemplo em 1958, foram publicados os comentários de Sidney A. Cook, um teosofista nascido na Inglaterra, mas que se viria a naturalizar norte-americano, tendo desempenhado cargos importantes na Sociedade Teosófica de Adyar, sob as presidências de Jinarajadasa e N. Sri Ram (o pai da actual presidente Radha Burnier).

Este teosofista argumenta que, pelo facto de ser uma escada, faz todo o sentido que exista uma ordem deliberada e que os degraus têm de ser todos percorridos.

Cook refere que Blavatsky na verdade, não nos deixou apenas um manancial de informação sobre o funcionamento do Universo e os princípios filosóficos da Doutrina Secreta, mas delineou também os preceitos e instruções detalhadas sobre o caminho a trilhar por cada de um nós no caminho para a Iluminação.

Avancemos para a interpretação que Cook faz da “Escada de Ouro”.

1. Vida limpa
É um requisito para o desenvolvimento interior e envolve não só limpeza espiritual (de emoções negativas e de desejo) mas também física (cuidados com a alimentação, por exemplo).
Está pois relacionado com o aspecto físico, emocional e etérico ou magnético.

2. Mente aberta
Obriga a lidar com preconceitos e ideias fixas, pois a mente tem de estar aberta à análise de ideias novas e possivelmente conflituantes, algumas delas se calhar anteriormente postas de lado devido a uma visão demasiado estreita. Não pode haver nem aceitação nem rejeição a priori. Uma ideia que nos cause rejeição a princípio tem de ser analisada, pois podemos estar a ser vítimas do nosso próprio preconceito. Princípios mais estreitos devem dar lugar a princípios mais abrangentes e inclusivos.
Estar aberto ao desafio, à dúvida, não significa viver na constante incerteza, mas sim numa busca constante, deixando sempre espaço para novo conhecimento entrar. O discernimento assenta  em verificar, pesar, descartar, substituir e aceitar, construindo um núcleo de verdades que devem ser examinadas ciclicamente de modo a que possam ser enriquecidas.
Este passo está obviamente relacionado com o aspecto mental.

3. Coração puro
O coração é o instrumento perceptivo que compreende e entende. O coração transmuta, pois  enquanto a mente recebe e examina tudo, o coração permite apenas a retransmissão daquilo que é Verdade. A palavra-chave deste passo é transmutação e está ligado à qualidade intuitiva.

4. Intelecto ardente
É mais do que ter uma mente aberta, é a ânsia, o ardor da procura por conhecimento.
Está ligado ao aspecto da Vontade.

No próximo post continuaremos a acompanhar a interpretação feita por Sidney Cook dos restantes degraus desta maravilhosa “Escada de Ouro”.