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sábado, 16 de agosto de 2014

A Teosofia e as Sociedades Teosóficas (5ª parte)

Continuamos com a tradução do excelente artigo do professor James A. Santucci, "A Teosofia e as Sociedades Teosóficas". Esta semana é publicada a quinta de dez partes.


Outra associação, a Loja Unida de Teosofistas, foi organizada por um anterior membro da F. U. e S.T. em Point Loma e da Sociedade Teosófica de Hargrove. Robert Crosbie (1849-1919), um canadiano vivendo em Boston que se tornou teosofista sob a influência de W.Q. Judge, originalmente deu o seu apoio a Tingley como sucessora de Judge. Por volta de 1900 mudou-se para Point Loma para ajudar no trabalho que ela havia lá iniciado. Em 1904, perdendo, por motivos particulares, confiança na liderança e nos métodos de Tingley, deixou Point Loma, mudando-se para Los Angeles, onde se associou durante algum tempo à Sociedade Teosófica de Hargrove e a vários teosofistas, que iriam mais tarde apoiar a L.U.T., entre os quais estava John Garrigues.


Robert Crosbie

Em 1909, Crosbie, com estes seus conhecidos, que partilhavam a sua perspetiva que apenas a Teosofia original de Blavatsky e Judge continha os ensinamentos da Teosofia como se pretendia que fossem transmitidos nos tempos modernos (i.e., nas últimas décadas do século XIX e posteriormente), formaram a Loja Unida de Teosofistas em Los Angeles. O que separava este grupo das demais sociedades teosóficas era (e continua a ser) o seu enfoque na Teosofia original e em escritos que sejam filosoficamente concordantes com os de Blavatsky e Judge, com exclusão das cartas dos mestres K.H. e M. escritas entre 1880 e 1886 ao destacado escritor teosófico, A.P. Sinnett, vice-presidente da S.T. e rival de H.P. Blavatsky, ou seja, as Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett. Contudo, as constantes em O Mundo Oculto de Sinnett são aceites, bem como a Carta do Maha-Chohan. A razão para rejeitar a maior parte das cartas é que as cartas privadas não são substituto para os efetivos ensinamentos teosóficos; igualmente, vários membros da L.U.T. consideram que as cartas nunca se destinaram a ser publicadas.

A L.U.T. rejeita líderes e instrutores (todos os associados da L.U.T. são descritos como estudantes) e enfatiza a anonimidade daqueles que escrevem em nome da L.U.T. Até o próprio Crosbie não reclamava nenhum estatuto especial, embora ele seja muito estimado pelos associados. Depois da morte de Crosbie, a Loja de Los Angeles fundou a Theosophy Company em 1925 para servir de agente fiduciário para os associados. Não se reconheciam líderes, embora John Garrigues fosse tido como uma figura principal na L.U.T. de Los Angeles, juntamente com Grace Clough e Henry Geiger, até à sua morte em 1944, insistindo os estudantes da L.U.T. que o princípio da anonimidade mais do que compensa as suas desvantagens.

A L.U.T. tornou-se numa associação internacional de grupos de estudo através dos esforços de outra importante figura no Movimento Teosófico, o parse indiano B.P. Wadia (1881-1958). Inicialmente membro da S.T. Adyar, à qual ele se juntou em 1903 e na qual desempenhou várias funções – incluindo o de secretário de Annie Besant – ele desvinculou-se em 1922 devido à sua perceção que a Sociedade Teosófica “se havia desviado do Programa Original”. De 1922 a 1928 ele permaneceu nos E.U.A. e ajudou a fundar lojas da L.U.T. em Nova Iorque, Washington, D.C. e Filadélfia. Depois da sua partida para a Índia via Europa, ele encorajou os estudantes locais a fundar lojas da L.U.T., incluindo as de Antuérpia, Amsterdão, Londres, Paris, Bangalore e Bombaim. De momento, as lojas e grupos de estudo da L.U.T. estão localizados ao longo dos E.U.A. e na Bélgica, Canadá, Inglaterra, França, Índia, Itália, México, Holanda, Nigéria, Suécia e Trinidad (Índias Orientais). Devido aos consideráveis contributos de Wadia, ele é a única pessoa, com exceção de Crosbie, dentro da L.U.T. que é identificada pelo nome.


B.P. Wadia

Adyar


A Sociedade Teosófica, Adyar, é de longe a maior Sociedade (apesar da perda de grande parte da Secção Americana em 1895). O trabalho conduzido principalmente pelo Cel. Olcott e também em menor extensão pela Sra. Blavatsky durante a sua breve estadia na Índia, caraterizou-se por uma postura ativista, com a promoção do Hinduísmo e Budismo depois da sua chegada à Índia em 1879. O Cel. Olcott foi especialmente ativo em ajudar a iniciar um revivalismo Budista na Índia e no Sri Lanka e na melhoria da situação dos párias na Índia. Como primeiro americano a se converter ao Budismo no estrangeiro em 1880, trabalhou com grande entusiasmo para a causa do Budismo não só no Sri Lanka, mas também noutras nações budistas, promovendo a fundação de escolas budistas, escrevendo o Catecismo Budista – que tentou unir os Budistas do Norte e do Sul – e ajudando a conceber uma bandeira budista que todas as nações budistas pudessem adotar como seu emblema universal, simbolizando a unidade budista. Na Índia, Olcott fundou “escolas para os párias” para elevar as classes deprimidas.

Uma dessas escolas, nas proximidades de Adyar e hoje conhecida como Olcott Memorial School, já celebrou o seu centésimo aniversário. O seu propósito é oferecer educação livre para as crianças daquelas classes em domínios que proporcionem a auto-suficiência, como a alfaiataria, a jardinagem, a carpintaria e o trabalho tipográfico. Uma contribuição adicional feita por Olcott foi a criação da Biblioteca Oriental de modo a preservar os manuscritos indianos da negligência e a mantê-los na Índia. Os manuscritos estão guardados num novo edifício da Biblioteca de Adyar, formalmente inaugurado em dezembro de 1886.


Vista aérea da sede da ST Adyar


 Continua na próxima semana.

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