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sábado, 26 de dezembro de 2015

Estamos conscientes depois da morte? (2ª parte)

Na semana passada, foi publicada a 1ª parte deste artigo escrito pelo teosofista inglês Adam Warcup, no qual é abordada a temática das Experiências de Quase Morte e a sua explicação à luz da Teosofia. 
É fundamental ler essa 1ª parte antes de prosseguir.

Uma vez mais se agradece à Secção da Nova Zelândia da Sociedade Teosófica a autorização para a tradução deste artigo.

Estamos conscientes depois da morte? (2ª parte)

por Adam Warcup

Foto de Adam Warcup,muito provavelmente
do final dos anos 70/ início dos anos 80


De certa forma, temos a sorte de Sinnett se ter interessado pelo Espiritualismo. As suas experiências nas sessões espíritas levaram-no a acreditar que podemos sobreviver à morte e comunicar com os vivos através de médiuns. Este cenário implicaria, obviamente, que retivéssemos a consciência depois da morte. Apesar dos Mahatmas lhe terem dito que são as “cascas” dos kama rupas que podem comunicar através dos médiuns, ele não conseguia aceitá-lo. Estava constantemente à procura de uma brecha, um mecanismo que permitisse que alguns dos “espíritos” fossem a verdadeira ex-personalidade. Os Mahatmas firme e consistentemente negaram tal possibilidade. Porquê?

Este assunto gravita em torno da ideia de que o homem alterna entre dois estados de ser. Durante a vida ele vive num mundo de Causas; entre vidas ele vive num mundo de Efeitos. O significado destes dois termos parece ser o seguinte: um mundo de Causas é aquele em que podemos agir com livre arbítrio; podemos colocar em movimento novas cadeias de causa e efeito. Embora restringidos pelo karma passado, somos livres de escolher. Ao invés, num mundo de Efeitos, não somos livres, mas vivemos num sonho por nós fabricado. Nesse mundo não podemos dar início a novas causas, mas viver as consequências de causas postas previamente em movimento.

Há um paralelo óbvio entre a morte e o sono. Durante a vida, alternamos entre a vigília e o sono. Numa perspetiva micro, estar acordado corresponde à esfera das Causas e dormir à esfera dos Efeitos. Nesta analogia, um sonho corresponderia ao estado devachânico. Embora estejamos conscientes nos nossos sonhos, normalmente não passamos diretamente de uma consciência desperta para um sonho. Existe um intervalo durante o qual não estamos de todo conscientes.


Este é o livro mais conhecido
de Warcup e que está esgotado.
Pode aceder a uma versão em pdf
clicando aqui.


Basta pensar um pouco para perceber a lógica por trás deste ciclo de alternâncias. Se fosse para vivermos permanentemente num mundo de Causas, nunca teríamos tempo suficiente para aprender e crescer. Estaríamos tão ocupados “a fazer” que nunca teríamos a hipótese de digerir os frutos das nossas ações. Investigações recentes sobre o cérebro mostraram que precisamos do sono, e especialmente do sono com sonhos, para funcionarmos eficientemente no dia seguinte. Da mesma forma é na morte. Precisamos do nosso tempo no Devachan, não apenas como uma recompensa, mas como um período de digestão e assimilação. Assim os estados pós-morte, em termos da consciência, devem ser subjetivos e parecem-nos de certo modo como sonhos, quando comparados com a nossa consciência desperta, normal e objetiva.

Não podemos esperar que seres num tal estado consigam comunicar com os vivos. Mas mesmo que assim seja, porque perdemos toda a consciência imediatamente depois da morte?

Outra ideia fundamental é a de que toda a gente tem uma quantidade de “energia vital” alocada. Não é tanto no sentido em que temos um número predeterminado de anos para viver; mas como se tivéssemos combustível num depósito que quando consumido, significa que essa incarnação está acabada. Existem, como é óbvio, exceções. Aqueles que morrem por acidente ou suicídio ainda não gastaram toda a sua força vital e devem viver o resto do período alocado no mundo astral, antes de passar pelos processos de pós-morte normais. Tais seres ainda estão na esfera das Causas. Embora lhes falte um corpo físico, ainda retêm o seu linga sharira (corpo astral). Alguns retêm a consciência, embora a maioria passe o tempo remanescente num sono sem sonhos.


Um dos Mahatmas (KH) com quem Sinnett
se correspondeu durante a sua permanência na Índia


Mas para aqueles que seguem o curso normal desde a gestação passando pelo nascimento, infância, adolescência, maturidade, senescência e morte, é difícil esperar que se empreenda uma nova etapa de vida imediatamente depois da morte. De facto, é-nos dito que os acontecimentos no mundo dos Efeitos seguem uma sequência análoga. Da inconsciência que se segue à morte, entramos num estado gestacional, que precede o nascimento e o despertar no estado devachânico. Neste último, vivemos através das nossas experiências de vida prévias, envelhecendo gradualmente à medida que o material da encarnação anterior se exaure, “morrendo” de novo para esse mundo. A inconsciência uma vez mais sobrevém, até que nascemos num novo corpo físico e se retoma uma existência consciente.

Quando o corpo físico morre, o corpo astral “morre” também. Portanto as formas que sustentaram a consciência desperta desintegraram-se. Isto explica a observação do mahatma sobre a consciência deixar o corpo como uma chama deixa um pavio. Leva tempo para um novo centro de consciência se formar e para o Ego devachânico despertar para um novo mundo.


Imagem: renegadetribune.com


Mas alguns podem perguntar: se podemos experienciar outros mundos estando vivos, porque não depois da morte? A resposta reside num entendimento dos mecanismos que permitem estes outros estados de consciência durante a vida. Algumas experiências do género estão relacionadas com o linga sharira (corpo astral), mas como este corpo não se pode deslocar para longe do corpo físico, isto explica poucos casos. A maioria deriva do mayavi rupa (corpo de sonho) que é formado, temporariamente, pelo pensamento e pela vontade, a partir dos elementos do mundo psíquico. Poucas pessoas podem formar ou projetar tal “corpo” conscientemente, mas alguém que tenha experienciado um sonho vívido que não se desvaneceu pouco depois de despertar, formou um mayavi rupa inconscientemente. Contudo, tê-lo feito com ou sem conhecimento, requere um ato de vontade e isto apenas pode ser realizado enquanto na esfera de Causas. Depois da morte, somos conduzidos ao longo de uma corrente de acontecimentos que nós próprios pusemos em movimento. Somos, nessa ocasião, incapazes de modificar o seu curso.

O facto crucial sobre uma Experiência de Quase Morte é o de que o indivíduo em causa não morreu. Embora tenha estado próximo disso e independentemente de quão milagrosa foi a recuperação, o facto de o indivíduo continuar a viver demonstra que a força vital não estava exaurida. Não era altura de morrer. Assim, as experiências ocorridas são em vida, embora não sejam menos extraordinárias por essa razão. Podemos inferir que o sujeito projetou um mayavi rupa, e nesse estado, passou por uma Experiência de Quase Morte. Existe uma questão adicional para ser respondida com respeito ao que existe de comum nas experiências, mas isso está para lá do âmbito deste artigo.

The Theosophical Journal Set/Out 1988


sábado, 19 de dezembro de 2015

Estamos conscientes depois da morte? (1ª parte)

Não obstante existir um conjunto substancial de literatura teosófica em língua portuguesa – desde às obras-primas à de qualidade inferior – vários autores do universo anglo-saxónico (e não só) que deram contributos importantes para uma mais fácil apreensão da sabedoria perene (como por exemplo, da magnum opus de Blavatsky, “A Doutrina Secreta”) não  se encontram traduzidos para português.

Um desses casos é Adam Warcup, cuja escrita clara e muito bem estruturada é um auxiliar precioso para o estudante de Teosofia. Warcup é um experiente estudante de Teosofia e concentrou-se fundamentalmente em “A Doutrina Secreta” e nas “Cartas dos Mahatmas”. Foi também Secretário-geral (ou seja presidente) da Sociedade Teosófica da Inglaterra e também residente na Escola de Teosofia de Krotona (nos EUA) onde lecionou vários cursos, e ainda hoje viaja pelo mundo dando palestras.


Adam Warcup (à esquerda) com Tim Boyd, o atual Presidente
da Sociedade Teosófica de Adyar


Um desses cursos pode ser visionado na internet e tem como base a sua obra mais conhecida “Cyclic Evolution – A Theosophical View” [Evolução cíclica - Uma visão teosófica]. Este livro, publicado em 1986, apresenta de forma bastante clara e sintética os três esquemas da evolução (física, intelectual e monádica). Infelizmente, o livro é uma raridade e não existe disponível gratuitamente online. A visualização dos vídeos acima referidos foi-me altamente recomendada por um experiente estudante de Teosofia, obrigando contudo, a um domínio razoável do inglês, pois não tem legendas disponíveis.




Outro dos livros editado por Adam Warcup é “An Enquiry into the nature of Mind” [Investigando a Natureza da Mente], mas esse está disponível online. É baseado numa palestra dada por Warcup na Convenção Anual da Sociedade Teosófica da Inglaterra em 1981 e analisa a mente sob várias perspetivas, a relação entre as suas partes inferior e superior, as suas faculdades, a relação entre os manasaputras e o homem, etc…

A Quest Books, braço editorial da Sociedade Teosófica nos EUA tem disponível vários CD/DVD com palestras deste importante teosofista (um excerto de uma dessas palestras está  no vídeo abaixo).




A relevância do texto de qual hoje se publica a primeira parte (ver aqui na íntegra a versão em inglês) deve-se ao facto de muitos estabelecerem uma relação direta entre a realidade das Experiências de Quase Morte (EQM) e o que nos sucede depois de efetivamente morrermos. A maior parte das pessoas julga que o processo é idêntico e que estas descrições estão de acordo com o que está expresso na literatura teosófica. Porém, assim não é, pelo menos no que diz respeito à chamada Teosofia  da 1ª geração. Nesse sentido, o artigo de Warcup é, apesar de sintético, bastante esclarecedor. Uma das maneiras de despertar o interesse da Teosofia é sem dúvida explicar fenómenos como as EQM e as investigações sobre reencarnação (iniciadas pelo Dr. Ian Stevenson) à luz desses ensinamentos, daí que este texto – um dos poucos que conhece que vai de encontro a esta necessidade – seja, do meu ponto de vista, importante.

De referir que este texto encontra-se publicado na edição de junho de 1990 da revista "Theosophy in NZ", da responsabilidade da Secção da Nova Zelândia da Sociedade Teosófica, tendo o presidente daquela Secção expressamente autorizado a sua tradução. Contudo, a publicação do artigo foi feita inicialmente no "Theosophical Journal" de Setembro/Outubro de 1988, revista esta que era publicada em Londres e que já não existe.


Estamos conscientes após a morte?

por Adam Warcup


Recentemente, as Experiências de Quase Morte têm vindo a despertar muito interesse. Um número significativo de pessoas registaram experiências notáveis na sequência de doenças graves ou de acidentes. Falam do facto de estarem conscientes delas próprias fora dos seus corpos físicos, de serem arrastadas por uma espécie de túnel e de emergirem num mundo belo onde foram recebidas e acarinhadas. Infelizmente para elas, não puderam ficar e foram puxadas de novo para os seus corpos físicos. A inferência que somos convidados a fazer sobre estes relatos é a de que, quando morrermos, também passaremos por uma experiência semelhante, com a diferença de que não voltaremos à vida terrena. Isto implica que haverá uma continuação da consciência das nossas vidas atuais, através da transição a que chamamos morte, para o Kama Loka [NT: segundo o Glossário Teosófico é o "plano semimaterial (...), onde as personalidades  desencarnadas (...) permanecem até se desvanecerem totalmente"] e o Devachan [NT: de acordo com o Glossário Teosófico é "um estado intermediário entre duas vidas terrestres, na qual o Ego entra, depois da sua separação do Kâma-Rupa e da desintegração dos princípios inferiores"] .  Esta imagem está também em consonância com os relatos fornecidos por alguns autores teosóficos, e portanto estas Experiências de Quase Morte parecem estar a confirmar os ensinamentos teosóficos conforme foram apresentados.





Contudo, os estudantes das Cartas dos Mahatmas estarão conscientes que esta imagem apelativa do processo da morte se revelam discordantes dos ensinamentos que aí se encontram. A seguinte passagem ilustram este facto:

“Assim, quando o homem morre, a sua “Alma” (quinto princípio) torna-se inconsciente e perde toda a memória tanto das coisas internas como das coisas externas. Se a sua estada no Kama Loka tiver de durar apenas alguns momentos, ou horas, dias, semanas, meses ou anos; se ele teve uma morte natural ou violenta; se isto ocorreu na juventude ou na velhice, e se o Ego era bom, mau ou indiferente, em todos estes casos a sua consciência deixa-o tão subitamente quanto a chama deixa o pavio, quando assoprada.”
Carta 20C

E ainda:

“No Kama Loka aqueles que retêm a sua memória não desfrutarão dela na hora suprema da recordação. Aqueles que sabem que estão mortos no seu corpo físico só podem ser adeptos ou feiticeiros; e estas duas são as exceções à regra geral.”
Carta 20C


Estas não são passagens isoladas; são representativas do teor geral dos ensinamentos nesta área. Isto levanta duas questões: porque é que as Experiências de Quase Morte sugerem o contrário e porque é que haveríamos de perder a consciência quando morremos?

sábado, 17 de outubro de 2015

ITC/2015 – Um balanço à distância

No final da primeira semana de agosto realizou-se em Haia, mais uma Conferência Internacional de Teosofia (ITC). Depois da muito participada edição do ano anterior, esta Conferência teve um ambiente mais familiar, sendo que o número de presentes terá rondado as sete dezenas. As ITC constituem um esforço notável de criar pontes de entendimento no movimento teosófico, que desde sempre foi palco de lutas de egos, divisões, discórdias, acusações mútuas, incompreensões e equívocos.



Depois do êxito do ano passado, que culminou com a redação da chamada declaração de Naarden, a iniciativa foi alvo de alguma oposição, com acusações da prevalência de um grupo sobre outro, havendo quem tivesse tentado arrastar problemas particulares de uma Secção nacional da Sociedade Teosófica para a própria iniciativa (é tão descabido que nem merece que se coloque cá o link). Sem grandes resultados, estas ações negativas são apenas de um eco já centenário de oposição ao avanço do movimento teosófico, que continua com dificuldade em lidar com os tempos modernos. Por um lado tem a concorrência das diatribes new-age, especialmente sedutoras para aqueles que veem na prática da espiritualidade uma espécie de hobby, que só encontra espaço em momentos compartimentados, e por outro lado, num tempo em que os estímulos e a quantidade de informação são em tal abundância, a Teosofia tem dificuldade em ser encontrada por aqueles que buscam para além da mediocridade dominante.


Entrada do Carlton Ambassador Hotel, local onde se realizou a
ITC 2015


Grande parte dos teosofistas de referência dos tempos atuais estão na casa dos 60 anos e alguns já na dos 70, e não se vislumbra na geração sucessora um número suficiente de estudantes que permita assegurar a continuação do movimento, pelo menos em patamar de qualidade semelhante ao atual (onde há já muito por fazer). Há quem inclusive refira que o movimento está em perigo. A colaboração entre as várias tradições do movimento é pois crucial para a sobrevivência do mesmo. Sem uma efetiva cooperação estabelecida em bases sólidas e eticamente irrepreensíveis, a Teosofia poderá tornar-se apenas uma predileção de um clube de excêntricos, acabando por se tornar na prática absolutamente irrelevante. Naturalmente há-de reflorescer noutra altura, como sempre aconteceu, mas seria absolutamente lamentável que o esforço de muitos que porfiaram pela Teosofia desde 1875 fosse em vão.


Responsáveis do ITC da esquerda para a direita: D. Grossman,
 E. Jennings (presidente), J. Peeters, J. Kind, H. Vermeulen (estes
dois últimos vice-presidentes), B. Peters, M. Gijsbers, S. Plocki,
J. Knebel, P. Wiskie, E. Bomas, J. Colbert e A. Hejka-Ekins não
estão na foto, mas também ocupam cargos no ITC.

Mas, voltemos à ITC 2015. É opinião de muitos, que esta Conferência foi novamente excelente, com ótimas intervenções por parte da grande maioria dos palestrantes.

Como já se escreveu antes, o tema da ITC deste ano foi: “Helena Petrovna Blavatsky sob diferentes perspetivas com um só coração”. Tal como sucedeu em relação às últimas edições, os vídeos da Conferência estão disponíveis no site da ITC e tive a oportunidade de os visionar na íntegra. Eis a minha seleção.

No primeiro dia, cada uma das organizações presentes (Sociedade Teosófica de Adyar, Loja Unida de Teosofistas e Sociedade Teosófica de Point Loma - Blavatsky House) fez uma apresentação sobre as suas origens, as bases em que assentam e o modo como divulgam os ensinamentos teosóficos. Das três apresentações feitas, a mais conseguida, do meu ponto de vista, foi a de Herman Vermeulen, da ST Point Loma. Este primeiro dia contou ainda com o momento alto da Conferência, a palestra de Jon Knebel, o teosofista que ficou encarregue de dar continuidade ao trabalho de edição e publicação da Cartas de Helena Blavatsky, cujo volume I, da responsabilidade de uma equipa chefiada por John Algeo (recentemente agraciado com a medalha Subba Row), foi alvo de enorme controvérsia, pela inclusão de cartas espúrias, sem o devido aviso ao leitor. Mais de doze anos já passaram sobre a edição deste polémico volume. Durante a conferência, Knebel anunciou o que segundo volume sairá algures em 2016 e o terceiro e quarto volumes seguir-se-ão. No entanto, Knebel continua à procura de mais material e durante a sua palestra anunciou que ainda iria se deslocar a Adyar para esse efeito, depois de já ter passado por Londres. Recorde-se que este processo de compilação do material publicado por HPB iniciou-se em 1924 pelas mãos de Boris de Zirkoff, que era um parente distante da Velha Senhora. À data da sua morte (em 1981), doze volumes dos Collected Writings haviam sido publicados. Dara Eklund deu continuidade a este projeto publicando mais dois volumes e um índice. Contudo sete conjuntos de manuscritos com a correspondência pessoal de HPB ficaram por publicar, e só quando a equipa liderada por Algeo iniciou a preparação do primeiro volume é que o projeto saiu do limbo em que havia ficado depois da morte de Boris de Zirkoff.


Jon Knebel


Sem dúvida que vale a pena assistir à exposição de Knebel, que escolheu algumas passagens de cartas de HPB que revelam algumas das caraterísticas e estados de espírito da fundadora do movimento teosófico moderno.

No segundo dia, o tema foi “Helena Blavatsky, HPB e o ciclo messiânico atual”. O decano James Colbert, associado da Loja Unida de Teosofistas, e um símbolo destas Conferências foi o primeiro orador, contando com a ajuda de Helena Kerekhazi. A não perder também é a intervenção de Barend Voorham, que fala do fenómeno denominado Tulku e da diferença entre Helena P. Blavatsky e HPB. Sobre este tema aproveito para recomendar o livro de Geoffrey Barborka, “HPB, Tibet and Tulku”.
Da parte da tarde deste segundo dia, discutia-se o modo de melhor capturar a essência da mensagem de Blavatsky. O teosofista francês Jacques Mahnich deu uma ótima palestra sobre o assunto, fornecendo várias linhas de orientação e sugestões para uma abordagem mais profícua à vasta e para muitos inescrutável obra de HPB.



Joy Mills foi outro dos símbolos do movimento teosófico atual que esteve presente, embora “à distância” nesta edição da ITC. A nonagenária norte-americana, residente em Krotona, foi entrevistada de propósito para o evento. Mills ainda fala com muito entusiasmo sobre o legado de Blavatsky, e com uma clareza notável. Foi também exibido um vídeo mais antigo, retratando parte de seminário dado pela mesma Joy Mills sobre a “Ética de A Doutrina Secreta”. Qualquer dos dois momentos (que estão no mesmo vídeo) valem a pena, Joy Mills faz uma exposição muito clara e enriquecedora sobre a obra de Helena Blavatsky.




No terceiro dia, falou-se sobre como manter viva a mensagem de Blavatsky para as gerações futuras. Sabine van Osta, da ST Bélgica, Joop Smits da ST Point Loma e Caroline Dorrance da LUT deram contributos bastantes interessantes. Van Osta falou da possibilidade de aproveitamento das novas tecnologias, Smits sobre como seguir as pegadas de HPB de forma a se tornar num instrutor e Dorrance abordou o método seguido por Robert Crosbie, o fundador da LUT, para disseminação da Teosofia.

De referir que intercalando as várias palestras existiam discussões de grupo que depois eram sumarizadas em reuniões coletivas. Os vídeos destas reuniões estão também disponíveis. Naturalmente que quem tiver mais disponibilidade de tempo deve visionar toda a conferência, mas julgo que a seleção que fiz acima acaba por capturar o que de melhor teve esta edição da ITC.

De notar que a edição do próximo ano já está agendada para os dias 11 a 15 de agosto e realizar-se-á em Santa Barbara, na Califórnia. A organização estará a cargo da LUT e o tema será "Teosofia e Responsabilidade Social".

Foto de grupo do ITC 2015

sábado, 29 de agosto de 2015

Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição (5ª parte)

Com esta quinta parte, terminamos a tradução do artigo de Barend Voorham "Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição" retirado do nº3 da revista Lucifer de 2014. Recomenda-se a leitura da introdução publicada na parte 1.

Intuição

Quando estes aspetos superiores da consciência aparecem espontaneamente, sem raciocínio intelectual, designamos isso por intuição. Intuição também é uma espécie de lembrança. Os tipos de consciência mais espirituais têm as suas próprias experiências e impressões ao seu nível, também. Essas marcas estão igualmente registadas na natureza akáshica. E nós, vivendo na consciência pessoal, também temos acesso a isso. Podemos contemplá-las. A intuição é a perceção imediata da verdade. É sabedoria espiritual e manifesta-se como uma visão direta e impessoal.

Podemos pensar: “Estas não podem ser as minhas marcas. O alcance da consciência está confinado ao pessoal. Posso na melhor das hipóteses atingir a minha consciência e já é suficientemente difícil ouvi-la continuamente.” Recorde-se porém, que não há separatividade na natureza. Tudo está interligado. Também somos estas consciências superiores, se nos identificarmos com elas.

Aprender, dizia Platão, é recordar. Isto significa que podemos ativar as experiências espirituais a partir da corrente de consciência que somos. Tornamo-nos conscientes delas.


Busto de Platão

Em “Fédon”, Platão descreve uma história mítica sobre como as almas humanas vivem no mundo dos Deuses antes de nascerem. Aí veem as verdadeiras Ideias. Mas, quando nascem, têm de beber água do Rio Lete, o rio do esquecimento e esquecem-se daquilo que viram. As almas que beberam bastante lembram-se de muito pouco e as almas que beberam pouco lembram-se de bastante. Mas, cada alma está familiarizada com essa realidade espiritual, e quando olhamos de perto para dentro de nós próprios e ouvimos com atenção, sabemos disto.

Podemos, autoconscientemente tentar despertar esta memória divina em nós próprios. É possível treinar a intuição. Podemos aprender a focarmo-nos no que é verdadeiramente humano, espiritual, mesmo na consciência divina em nós. Como? Buscando por este tipo de memória que Blavatsky chama de “reminiscência”; ativamente recordando estas imagens espirituais (3).

Do pensamento cerebral ao pensamento universal

Como fazê-lo? Como nos conectamos com estas influências espirituais? Como nos sintonizamos com a “oitava do nosso piano”, a nossa consciência pessoal, de modo a nos identificarmos com a verdade e compaixão da nossa consciência superior em nós?

Helena Blavatsky

Primeiro, devemos nos esvaziar. Não devemos dar lugar a quaisquer pensamentos pessoais. Podemos nos perguntar quantos pensamentos reservamos todos os dias para assuntos que, à luz da espiritualidade, não têm importância alguma. Olhemos por exemplo para o que a televisão tem para oferecer e perceberemos como o nosso aspeto de pensamento inferior é estimulado por todo o tipo de informação e sensações desnecessárias. Quantas vezes nos preocupamos com a nossa prosperidade, sobre aquilo que pode correr mal, com possíveis doenças ou com a própria morte? Se nos esvaziarmos destas preocupações diárias, afinamos a nossa oitava num tom diferente e os pensamentos espirituais virão até nós naturalmente.

Não raras vezes atribuímos um nível de realidade ao mundo externo e ilusório, que o mesmo não merece. Podemos perceber contudo, que a nossa felicidade não depende de ilusões.  Entender que estávamos preocupados com nada de importante dá-nos um sentido de liberdade e espaço para perceções novas e mais abrangentes.

Há que reconhecer estas novas perceções e alimentá-las. Podemos fazer isto focando a nossa atenção. Meditando nas ideias universais. Criando uma imagem de pessoas compassivas, de um mundo onde as pessoas trabalham em conjunto e se ajudam mutuamente na prática. Pensemos de modo amplo e impessoal. Vivamos o ideal mais elevado que possamos imaginar.

A tónica espiritual irá alterar inclusive os nossos pensamentos quotidianos. Claro que ainda teremos que ir pôr o lixo e ir às compras para satisfazer as nossas necessidades diárias, mas mesmo os pensamentos necessários para estas atividades simples serão iluminados se pensarmos nelas com um Ideal mais alargado de compaixão. Assim enobrecemos o eu pessoal  e também o eu animal e o eu físico. No fim de contas, o nosso cérebro será igualmente iluminado.

Não devemos apenas pensar com o nosso cérebro. Devemos pensar a partir do ponto de vista maior, universal.


Somos uma corrente de consciência. Os nossos aspetos superiores residem nos planos espirituais. Tenhamos isso presente. Imaginemos um mundo justo e equitativo, onde a ajuda e cooperação mútuas não são a exceção, mas a norma. Imaginemo-lo de forma tão nítida e clara, de modo a recordarmos esta imagem no nosso dia-a-dia, em cada ação que empreendemos e em cada pensamento que temos. É esta memória que a humanidade em sofrimento necessita acima de tudo.

3. H.P. Blavatsky, The Key to Theosophy. Theosophical University Press, Pasadena 1985, Chapter 8.

sábado, 22 de agosto de 2015

Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição (4ª parte)

Continuamos a tradução do artigo de Barend Voorham "Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição" retirado do nº3 da revista Lucifer de 2014. Recomenda-se a leitura da introdução publicada na parte 1.

Pensamento pessoal

A consciência instintiva do ser humano tornou-se no que atualmente é durante incontáveis fases de desenvolvimento, ou pelo menos no que deveria ser: um veículo apto para a verdadeira consciência humana. Mas, a consciência pensante passou ela própria por várias experiências, que estão nela armazenadas.

Contudo, as experiências do dia-a-dia não têm um caráter sustentável. São experiências pessoais, facilmente esquecidas. É por isso que a memória das experiências pessoais é realmente falível. Como a consciência pessoal normalmente dá crédito à realidade do mundo externo em contínua mudança, as suas impressões, são na maior parte das vezes de uma natureza transitória. Um ser humano não tem simplesmente capacidade para ver as suas experiências a partir de uma perspetiva correta.


Barend Voorham

Façamos a comparação com uma equipa de futebol que ganhou um jogo. Cada jogador recordar-se-á do jogo da sua própria perspetiva. O guarda-redes sabe que falhou na tentativa de evitar um golo e o avançado sabe que marcou. Contudo, o enquadramento mais abrangente está faltando. O treinador que estava junto à linha lateral tem uma visão mais geral. A sua memória parece ser mais exata. Neste exemplo, o treinador é a consciência humana superior e cada jogador representa a consciência pessoal.

Caraterísticas das memórias pessoais

Muitas vezes as pessoas dizem que a memória é falível. Isto é verdade quando falamos de impressões pessoais. Também sucede que a consciência pessoal está muitas vezes cega em relação ao seu próprio comportamento. Recordemos o caso da rapariga sonâmbula: ela fez algo de que a consciência pessoal nunca se recordou. Apenas quando ela se tornou idosa e pouco antes de falecer, quando a sua consciência pessoal se uniu temporariamente à sua consciência humana superior, é que se recordou subitamente do que havia feito. Reparem, a consciência superior é muito mais capaz de perceber essas impressões e de compreender a sua verdadeira importância.

Quando o homem pessoal se lembra de algo, dá um colorido a essas memórias consoante a consciência que desenvolveu até esse momento. Imagine que passou umas férias maravilhosas com um amigo, e que esse amigo maltrata-o posteriormente. A sua memória das férias será agora colorida com as desagradáveis experiências posteriores.

As impressões do homem pessoal não sobreviverão à morte. Dissolver-se-ão quando a consciência se retirar. Em cada novo nascimento uma nova personalidade será construída. Isto acontecerá com base nas qualidades que foram desenvolvidas nas vidas anteriores. Porém, estas impressões pessoais particulares de vidas anteriores não podem ser encontradas na nova personalidade. Com cada nova vida um novo cérebro é formado. Este cérebro, tal como o restante corpo físico, tem de praticar novamente, antes que possa funcionar de forma otimizada como um instrumento para pensar. Essa é a razão pela qual não se consegue rastrear as vidas passadas no cérebro nem na consciência pessoal.

Uma exceção a isto acontece quando uma pessoa morre na infância, pelo facto de não existirem experiências espirituais que pudessem ser processadas no Devachan. A personalidade de uma criança não se desintegrará e rapidamente encontrará uma nova oportunidade, com novos pais, para se manifestar. Essa é a razão por que em todo o mundo existem pessoas que morreram na sua infância na vida anterior e conseguem recordar-se dela. (2)

O prof. Ian Stevenson considerou
a hipótese da reencarnação como
explicação possível para as
memórias de vidas passadas.


Consciência

Felizmente, o homem pessoal também tem pensamentos espirituais. Ele tem interesses e ideais impessoais. Ele pensa sobre como viver a sua vida de uma boa maneira. Estes pensamentos também provocam impressões, que ele retém de uma vida para outra, e que assim é capaz de recordar.

Como nos lembramos deles? Quando estamos prestes a fazer alguma coisa que não devíamos. O nosso sentido ético alerta-nos nesse momento.

Estas memórias são chamadas de consciência. A nossa consciência compreende as experiências éticas e espirituais da nossa vida atual e das anteriores, das quais nos recordamos se pretendermos agir de um modo que estas experiências nos ensinaram a não fazê-lo. Portanto, a nossa consciência nunca nos aconselha de um modo afirmativo. Nunca nos diz o que fazer. Avisa-nos quando estamos prestes a fazer algo eticamente irresponsável.

A consciência é a qualidade mais nobre que o ser humano desenvolveu até ao presente. Tem vindo a ser formada pelas suas impressões mais sublimes. Reparem, não é o mais nobre que ele é, mas o que de mais nobre experienciou até ao momento. Podemos conceber a consciência como a ponte entre as consciências humanas pessoal e superior.

A nossa consciência não é infalível, pois a nossa experiência espiritual é limitada. Por vezes deparamo-nos com uma questão ética em relação à qual nunca nos confrontamos anteriormente e sobre a qual nunca refletimos. Consequentemente a nossa consciência permanecerá em silêncio. Se fizermos a escolha certa, então teremos somado uma experiência espiritual, mas se fizermos a escolha errada e experienciarmos as consequências que daí advêm, também aprenderemos uma lição ética. É através de novas experiências espirituais que a nossa consciência irá crescer.

Escutando a consciência

Diz-se que as pessoas cruéis não têm consciência. Julgo que elas têm consciência; simplesmente não a ouvem. Tornar-se surdo em relação à voz da nossa consciência é um processo gradual. Quando temos que fazer uma escolha ética e não escutamos a nossa consciência, ouvi-la-emos num tom mais baixo quando estivermos numa situação semelhante novamente. Se fizermos isso consecutivamente, a voz da nossa consciência irá se desvanecer até parecer que não existe.

A educação desempenha um papel importante nisto. Os pais podem estimular ou reprimir a consciência da criança. Uma vez ouvi um rapazinho dizer à sua mãe: “Olha o que eu roubei”, sem que a mãe desse uma resposta negativa de qualquer género. Não foi propriamente um incentivo a aprender a ouvir a consciência. Também conheço um caso de uma mãe que deixou o seu filho devolver um brinquedo que havia roubado. Esse é um modo de estimular a consciência da criança. Quando alguém age contra a sua consciência, irá se arrepender na primeira vez. Mas, quando ignoram esse remorso, a voz da consciência vai se tornando mais fraca, ou melhor, a sua voz ouve-se cada vez menos.

É isto que ouvimos em relação aos assassinos e criminosos; depois do seu primeiro crime a sua consciência entra em jogo. Eles não dormem, mas sofrem. Mas, depois da segunda, terceira ou quarta vez, torna-se um hábito. Eles não mais escutam a sua consciência a falar. É uma situação temporária, porque eles serão confrontados com as suas ações a certa altura.


A lição que se pode aprender daqui é a de escutar a consciência. Nós somos a nossa consciência. A nossa consciência é o portal para os aspetos superiores de nós próprios. Se não a escutarmos, fechamos o portal.


(2).  I. Stevenson, Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects. Vol I and II. Praeger Publishers, Highlands Ranch (US) 1997. And: H. van der Pol, “Wetenschappelijk onderzoek vindt bewijzen voor reincarnatie” (“Scientific researchers find evidences for reincarnation”). Article in Lucifer, Vol. 27, October 2005, no. 5, p. 87.

Continuamos na próxima semana.

sábado, 15 de agosto de 2015

Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição (3ª parte)

Continuamos a tradução do artigo de Barend Voorham "Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição" retirado do nº3 da revista Lucifer de 2014. Recomenda-se a leitura da introdução publicada na parte 1.

Âkâśa

O espaço onde todas essas camadas de consciência permaneciam e residiam não está vazio, mas cheio daquilo que em Sânscrito se chama Âkâśa: substância viva universal. O Âkâśa é esse espaço.

Portanto, Âkâśa estende-se dos domínios muito divinos e espirituais aos domínios físicos. Quando Âkâśa está próximo dos reinos mais densos também é chamado de plano astral ou de Luz Astral. Esta Luz Astral é um domínio que é de estrutura mais etérica que o nosso mundo físico, e é por isso que não é percetível aos nossos sentidos.

A Luz Astral regista infalivelmente o que acontece na Terra. Neste contexto o termo “galeria de imagens” é por vezes usado. Todos os pensamentos, emoções e desejos são gravados aqui.


Barend Voorham

O Domínio Astral não está separado de nós. Somos parte dele. Na nossa natureza emocional e animal somos parte do astral. Nadamos, por assim dizer, através deste domínio, pois somos parte dele como um peixe é parte do mar. Constantemente produzimos novas impressões nele. Frequentemente percecionamos velhas impressões. Quando isto acontece dizemos que nos lembramos.

Mas estas impressões não têm de ser feitas por nós. Podem ser feitas originalmente por outros seres, ou por nós em vidas anteriores. Certamente temos, embora vaga, uma conexão a elas, porque de outro modo nós não as percecionaríamos.

Âkâśa superior e âkâśa inferior

De modo similar somos uma parte integral do Âkâśa nos nossos aspetos superiores de consciência. Não notamos isto habitualmente, porque ainda não aprendemos como nos focar neste estado de consciência. Como já ouviram o Ruud Melieste dizer, o estado superior de consciência é como um sono sem sonhos para nós. Temos ainda pouca afinidade com ele.

Como podemos apenas percecionar com a nossa própria consciência, é o nosso caráter – aquilo que somos – que determina se nós percecionamos as regiões inferiores no domínio astral ou o mais elevado do Âkâśa. É por isso que um ser apenas pode percecionar impressões que se encaixem na sua própria consciência desenvolvida. Um animal não se pode lembrar de pensamentos humanos, porque não pode ainda pensar e consequentemente não teve experiências com eles. Da mesma forma, um ser humano não pode se lembrar de assuntos divinos, isto é: ainda não. Primeiro ele deve aprender como fazê-lo.


Ovo Áurico

Todas as partes da nossa consciência estão envolvidas num veículo correspondente. A consciência física envolve-se num corpo de matéria física, que é de facto a forma inferior do astral. A consciência animal e pessoal molda-se ao veículo astral correspondente, enquanto as formas superiores da nossa consciência revestem-se nas camadas mais etéreas do Âkâśa. Todos estes diferentes veículos formam no seu conjunto um agregado, algo a que chamamos de Ovo Áurico. Este Ovo Áurico é onde estão contidas todas estas diferentes formas de consciência. Porque é que às vezes precisamos de muito esforço para nos lembrarmos de determinada coisa, enquanto outras vezes isso é feito sem esforço? Se a impressão é feita mais próxima do nosso próprio Ovo Áurico, podemos alcançá-la mais facilmente e recordaremos a impressão na nossa consciência mais rapidamente. Mas, algumas impressões são apenas sinais vagos que captamos de outros seres. Estas impressões dificilmente são feitas dentro de nós. São muito difíceis de lembrar.

Devemos olhar para isto desta maneira: todas as experiências sobre as quais refletimos, que se encaixam no nosso conhecimento e experiências, e sobre as quais pensamos regularmente, tornam-se parte do nosso Ovo Áurico, a nossa própria natureza. Todas as outras experiências, já não. Deixarão contudo, também uma marca, mas será necessário muito mais esforço da nossa parte para seguir a marca e rastrear a origem.



Recordando em muitos níveis

De facto, a vida é uma recordação constante: recuperar impressões para o nosso campo de perceção. Aprender é recordar. Crescer é recordar. A nossa consciência pessoal aprende quando ativa as perspetivas e o conhecimento que flui das formas mais elevadas de consciência. Ativamo-las e desenvolvemo-las – desdobramo-las – o que significa: lembramo-nos delas. O crescimento vem de dentro. Mesmo fisicamente, uma planta ou uma flor cresce de dentro para fora. Um corpo humano cresce da mesma maneira. Isto aplica-se também à consciência. Todas as capacidades e faculdades estão no interior, mas têm de fluir para o exterior.

Instinto

Como foi referido, experienciamos impressões em todas as camadas da nossa consciência composta, sejam elas feitas por nós próprios ou por outros seres. À memória da nossa natureza veicular, à consciência física e animal chamamos de instinto.

Os biólogos descrevem o instinto como um padrão de comportamento gravado, que ocorre sem que este comportamento tenha sido aprendido ou experienciado antes. É suposto ter sido herdado geneticamente. O instinto é encontrado tanto em seres humanos como em animais. Pense-se, por exemplo, nos movimentos reflexos.

Também dizemos que o instinto é herdado, contudo, não dos nossos antepassados mas de nós próprios. As experiências ganhas neste nível animal em vidas passadas não se perdem quando morremos. Contudo, não levamos estas experiências para o Devachan connosco, porque como Bouke van den Noort vos disse, naquele estado de consciência apenas revivemos e processamos as nossas experiências espirituais. Quando a consciência se manifesta novamente e começa a construir um corpo físico, todos os agregados de qualidades ganhos no passado tornar-se-ão ativos novamente.

Isso pode explicar as capacidades miraculosas dos animais. Um belo exemplo é a borboleta monarca. Durante várias gerações essas borboletas migram do México para o Canadá. As borboletas que emergem no Canadá voltam de volta para o local do México onde os seus bisavôs tinham nascido. Onde obtiveram o conhecimento para fazer essa enorme viagem? Para aquele local específico? Da sua consciência, onde as experiências de encarnações anteriores são preservadas.

A completa consciência física e instintiva do ser humano é de facto a memória das experiências ganhas e anteriormente processadas. Estas variam das atividades físicas específicas, como o batimento cardíaco e a respiração, às reações instintivas e aos estímulos sensoriais. Para nós, pensadores, estes são processos que acontecem automaticamente. Mas, somos incapazes de influenciá-los com os nossos pensamentos.


Podemos, quando pensamos de modo desarmonioso, até perturbar esses processos. Também podemos pôr essa nossa consciência animal em uso. Podemos treiná-la. Podemos disciplinar a nossa consciência instintiva de um modo tal, que nos seja possível, por exemplo, digitar com dez dedos. Podemos concentrar-nos totalmente nos pensamentos e palavras que queremos usar, enquanto nos nossos dedos encontram automaticamente as teclas certas no teclado.

Continua na próxima semana.

sábado, 8 de agosto de 2015

Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição (2ª parte)

Continuamos a tradução do artigo de Barend Voorham "Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição" retirado do nº3 da revista Lucifer de 2014. Recomenda-se a leitura da introdução publicada a semana passada.

O que é lembrar?

O que é, então, lembrar?

Significa: recordar-se de uma impressão que foi produzida na nossa consciência. Estamos a recuperar uma sensação, um pensamento ou uma visão para a consciência que perceciona.

Lembrar-se é trazer algo para o alcance da nossa perceção outra vez: as perceções físicas, emocionais, mentais ou impessoais.


Barend Voorham

Memória: a capacidade de recordar imagens na nossa consciência

À capacidade para lembrar chamamos de “memória”. Uma pessoa com uma boa memória pode lembrar-se das coisas facilmente.

Como todos sabemos, existem certas coisas das quais nos lembramos bem e outras que não. Existem crianças que podem facilmente distinguir dezenas de marcas de automóveis com base apenas nos faróis da frente, mas que não conseguem memorizar verbos irregulares do Francês.

Isto está tudo relacionado com aquilo que nos interessa ou atrai. O nosso foco é aquele onde as impressões são produzidas mais profundamente. A nossa consciência está treinada para estar ativa nesse plano, para que possa se recordar mais facilmente de determinadas impressões feitas nesse mesmo plano. Indivíduos fortemente emocionais têm uma maior propensão para recordar um insulto ocorrido há anos, enquanto uma pessoa intelectual esquecê-lo-á numa semana. Podemos portanto receber, de forma autoconsciente, na nossa perceção, impressões particulares que estão numa das camadas da nossa consciência. Recuperamos a capacidade de raciocínio matemático, recordamo-nos de um nome, de um acontecimento ou da caracterização física de um determinado local.


Memória: o local onde as impressões são feitas

No uso corrente da linguagem também consideramos a “memória” como o local onde determinada informação é guardada; a memória como o “arquivo da consciência”. A isto, o materialista associaria de imediato o cérebro. O cérebro é frequentemente comparado com um computador, porque no mundo digital as pessoas também falam sobre memória, que é então expressa em kilo, mega, giga e terabytes. Serão os nossos cérebros algum tipo de supercomputador?

Imagem da capa da revista Lucifer (nº3/2014)


Cérebros: repositórios de informação?

Como ouvimos ontem [NT: este texto resulta de uma palestra intitulada “Como a nossa consciência muda o nosso cérebro?” no âmbito do simpósio da ISIS Foundation - International Study-centre for Independent Search for truth] o cérebro é composto por dezenas de milhares de milhões de neurónios ou células nervosas. Todas estas células têm ligações com outras células. Estas ligações também se desconectam frequentemente. Isto tudo acontece num processo muito complexo e dinâmico, muito mais dinâmico e complicado do que o nosso computador pessoal. O modo como onde e quando esta informação poderia ser guardada neste sistema complexo e dinâmico que é o cérebro, é algo completamente desconhecido.

Em geral é assumido que a informação é transferida de um lado do cérebro para o outro lado. Neste contexto poder-se-ia falar de memória de curto e longo prazo. Dizem que tudo aquilo que experienciamos ou aprendemos será gravado primeiro na memória de curto prazo e depois na memória de longo prazo. Mas como pode a informação ser gravada nas células cerebrais que mudam constantemente, que constroem e quebram ligações constantemente – sinapses – entre si? Como podem estes neurónios conter as nossas memórias? Pensamos que esta teoria não é lógica e portanto que a memória não está localizada no nosso cérebro.

O cérebro é o instrumento dos pensamentos inferiores, portanto é o instrumento da nossa memória, especialmente nos seus aspetos inferiores. Nós, seres humanos, pensadores, lembramo-nos dos nossos pensamentos. Pelo facto de vivermos neste mundo material precisamos de um cérebro para moldar os nossos pensamentos inferiores e para traduzi-los para o domínio exterior. Mas, assumir que a memória reside no cérebro é acreditar que a música reside no rádio.


Herman Vermeulen é o líder da ST Point Loma


A memória está em todo o lado

Mas se a memória não reside no cérebro, onde poderia estar? A nossa resposta é: onde não poderia? A memória está em todo o lado.

Se lembrar significa ter a capacidade de trazer de volta impressões particulares à nossa perceção, então toda a natureza visível e invisível pode permitir lembrar-nos dessas impressões. Provavelmente já experienciámos isto.

Por exemplo, depois de muitos anos, regressamos a um local que visitámos de férias quando éramos jovens. Quando lá chegamos, recordar-nos-emos de forma precisa de todas as pessoas que vimos, do que elas fizeram e do que nós fizemos. Outro exemplo: ouvimos uma velha canção na rádio e lembramo-nos de certas ideias idealistas da nossa juventude. O local das nossas férias e a canção são na verdade os lugares onde as nossas memórias permanecem escondidas. Mas nunca conseguimos desconectar estas circunstâncias da nossa própria consciência. Existe algo na nossa consciência que se identifica com aquela canção e com aquele lugar em particular. Por causa deles lembramo-nos novamente de certos pensamentos e sentimentos.

Tudo está interligado

Isto pode ser clarificado pelo facto de existir uma Unidade essencial subjacente a toda a Natureza. Tudo está ligado. Não estamos separados de nada. As nossas experiências, não são portanto, nossa propriedade privada. Não estão armazenadas num arquivo privado do qual só nós temos a chave. Na verdade todos têm acesso a elas.


Isto dever-nos-ia fazer perceber a ampla responsabilidade que temos em relação à vida no nosso planeta. Por simplesmente termos um pensamento, deixamos uma marca na Natureza viva. Podemos reencontrar essa marca mais tarde – lembramo-nos – mas também é possível que outras pessoas a atraiam para o seu campo de perceção. E, por Natureza, não se entenda apenas a mera natureza visível, mas a totalidade da vida. Mais tarde isso será explicado.

Continua na próxima semana.

sábado, 1 de agosto de 2015

Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição (1ª parte)

O texto de que hoje se publica a primeira de cinco partes estava inicialmente reservada para outubro. Nesta altura do ano, o Lua em Escorpião costuma lançar um texto mais longo, tal como sucedeu o ano passado com "A Teosofia e as Sociedades Teosóficas" e há dois anos com "Mitos e Verdades do Conde de Saint-Germain". Infelizmente, por razões profissionais, não houve tempo para terminar a revisão final do texto (que será o mais longo desde que o blog foi criado) pelo que a sua publicação ficará adiada possivelmente para o início de outubro.

Em maio de 2014, a ISIS Foundation - ligada à Sociedade Teosófica de Point Loma - organizou um simpósio intitulado "Como a consciência muda o nosso cérebro". Os videos ainda estão disponíveis aqui.

As apresentações feitas no simpósio foram depois compiladas numa edição da excelente revista Lucifer, editada também pela ISIS Foundation (ISIS é a sigla para International Study-centre for Independent Search for truth) onde encontrei o artigo de Barend Voorham. Na verdade toda a revista merecia ser traduzida, mas é-me manifestamente impossível fazê-lo. De qualquer modo é altamente provável que muito proximamente o Lua em Escorpião publique mais textos dos teosofistas da Sociedade Teosófica Point Loma - BlavatskyHouse, uma das organizações mais ativas do movimento teosófico nos dias que correm.



Avancemos então para o texto:

Três níveis de recordação: instinto, consciência e intuição

por Barend Voorham

Uma vez ouvi uma menina perguntar à sua mãe se ela já alguma vez havia visto um carro branco. “Sim, já vi”, respondeu a mãe. “Eu também”, disse a menina, “mas foi há tanto tempo que já não me lembro”. Talvez esteja pensando, “ que curioso, como é possível se saber uma coisa da qual não nos recordamos?”

Porém, é possível! Existem casos que não conseguimos recordar, mas dos quais sabemos certamente alguma coisa. Bouke van den Noort contou-nos sobre um homem da Flandres que falou em Flamengo pela última vez quando tinha dois anos de idade, mas que se recordava deste idioma no leito da morte. Este caso foi relatado por um médico francês do século XIX.

Ele descreve uma história ainda mais notável: uma certa mulher à beira da morte costumava ser sonâmbula quando era uma menina. Era filha de um notário. Uma vez roubou um importante documento do seu pai enquanto estava sonâmbula e escondeu-o algures no escritório. O seu pai sofreu muitas perdas devido a isto. No leito da morte, a mulher subitamente gritou: “Eu roubei-o!” e recordou-se onde havia estado o documento durante todo esse tempo. Enquanto dormia, retirou o documento e escondeu-o, mas na sua consciência quotidiana, a mulher não tinha noção alguma do que havia feito. À beira da morte, ela subitamente recordou-se. (1)

A lucidez terminal é um daqueles mistérios da memória, que não pode ser explicada pela crença generalizada de que a memória está alojada no cérebro. Pelo contrário, só é possível clarificar estes casos notáveis se olharmos para os seres humanos como consciências compostas. Tentaremos elucidar.


  

Transmitindo e recebendo sinais que se imprimem na nossa consciência

A nossa consciência transmite sinais dos diferentes aspetos, ou “níveis” ou “camadas”, da sua natureza composta. Também recebe sinais. Está em sintonia com todos os tipos de seres conscientes e leva todos os outros seres conscientes a vibrar.

O que, por exemplo, observamos com os nossos sentidos – como imagens ou sons – provoca uma impressão no nosso corpo físico. Estes sinais são reencaminhados para os outros níveis da nossa consciência, mas primeiro afetam o corpo físico. Até a comida que comemos tem um efeito. Podemos nos recordar de todas estas impressões. Por exemplo, lembro-me sempre do cheiro do metropolitano quando penso em Paris.

Um desejo ou uma tendência produz uma impressão na nossa natureza animal. Por vezes esta impressão é tão poderosa que só muito dificilmente nos livramos dela. É o caso de um vício, por exemplo. A ideia de um cigarro pode ser muito forte; pode ser difícil tirá-la da cabeça.
Da mesma forma, pensamentos pessoais produzem uma impressão na consciência humana pessoal. Muitas vezes esquecemo-nos destas impressões inferiores.

As perceções e os pensamentos impessoais, que produzem uma impressão na nossa consciência humana superior são mais difíceis de experienciar porque não estamos frequentemente no estado de consciência superior. Por exemplo, quando compreendemos uma determinada lei matemática, essa perceção é impressa na nossa consciência.

As visões, a efetiva compreensão e a inspiração produzem impressões na nossa consciência espiritual. Por exemplo, se percebermos que matéria e consciência são em essência exatamente o mesmo, então este conceito fica gravado na nossa consciência espiritual. Na verdade já lá está – como se explicará mais adiante – mas a consciência humana pessoal consegue agora se sintonizar e observá-lo.


Finalmente existe a consciência divina que reverbera com as experiências de unidade. A maior parte das pessoas não teve estas experiências, mas se alguma vez tiver nunca mais a esquecerá.

(1) 1.  H.P. Blavatsky, “Memory in the dying”. H.P. Blavatsky Collected Writings. The Theosophical Publishing House, Wheaton 1990, Vol. 11, p. 446.

Continua na próxima semana.

sábado, 4 de julho de 2015

Contagem decrescente para a ITC 2015

Como já havia sido referido num post anterior, em agosto próximo realiza-se mais uma Conferência Internacional de Teosofia (ITC). O país de acolhimento é o mesmo do ano passado – a Holanda – embora a cidade onde terá lugar o evento seja outra (Haia).


Vista de Haia a partir do Het Plein


O tema da ITC2015 será “Helena Petrovna Blavatsky sob diferentes perspetivas com um só coração”. Qual é a nossa interpretação da obra escrita de HPB? Como é que ela inspira os teosofistas, sejam eles filiados numa organização ou independentes, a incorporar e transmitir a sua mensagem intemporal ao mundo moderno?

No site oficial do ITC, os organizadores prometem que esta Conferência “será certamente tão enérgica e inspiradora como as anteriores. Os teosofistas estão conscientes do desafio que enfrentam, dando de facto um passo ou até um salto em frente. No verdadeiro espírito de fraternidade podem fazê-lo através da partilha, colaboração ou tendo uma mente aberta.”


Alojamento e inscrição na Conferência

O ITC decorre de 6 a 9 de agosto no Carlton Ambassador Hotel, sendo a sala limitada a 150 lugares. O alojamento sugerido é o próprio hotel onde se realiza a conferência ou então o EasyHotel The Hague City Centre que fica a 8 minutos do Carlton Ambassador.


Vista do Carlton Ambassador Hotel

O registo na conferência pode ser feito aqui.


Bolsas para deslocação

Estão também disponíveis bolsas que devem ser requisitadas escrevendo para a Secretária do ITC, Bianca Peeters até 8 de julho referindo:

  • como a sua presença no ITC poderia contribuir para os objetivos da organização, quer durante o período da conferência, quer posteriormente;
  • se está disponível para fazer algum trabalho voluntário durante a conferência, se necessário;
  • se está disponível para escrever um pequeno relato sobre a experiência na conferência que pudesse ser publicado nalgum dos canais de comunicação do ITC (site, newsletter, artigos, etc…).
  • o montante solicitado para a deslocação, incluindo custos de viagem e de alojamento.


A Direção do ITC irá avaliar as candidaturas e atribuir as bolsas com base na quantidade e qualidade das candidaturas até 12 de julho de 2015.

Quem quiser fazer doações ao Fundo de Bolsas do ITC pode recorrer ao site do ITC.




Programa do ITC2015

O programa desta 17ª Conferência Internacional de Teosofia é o seguinte:


Quinta-feira, 6 de agosto de 2015

16.00 – ABERTURA

Boas vindas
Presidente e Vice-Presidentes do ITC

Quem somos, qual é a nossa missão e em que ponto nos encontramos agora?
Representantes dos vários ramos teosóficos

18:00 – JANTAR

PAINEL: Introdução às Cartas de H.P. Blavatsky e discussão
Conduzido por Jon Knebel


Jon Knebel



Sexta-feira 7 de agosto de 2015

09:00 – ABERTURA

H.P. Blavatsky, HPB e o presente Ciclo Messiânico

Como vemos:

  • HPB
  • H.P. Blavatsky
  • O presente ciclo messiânico
  • Os Mestres
Representantes dos vários ramos teosóficos


10:40 – Workshop
Que implicações tem isto para a nossa missão, para o nosso trabalho e para a nossa cooperação?


11:40 – Questões para o painel de oradores (preparadas no workshop)


ALMOÇO


14:00 – Programa da tarde

  • Como captar a essência da sua mensagem intemporal?
  • Panorâmica geral da sua mensagem
  • O que consideramos ser o foco central da sua mensagem?
  • H.P. Blavatsky
  • Chegando ao foco central, camada a camada
  • Crença, Confiança, unidade (conhecimento)
Representantes dos vários ramos teosóficos


 16.00 – Workshop
A essência da mensagem de HPB

18:00 – JANTAR

20:00 – Programa do serão
Joy Mills: exibição de um vídeo (abaixo um curto segmento disponível no youtube, com Mills como protagonista)





Sábado, 8 de agosto de 2015

09:00 – ABERTURA
  

  • Como manter a sua mensagem viva para as gerações futuras?
  • O que pensam que poderemos lembrar da mensagem de HPB, imaginando que reencarnaríamos daqui a 2000 anos?
  • Como se tornar um instrutor na esteira de H.P. Blavatsky
  • Como manter vivas estas ideias centrais da mensagem

Representantes dos vários ramos teosóficos

10:30 – Workshop
Como ser um instrutor na esteira de H.P. Blavatsky?


Todo o foco da ITC 2015 estará em H.P. Blavatsky 



ALMOÇO


14.00 - World Cafe (os participantes vão rodando de mesa em mesa e trocando ideias)
Aplicando os princípios teosóficos aos desafios do mundo moderno

18:00 – JANTAR


Domingo, 9 de agosto de 2015

09:00 – ABERTURA

Apresentação: Declaração e Unidade, desenvolvimentos futuros à luz do ITC 2014 e 2015
Perspetivando o ITC 2016

Encerramento
Presidente e Vice-Presidentes do ITC

Seguem-se a partir das 14:00 uma série de eventos relacionados com a organização do ITC como seja a reunião da direção, reunião geral dos membros do ITC e eleições.


Quem está a frente do ITC?

O presidente da organização é Eugene Jennings, um associado da Loja Unida de Teosofistas (LUT). Este norte-americano tem sido um associado ativo da LUT desde meados de 1970, ao mesmo tempo que apoiava a loja e a disseminação dos ensinamentos teosóficos originais conforme expostos por H.P. Blavatsky, os seus Grandes Mestres e William Q. Judge. Apresentou as ideias e ensinamentos teosóficos, quer internamente nos Estados Unidos quer em viagens internacionais. As suas tarefas diárias como profissional incluem lidar com pessoas como médico e psiquiatra.


Eugene Jennings numa das ITC anteriores


 Os vice-presidentes são Herman Vermeulen, da BlavatskyHouse - Sociedade Teosófica de Point Loma e Jan Kind, que é membro da Sociedade Teosófica de Adyar, associado da LUT e também membro da Sociedade Teosófica de Pasadena.

Vermeulen é membro da ST Point-Loma desde 1973 e líder da organização desde 1985. O seu interesse pela Teosofia despontou por combinação dos estudos de Budismo Mahâyâna com o seu trabalho na Agência Europeia Espacial, onde ele supervisionava o trabalho de investigação dos mais jovens. Marca ininterruptamente presença na ITC já desde 2007.


Herman C. Vermeulen

Kind é um holandês que reside presentemente no Brasil, depois de correr mundo, tendo já vivido na Índia e na Austrália. Também trabalhou na indústria musical, mas define-se com um trabalhador na área social e gestor de recursos humanos. Tornou-se membro da ST Adyar em 1994, onde já desempenhou vários cargos. É o editor-chefe da Theosophy Forward uma publicação eletrónica trimestral e também plataforma web.

Jan Kind (direita). Foto de Katinka Hesselink

Nos palestrantes da conferência de 2015, o único nome referido explicitamente é o Jon Knebel, apontado há alguns meses como encarregue de dar continuidade ao trabalho de John Algeo na publicação das Cartas de HPB. É um membro proeminente da ST de Adyar, mas precisamente da Secção norte-americana, onde conduziu vários seminários sobre as cartas dos Mahatmas. Knebel é também membro da Ordem Teosófico de Serviço.


Jon Knebel

Fica pois o convite a todos os que puderem a se deslocarem até à Holanda no início do próximo mês de agosto e a participarem numa frutuosa troca de impressões e de perspetivas sobre HPB e sobre a Teosofia. Posso dar o meu testemunho pessoal de que realmente é uma experiência única, que permitirá conhecer pessoas de diferentes países, com abordagens nalguns pontos distintas no que concerne à Teosofia, mas todo o evento decorre num espírito de tolerância, fraternidade e sinceridade, onde a troca de ideias é incentivada.