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sábado, 17 de agosto de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (6ª parte)

Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde deSt. Germain” de David Pratt.

7.  O príncipe Carl e os anos finais

O príncipe Carl era neto do Rei Jorge II de Inglaterra e em 1769 começaria a governar os ducados de Schleswig e Holstein (hoje parte da Dinamarca) em nome do governo do seu cunhado, o rei Cristiano VII da Dinamarca e Noruega. Tornou-se maçon a partir de 1774. Sobre St. Germain disse:

Carl de Hesse-Cassel

“Ele falou-me das grandes coisas que queria para a humanidade, etc…Eu não estava particularmente desejoso disso, mas no fim tive os meus escrúpulos sobre rejeitar conhecimento que era muito importante e tornei-me seu discípulo. Ele falava muito da melhoria das cores, que custaria praticamente nada, da melhoria dos metais, acrescentando  que era absolutamente necessário aderir fielmente a este princípio…Não existe praticamente nada na Natureza que ele não saiba como melhorar e usar. Ele confidenciou-me algo sobre a sabedoria da Natureza, mas apenas a parte introdutória, fazendo com que eu, por experiência própria,  tentasse alcançar sucesso, regozijando-se ele extremamente com os meus progressos. Assim aconteceu com os metais e pedras preciosas, mas quanto às cores ele acabou por me dá-las, assim como importante informação.”

A documentação deixada pelo príncipe Carl incluía a receita para o famoso chá de Saint-Germain: continha vagens de sene, flores envelhecidas e erva-doce embebido em vinho. Tinha um efeito laxativo e propriedades gerais saudáveis. Carl conta que a sua esposa estava uma vez muito doente com um ataque de catarro, com muitas dores e com febre. Ela tomou um dos remédios de Saint-Germain e uma hora depois estava perfeitamente saudável. Saint-Germain aparentemente seguia a tradição dos antigos herbalistas, acrescentando alguns refinamentos próprios. Carl escreve:

“Ele sabia perfeitamente tudo sobre ervas e plantas e tinha descoberto remédios que usava continuamente e que lhe prolongavam a vida e a saúde. Eu ainda possuo algumas das suas receitas, mas os médicos denunciaram veementemente a sua ciência após a sua morte. Havia um médico de nome Lossau, que havia sido um boticário e a quem eu dei doze mil coroas por ano para trabalhar com os remédios que o Conde Saint-Germain lhe havia dado, principalmente com o seu chá, que os ricos compravam e os pobres recebiam gratuitamente.
Este médico curou muitas pessoas, das quais, segundo sei, nenhuma morreu. Mas depois da morte do médico, desgostoso com as propostas que recebi de todos os lados, eu retirei todas as receitas e não substitui Lossau.”

Há quem diga que Saint-Germain teve um papel importante no desenvolvimento de sociedades secretas, como os Rosacruzes ou a Maçonaria. Mas não há provas disso, e até existiam muitos maçons que tinham inveja da fama e conhecimentos de Saint-Germain, e que por isso lhe eram hostis.

Contudo existe uma carta (embora haja dúvidas da sua autenticidade) do príncipe Carl onde consta o seguinte:

“Ele sempre agiu como se não soubesse nada de Maçonaria ou de alto conhecimento, embora durante o último ano uma série de coisas convenceu-me do contrário…Apesar de nunca se ter declarado Maçon, ele disse algo estranho, que ele era o “o mais antigo dos Maçons”.

Noutra carta Carl descreveria Saint-Germain da seguinte forma:

“Ele foi provavelmente um dos maiores filósofos que já existiu. Um amigo da humanidade, só querendo dinheiro para dar aos pobres e também um amigo dos animais. O seu coração nunca estava ocupado exceto com o bom dos outros. Ele pensava que fazia o mundo mais feliz ao lhe dar novos prazeres, os tecidos mais belos, as cores mais belas, muito mais baratas do que antes, pois os seus corantes soberbos não custavam praticamente nada. Nunca vi um homem com uma inteligência mais clara do que a dele, junto com uma erudição (especialmente em história antiga) como eu raramente encontrei.”

Carl diz que os princípios filosóficos de Saint-Germain na religião eram “puro materialismo”. Portanto vemos aqui Carl a cometer o mesmo erro de outros maçons. Não sabemos os detalhes das suas conversas e os ensinamentos de Saint-Germain. Mas o que sabemos é que, segundo Carl, Saint-Germain “não era de modo algum um adorador de Jesus Cristo”. Carl uma vez disse a Saint-Germain que achava as suas observações sobre Jesus ofensivas e que Saint-Germain prometeu não abordar o assunto novamente. Muito provavelmente ele teria dito que Jesus era um sábio com uma vida sagrada mas não “o filho unigénito de Deus”. Saint-Germain não era claramente um teísta, um crente na teologia ortodoxa do Cristianismo, mas também não era um materialista que acreditasse na existência de nada mais do que a matéria física. Ele poderá ter aderido a uma visão panteísta da natureza que soasse aos Maçons convencionais mais como materialismo ateísta.

Por volta de 1783, a saúde de Saint-Germain estava claramente a falhar. Ele sempre tinha sido muito vulnerável ao frio e sofria de reumatismo.  Terá morrido a 27 de fevereiro de 1784, mas devido a um grande temporal em 1872, não se sabe exatamente onde estará agora o corpo de Saint-Germain.

Ele era tão pobre na altura da sua morte, que os seus bens não cobriam o custo do seu funeral e portanto foi-lhe dado um funeral gratuito por consideração ao seu patrono, o príncipe Carl. Tudo o que ele deixou foi um maço de contas pagas, uma pequena quantia de dinheiro, alguma roupa e algumas outras coisas como lâminas e escovas de dentes. O valor dos seus bens valeria hoje cerca de 690 libras esterlinas. Não havia diamantes, pinturas, partituras musicais, livros ou violino.”


Continua na próxima semana…

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