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sábado, 24 de agosto de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (7ª parte)

Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde deSt. Germain” de David Pratt.

8. As origens do Príncipe Rákóczy

Saint-Germain

Saint-Germain deu indicações a várias pessoas de que era o filho de Francisco (Ferenc) Ráckózy II da Transilvânia.  Ráckózy (pronuncia-se rakotsi) era o nome de uma família nobre do Reino da Hungria entre os séculos XIII e XVIII. Francisco II foi o membro mais famoso da família por ter estado na linha da frente da rebelião da Hungria contra os Habsburgos da Áustria. Derrotados, os Ráckózy  viram a sua fortuna confiscada. Saint-Germain deverá ter sido um filho ilegítimo de Francisco II, especulando  Jean Overton Fuller que a mãe do grande ocultista terá sido a Princesa Violante da Bavaria, esposa do Princípe Ferdinando dos Medici, negligenciada e triste em Florença, onde Ráckózy chegou em Maio de 1693. Não há contudo provas que Francisco e Violante se tenham encontrado. As fotos abaixo sugerem algumas parecenças entre Saint-Germain e Violante. Esta data de 1693 como a de conceção de Saint-Germain é congruente com outras informações disponíveis de que teria 88 anos quando se instalou em Eckernförde (1779).

Francis Rákóczy (por Ádám Mányoki, 1724)

Fuller sugere então que Saint-Germain era o filho do príncipe Ráckózy da Transilvânia e da Princesa Violante.

Princesa Violante

“Esta seria uma razão para que os Medici o tivessem criado, pois porque razão cuidariam dele a menos que a sua mãe fosse alguém da sua própria família?“. Ela acrescenta ainda que Ráckózy poderia desconhecer este seu filho, pois os Medici eram de tal forma ricos que não necessitavam do dinheiro de Ráckózy para criar o conde.

Gian Gastone sempre foi compreensivo para a sua negligenciada cunhada Violante e poderá ter persuadido o seu pai, Cosimo, a cuidar da criança no seu lar, como já tinha acontecido muitas outra vezes com crianças de outras boas famílias. Isto está de acordo com os comentários de Saint-Germain de que ele havia sido “tremendamente protegido” e educado por Gian Gastone. A Casa dos Medici possuía grande conhecimento, mas Saint-Germain disse a Carl que ele havia aprendido os segredos da Natureza pelos seus próprios esforços e pesquisas.  A ligação de Saint-Germain com os duques de Medici ajuda a explicar a razão de ele possuir um Raphael e outras pinturas valiosas e de como ele se tornou num músico e compositor.

9. Mensageiro e Adepto

Como foi referido na introdução, Helena P. Blavatsky referiu-se a Saint-Germain como “o maior Adepto oriental que a Europa já conheceu durante os últimos séculos”. Ela usava a palavra “Adepto” para se referir a ocultistas e místicos de diferentes graus, não apenas a Mahatmas.

Sobre como os Mahatmas selecionam os seus discípulos ou chelas, Blavatsky escreve:

“Durante séculos, a seleção de chelas – fora do grupo hereditário dentro dos gon-pa [mosteiro Budista] – tem sido feito pelos próprios Mahatmas dos Himalaias dentro da classe (no Tibete, considerável, atendendo ao número) dos místicos naturais. As únicas exceções têm sido em casos de homens do Ocidente como Fludd, Thomas Vaughan, Pico della Mirandola, Conde de Saint-Germain, etc… cuja afinidade de temperamento com esta ciência celestial de certa forma forçou os Adeptos distantes a estabelecerem relações pessoais com eles, e possibilitaram que eles obtivessem aquela pequena (ou grande) porção da Verdade dentro das possibilidades dos condicionamentos sociais da altura.”

Ela menciona Saint-Germain como um exemplo de alguém que com “treino precoce e métodos especiais” atingiu o estádio de um homem da 5ª ronda e desenvolveu os seus sentidos superiores. Ela também escreveu:

“O tratamento que foi dado à memória deste grande homem - aluno dos hierofantes da Índia e do Tibete e proficiente na sabedoria oculta do Oriente – é um estigma sobre a natureza humana. E assim tem sido a forma como este estúpido mundo tem tratado todas as outras pessoas que, tal como Sant-Germain, o revisita após longo tempo de isolamento dedicado ao estudo, com as suas reservas de sabedoria esotérica acumulada, na esperança de melhorá-lo e de fazê-lo mais sábio e feliz.”

Blavatsky sugere que Saint-Germain poderá ter sido capaz de se recordar de algumas das suas vidas passadas:

“Se ele dissesse que tinha nascido na Caldeia e professado possuir os segredos dos sábios e magos egípcios”, ele poderia ter falado a verdade sem fazer nenhuma afirmação miraculosa. Existem iniciados, não necessariamente os mais elevados, que estão em condições de se recordar de mais do que uma das suas vidas passadas.”

Quando é que ele morreu?

Numa carta escrita a A.P. Sinnett em agosto de 1881, o Mahatma KH disse que o ocultista francês Eliphas Levi (1810-1875) tinha estudado a partir de manuscritos rosacrucianos (dos quais só sobravam três cópias na Europa).

“Estes expõem as nossas doutrinas orientais com base nos ensinamentos de Rosencreuz, que, após o seu regresso da Ásia, as revestiu com uma roupagem semicristã, com a intenção de proteger os seus discípulos da vingança clerical. Rosencreuz ensinou verbalmente. Saint Germain registou as boas doutrinas em linguagem cifrada, e o seu único manuscrito cifrado permaneceu em poder do seu fiel amigo e protetor, o benévolo príncipe alemão de cuja casa e em cuja presença ele fez a sua última saída – para o LAR. Fracasso, total fracasso!” [Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, vol. I, Carta XX, p.132]”

(…) Os mestres presumivelmente viam a missão de Saint-Germain como um falhanço pois esperavam que tivesse evitado muita da violência e derramamento de sangue que tinha acompanhado a transição de uma sociedade aristocrática e feudal, dominada pelo absolutismo monárquico e pela igreja dogmática para a nova sociedade industrializada, caracterizada por uma maior liberdade individual e política.

Na opinião de Blavatsky, se Saint-Germain realmente morreu em 1784, o seu enterro não seria discreto, mas com grande pompa e circunstância, condizente com o seu estatuto. Por outro lado, poder-se-ia argumentar que o seu discreto funeral estaria de acordo com estilo de vida em retiro e o low-profile que caracterizou os seus últimos anos de vida. N’ "O Teosofista" de 1881, Blavatsky menciona “alegadas evidências no sentido positivo” de que Saint-Germain ainda era vivo vários anos depois de 1784:

“Diz-se que ele teve uma importante conversa privada com a Imperatriz da Rússia em 1785 ou 1786, e apareceu à Princesa de Lamballe enquanto ela estava diante do tribunal, poucos momentos antes dela ser abatida por uma bala e um carniceiro lhe ter cortado a sua cabeça. Também apareceu à Jeanne du Barry, a amante de Luís XVI, enquanto ela esperava no seu cadafalso em Paris, o golpe da guilhotina nos dias do Terror, em 1793."

Várias outras referências existem aludindo à sobrevivência de Saint-Germain para lá de 1784, embora não sejam de testemunhas credíveis.

Se ele realmente morreu nesse ano, seria muito bem possível para um Mahatma projetar o seu mayavi-rupa , fazendo-o assumir a aparência e características de Saint-Germain e aparecer a quem ele quisesse.


Continua na próxima semana…

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