Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde deSt. Germain” de David Pratt.
8. As origens do Príncipe Rákóczy
Saint-Germain |
Francis Rákóczy (por Ádám Mányoki, 1724) |
Fuller sugere então que Saint-Germain era o filho do príncipe Ráckózy da Transilvânia e da Princesa Violante.
Princesa Violante |
“Esta seria uma razão para que os Medici o tivessem criado,
pois porque razão cuidariam dele a menos que a sua mãe fosse alguém da sua
própria família?“. Ela acrescenta ainda que Ráckózy poderia desconhecer este
seu filho, pois os Medici eram de tal forma ricos que não necessitavam do
dinheiro de Ráckózy para criar o conde.
Gian Gastone sempre foi compreensivo para a sua
negligenciada cunhada Violante e poderá ter persuadido o seu pai, Cosimo, a
cuidar da criança no seu lar, como já tinha acontecido muitas outra vezes com
crianças de outras boas famílias. Isto está de acordo com os comentários de
Saint-Germain de que ele havia sido “tremendamente protegido” e educado por
Gian Gastone. A Casa dos Medici possuía grande conhecimento, mas Saint-Germain
disse a Carl que ele havia aprendido os segredos da Natureza pelos seus
próprios esforços e pesquisas. A ligação
de Saint-Germain com os duques de Medici ajuda a explicar a razão de ele
possuir um Raphael e outras pinturas valiosas e de como ele se tornou num
músico e compositor.
9. Mensageiro
e Adepto
Como foi referido na introdução, Helena P. Blavatsky
referiu-se a Saint-Germain como “o maior Adepto oriental que a Europa já
conheceu durante os últimos séculos”. Ela usava a palavra “Adepto” para se
referir a ocultistas e místicos de diferentes graus, não apenas a Mahatmas.
Sobre como os Mahatmas selecionam os seus discípulos ou
chelas, Blavatsky escreve:
“Durante séculos, a seleção de chelas – fora do grupo
hereditário dentro dos gon-pa [mosteiro Budista] – tem sido feito pelos
próprios Mahatmas dos Himalaias dentro da classe (no Tibete, considerável,
atendendo ao número) dos místicos naturais. As únicas exceções têm sido em
casos de homens do Ocidente como Fludd, Thomas Vaughan, Pico della Mirandola,
Conde de Saint-Germain, etc… cuja afinidade de temperamento com esta ciência
celestial de certa forma forçou os Adeptos distantes a estabelecerem relações
pessoais com eles, e possibilitaram que eles obtivessem aquela pequena (ou
grande) porção da Verdade dentro das possibilidades dos condicionamentos
sociais da altura.”
Ela menciona Saint-Germain como um exemplo de alguém que com
“treino precoce e métodos especiais” atingiu o estádio de um homem da 5ª ronda
e desenvolveu os seus sentidos superiores. Ela também escreveu:
“O tratamento que foi dado à memória deste grande homem -
aluno dos hierofantes da Índia e do Tibete e proficiente na sabedoria oculta do
Oriente – é um estigma sobre a natureza humana. E assim tem sido a forma como
este estúpido mundo tem tratado todas as outras pessoas que, tal como
Sant-Germain, o revisita após longo tempo de isolamento dedicado ao estudo, com
as suas reservas de sabedoria esotérica acumulada, na esperança de melhorá-lo e
de fazê-lo mais sábio e feliz.”
Blavatsky sugere que Saint-Germain poderá ter sido capaz de
se recordar de algumas das suas vidas passadas:
“Se ele dissesse que tinha nascido na Caldeia e professado
possuir os segredos dos sábios e magos egípcios”, ele poderia ter falado a
verdade sem fazer nenhuma afirmação miraculosa. Existem iniciados, não
necessariamente os mais elevados, que estão em condições de se recordar de mais
do que uma das suas vidas passadas.”
Quando é que ele morreu?
Numa carta escrita a A.P. Sinnett em agosto de 1881, o
Mahatma KH disse que o ocultista francês Eliphas Levi (1810-1875) tinha
estudado a partir de manuscritos rosacrucianos (dos quais só sobravam três
cópias na Europa).
“Estes expõem as nossas doutrinas orientais com base nos
ensinamentos de Rosencreuz, que, após o seu regresso da Ásia, as revestiu com
uma roupagem semicristã, com a intenção de proteger os seus discípulos da
vingança clerical. Rosencreuz ensinou verbalmente. Saint Germain registou as
boas doutrinas em linguagem cifrada, e o seu único manuscrito cifrado
permaneceu em poder do seu fiel amigo e protetor, o benévolo príncipe alemão de
cuja casa e em cuja presença ele fez a sua última saída – para o LAR. Fracasso,
total fracasso!” [Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, vol. I, Carta XX,
p.132]”
(…) Os mestres presumivelmente viam a missão de
Saint-Germain como um falhanço pois esperavam que tivesse evitado muita da
violência e derramamento de sangue que tinha acompanhado a transição de uma
sociedade aristocrática e feudal, dominada pelo absolutismo monárquico e pela
igreja dogmática para a nova sociedade industrializada, caracterizada por uma
maior liberdade individual e política.
Na opinião de Blavatsky, se Saint-Germain realmente morreu
em 1784, o seu enterro não seria discreto, mas com grande pompa e circunstância,
condizente com o seu estatuto. Por outro lado, poder-se-ia argumentar que o seu
discreto funeral estaria de acordo com estilo de vida em retiro e o low-profile
que caracterizou os seus últimos anos de vida. N’ "O Teosofista" de 1881,
Blavatsky menciona “alegadas evidências no sentido positivo” de que
Saint-Germain ainda era vivo vários anos depois de 1784:
“Diz-se que ele teve uma importante conversa privada com a
Imperatriz da Rússia em 1785 ou 1786, e apareceu à Princesa de Lamballe
enquanto ela estava diante do tribunal, poucos momentos antes dela ser abatida
por uma bala e um carniceiro lhe ter cortado a sua cabeça. Também apareceu à
Jeanne du Barry, a amante de Luís XVI, enquanto ela esperava no seu cadafalso
em Paris, o golpe da guilhotina nos dias do Terror, em 1793."
Várias outras referências existem aludindo à sobrevivência
de Saint-Germain para lá de 1784, embora não sejam de testemunhas credíveis.
Se ele realmente morreu nesse ano, seria muito bem possível
para um Mahatma projetar o seu mayavi-rupa , fazendo-o assumir a aparência e
características de Saint-Germain e aparecer a quem ele quisesse.
Continua na próxima semana…
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