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sábado, 3 de agosto de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (4ª parte)

Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde de St. Germain” de David Pratt.

5. Pelo norte da Europa, Itália e Turquia

Em março de 1762 o Barão van Hardenbroek escrevia no seu diário que tinha ouvido que Saint-Germain estava a viver perto de Nijmegen. Era um “grande filósofo”, de “carácter virtuoso” e inclinado a “ajudar a República com as suas manufaturas” e ajudava também com a preparação de cores para uma fábrica de porcelanas em Weesp. Tinha ainda “uma enorme correspondência com países estrangeiros”.

No mesmo ano (1762), Saint-Germain visitará a Rússia para adquirir alguns dos ingredientes para seus os processos de manufaturação.

Em 1763 passa pela Bélgica onde conhece um ministro, o Conde Cobenzl que numa carta ao chanceler austríaco diz o seguinte:

“Há cerca de três meses a pessoa conhecida por Conde de St. Germain passou por aqui e contactou-me. Considero-o o homem mais singular que já conheci na minha vida. Não conheço exatamente o seu berço, mas acredito que seja o filho de união clandestina feita por um membro de uma casa ilustre e poderosa. Dono de grande riqueza, ele vive na maior simplicidade. Ele sabe tudo e é de uma retidão e bondade dignas de admiração. Entre outras provas de sabedoria, ele fez várias experiências à frente dos meus olhos e em breve mandarei a Vossa Excelência algumas amostras. A mais essencial é a transformação de ferro num metal tão belo como o ouro e que é no mínimo tão bom como o produto do trabalho de um ourives.
O tingimento e a preparação de couros que ultrapassavam toda a marroquinaria existente e o mais perfeito curtimento. O tingimento de sedas atingia uma perfeição nunca vista até agora. O tingimento de lãs era semelhante, feito nas cores mais vívidas (…) com os ingredientes mais comuns e a um preço modesto. A produção de cores como as cores de um artista, o ultramarino tão perfeito como se fosse o de lápis e finalmente a remoção dos cheiros dos óleos usados na pintura e a preparação do melhor óleo da Provença a partir de sementes de colza ou de outros óleos de qualidade inferior.”

O Conde Cobenzl ,noutra carta, acrescentará sobre Saint-Germain:

“(…) ele tem uma propriedade na Holanda que está dois terços paga e tem valores, que foram avaliados por quem lhe emprestou dinheiro, em mais de um milhão.(…) É certo que ele é de berço ilustre, mas sendo isso segredo deve guardá-lo pois o contrário não serve os meus interesses. Ele fala da sua riqueza e na verdade deve possuir muito, pois onde quer que ele vá, tem dado maravilhosas ofertas, gasto bastante, nunca pediu nada e nunca deixa dívidas. “

Saint-Germain tinha vindo a refinar os seus processos secretos durante décadas. As informações dadas por Cobenzl indicam que ele pegava em ferro em bruto e fazia algo que causava a sua mudança de escuro para dourado, imergia-o em água (possivelmente com aditivos) e depois de fornecer as suas propriedades à água, ele removia-o e metia lá dentro os materiais a serem tingidos. A água onde a tingimento havia sido feito seria mais tarde usado para fazer tintas. De acordo com um especialista moderno na área do tingimento, a permutação do ferro para dourado poderia ser cloreto férrico ou mais provavelmente ferrocianeto. Usando ingredientes bastante comuns e baratos, Saint-Germain estava a fazer tingimento químico antes da era do tingimento químico.

Jean Overton Fuller [teosofista britânica que também foi autora de uma interessante biografia de H.P. Blavatsky, chamada “Blavatsky and her teachers”] diz que a produção de tecidos baratos com um leque de cores alegres feita por Saint-Germain pode ter antecipado a Revolução Industrial em mais de um século.

“Saint-Germain estava a oferecer o primeiro mercado em massa, e podemos ver através destes detalhes o tipo de revolução que ele poderia ter forjado em França, onde para além de dar um emprego pago aos trabalhadores - deixados à fome graças à ruína dos proprietários das terras – ele teria produzido roupa e outros bens a um preço acessível para as pessoas, reduzindo a distinção de classes e criando novas exportações, ou seja, nova riqueza interna, assim talvez evitando a sangrenta Revolução que se seguiu."

Muito pouco se sabe sobre se as fábricas que Saint-Germain ajudou a montar em vários lugares foram um sucesso duradouro e o alcance do seu impacto económico.

Em 1765 St. Germain estava na Rússia, tendo em 1770 participado numa batalha que opunha os russos aos otomanos. Lutou ao lado dos russos, muito provavelmente ao lado do comandante russo, seu amigo, Alexei Orlov.

Alexei Orlov (foto wikipedia)

Continua na próxima semana…

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