Segue-se a 3ª parte da tradução do texto de Barend Voorham "Raja and Hatha Ioga". Para mais detalhes, sobre a revista e a organização que publicou este texto consulte os posts anteriores.
"Comunicação através
da ressonância
As trocas na corrente de
consciência acontecem por intermédio da ressonância.
Cada ponto de transformação funciona
como um emissor-recetor, que se sintoniza com a frequência do grau de
consciência ao qual pertence. Na mesma frequência de ressonância no qual
transmite informação (ou energia ou consciência) – use a palavra que entender –
também recebe informação. Se sintonizada, por exemplo, no plano do “desejo”,
também receberá nessa frequência.
Compare-o com a música. Se tocar numa
corda de guitarra, que se encontra afinada num certo tom, outra corda, afinada
no mesmo tom, irá também vibrar ou ressoar.
Cada ego pode ser dividido em sete
tons, que correspondem aos sete planos de consciência.
Em princípio, cada ser na
corrente de consciência tem as mesmas qualidades disponíveis que todas as
outras entidades têm. A única diferença está no número destas qualidades que já
foram desenvolvidas. Suponham que no Ego Pessoal a nota Lá é executada, os Lás
nos outros pontos de transformação irão ressoar e vibrar também, mesmo quando afinados
numa oitava superior ou inferior. Portanto, tudo está interligado, conectado e
cada pensamento, palavra ou ação vibra através de todo o nosso ser.
Especialmente no caso da prática
do ioga é importante entender que isto irá causar alterações na corrente de
consciência. Sintonizar-mo-nos num ego irá criar uma situação onde uma
determinada energia poderá ou não fluir para o corpo. Se nos focarmos num dos
egos superiores, o Ego Pessoal tornar-se-á mais acessível para os impulsos e
pensamentos universais, enquanto que, se nós nos concentrarmos no Ego Animal, será
mais díficil captar ideias universais (ver aqui uma conferência do autor sobre alterações na mente e no corpo).
Râja Ioga
Que energias estão em jogo no
Hatha e Râja Ioga?
Râja Ioga – ou Ioga Real – é um
sistema dirigido a purificar o pensamento (manas) através da concentração no
Ego Humano Superior ou Ego Espiritual. É o Ego Pessoal que pratica a
disciplina. Ao dominar a sua mente ele fica mais perto de uma união com Âtman,
o Deus interior. A disciplina é desenvolvida pela concentração no ideal mais
elevado e no controlo da natureza humano-pessoal. É importante entender que é o
Ego pessoal – a nossa consciência diária – que deve ser disciplinado, não os
egos mais elevados. Deve-se referir que ser disciplinado não significa que os
elementos inferiores devam ser suprimidos ou negligenciados. De facto, os
aspetos superiores da constituição hierárquica do homem guiam estes elementos no
sentido de crescerem e evoluirem.
O Bhagavad-Gitâ dá-nos a seguinte
ideia. Arjuna vai para a guerra numa quadriga, que é puxada por cavalos. Arjuna
pôs as rédeas da quadriga nas mãos de Krishna. O simbolismo é claro. Arjuna é o
Ego Pessoal que luta com a sua mente, por outras palavras, que quer desenvolver
a parte espiritual da sua consciência. Os cavalos são as forças que emergem do
Ego Animal, especialmente desejos e sentimentos egoístas. A quadriga é o
símbolo do corpo físico e Krishna representa o Deus interior. Como interpretar
isto?
Porque o Ego Pessoal (Arjuna) se
vira para os seus aspetos superiores (Krishna), ele é capaz de controlar os
seus aspetos inferiores, o seu Ego Animal e o seu corpo. É importante perceber
que é o Ego Pessoal que pratica a disciplina. Afinal de contas é Arjuna quem está
lutando e Krishna quem dirige os cavalos. A consciência expande-se apenas
através da nossa atividade e auto-disciplina permitindo que alguma coisa dos
mundos divinos e espirituais seja experienciada. Submeter o corpo a uma
disciplina severa, seguindo uma dieta estrita ou regras ascéticas não irá
conduzir a um vislumbre dos mundos divino-espirituais.
A mente pode apenas experienciar
as esferas divinas da consciência se focada nas partes mais elevadas da sua
natureza. Por outras palavras, o Ego Pessoal deve ativar em si próprio os
ideais mais nobres que possa imaginar, para que possa ecoar com os Egos Humano
Superior, Espiritual e Divino.
Dado que os egos superiores na
corrente de consciência compreendem que há interligação com os outros seres, o
despertar dessas forças deve ser acompanhado por amor por todos os seres vivos.
O praticante de Râja Ioga precisa de impregnar a sua mente com amor por todos
os seres.
No primeiro diagrama deste texto
é mencionado que o Râja Ioga é destinado para Kshatriyas, que se pode traduzir
por funcionários públicos ou guerreiros. Num sentido mais lato e ético, este
tipo de função refere-se a líderes e orientadores de pessoas. A luta que estes
travam é contra a sua própria natureza inferior.
As qualidades que precisam de
ganhar nesta batalha são delineadas no Bhagavad-Gitâ. Devem ser estudadas a
esta luz. A coragem dos Kshatryias é necessária para conquistar os seus
interesses pessoais. A sua glória vem de uma atitude impessoal. Sabedoria é a
recompensa. Além disso, devem estar determinados em olhar o mundo com uma ampla
visão universal. E moderação, para resolverem problemas de um modo amigável.
Uma motivação altruísta é sempre essencial para o Râja Ioga. Isto significa
dedicar a própria vida a ajudar e inspirar outros. Uma vida tal conduz à
purificação da própria consciência, pois quando nós, de forma ativa e sem
interesse próprio, tentamos ajudar a resolver os problemas dos outros, isto
estimula o nosso próprio desenvolvimento também.
Os efeitos do Râja
Ioga no corpo físico
Praticar Râja Ioga ativa os
poderes ao nível do Ego Humano Superior e do Ego Espiritual. O Ego Espiritual
acorda quando contemplamos e vivemos os nossos ideais espirituais. Tal
atividade manásica – sob a forma de visões, inspirações ou pensamentos
impessoais – estabelece o contacto com o Ego Humano Superior (ver o diagrama em
forma de piano).
Tal como mencionado
anteriormente, todos os egos estão interligados, portanto a prática do Râja
Ioga também afeta o Ego Animal e o corpo físico.
A expressão em latim “Mens Sana in Corpore Sano” – mente sã em
corpo são – é um exemplo da influência benéfica que a mente que o praticante do
Raja Ioga tem, na sua condição física. Quando reina a parte espiritual, o corpo
físico irá funcionar mais harmoniosamente. O corpo ressoa em harmonia com a
energia que procede do Ego Humano Superior e do Ego Espiritual. O resultado é
um veículo são."
Continua na próxima semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário