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sábado, 15 de junho de 2013

Râja e Hatha Ioga (5ª parte)


Com esta 5ª parte, termina a tradução do texto "Râja and Hatha Yoga", da autoria de Barend Voorham, publicado na primeira edição em inglês da revista Lucífer, editada pela Theosophical Society Point Loma-Blavatsky House.

Os efeitos do Hatha Ioga

No início, o Hatha Ioga pode trazer ao praticante algum tipo de paz mental. Alguns pensamentos que torturam o Ego Pessoal não são mais percecionados porque a “corrente descendente” está fechada.

O Hatha Ioga não é isento de risco, especialmente quando se pratica os exercícios obsessivamente e quando a motivação é adquirir poderes psíquicos. Todo o “sistema energético” entre os egos inferiores e superiores pode ser perturbado, resultando em todo o tipo de problemas mentais e emocionais. Pode ocorrer instabilidade emocional. O Hatha-iogue tornar-se-á demasiado sensível a muitas e diversas influências e ficará incapaz de controlar os seus pensamentos.

Doenças físicas como a tuberculose pode também ser um resultado desta prática.

Finalmente – e estas são as piores consequências – todo o tipo de problemas psicológicos podem-se manifestar; em caso extremos, perturbações psiquiátricas graves.

Da perspetiva que o homem é um ser composto, isto pode ser facilmente explicado. Os exercícios de controlo respiratório perturbam os processos normais e naturais. As partes inferiores da entidade composta tornam-se mais sensíveis às influências astrais e instintivas, que são originadas a partir do Ego Animal e Pessoal. A “antena”, por assim dizer, está afinada para os reinos astrais inferiores, o que permite a todo o tipo de influências astrais entrarem sem controlo. Isto cria perturbações nos processos psíquicos e também pode causar perturbações astrais na mente inferior.

Isso explica porque estes exercícios são perigosos para a saúde física e mental.

Pode-se argumentar que os resultados do Hatha Ioga apenas diferem apenas um pouco do uso de álcool e drogas. Ambos bloqueiam alguns aspetos das correntes de consciência fluindo dos egos superiores para os inferiores, enquanto por outro lado as portas para os egos inferiores, especialmente do Ego Animal, ficam abertas de um modo incontrolado. Quando o Hatha Ioga conduz a um comportamento predominantemente passivo, é mais que provável que os fluxos vitais estejam bloqueados: eles não conseguem mais se manifestar. Quando todo o tipo de novos “sentimentos” surge, provavelmente uma restrição natural foi levantada. De facto, esses sentimentos e impressões não são novos. Eles já existiam no plano de consciência animal, mas estavam ocultos ou mantidos sob controlo pelo Ego Pessoal.

Em alguns casos as pessoas podem adquirir alguns poderes, que se designam agora por paranormais, pela prática do Hatha Ioga e de um estilo de vida físico estrito e ascético. Isto é provocado por uma sensibilidade crescente dos Egos Animal e Pessoal, que subsequentemente são abertos para receber certas influências.

Para garantir que estas influências são puras e espirituais, a mente deve ser impessoal e altruísta, com uma visão universal e uma motivação compassiva.

Se não for esse o caso, o Hatha-iogue irá desenvolver apenas um poder limitado de penetrar conscientemente no plano astral com uma eficácia limitada. Não obstante possam estes poderes parecer interessantes, eles são transitórios e desaparecem com a morte.

Considerando os perigos envolvidos, podemos reconsiderar se aspirar a estes poderes é uma atividade que valha a pena.

Hatha Ioga: um remédio em casos raros

Podemos nos perguntar porque o Hatha Ioga cresceu de forma tão popular apesar dos sérios perigos envolvidos. Quer no Ocidente, quer na Índia, o número de pessoas praticando Hatha Ioga ultrapassa de longe os que praticam Râja Ioga. Existem também escolas que afirmam ensinar Râja Ioga, mas na verdade elas apenas praticam uma variante de Hatha Ioga.

Uma explicação pode ser o facto das pessoas presentemente serem mais atraídas pelos fenómenos sensacionais e procurarem a excitação e alegria, em detrimento de seguirem de forma séria os preceitos éticos e senso comum que são parte do sistema Râja Ioga. As pessoas querem resultados rápidos, embora seja uma ilusão pensar que através de um truque de magia, a consciência pode ser expandida. Esta ideia vem dos anos 60 do último século, e embora se tenha provado errada muitas vezes, as pessoas ainda acreditam nisso.

Isto conduz à questão de como um sistema perigoso como o Hatha Ioga apareceu. A resposta a esta pergunta leva-nos ao passado longínquo quando os Râja-iogues ainda ensinavam as pessoas de modo mais ou menos aberto. Cada guru tinha os seus próprios chelas que praticavam os ensinamentos. Muito ocasionalmente, um chela podia sofrer de problemas físicos ou psíquicos, o que prejudicava o seu crescimento espiritual. Nessas situações, o Instrutor prescrevia algumas práticas de Hatha Ioga, tal como um médico prescreveria a um paciente um determinado remédio. Estes eram exercícios específicos prescritos por um Mestre, dirigidos a um aluno específico e praticados sob a sua supervisão. E a motivação do chela, era obviamente altruísta, caso contrário um Mestre nunca o teria aceitado como seu aluno. Apenas naquelas circunstâncias as práticas mencionadas poderiam ser benéficas e remover alguns obstáculos no processo de crescimento.

Infelizmente, quando a autoridade dos Râja-iogues diminuiu, as ideias do Hatha Ioga acabaram nas mãos de pessoas menos sábias que pensavam que os exercícios seriam benéficos para toda a gente. Mas quem iria a uma farmácia e pedir um grama de um remédio? Isto é o que acontece exatamente quando um estudante ignorante pergunta a um instrutor ignorante para lhe ensinar alguns exercícios de Hatha Ioga.

O caminho seguro

Como mencionado anteriormente, existe uma relação entre a popularidade do Hatha Ioga e os pensamentos e sentimentos turbulentos de que sofre muita gente hoje em dia. É um sinal encorajador que estas pessoas não desistam por desespero, mas que tentem ativamente fazer alguma coisa em relação aos seus problemas.

Na nossa opinião seria melhor se eles olhassem primeiro para as causas da sua inquietação e stress. Elas irão descobrir que estes sentimentos e pensamentos são sempre o resultado de uma visão pessoal limitada delas próprias e do mundo do qual fazem parte. Quando uma pessoa se identifica completamente com o Ego Pessoal, e vive na ilusão que está separada de uma grande corrente de vida, haverá sempre turbulência, porque a separação não existe. Portanto, se vivermos em desolação, pensando que não somos responsáveis pelos outros, podemos esperar uma reação natural. A causa principal da nossa inquietação reside na visão pessoal do mundo em que vivemos e de nós próprios. Todo o desejo egoísta – incluindo um desejo pela calma interior – carrega em si próprio a semente da inquietação.

Por essa razão seria muito melhor dedicar a personalidade ao serviço de todos. Este é o princípio do Râja Ioga. O estudante no caminho pode às vezes cair e ter sentimentos de deceção, mas saber que ele é parte de onda de consciência sublime, fá-lo esquecer do desapontamento e de cada movimento em falso, sempre o inspirando a seguir em frente. Este Caminho Real é portanto o caminho seguro para a união com o Eu, um caminho que todos podem percorrer.

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