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sábado, 25 de maio de 2013

Râja e Hatha Ioga (2ª parte)


Continuamos nesta semana, com a tradução do texto de Barend Voorham, "Raja and Hatha Ioga", publicado na revista Lucifer, editada pela Theosophical Society Point Loma - Blavatsky House.



"Os exercícios de ioga devem permear todas as atividades da nossa vida diária, incluindo os nossos deveres sociais e cívicos, que variam conforme o tipo específico da consciência de cada indivíduo. O Ioga, na antiga Índia não significava apenas a execução de alguns exercícios para a obtenção de paz mental, mas estava completamente integrado na vida quotidiana.

Hierarquia do Hindustão




Se homens e mulheres cumprissem os seus deveres sociais e responsabilidades através da disciplina do ioga que correspondesse com o seu estado individual de consciência, existiria uma sociedade ideal.

Assinale-se que a qualidade da consciência individual não passa automaticamente de pais para filhos, como supõe o atual sistema de castas indiano. A ideia original deste sistema está ligada na verdade aos quatro tipos de consciência principais, mas ao pensarem erradamente que uma criança vai herdar a qualidade da consciência dos seus pais, esta ideia eventualmente degenerou num horrível sistema de divisão, exploração e injustiça. A verdadeira ideia dos quatro tipos de consciência formarem a estrutura de uma sociedade justa também pode ser encontrada na “Politeia” de Platão.

União - com quê?

Se o propósito do Ioga é procurar a união através da prática da disciplina, a questão óbvia é: ”união com quê?” Alguém que acredita em Deus pode pensar numa união com Deus. Mas na filosofia do Ioga não pode ser este o caso. Todas as antigas escolas hindus ensinam a natureza composta do homem. A consciência do homem pode ser dividida em diferentes camadas, diferentes planos, que estão inter-relacionados de modo hierárquico. Cada escola tem o seu próprio sistema. Na essência a ideia é a mesma, mas algumas escolas podem ser mais detalhadas na divisão do que outras. Todas as escolas partilham a ideia de uma base e de um topo. A base é o corpo, que tem a função de veículo. O topo é a raíz da nossa consciência, fonte a partir da qual os outros princípios abaixo fluem para a manifestação. O objetivo do ioga é a união do homem pessoal – o tipo de consciência que a maioria das pessoas expressa na vida quotidiana – com aquele princípio mais elevado da sua natureza composta. Em sânscrito, esta raíz do nosso próprio eu chama-se Âtman, uma palavra que se pode traduzir como Eu [Self, no original]. Não se deve pensar neste Eu como um princípio ou fim absolutos, mas sim como um horizonte relativo para nós próprios, seres humanos. Ainda não temos a capacidade de olhar para lá dele. Âtman é a nossa principal ligação com o ilimitado. O homem pessoal deve abrir a sua consciência interior ao ponto em que ele percecione em si próprio o aspeto Âtmico e se torne uno com ele. Então ele perceberá que é uma parte do ilimitado, do infinito.

Entre Âtman, este topo relativo e o corpo físico existem diferentes etapas ou graus, que diferem entre si nas características. Quanto mais perto está a etapa ou o grau de Âtman, mais intensa será a consciência da unidade de toda a vida e mais sublime será esta característica. Neste artigo nós assumimos os seguintes graus: o divino, o espiritual, a mente, os desejos, a vitalidade, o astral e o físico.



Corrente de consciência

Também se pode olhar para o homem como uma corrente de consciência. Nessa corrente, o raio divino atravessa etapas, níveis ou graus de consciência e a cada nível transforma-se numa força ativa. Conjugadas, estas forças ativas formam uma hierarquia de consciência, em que os graus de desenvolvimento mais elevados funcionam como uma comporta num canal, adequando a corrente de consciência para um grau menos desenvolvido.

Cada um destes pontos de transformação é um ser vivo com uma característica específica. Podemos chamá-la de Ego (um “Eu”). Em essência cada Ego contém as mesmas qualidades que Âtman, o Ego Divino, a fonte a partir do qual ele flui, da mesma forma que um raio de sol possui dentro de si tudo o que é do Sol.

Portanto todo o ser humano é uma composição de diferentes forças, energias e egos. Existe uma contante interação e troca de todas estas forças. A vida corre continuamente entre essas diferentes entidades ou “transformadores” vivos.


Continua na próxima semana.

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