No passado mês de Dezembro, o
teosofista holandês Jan Kind – editor da revista Theosophy Forward e
responsável pelo site com o mesmo
nome – escreveu um editorial bastante interessante sobre a problemática da
discussão de Teosofia nas comunidades da internet.
Jan Kind |
O Lua em Escorpião pediu a devida
autorização para a tradução desse texto, que foi amavelmente concedida, e
agradece desde já ao editor da Theosophy Forward.
Segue-se o editorial escrito por
Jan Kind.
“Parece-me que algumas redes
sociais sobre Teosofia estão a experienciar uma crise de identidade. Nunca
devemos generalizar, existem naturalmente exceções, mas alguns moderadores
estão claramente se colocando numa posição de autoproclamada superioridade e
também se têm tornado progressivamente intolerantes com aqueles que têm
perspetivas diferentes das deles. Os participantes são banidos, ridicularizados
ou mesmo demonizados se as suas perspetivas não estiverem em consonância com as
dos moderadores. Onde para a liberdade de pensamento, a Teosofia e os seus princípios?
Não é certamente minha intenção
contribuir também para a aparente confusão, acrescentando ainda mais uma perspetiva
pessoal. O que se tem contudo tornado evidente, é que alguns, ao mesmo tempo
que designam os seus sites de
teosóficos ou usam a palavra Teosofia, efetivamente aboliram H.P. Blavatsky. Segundo
eles, ela, com toda a sua produção literária, entendeu tudo errado, e pior do
que tudo, pode ter sido, no fim de contas, uma fraude. O que nós chamamos hoje
de Teosofia precisa de ser completamente redefinido ou reformulado e não
deveria circunscrever-se exclusivamente ao relacionado com ela.
É-nos dito até, que quem quiser
conhecer a Teosofia, deve evitar as Sociedades Teosóficas de HPB, que no seu
presente estado são inconsistentes, diluídas, criadoras de dogmas,
transformando a Teosofia numa religião. Somos prevenidos especialmente sobre os
seguidores de HPB: estes de acordo com alguns comentadores, estão obcecados,
agarrando-se a crenças vagas e a fantasiosos mestres invisíveis. HPB e as suas
ideias não se adequam ao século XXI. Ela limita a criatividade e bloqueia o
progresso. Os blavatskyanos são um verdadeiro perigo para a raça humana. Vocês
estão avisados!
Eu posso ter estado enganado, mas
nunca acreditei que Helena Blavatsky fosse a mensageira suprema, mas do meu
ponto de vista limitado, acho que ela chegou contudo bem perto. Portanto,
afirmar que aqueles que optam por estudar exclusivamente o seu trabalho estão a
se autolimitar, que são rígidos e completamente tolos, não é simplesmente correto.
Eu sempre achei difícil discutir
os conceitos teosóficos típicos e profundos com outros, quanto mais falar sobre
Teosofia através da internet. É uma experiência tão pessoal, a qual sou forçado
a partilhar quando estou na internet, ou talvez eu seja demasiado tímido. Isto
conduz-nos a uma questão subtil. Será que as redes sociais teosóficas
sobreviveram a si mesmas? Terão elas realmente uma função? Serão capazes de fazer
transmitir algo? Poderão os ensinamentos teosóficos ser discutidos na internet
e será possível apreender completamente a magnitude deste fenomenal sistema de
pensamento enquanto se olha para o monitor do nosso computador?
Eu não tenho a resposta, mas sei que
a internet oferece muita coisa, embora ao mesmo tempo tenha um número de
limitações e muitas vezes os diálogos na rede terminem em combates
descontrolados de “a favor ou contra”, onde todos perdem. Talvez por essa
razão, a Sociedade Teosófica na América (Adyar) decidiu encerrar o seu site Ning, o que é por um lado
lamentável, mas por outro lado, compreensível.
Não há muito tempo, os
participantes noutro site, passaram
muito tempo discutindo ardentemente, as provas recém-descobertas de que Albert
Einstein tinha efetivamente uma cópia d’ “A Doutrina Secreta” na sua
secretária. Eu não subestimo a importância de uma prova definitiva dessas, mas
foi impressionante ver o quão excitados alguns estavam. Em vez de se falar
sobre o que “A Doutrina Secreta” tem para oferecer ao mundo, não se passou do
habitual bate-papo típico das redes sociais e de alegadas possibilidades. Ou
estarei enganado?
Serei um pouco antiquado? Mas sim,
eu creio que a questão crucial não deveria ser o que a Teosofia pode fazer por
nós, como se fossemos capazes de consumi-la, mas o que nós podemos fazer pela
Teosofia. A este respeito, eu creio que as ações, tal como o estudo profundo
podem ajudar-nos. Podemos ler diferentes livros e seguir diferentes linhas de
pensamento. Talvez possamos visitar vários sites
de internet e dar o nosso contributo se quisermos, mas ao fim do dia, apenas os
nossos atos contam e nada mais.
Então em vez de intimidar os
outros, ou de lhes dizer o que pensar ou não, deveríamos dedicar-nos em ajudar
de modo humilde e incondicional este problemático planeta. Então pergunto, o
que fizeste hoje…?
Aqui estão alguns sites para visitarem:
(altamente recomendado)
(não concordo com os moderadores, mas de qualquer modo é de leitura interessante)
http://groups.yahoo.com/group/theos-talk
(um site criado por Eldon Tucker, mas presentemente gerido por outra pessoa)”
http://groups.yahoo.com/group/theos-talk
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