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sábado, 2 de março de 2013

Mahatmas versus Mestres Ascensos (1ª parte)


Este texto é uma tradução quase na íntegra do artigo “Mahatmas versus Ascended Masters” publicado na edição do Verão/2011 da  revista Quest, que é editada pela Theosophical Society in America (ligada à ST Adyar). O autor é Pablo D. Sender, um ativo teosofista argentino, radicado nos Estados Unidos (as imagens foram colocadas por mim). 

Podem vê-lo aqui numa entrevista a explicar como tomou contacto com a Teosofia.


O artigo de Sender começa assim:

“H.P. Blavatsky foi a primeira pessoa a introduzir o conceito de Mahatma (também chamado de Adepto ou Mestre) no Ocidente. Inicialmente ela falava sobre eles em privado, mas alguns anos depois, dois destes Adeptos, conhecidos pelos pseudónimos de Koot Hoomi (K.H.) e Morya (M.) concordaram em se corresponder com dois teosofistas britânicos – A.P. Sinnett e A.O. Hume. Esta comunicação teve lugar de 1880 a 1885 e durante estes anos o conhecimento sobre os Mahatmas foi progressivamente tornado público. As cartas originais estão presentemente guardadas na British Library em Londres como um valioso artigo histórico e foram publicadas no livro “As Cartas dos Mahatmas”. Este livro continua a ser uma fonte única de informação em primeira mão sobre os Mahatmas e os seus ensinamentos.


Em 1930, cinquenta anos depois desta correspondência ter começado, Guy Ballard, um antigo estudante de Teosofia, foi alegadamente contactado durante uma caminhada no Monte Shasta na Califórnia por um misterioso personagem não-físico. Esta figura identificou-se como um dos Mahatmas teosóficos, o ocultista do séc. XVIII conhecido com o Conde de Saint-Germain. Ele encarregou Ballard da tarefa de transmitir as lições da “Grande Lei da Vida”, nascendo assim aquilo que seria chamado do “movimento I AM”.

Ballard e a sua mulher Edna cedo ganharam um largo séquito com a sua versão dos ensinamentos de Saint Germain, criando a Fundação Saint Germain em 1932. O “movimento I AM” atingiu o seu apogeu no final dos anos 30. A morte de Guy Ballard em 1939, combinada com questões legais, incluindo uma petição lançada pelo Governo Federal alegando fraude postal, levou à diminuição de popularidade. A organização continua a existir hoje, embora mantenha uma postura discreta (Wouter J. Hanegraaf, Dictionary of Gnosis and Western Esotericism, 2:587).

Guy e Edna Ballard

O movimento dos Mestres Ascensos atingiu novo patamar em 1958, quando Mark Prophet, um antigo estudante da Fundação Saint Germain, alegou que lhe havia sido encomendado pelo “Mestre Ascenso El Morya” a transmissão dos ensinamentos da Grande Fraternidade Branca através de uma organização chamada “Summit Lighthouse”.

Depois da morte de Mark Prophet em 1973, a liderança da organização ficou a cargo da mulher, Elizabeth Clare Prophet, que mudou o seu nome para Igreja Universal e Triunfante. Em 1999, Prophet retirou-se das atividades da Igreja, vindo a morrer em 2009 (op.cit., 2:1093-6).

Mark e Elizabeth Prophet


Hoje, como resultado do Movimento I AM e da atividade dos Prophet, a ideia dos Mestres Ascensos é prevalecente no meio New Age. Desde que os Ballard e os Prophet usaram os nomes e os retratos dos Mahatmas teosóficos para os seus Mestres Ascensos, muitas pessoas assumiram que eram os mesmos. Contudo, como vamos ver neste artigo, eles diferem em muitos aspetos importantes.

Ascensos ou vivos?

Os Mestres Ascensos, como o seu nome sugere, é suposto serem Mestres que experienciaram o milagre da ascensão, como se diz que Jesus viveu. O ensinamento original, canalizado por Guy Ballard, foi o de que um Mestre Ascenso não morreria mas que levaria o corpo com ele. Este ensinamento da ascensão está em direta oposição com os ensinamentos teosóficos. O Mahatma K.H. refere-se à ideia depreciativamente, numa das suas cartas para Sinnett: ”Lembre-se de que há somente uma mulher histérica que alega ter estado presente na suposta ascensão, e que o fenómeno nunca foi corroborado pela sua repetição” (Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol I, p.41). HPB também rejeita a ascensão como um facto, apelidando-a  de “uma alegoria tão velha quanto o mundo” (HPB Collected Writings 8:389; ver também 4:359-60).

Depois de Ballard (que supostamente chegou à fase da ascensão) ter morrido de esclerose arterial cardíaca, mas não ter levado o seu corpo com ele, a sua esposa, Edna, disse que era possível ascender depois do corpo ter morrido. Assim, a ideia de ascensão mudou ao longo dos anos, e hoje os Mestres Ascensos são considerados espíritos desencarnados, que transcenderam os seus corpos físicos. Isto, uma vez mais, é contrário aos ensinamentos teosóficos sobre os Mahatmas. Nos primeiros dias da ST, antes de alguém no Ocidente saber alguma coisa sobre os Mestres, Henry Steel Olcott começou a receber cartas de alguns deles. Numa das primeiras cartas, o Mestre Serapis escreveu:

Henry Steel Olcott


“Chegou a hora de deixá-lo saber quem sou. Não sou um espírito desencarnado, irmão. Sou um homem vivo (…)” [Cartas dos Mestre de Sabedoria, p.179]”. HPB, que viveu com alguns deles perto do Tibete durante vários anos aquando do seu treino em ocultismo, testemunhou que eles eram homens vivos. Mais tarde, Olcott e vários outros teosofistas também conheceram alguns dos Mahatmas nos seus corpos físicos em diferentes momentos e partes do mundo.

Continua na próxima semana…

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