No início de março passado, o site da revista de astrologia “The Mountain Astrologer”
publicou um interessante
texto escrito por Nicholas Campion sobre os desenvolvimentos da crise na
Zona Euro à luz da astrologia. A turbulência na economia mundial havia sido
prevista há vários anos por muitos astrólogos e já havíamos falado dela aqui.
Na verdade, os trânsitos de Plutão e Urano eram bastante reveladores. Tendo
entrado em signos cardinais em alturas muito próximas (Capricórnio e Carneiro
respetivamente), aqueles dois planetas exteriores, que fazem nesta fase uma
quadratura entre si (ou seja distam 90 graus um do outro), não auguravam bons
tempos. Plutão em Capricórnio, por exemplo, é normalmente associado à destruição
de estruturas da sociedade e realmente tem abalado de forma muito notória a
estrutura financeira das economias mundiais com repercussões na chamada
economia real. Plutão continuará em Capricórnio até 2024. Urano em Carneiro é
considerado um promotor de extremismos. Neste
artigo, a astróloga australiana Michelle Finey define os ciclos de interação
entre estes dois planetas exteriores como a luta entre a liberdade (Urano) e a
sobrevivência (Plutão).
Voltando a Campion (no video abaixo falando sobre a história e a astrologia), ele começa por se debruçar sobre a importância
de ciclos planetários, salientando Platão, que no Timeu argumentava que como os
planetas voltavam inevitavelmente ao mesmo lugar, os temas repetem-se, embora
os detalhes naturalmente variem. Este aparente determinismo acaba por ser
temperado pela ação humana e pelo livre-arbítrio. Na cosmologia ptolemaica (e
também na de Kepler), a previsão astrológica tem como objetivo poder alterar o
futuro, no sentido, em que se tenta evitar um desfecho provavelmente
desfavorável.
A discussão sobre o peso do destino por contraponto com o
livre-arbítrio é omnipresente na astrologia e no caso da astrologia mundana não
é exceção (note-se que Campion prefere lhe chamar de astronomia política ou de
cosmologia arquetípica em vez de astrologia mundana, por não se usar as casas, nem as posições dos
planetas nos signos).
Relativamente à crise da zona Euro, Campion refere que
efetivamente a previsão determinista é da pulverização da moeda única tal como
ela está configurada, ou seja, com os 17 países que aderiram ao Euro. Esta
posição é também parcialmente fundamentada numa análise económica, sustentada
no facto de os níveis de endividamento serem muito elevados em alguns dos
países, sendo a solução mais óbvia a de voltarem às suas moedas nacionais e
procederem a uma depreciação. Além do mais, acrescenta Campion, haverá a
tendência para os governos pró-austeridade perderem as eleições e serem
substituídos por outros que acabem por agravar os problemas de dívida deterioriando
ainda mais a situação.
Johannes Kepler (1571-1630) |
Campion classifica o modelo de previsão astrológico como idealista, em contraponto com o materialista (o dos analistas económicos), que
tem repetidamente falhado, pois os modelos de previsão não funcionam bem em
alturas tão turbulentas. Normalmente os modelos de previsão tentam prever os
crescimentos do Produto Interno Bruto (PIB) com base no histórico. Os
economistas reconhecem estas limitações, e num registo de bom humor dizem que
equivale a guiar um carro olhando pelo espelho retrovisor. Ao invés, a
astrologia permite identificar as alturas de viragem, positivas e negativas (se
bem que alguns modelos econométricos contemplem a consideração dos altos e
baixos na economia, que são na verdade, cíclicos). A astrologia alertará para
aquilo que no modelo materialista seria completamente inesperado.
Concretamente no caso da crise da zona Euro, a quadratura
Urano-Plutão arrasta consigo algum pessimismo face ao desfecho da situação
atual, cuja solução parece difícil de encontrar até que a quadratura se desfaça
por no fim do primeiro trimestre de 2015.
Foto de Urano tirada pelo Voyager 2 |
Em 2013 e 2014 os trânsitos mais relevantes para Campion são
os seguintes:
2013
Maio: Urano em
quadratura a Plutão nos dias 20 e 21;
Julho: Marte em Caranguejo fazendo quadratura a Urano no dia 1
e Júpiter no mesmo signo oposto a Plutão
no dia 6, fazendo quadratura a Urano no dia 21.
Novembro: Urano faz
quadratura a Plutão no dia 1;
Dezembro: Marte em
Balança oposto a Urano no dia 25 e
fazendo quadratura a Plutão a 31.
2014
Fevereiro: Júpiter em
Caranguejo oposto e Plutão no dia 1 e em quadratura a Urano no dia 26;
Abril: Júpiter em
Caranguejo oposto a Plutão em quadratura a Urano a 19-20; Urano em quadratura a
Plutão no dia seguinte; Marte em Balança oposto a Urano e em quadratura a
Plutão nos dias 23 e 24;
Junho: Marte em Balança faz quadratura a Plutão no dia 14 e
oposto a Urano no dia 25;
Novembro: Marte em Capricórnio conjunto a Plutão no dia 10 e
em quadratura e Urano no dia 13.
2015
Março: Marte em Carneiro conjunto a Urano e em quadratura a
Plutão no dia 11; Urano e Plutão em quadratura no dia 17.
Campion considera que as alturas de maior pressão serão os
meses de julho e agosto já este ano e fim de abril/início de maio no próximo
ano. A análise puramente determinista traduzir-se-ia no facto de nestas datas
se poder assistir ao fim da zona Euro tal como ela existe presentemente.
Contudo, uma análise na linha de Platão ou Kepler, introduz um ponto importante
que é de políticas adequadas poderem evitar um desfecho desses. Decisões de cariz
político que poderão passar pela introdução de mais liquidez nos mercados
financeiros por parte do Banco Central ou maior integração financeira.
Campion apresenta no seu artigo dois mapas, um da formação
da Comunidade Económica Europeia (em 1 de janeiro de 1958) e outro do Euro (em
1 de janeiro de 1999), ambos incluídos no seu livro “The Book of World
Horoscopes”, onde Campion apresenta quase 500 mapas para países e eventos
mundiais e que é uma referência para quem estuda astrologia mundana. Campion
também foi o autor de outros livros de onde se destaca o excelente “History of
Western Astrology” (2 volumes) e tem ligações ao meio universitário, mais
concretamente à University of Wales Trinity Saint David. Aqui está o seu site pessoal.
Quanto a quem acerta mais, se os economistas se os astrólogos, o debate continuará no meio de algumas piadas. Há também quem entenda das duas coisas...
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