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sábado, 16 de março de 2013

Mahatmas versus Mestres Ascensos (3ª parte)


Seguimos com a 3ª parte da tradução do artigo “Mahatmas versus Ascended Masters” de Pablo D. Sender.

"O verdadeiro Mahatma é portanto primordialmente visto, como um estado de consciência espiritual, e as formas assumidas pelo seu aspeto pessoal são apenas sombras. Para ter a certeza, nós podemos encontrar descrições do aspeto da “forma” dos Mahatmas na literatura teosófica, não porque este aspeto seja importante em si mesmo, mas porque ele fornece algo para ser apreendido e compreendido pelas nossas mentes limitadas. Mas este aspeto pessoal é suposto ser transcendido e quem se satisfizer apenas com ele está preso no mundo da ilusão.

O trabalho dos mestres pela Humanidade

Hoje em dia, milhares de pessoas alegam que estão a canalizar Mestres Ascensos. É ponto assente que estes Mestres Ascensos têm a sua atenção virada para este plano físico, fazendo pouco mais do que comunicar connosco através de canais. Isto é, uma vez mais, outra diferença com os ensinamentos teosóficos. Na Teosofia, assim como na maior parte das tradições espirituais, este plano físico é visto como uma ilusão. O Maha Chohan, um dos adeptos mais elevados, disse: “Ensine-se o povo a ver que a vida nesta Terra, mesmo a mais feliz, é apenas um fardo e uma ilusão (…)” (Cartas dos Mestres de Sabedoria, p.20). Este conceito faz eco dos ensinamentos de Platão, que disse que este mundo é apenas uma sombra da Realidade. Também está relacionado com a primeira Nobre Verdade que o Buda ensinou depois da sua iluminação: “Tudo é dukkha (sofrimento) neste mundo.”


Consequentemente, tal como disse Annie Besant dos Mestres, “a menor parte do seu trabalho é feito aqui”  em conexão com o plano físico. Esta é a razão de eles viverem em reclusão – a maior parte da sua atividade tem lugar nos planos superiores. Isto é de facto, baseado num profundo conhecimento da estrutura do cosmos:

“Poderá ser facilmente observado por quem examina a natureza da dinâmica oculta, que uma certa quantidade de energia despendida no plano astral ou espiritual produz muito maiores resultados que a mesma quantidade despendida no plano objetivo físico da existência.“ (HPB Collected Writings, 5:338-39).

Então, qual é o trabalho dos Mestres nestes planos?

Este complexo assunto está para lá do âmbito deste artigo. Quando questionada sobre isto, Blavatsky respondeu: “ Você nunca entenderia, a menos que fosse um Adepto. Mas eles mantêm viva a vida espiritual da humanidade” (op.cit., 8:401).

Ao invés, comunicações canalizadas de Mestres Ascensos mostram uma grande preocupação com as vidas físicas e os anseios dos seus seguidores. A literatura dos Mestres Ascensos está cheia de promessas de milagres mágicos de saúde, riqueza infinita e felicidade perfeita, e “decretos” são fornecidos para permitir que as pessoas “manifestem” estas coisas nas suas vidas. Esta atitude é exatamente a oposta à teosófica.

Mestre M, retrato da autoria de Schmiechen

A Teosofia diz que o ego psicológico é falso, que a ideia de que somos este corpo, emoções e mente é um erro de perceção e fonte de sofrimento. Argumenta que a verdadeira felicidade vem como resultado de reduzir e não aumentar o nosso apego e identificação com o pessoal. É por isto que Blavatsky escreve que “O Ocultismo não é…a procura da felicidade tal como o ser humano entende essa palavra, pois o primeiro passo é o sacrifício e o segundo a renúncia” (op.cit, 8:14). K.H. concordava com isto quando escreveu: “Nós, os criticados e mal-entendidos Irmãos, tentamos levar os homens a sacrificar a sua personalidade – um relâmpago passageiro – pelo bem-estar de toda a humanidade (…)” (Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol.I , p.344). Os Mahatmas teosóficos nunca dariam atenção a desejos pessoais. Durante os primeiros tempos da Sociedade Teosófica, alguns membros, completamente equivocados sobre a natureza dos Mahatmas, levavam a HPB alguns pedidos pessoais para lhes serem feitos. Numa carta, Blavatsky explicou:

“Os Mestres não se iriam inclinar por um só momento a dedicar um momento de reflexão para o individual - assuntos privados relacionados com uma ou até dez pessoas, o seu bem-estar, infortúnios e felicidade neste mundo de Maya [ilusão] - por nada que não fosse de verdadeira importância universal. Foram vocês teosofistas, que depreciaram nas vossas mentes os ideais dos nossos Mestres. Vocês que inconscientemente e com a melhor das intenções e completa sinceridade, profanaram-nos, pensando por um momento, e acreditando que eles se incomodariam com os vossos assuntos mundanos, filhos por nascer, filhas para casar, casas para serem construídas, etc, etc…” (Jinarajadasa, The Early Teachings of the Masters).

Jinarajadasa

E contudo, é exatamente com este tipo de coisas que os Mestres Ascensos parecem estar preocupados. 

Eles até ensinam supostos meios de dissolver karma desagradável, um conceito que os Mahatmas teosóficos enfaticamente se opuseram. K.H. escreveu:

“Especialmente, você tem que ter em mente que a mais leve causa produzida, mesmo inconscientemente e com qualquer intenção, não pode ser desfeita, nem é possível intercetar o progresso dos seus efeitos – nem com a força combinada de milhares de deuses, demónios e homens.” (Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol.I , p.141).

Continua na próxima semana…

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