Com este post termina a tradução do artigo “Mahatmas versus
Ascended Masters” de Pablo D. Sender.
"Os Mestres Ascensos são apresentados como pais cósmicos que
vão tomar conta dos problemas dos seus seguidores. Ao invés, o Mahatma M.
disse: “ Nós somos líderes, mas não amas-secas” (Sven Eek, Damodar and the
Pioneers of the Theosophical Movement, p.605). Os adeptos são impessoais,
forças universais, e respondem apenas àqueles que se desenvolvem nessa direção:
“Embora toda a humanidade esteja dentro da visão mental dos
Mahatmas, não se pode esperar que deem especial atenção a cada ser humano, a
menos que esse ser pelos seus atos atraia a atenção particular sobre ele. Os
interesses mais elevados da humanidade, como um todo, são a sua principal
preocupação, pois eles identificaram-se com aquela Alma Universal que abarca
toda a humanidade, e aquele que queira chamar à atenção, deve fazê-lo através
daquela Alma que tudo abrange (HPB Collected Writings, 6:240).
Os Mahatmas não se comunicam de forma indiscriminada com
pessoas que não entendem a ilusão do eu pessoal, ou que são dirigidas pelos
desejos, medos e ambições:
“Eles trabalham neste plano através de dois tipos de
agentes: diretos e indiretos. Qualquer pessoa sincera e não egoísta trabalhando
em linha com os Mestres pode receber a sua inspiração mesmo que não os conheça.
Os seus agentes diretos são os seus discípulos aceites, que trabalham
conscientemente com os Mestres” (Clara Codd, Theosophy as the Masters see it,
TPH, 2000).
Clara Codd (1876-1971) |
A sua influência está sempre disponível para aqueles de nós
que agem com altruísmo e compaixão, embora nós estejamos completamente
inconscientes disso. Como K.H. escreveu a Annie Besant: “Em períodos favoráveis,
libertamos influências elevadoras que impressionam várias pessoas de diferentes
maneiras. (Cartas dos Mestres de Sabedoria, p.106). Assim cada ato filantrópico
que realizamos pode ser parte do trabalho dos Mahatmas. Contudo, apenas
discípulos aceites têm uma relação pessoal e consciente com eles. As
qualificações morais e espirituais necessárias para ser um discípulo aceite são
muito profundas e exigentes e muito poucos na humanidade têm o nível de
maturidade espiritual para atingi-las.
Os ensinamentos dos Mahatmas têm como finalidade ajudar as
pessoas a se erguerem acima do ego pessoal e a perceber o Eu espiritual.
Abordagens como aquelas que vemos no meio do New Age têm sido caracterizadas pelo lama tibetano Chögyam Trungpa
como “materialismo espiritual”. Embora não se negue a realidade do espiritual,
estes indivíduos tentam pô-lo ao serviço daquilo que é pessoal e material. Esta
abordagem é apelativa para muitos que não estão preparados para transcender o
ego pessoal, e tornou o New Age num importante negócio.
Quem são os Mestres Acensos?
Quem, então, são estes Mestres Ascensos que se têm
comunicado com milhares de canais em todo o Mundo? Não podemos ter a certeza.
Mas para analisar esta questão é necessário perceber que os planos internos são
habitados por todos os tipos de entidades (elementais, formas-pensamento,
pessoas que faleceram, pessoas vivas cujos corpos descansam, etc…) Muitas
destas entidades gostam de representar o papel de mestres, santos e outras
importantes figuras históricas.
Mesmo nos primeiros dias da ST, médiuns e sensitivos
começaram a canalizar mensagens de falsos Mahatmas. Por exemplo, depois de um
sensitivo chamado Oxley ter declarado que K.H. tinha-o “visitado três vezes em
forma astral e ... que tinha conversado com o Sr. Oxley”, o Mahatma pediu ao
seu discípulo Djual Kool, para escrever ao Sr. Sinnett dizendo: “Quem quer que
seja que o Sr. Oxley possa ter visto e com quem tenha conversado na ocasião
descrita não é Koot Hoomi” (Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol.II , p.31).
A.P. Sinnett |
Num outro momento, havia um médium que alegava estar em
contacto com personagens como Jesus, João Baptista, Hermes e Elias. Numa carta
para o Sr. Sinnett referindo-se a este tipo de comunicação psíquica, K.H.
escreveu: “Mistério, mistério, exclamará você. IGNORÂNCIA, nós respondemos: a
criação daquilo em que cremos e que nós queremos ver.” (Cartas dos Mahatmas
para A.P.Sinnett, vol.II , p.185).
Temos de ter presente que “(…) o mundo psíquico das
perceções supersensíveis e visões enganosas – o mundo dos médiuns (…) é o mundo
da Grande Ilusão.” (H.P. Blavatsky, A
Voz do Silêncio, p.48,
Ed. Pensamento). Naquele domínio diferentes entidades assumem qualquer forma de
acordo com o que veem na mente do vidente. Profundos poderes de clarividência,
longo treinamento e uma grande maturidade espiritual são necessárias para não
ser enganado por estas entidades, porque:
“O mais leve desejo de concretização lá [no plano psíquico]
toma conteúdo e forma. Uma forma-pensamento pode ser animada por um espírito da
Natureza…e assim aparecer com um anjo de luz, dizendo-nos aquilo que queremos
ouvir” (Clara Codd, The Way of the Disciple, TPH, 1988)
Corroborando isto, Blavatsky oferece um sugestivo facto
histórico. Escrevendo em 1889, ela observa:
“(…) há apenas catorze anos atrás, antes da Sociedade
Teosófica ser fundada, tudo o que se falava era sobre “espíritos”(…) e ninguém,
nem mesmo por acaso, sequer sonhava em falar sobre “Adeptos vivos”, Mahatmas ou
“Mestres” (…) Agora tudo isso mudou. Nós, teosofistas, infelizmente, fomos os
primeiros a falar destas coisas (…) e agora o nome tornou-se propriedade
comum.” (H.P. Blavatsky, A Chave para a Teosofia, p.257)
HP Blavatsky |
“Quase não há mais um médium que não declare tê-los visto.
Todas as sociedades falsas e espúrias, com propósitos comerciais, declaram
agora ser guiadas e direcionadas por “Mestres”, que com frequência se supõem
ser muito superiores aos nossos!” (op.cit., p.256)
O conceito dos Mestres Ascensos é difícil de acreditar para
muitas pessoas espiritualizadas, que veem neles nada mais do que o reemergir
dos deuses tribais de antigamente. Esperamos que este artigo sirva para remover
alguns dos equívocos."
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