Follow @luaem_escorpiao

sábado, 23 de março de 2013

Mahatmas versus Mestres Ascensos (4ª parte)


Com este post termina a tradução do artigo “Mahatmas versus Ascended Masters” de Pablo D. Sender.

"Os Mestres Ascensos são apresentados como pais cósmicos que vão tomar conta dos problemas dos seus seguidores. Ao invés, o Mahatma M. disse: “ Nós somos líderes, mas não amas-secas” (Sven Eek, Damodar and the Pioneers of the Theosophical Movement, p.605). Os adeptos são impessoais, forças universais, e respondem apenas àqueles que se desenvolvem nessa direção:

“Embora toda a humanidade esteja dentro da visão mental dos Mahatmas, não se pode esperar que deem especial atenção a cada ser humano, a menos que esse ser pelos seus atos atraia a atenção particular sobre ele. Os interesses mais elevados da humanidade, como um todo, são a sua principal preocupação, pois eles identificaram-se com aquela Alma Universal que abarca toda a humanidade, e aquele que queira chamar à atenção, deve fazê-lo através daquela Alma que tudo abrange (HPB Collected Writings, 6:240).


Os Mahatmas não se comunicam de forma indiscriminada com pessoas que não entendem a ilusão do eu pessoal, ou que são dirigidas pelos desejos, medos e ambições:

“Eles trabalham neste plano através de dois tipos de agentes: diretos e indiretos. Qualquer pessoa sincera e não egoísta trabalhando em linha com os Mestres pode receber a sua inspiração mesmo que não os conheça. Os seus agentes diretos são os seus discípulos aceites, que trabalham conscientemente com os Mestres” (Clara Codd, Theosophy as the Masters see it, TPH, 2000).

Clara Codd (1876-1971)

A sua influência está sempre disponível para aqueles de nós que agem com altruísmo e compaixão, embora nós estejamos completamente inconscientes disso. Como K.H. escreveu a Annie Besant: “Em períodos favoráveis, libertamos influências elevadoras que impressionam várias pessoas de diferentes maneiras. (Cartas dos Mestres de Sabedoria, p.106). Assim cada ato filantrópico que realizamos pode ser parte do trabalho dos Mahatmas. Contudo, apenas discípulos aceites têm uma relação pessoal e consciente com eles. As qualificações morais e espirituais necessárias para ser um discípulo aceite são muito profundas e exigentes e muito poucos na humanidade têm o nível de maturidade espiritual para atingi-las.

Os ensinamentos dos Mahatmas têm como finalidade ajudar as pessoas a se erguerem acima do ego pessoal e a perceber o Eu espiritual. Abordagens como aquelas que vemos no meio do New Age têm sido caracterizadas pelo lama tibetano Chögyam Trungpa como “materialismo espiritual”. Embora não se negue a realidade do espiritual, estes indivíduos tentam pô-lo ao serviço daquilo que é pessoal e material. Esta abordagem é apelativa para muitos que não estão preparados para transcender o ego pessoal, e tornou o New Age num importante negócio.

Quem são os Mestres Acensos?

Quem, então, são estes Mestres Ascensos que se têm comunicado com milhares de canais em todo o Mundo? Não podemos ter a certeza. Mas para analisar esta questão é necessário perceber que os planos internos são habitados por todos os tipos de entidades (elementais, formas-pensamento, pessoas que faleceram, pessoas vivas cujos corpos descansam, etc…) Muitas destas entidades gostam de representar o papel de mestres, santos e outras importantes figuras históricas.

Mesmo nos primeiros dias da ST, médiuns e sensitivos começaram a canalizar mensagens de falsos Mahatmas. Por exemplo, depois de um sensitivo chamado Oxley ter declarado que K.H. tinha-o “visitado três vezes em forma astral e ... que tinha conversado com o Sr. Oxley”, o Mahatma pediu ao seu discípulo Djual Kool, para escrever ao Sr. Sinnett dizendo: “Quem quer que seja que o Sr. Oxley possa ter visto e com quem tenha conversado na ocasião descrita não é Koot Hoomi” (Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol.II , p.31).

A.P. Sinnett

Num outro momento, havia um médium que alegava estar em contacto com personagens como Jesus, João Baptista, Hermes e Elias. Numa carta para o Sr. Sinnett referindo-se a este tipo de comunicação psíquica, K.H. escreveu: “Mistério, mistério, exclamará você. IGNORÂNCIA, nós respondemos: a criação daquilo em que cremos e que nós queremos ver.” (Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol.II , p.185).

Temos de ter presente que “(…) o mundo psíquico das perceções supersensíveis e visões enganosas – o mundo dos médiuns (…) é o mundo da Grande Ilusão.” (H.P. Blavatsky, A Voz do Silêncio, p.48, Ed. Pensamento). Naquele domínio diferentes entidades assumem qualquer forma de acordo com o que veem na mente do vidente. Profundos poderes de clarividência, longo treinamento e uma grande maturidade espiritual são necessárias para não ser enganado por estas entidades, porque:

“O mais leve desejo de concretização lá [no plano psíquico] toma conteúdo e forma. Uma forma-pensamento pode ser animada por um espírito da Natureza…e assim aparecer com um anjo de luz, dizendo-nos aquilo que queremos ouvir” (Clara Codd, The Way of the Disciple, TPH, 1988)

Corroborando isto, Blavatsky oferece um sugestivo facto histórico. Escrevendo em 1889, ela observa:

“(…) há apenas catorze anos atrás, antes da Sociedade Teosófica ser fundada, tudo o que se falava era sobre “espíritos”(…) e ninguém, nem mesmo por acaso, sequer sonhava em falar sobre “Adeptos vivos”, Mahatmas ou “Mestres” (…) Agora tudo isso mudou. Nós, teosofistas, infelizmente, fomos os primeiros a falar destas coisas (…) e agora o nome tornou-se propriedade comum.” (H.P. Blavatsky, A Chave para a Teosofia, p.257)
HP Blavatsky

“Quase não há mais um médium que não declare tê-los visto. Todas as sociedades falsas e espúrias, com propósitos comerciais, declaram agora ser guiadas e direcionadas por “Mestres”, que com frequência se supõem ser muito superiores aos nossos!” (op.cit., p.256)

O conceito dos Mestres Ascensos é difícil de acreditar para muitas pessoas espiritualizadas, que veem neles nada mais do que o reemergir dos deuses tribais de antigamente. Esperamos que este artigo sirva para remover alguns dos equívocos."

Assim, termina o texto de Pablo Sender, que recebeu algumas críticas, que podem ser lidas aqui e aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário