Follow @luaem_escorpiao

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sita sings the Blues

O Ramayana é um dos grandes épicos indianos a par do Mahabharata. Sabe-se que é muito antigo, mas ignora-se exatamente a altura em que foi escrito. Há quem aponte para 500 a 100 anos A.C. como a data em que Valmiki a redigiu, mas a história em si é muito mais antiga. O quão, não se sabe exatamente.

O Ramayana conta a história de Rama, um avatar (ou seja uma encarnação, ou mais corretamente uma manifestação de uma divindade na Terra) de Vishnu. Rama era filho mais velho do rei Dasharatha que governava o reino de Ahodhya. Rama contava suceder ao pai, mas uma das mulheres do rei fez com que Rama e a sua esposa Sita fossem expulsos do palácio. Viviam na floresta quando Ravana, o rei malvado de Lanka decidiu raptar Sita, famosa pela sua beleza e encanto. Surge então em cena Hanuman, o símio herói que vai ajudar Rama a recuperar a sua esposa, indo até Lanka e destruindo o exército de Ravana, antes de resgatar Sita. Hanuman pede à princesa que faça um teste de fogo para confirmar a sua pureza, que ela passa com sucesso. Rama volta então a Ahodhya e é coroado rei. Porém rumores corriam que manchavam a pureza de Sita...

Rama encontra-se com Hanuman

Aqueles que quiserem descobrir o fim da história, têm a oportunidade de fazê-lo vendo o excelente filme animado de Nina Paley lançado em 2008. Nina conta o Ramayana de forma bastante original e divertida em “Sita Sings the Blues”, que está disponível para visualização gratuita aqui. O filme tem uma cotação de 7,6/10 no IMDB, tendo recebido diversos prémios.

No YouTube, há uma versão com legendas em português...


N' "A Doutrina Secreta", Blavatsky escreveu o seguinte sobre o Ramayana:



“Toda a história desse período [período final da raça Atlante e inicial da nossa raça, em que se dava uma luta entre os Adeptos de ambas as raças] está alegoricamente contada no Ramayana, que é a versão mística, em forma de epopeia, da lua entre Rama (o primeiro rei da Dinastia Divina dos primitivos arianos) e Ravana, personificação da Raça Atlante (de Lanka). Os primeiros eram as encarnações dos Deuses Solares; os segundos, as dos Devas lunares. Esta foi a grande batalha entre o Bem e o Mal, entre a Magia Branca e a Magia Negra, pela supremacia das forças divinas sobre as forças inferiores ou cósmicas.“ (vol. IV da edição em português, p.62)

Na página seguinte, HPB dá uma das chaves “que decifram os setes aspetos do Ramayana (…), a chave metafísica.”

Ao longo da Doutrina Secreta existem outras referências à história ou a personagens deste grande épico indiano. Também nos Escritos Reunidos se encontram outras menções, como por exemplo aqui e aqui.

Um livro menos conhecido de Blavatsky é “O país das montanhas azuis”, um relato sobre as curiosas tribos que viviam nas montanhas do Nilguiri, localizadas no estado de Tamil Nadu, sul da Índia. Escreve ela a certa altura: 



“Quando penso no Ramayana confesso jamais ter compreendido o motivo que levou os historiadores a situar em planos tão diferentes essa obra e os poemas de Homero. Pois segundo meu parecer seu caráter é quase idêntico. Por certo nos dirão que todo sobrenatural é igualmente excluído da Ilíada, da Odisséia e do Ramayana. No entanto por que nossos sábios aceitam quase sem vacilação os personagens históricos de Aquiles, Heitor, Ulisses, Helena e Páris e relegam à categoria de “mitos” vazios as figuras de Rama, Lakshmana, Sita, Ravana, Hanuman e até o rei de Ahodhya?(...)



Schliemann achou provas sensíveis da existência de Tróia e de suas personagens atuantes. A antiga Lanka (Ceilão) e outros lugares mencionados no Ramayana poderiam ser igualmente achados, se se empenhassem em procurá-los. E, sobretudo não se rejeitaria com tanto desprezo em seu conjunto os relatos e as lendas dos brâmanes e panditas...


Aquele que lesse uma só vez o Ramayana poderia convencer-se, rejeitando as inevitáveis alegorias e símbolos num poema épico de caráter religioso, de que existe a possibilidade de achar nele um fundo histórico, evidente, irrefutável.

O elemento sobrenatural num relato não exclui a matéria histórica. Assim ocorre no Ramayana. A presença nesse poema de gigantes e demônios, de macacos faladores e animais empenados e de sábio discurso não nos dá o direito de negar a existência, na mais remota antiguidade, nem de seus mais destacados heróis nem sequer dos“macacos” do inumerável exército. Como saber com imutável certeza o que os autores do Ramayana tinham precisamente em vista sob as denominações alegóricas de “macacos” (em muitas páginas do Purana os relatos se referem a esses mesmos reis, com os mesmos nomes dos reinos empregados no Ramayana, mas nas narrações a palavra “macaco” é substituída pela de homem) e de gigantes?”


Uma imagem de Sita no filme de Nina Paley

Mais adiante:

“Sabemos que o Ramayana não é um conto de fadas, como se acredita na Europa; possui um sentido duplo, religioso e puramente histórico, e só os brâmanes iniciados são capazes de interpretar as complexas alegorias desse poema.”


De referir que existe uma tradução para português de "O país das montanhas azuis" disponível na internet. Mas é um pouco ruim...

Sem comentários:

Enviar um comentário