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sábado, 8 de dezembro de 2012

Cloud Atlas


Estreou no passado dia 29 de novembro em Portugal, a película “Cloud Atlas”, baseada no livro homónimo do britânico David Mitchell (lançado em 2004 e traduzido em Portugal em 2007 com o título “Atlas das Nuvens”).


O filme tem um enredo particularmente cativante para os espiritualistas (no sentido mais lato e filosófico do termo), mas na verdade ele pode constituir um valioso instrumento de reflexão para aqueles mais alheios ao questionamento sobre o sentido da vida.



Não queria desenrolar muito o novelo da história, para os que ainda não tiveram oportunidade de ver o filme (nem de ler o livro, que já adquiri mas também ainda não li), mas basicamente tudo começa algures no Pacífico Sul, na ilha de Chatham por volta de 1850. Aí encontramos um viajante forçado a atravessar o oceano Pacífico. Saltamos depois para um jovem compositor deserdado, apaixonado por outro homem, e que tenta alcançar a fama numa época algures entre a 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Outra linha narrativa ocore nos anos 70, onde uma jornalista com princípios morais arrisca a vida na Califórnia à conta de uma investigação. Há também uma história contemporânea de um editor menor britânico que tenta fugir dos seus credores mafiosos. Saltamos para o futuro com o testamento de uma “criada de restaurante” geneticamente modificada e terminamos (em termos de sequência temporal) com a a história de Zachry, um jovem ilhéu do Pacífico que assiste ao crepúsculo da Ciência e da Civilização.

Capa do livro editado pela primeira vez
em Portugal pela D. Quixote


Como se interligam todas estas histórias? Como são escutados os ecos das ações de cada um deles ao longo da História?

É essa descoberta que o espetador irá fazer nas quase três horas de duração do filme, sendo natural que se sinta um pouco perdido no primeiro terço do filme, enquanto tenta perceber as várias linhas de narrativa e fixar as caras dos diferentes personagens. A pouco e pouco vai montando o puzzle. ao mesmo tempo que é convidado a refletir sobre alguns dos dilemas e anseios da espécie humana.


“Cloud Atlas” tem na minha opinião o defeito de ter demasiadas cenas de ação “à la Matrix”, não fossem dois dos três realizadores os manos Wachowski (o terceiro é Tom Tykwer), criadores da referida trilogia.

Será o preço pagar por podermos ter um filme de grande qualidade, que permite refletir um pouco mais sobre as leis do karma e reencarnação e não só. Os horizontes do filme são vastos e as discussões que pode levantar são infinitas.



No entanto, a receção tem sido mista, uns adoram e outros detestam. Até os críticos do Jornal Público servem de exemplo para o que referi; um deles deu quatro em cinco estrelas e o outro apenas uma.
Em termos comerciais o filme não correu muito bem nos EUA e será difícil recuperar o investimento feito. Em muitas salas norte-americanas o filme não passou das duas semanas (apesar de ter 8,2/10 no IMDB.com).



Não tenho dúvidas que se tornará um filme de culto e é natural que no meio new-age se popularize, especialmente quando chegar o DVD. 

Mesmo assim o espetáculo visual justifica uma ida ao cinema. E é essa razão que me levou a escrever este post um pouco à pressa. É essencialmente um apelo para irem ao cinema antes que "Cloud Atlas" desapareça das salas portuguesas. Garanto que não se vão arrepender.



Apenas surgirá o desejo de vê-lo uma vez mais (no mínimo).

Uma nota final para os irmãos brasileiros; o filme estreia nesse país dia de Natal, com o nome "A Viagem".

Aqui fica o trailer com legendas em português.


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