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sábado, 24 de novembro de 2012

Mahatma do Himavat (2ª parte)

Continuamos com a tradução do post do blog "Theosophy Watch" intitulado "Mahatma do Himavat".


A aventura de Damodar


Damodar


Tal como Asanga, o pioneiro da Teosofia, Damodar K. Mavalankar também desejava ver o seu guru e fê-lo com sucesso, apesar disso quase ter custado a sua vida, conforme ele próprio contou:

“Eu nunca parei para pensar no facto de que aquilo que eu iria realizar seria considerado como um acto irreflectido de um lunático. Nunca tinha proferido ou entendido uma única palavra de Bengali, Urdu ou Nepalês, nem das línguas do Butão ou do Tibete. Eu não tinha permissão, nenhum “passe”…e porém eu estava decidido a penetrar no interior de um estado independente onde, se acontecesse alguma coisa, os funcionários Anglo-Indianos não iriam – mesmo que pudessem – proteger-me, pois eu teria atravessado a fronteira sem a sua autorização."

Nicholas Roerich, "From Beyond"

Ligado ao guru

"Mas eu nunca sequer pensei nisso nem por um instante, pois estava apenas inclinado para uma ideia fascinante – encontrar e ver o meu guru. Sem soprar uma palavra sobre as minhas intenções a ninguém, uma manhã, mais concretamente, a 5 de Outubro, eu parti em busca do Mahatma. Eu tinha um guarda-chuva, os apetrechos de um peregrino solitário, e ainda algumas rupias na minha bolsa. Vestia um traje amarelo e um barrete. Sempre que estava cansado da estrada, adquiria por uma pequena quantia um pónei para montar.”


“Na mesma tarde eu atingi as margens do rio Rangit [NT: Um rio turbulento que nasce nos Himalaias], que marca a fronteira entre os territórios britânico e do Siquim.

Eu tentei atravessá-lo através da ponte área suspensa construída com canas, mas esta balançava de um lado para outro de tal forma, que eu, que nunca em vida tinha conhecido tamanha dificuldade, não me conseguia manter de pé. Eu atravessei o rio através do ferry-boat, não sem grande perigo e dificuldade."


“Toda aquela tarde eu viajei a pé, penetrando cada vez mais no interior do território do Siquim, através de um trilho estreito. Ao longo dele, eu não via nada senão matas impenetráveis e florestas de ambos os lados, entrecortadas em longos intervalos por cabanas que pertenciam aos povos das montanhas.”


Leopardos, gatos selvagens e salteadores!


“Ao anoitecer eu comecei a procurar por um lugar para descansar. Eu tinha encontrado, durante a tarde, um leopardo e um gato selvagem, e espanta-me agora pensar em como na altura não senti medo nem pensei em fugir. Nessa altura, alguma influência secreta me apoiou.

Medo ou angústia nunca entraram na minha mente.

Talvez no meu coração não houvesse espaço para outro sentimento que não fosse um intenso anseio em encontrar o meu guru.”

“Quando estava a escurecer, eu avistei uma cabana solitária a poucos metros da berma da estrada. Dirigi-me para lá na esperança de encontrar alojamento. A áspera porta estava fechada. A cabana estava desocupada no momento. Eu inspecionei a porta de todos os lados e encontrei uma abertura do lado ocidental. Era de facto uma abertura pequena, mas suficiente para eu conseguir entrar. Tinha um pequeno obturador e um parafuso de madeira. Por uma estranha coincidência de circunstâncias, o montanhês tinha-se esquecido de atarraxá-lo do quando trancou a porta!"


“Claro que, depois do que aconteceu posteriormente agora eu, aos olhos da fé, vejo a mão protectora do meu guru em todos os lugares ao meu redor. Depois de entrar lá dentro vi que o quarto comunicava, através de uma pequena porta, com outro aposento, os dois ocupando todo o espaço desta habitação silvestre. Eu deitei-me concentrando todos os pensamentos, como habitualmente, no meu guru e rapidamente caí num sono profundo. Antes de ir descansar, eu tinha fechado bem a porta do outro quarto e a única janela."

Olhando fixamente para a escuridão

“Seriam entre as dez e as onze horas, ou talvez um pouco mais tarde, quando eu acordei e ouvi sons de passos no quarto adjacente. Eu conseguia distinguir claramente duas ou três pessoas falando juntas num dialecto que para mim era apenas algaraviada.

Mas, eu não me consigo recordar do momento sem um arrepio. A qualquer momento eles poderiam ter entrado no outro quarto e assassinarem-me para roubarem o meu dinheiro. Caso eles me confundissem com um ladrão, destino idêntico me aguardaria. Estes e outros pensamentos semelhantes aglomeravam-se na minha cabeça durante um período inconcebivelmente curto.“



“Mas o meu coração não palpitava amedrontado, nem eu, fosse por um momento, pensava nessa possibilidade trágica! Eu não sei que influência secreta me segurava, mas nada me conseguia afastar ou amedrontar. Eu estava perfeitamente calmo. Embora ficasse acordado olhando a escuridão por mais de duas horas, e ainda rondasse pelo quarto suave e lentamente, sem fazer qualquer barulho, para ver se conseguiria escapar de volta para a floresta (caso isso fosse necessário), do mesmo modo como tinha entrado na cabana, nunca o medo, repito, ou qualquer outro sentimento do género alguma vez entrou no meu coração."

Termina na próxima semana...

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