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sábado, 27 de outubro de 2012

Reencarnação - A explosão populacional e o intervalo entre vidas (3ª parte)


Com o post desta semana conclui-se a tradução do capítulo “Reencarnação e a explosão populacional” retirado do livro da autoria de Sylvia Cranston e Carey Williams, intitulado “Reincarnation – A New Horizon in Science, Religion and Society”.

“Quantas pessoas já viveram na Terra? Não há dúvidas de que a população cresceu enormemente durante o século XX e portanto o argumento levantado por Tertuliano contra a reencarnação, sobre de onde vinha esta população extra, parece à primeira vista ser válido. O Dr. Ian Stevenson, na sua investigação na área da reencarnação, abordou uma vez este problema. Isso aconteceu em 1974, antes da tendência decrescente na população mundial se ter tornado evidente. Ele escreveu o seguinte em resposta à questão “Se a reencarnação existe, como se explica a “explosão populacional?”:

“Dado que várias pessoas parecem ter ideias equivocadas sobre o número de seres humanos que já viveu na Terra, justifica-se que eu aprofunde esta questão. O recente grande aumento da população mundial, caso continue, pode trazer dificuldades para a hipótese da reencarnação, mas isso não acontece para já. Para além disso, só existem estimativas toscas do número de seres humanos que já viveram na terra desde a origem do Homem.”

Esses cálculos, diz Stevenson, dependem de vários pressupostos, tal como estimativas da data da origem do homem. Até há pouco tempo, as datas desse acontecimento variavam entre 600 mil e os 1,6 milhões de anos. Contudo, devido a descobertas surpreendentes em 1976 o número cresceu até 3,75 milhões de anos, mas escavações subsequentes feitas em 1984 por uma expedição patrocinada pela Universidade de Harvard e os Museus Nacionais do Quénia, revelaram que os nossos remotos ancestrais viveram há 5 milhões de anos e existem projecções que apontam para que oito milhões de anos seja a data mais provável.

[NT: Com efeito, nos anos 90 foi descoberto um hominídeo com 4,2 milhões de anos, em 2000 um com 6 milhões e em 2001 uma caveira do que se supõe ser um antepassado do homem  moderno (por ser bípede) com 7,2 milhões de anos!]

Quem pois pode dizer com certeza quantas pessoas viveram durante um tão grande intervalo de tempo? Grandes civilizações têm-se erguido e caído, sem que tenham deixado registos sobre estatísticas populacionais. “Temos pouca informação fiável sobre taxas de crescimento da população para períodos antes do início da demografia moderna nos séculos XVII e XVIII”, nota Stevenson.”E quanto mais distante é o alvo da nossa indagação-o passado remoto e proto-histórico-mais substituímos os factos por suposições.” Os demógrafos têm produzido estimativas da população mundial total [NT: isto é, desde a origem do Homem] que variam entre os 69 mil milhões (Keyfitz, 1966) e os 96 mil milhões (Wellemeyer et al., 1962). [NT:Cada  estudo, dá um número diferente, este por exemplo aponta para os 108 mil milhões.]

Prof. Ian Stevenson


Para efeitos de debate, Stevenson traça uma média entre estes dois números e usa uma estimativa conservadora de 80 mil milhões. Ele escreve:

“A população mundial de hoje é de cerca de 4 mil milhões. Portanto, assumindo de forma conservadora 80 milhões de vidas humanas no total, cada alma humana (para usar uma expressão conveniente) pode ter tido, em média, a oportunidade de encarnar 20 vezes. A estimativa atrás mencionada - terrivelmente crua como é - assume de forma bastante injustificada que o intervalo entre a morte e a renascimento se tem mantido constante ao longo da existência humana. Mas talvez o intervalo entre vidas já tenha sido muito maior do que é hoje em dia. Nessa altura muitas almas existiriam no estado (seja qual ele for) entre vidas na Terra e poucas estariam encarnadas. Nos séculos mais recentes as condições podem se ter alterado, por forma a que mais almas estejam encarnadas e menos permaneçam na condição de desencarnadas.”

“Desta forma”, diz Stevenson, “nós podemos, se quisermos, pensar num número finito de almas” com ligação à Terra, “que estão agora a reencarnar mais rapidamente depois da morte, do que anteriormente”.

Que o intervalo entre vidas era antes mais comprido, é algo que está de acordo com os pontos de vistas dos antigos. Platão assevera no “Fedro” que salvo certas excepções, “muitas eras” se sucedem entre vidas. N’ “A República” ele menciona um ciclo entre encarnações de mil anos. Virgílio faz o mesmo na “Eneida”. Krishna no “Bhagavad-Gita” também fala numa “imensidão de anos” entre vidas. A vida diária naqueles primeiros tempos corria a uma velocidade menor do que hoje em dia. Tudo está acelerado no nosso mundo moderno. Até as crianças amadurecem mais depressa. Talvez seja pois natural que o tempo entre encarnações seja menor que anteriormente.

Mas este tipo de especulações não esgota as possibilidades, pois tal como aponta Stevenson: ”podemos ao menos conceber que as almas humanas evoluíram de animais sub-humanos para corpos humanos, apesar de não termos provas que suportem directamente esta conjectura.  Finalmente - e aqui aproximamo-nos da ficção científica - almas humanas podem ter migrado de outros sistemas solares para o nosso planeta.”

Um factor ainda a ser mencionado deve ser considerado como contribuindo para o recente crescimento populacional: as pessoas estão a viver mais tempo na Terra do que no passado. Um texto da UPI [NT:United Press International] informava que “a esperança de vida média nos Estados Unidos aumentou 26 anos neste século [NT:século XX] de 47 para 73 anos. As estatísticas de esperança de vida ao longo das últimas oito décadas indicam que por volta do ano 2000 a esperança média de vida será de 82,4 anos. (The New York Times, 18 de Julho de 1980). [NT: As estatísticas mais recentes mostram que outros países até já superam a esperança média de vida de 82,4 anos, mas não os Estados Unidos que no ranking mundial estão imediatamente atrás de Cuba e à frente de Portugal com 78,2 anos.]

Há alguma inteligência por trás do nivelamento do crescimento populacional ? Um relatório relacionado com “a espantosa reviravolta nos destinos da demografia mundial,” cita Jonas Salk que refere que a nova tendência pode ser o resultado de um novo imperativo evolutivo. Ele deu como exemplo as moscas da fruta cujas populações disparam a uma taxa exponencial, mas que depois se equilibram. (The Saturday Review, 3 de Março de 1979). 

Se as moscas podem fazer isto, não será razoável pensar que na evolução humana haverá um nivelamento semelhante?

Que possa existir algum factor regulatório inteligente nos nascimentos de seres humanos que previna os excessos extraordinários, é algo que pode ser inferido do facto detectado pelos demógrafos nos países em que no pós-guerra, onde nascem mais bebés masculinos que femininos. Normalmente acontece ao contrário. 

“Estes números”, diz Stevenson, “podem ser interpretados como um indicador da capacidade da Natureza de compensar o aumento do número de homens que morrem durante as guerras." "O conceito de reencarnação fornece uma explicação de como um tal processo pode funcionar através do facto de mais personalidades masculinas quererem encarnar depois de guerras onde morreram mais homens que mulheres”, acrescenta Stevenson."

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