Com o post desta
semana conclui-se a tradução do capítulo “Reencarnação e a explosão
populacional” retirado do livro da autoria de Sylvia Cranston e Carey Williams, intitulado “Reincarnation
– A New Horizon in Science, Religion and Society”.
“Quantas pessoas
já viveram na Terra? Não há dúvidas de que a população cresceu enormemente
durante o século XX e portanto o argumento levantado por Tertuliano contra a
reencarnação, sobre de onde vinha esta população extra, parece à primeira vista
ser válido. O Dr. Ian Stevenson, na sua investigação na área da reencarnação,
abordou uma vez este problema. Isso aconteceu em 1974, antes da tendência
decrescente na população mundial se ter tornado evidente. Ele escreveu o
seguinte em resposta à questão “Se a reencarnação existe, como se explica a “explosão
populacional?”:
“Dado que várias
pessoas parecem ter ideias equivocadas sobre o número de seres humanos que já
viveu na Terra, justifica-se que eu aprofunde esta questão. O recente grande
aumento da população mundial, caso continue, pode trazer dificuldades para a
hipótese da reencarnação, mas isso não acontece para já. Para além disso, só
existem estimativas toscas do número de seres humanos que já viveram na terra
desde a origem do Homem.”
Esses cálculos,
diz Stevenson, dependem de vários pressupostos, tal como estimativas da data da
origem do homem. Até há pouco tempo, as datas desse acontecimento variavam
entre 600 mil e os 1,6 milhões de anos. Contudo, devido a descobertas surpreendentes
em 1976 o número cresceu até 3,75 milhões de anos, mas escavações subsequentes
feitas em 1984 por uma expedição patrocinada pela Universidade de Harvard e os
Museus Nacionais do Quénia, revelaram que os nossos remotos ancestrais viveram
há 5 milhões de anos e existem projecções que apontam para que oito milhões de
anos seja a data mais provável.
[NT: Com efeito,
nos anos 90 foi descoberto um hominídeo com 4,2 milhões de anos, em 2000 um com
6 milhões e em 2001 uma caveira do que se supõe ser um antepassado do homem moderno (por ser bípede) com 7,2 milhões de
anos!]
Quem pois pode
dizer com certeza quantas pessoas viveram durante um tão grande intervalo de tempo?
Grandes civilizações têm-se erguido e caído, sem que tenham deixado registos
sobre estatísticas populacionais. “Temos pouca informação fiável sobre taxas de
crescimento da população para períodos antes do início da demografia moderna
nos séculos XVII e XVIII”, nota Stevenson.”E quanto mais distante é o alvo da nossa
indagação-o passado remoto e proto-histórico-mais substituímos os factos por
suposições.” Os demógrafos têm produzido estimativas da população mundial total
[NT: isto é, desde a origem do Homem] que variam entre os 69 mil milhões
(Keyfitz, 1966) e os 96 mil milhões (Wellemeyer et al., 1962). [NT:Cada estudo, dá um número diferente, este por
exemplo aponta para os 108 mil milhões.]
Prof. Ian Stevenson |
Para efeitos de
debate, Stevenson traça uma média entre estes dois números e usa uma estimativa
conservadora de 80 mil milhões. Ele escreve:
“A população
mundial de hoje é de cerca de 4 mil milhões. Portanto, assumindo de forma
conservadora 80 milhões de vidas humanas no total, cada alma humana (para usar
uma expressão conveniente) pode ter tido, em média, a oportunidade de encarnar
20 vezes. A estimativa atrás mencionada - terrivelmente crua como é - assume de
forma bastante injustificada que o intervalo entre a morte e a renascimento se
tem mantido constante ao longo da existência humana. Mas talvez o intervalo
entre vidas já tenha sido muito maior do que é hoje em dia. Nessa altura muitas
almas existiriam no estado (seja qual ele for) entre vidas na Terra e poucas
estariam encarnadas. Nos séculos mais recentes as condições podem se ter
alterado, por forma a que mais almas estejam encarnadas e menos permaneçam na
condição de desencarnadas.”
“Desta forma”, diz Stevenson, “nós podemos, se
quisermos, pensar num número finito de almas” com ligação à Terra, “que estão
agora a reencarnar mais rapidamente depois da morte, do que anteriormente”.
Que o intervalo
entre vidas era antes mais comprido, é algo que está de acordo com os pontos de
vistas dos antigos. Platão assevera no “Fedro” que salvo certas excepções, “muitas
eras” se sucedem entre vidas. N’ “A República” ele menciona um ciclo entre
encarnações de mil anos. Virgílio faz o mesmo na “Eneida”. Krishna no “Bhagavad-Gita”
também fala numa “imensidão de anos” entre vidas. A vida diária naqueles primeiros
tempos corria a uma velocidade menor do que hoje em dia. Tudo está acelerado no
nosso mundo moderno. Até as crianças amadurecem mais depressa. Talvez seja pois
natural que o tempo entre encarnações seja menor que anteriormente.
Mas este tipo de
especulações não esgota as possibilidades, pois tal como aponta Stevenson: ”podemos
ao menos conceber que as almas humanas evoluíram de animais sub-humanos para
corpos humanos, apesar de não termos provas que suportem directamente esta
conjectura. Finalmente - e aqui aproximamo-nos
da ficção científica - almas humanas podem ter migrado de outros sistemas
solares para o nosso planeta.”
Um factor ainda
a ser mencionado deve ser considerado como contribuindo para o recente
crescimento populacional: as pessoas estão a viver mais tempo na Terra do que no
passado. Um texto da UPI [NT:United Press International] informava que “a
esperança de vida média nos Estados Unidos aumentou 26 anos neste século
[NT:século XX] de 47 para 73 anos. As estatísticas de esperança de vida ao
longo das últimas oito décadas indicam que por volta do ano 2000 a esperança
média de vida será de 82,4 anos. (The New York Times, 18 de Julho de 1980).
[NT: As estatísticas mais recentes mostram que outros países até já superam a
esperança média de vida de 82,4 anos, mas não os Estados Unidos que no ranking
mundial estão imediatamente atrás de Cuba e à frente de Portugal com 78,2
anos.]
Há alguma inteligência
por trás do nivelamento do crescimento populacional ? Um relatório relacionado
com “a espantosa reviravolta nos destinos da demografia mundial,” cita Jonas
Salk que refere que a nova tendência pode ser o resultado de um novo imperativo
evolutivo. Ele deu como exemplo as moscas da fruta cujas populações disparam a
uma taxa exponencial, mas que depois se equilibram. (The Saturday Review, 3 de
Março de 1979).
Se as moscas podem fazer isto, não será razoável pensar que na
evolução humana haverá um nivelamento semelhante?
Que possa
existir algum factor regulatório inteligente nos nascimentos de seres humanos
que previna os excessos extraordinários, é algo que pode ser inferido do facto detectado
pelos demógrafos nos países em que no pós-guerra, onde nascem mais bebés masculinos
que femininos. Normalmente acontece ao contrário.
“Estes números”, diz
Stevenson, “podem ser interpretados como um indicador da capacidade da Natureza
de compensar o aumento do número de homens que morrem durante as guerras." "O
conceito de reencarnação fornece uma explicação de como um tal processo pode
funcionar através do facto de mais personalidades masculinas quererem encarnar
depois de guerras onde morreram mais homens que mulheres”, acrescenta Stevenson."
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