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sábado, 2 de junho de 2012

As Eras de Peixes e de Aquário à luz da Astrologia (2ª parte)


Na 1ª parte deste post vimos a descrição do Arquétipo Imutável e da Era de Peixes, de acordo com a interpretação do astrólogo Robert Zoller. Nesta 2ª parte saberemos o que ele prevê para a Era de Aquário.

Mas, antes de mais convém saber se existe resposta para a pergunta que muitos já com certeza colocaram: “Afinal, quando começa essa tão propalada Nova Era?”

Blavatsky defendia que a Era de Aquário começaria por volta de 1900 (de acordo com os cálculos que se fazem a partir deste artigo, ver p.174), mas segundo Nicholas Campion no seu “The Book of World Horoscopes”, outros defendiam que esta data deveria ser mais recuada (ele próprio refere que na Doutrina Secreta, HPB menciona a data de 1897, algo que não consegui confirmar). Alguns advogam que existe um período de transição, onde a Era de Peixes caminha para o final e a de Aquário dá os primeiros sinais.

A própria Blavatsky é citada por uma revista de astrologia britânica como indicando 1789, o ano da revolução francesa (provavelmente HPB indicaria o início do período de transição, mas desconheço se a referência da revista inglesa é rigorosa, é bem possível que não seja). Gerald Massey, o poeta e egiptólogo inglês que era por vezes citado por Blavatsky e que colaborou com a Velha Senhora, apontou 1900 e 1905 como datas possíveis, assumindo neste segundo caso um ritmo da precessão de 2160 anos e considerando o início da Era de Peixes em 255 AC.  Alguns académicos, como David Reigle (que podem ver aqui numa palestra organizada por simpatizantes dos ensinamentos de Alice Bailey, em relação aos quais eu não sou pessoalmente grande apreciador, como já tive oportunidade de referir) consideram que Blavatsky simplesmente seguiu as teorias de Massey.

Por falar em Alice Bailey, diga-se que a mística inglesa colocava o início da Era de Aquário nos anos 30 do século XX. O astrólogo norte-americano Alan Oken, que hoje ensina no Quíron, uma escola portuguesa de astrologia, com sede em Lisboa e fundada por Maria Flávia de Monsaraz (também ela uma crente em Bailey e que pode ser vista aqui falando da entrada de Neptuno em Peixes), apontava a data de 1969, ano marcado pela chegada do Homem à Lua. O clarividente Edgar Cayce referia o ano de 1998, como a data em que a Humanidade perceberia totalmente estar na Idade de Aquário. E a longa lista de Campion continua até 3621…

Neste artigo sobre o Movimento Teosófico entre 1875 e 2075, Carlos Cardoso Aveline insere várias citações de Helena Blavatsky (e não só) e explica um pouco como funciona a própria sobreposição das Eras. É citada também uma passagem da Doutrina Secreta que aponta indiretamente para 1900 como o ano de passagem de testemunho entre a Era de Peixes e a Era de Aquário. Seria a segunda pista deixada por HPB além do artigo que está nos Escritos Reunidos, já atrás referido.

Conforme explica Aveline, cada Era terá a duração de 2155 anos, sendo que existe um período onde se dá o anoitecer da Era de Peixes, algo que dura 215 anos, e um período de alvorada para a Era de Aquário exactamente da mesma dimensão temporal.  1900 seria um ponto médio e as duas hipóteses são considerar o “desvanecer” da Idade de Peixes entre 1685 e 1900 e o alvorecer de Aquário entre 1900 e 2115, ou então considerar que ambos os períodos se sobrepõem, e na mesma considerando 1900 como um ponto médio, dividir-se-ia 215 por dois e então a transição começaria por volta de 1792-1793 terminando em 2007-2008.

Mas, lembremo-nos que isto é uma interpretação do teosofista brasileiro, pois Blavatsky não deixou nada explícito sobre este assunto. Perto do fim do artigo Aveline refere algo bastante importante: 

“Há um tom de cautela, no entanto, a acrescentar à profecia de HPB, segundo a qual a verdadeira ética terá uma vitória final antes que o século XXI termine. Ela também comentou que o século XX poderia ser, talvez, “o último a ser chamado por este nome”.  
Esta advertência implica que, dependendo de como a situação evolua, poderemos viver uma mudança tão radical em nossa civilização que uma nova maneira de contar o tempo seja adotada durante o século XXI. Isso, no entanto, é um indício e uma possibilidade. O princípio da superposição de eras sucessivas faz com que diferentes possibilidades cármicas permaneçam abertas,  lado a lado, por algum tempo durante o encontro gradual de duas Eras.”

Com a questão relativa ao início da Era de Aquário a não ficar completamente fechada, avançamos agora para as previsões de Robert Zoller. Na verdade e ao contrário do que é a expectativa de muitos, a análise astrológica de Zoller é bastante sombria. Na figura abaixo podemos ver a representação da Idade de Peixes, estando o Arquétipo Imutável do lado de dentro e o Mutável do lado de fora.


Como vemos, os ângulos principais (casa I e casa X) são governados por maléficos, tal como sucede no Arquétipo Imutável. Aquário está no Ascendente e Escorpião na casa X, regidos por Saturno e Marte, respectivamente.
Apesar de não termos a melhor das impressões sobre de Era de Peixes, Zoller diz que foi uma época em que a verdade e a filosofia interessavam aos homens, não obstante a hipocrisia que se gerou devido à confluência dos interesses políticos e religiosos.

Com Escorpião na casa X, o poder será exercido através da modificação de comportamentos, clonagem, engenharia genética, controlo da mente e com o uso do oculto (tema muito presente na descrição do signo de Escorpião). Zoller faz uma afirmação forte quando diz: “se a Era precedente [a de Peixes] produziu metafísicos materialistas, que enganavam as pessoas através do ópio da religião, a Nova Era [a da Aquário] irá produzir metafísicos materialistas que irão fazer as elites políticas precedentes parecerem aprendizes ineptos”.

As elites oligárquicas serão vistas à luz daquilo que desejam ser vistas. A manipulação será a palavra de ordem e isso é outra das características do Escorpião. Aparecerão novas correntes políticas onde não será possível discernir a esquerda da direita, misturando-se conceitos utópicos, socialistas e tecnocráticos.
Como já foi referido na 1ª parte, a concretização de uma casa deve ser analisada olhando para o signo que está dez casas depois. Como encontramos Leão na casa VII (a décima a contar da casa X), isso significa que o poder absoluto será um desígnio dos líderes da Idade de Aquário (ou dos verdadeiros detentores de poder).

Em termos religiosos, a imparcialidade e justiça marcarão lugar, pois Balança está na casa IX.
Para Zoller, a Idade de Aquário servirá de cenário para uma intensa luta entre espírito e matéria, numa escala nunca antes vista. Será um tempo de grandes oportunidades de evolução, mas também de libertinismo. Contudo, o perigo maior advirá essencialmente do abuso de conhecimento e ciência.
A luta será entre aqueles que por um lado, sonham com a fraternidade universal e uma ciência humanista, enquanto que do outro lado estarão os tecnocratas que procurarão fossilizar a sociedade numa espécie de sistema de castas rígido, gerida tecnologicamente. Zoller acha que sendo Aquário de natureza rebelde esta última hipótese nunca será concretizada completamente.

A interacção social será de cariz filosófico (Sagitário está na cúspide da casa XI), enquanto que o dinheiro servirá para gratificação dos desejos e como garantia de escape das coisas desagradáveis do mundo (o que traduz o escapismo associado ao signo de Peixes que está na casa II).

Alguns dos traços descritos por Zoller são já visíveis no mundo de hoje, com a comunicação social refém de interesses económicos e sem capacidade para lutar contra a manipulação das forças políticas. Será fácil por isso ser-se visto conforme mais se deseja. A pulverização familiar também é sintomática, assim como é previsível a redução do fanatismo religioso. A tecnocracia e o excesso de tecnologia far-se-ão com certeza sentir e esta Idade de Aquário, embora vá trazer muitas mudanças positivas para a Humanidade não tornará o planeta Terra naquele lugar idílico, conforme muita gente apregoa. 

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