Continuamos com a tradução de
parte do capítulo 10 do texto do teosofista David Pratt “Tendências na Cosmologia: Para além do Big Bang”.
"A matriz ou corpo do Universo,
quer se entenda por isto a galáxia ou um agregado de galáxias, é estável em estrutura
relativa e forma para o período do seu manvantara [tempo activo de vida] –
precisamente tal como o coração humano o é, uma vez que tenha atingido o seu
máximo crescimento e funcionamento.
A mitologia hindu fala da
inspiração e expiração de Brahma, a divindade cósmica, a partir do qual os
mundos evoluem, e a que mais tarde retornam - o ventre de Brahma. Algumas
pessoas estabeleceram paralelos entre esta ideia e a de um universo oscilante
em que o Espaço expande e contrai alternadamente. N’ ”A Doutrina Secreta”,
quando se discute a origem dos mundos, H.P. Blavatsky cita a seguinte passagem
das Estâncias de Dzyan: “A Mãe [Espaço] intumesce e expande-se de dentro para
fora, como o botão da flor de lótus” (estância III: 1)”. Ela adiciona a
seguinte explicação:
“A expansão da “Mãe” (também
chamada de “Águas do Espaço”, “Matriz Universal”, etc…) de “dentro para fora”,
não significa o expandir de um pequeno centro ou foco, mas o desenvolvimento da
subjetividade sem limites para uma objetividade também ilimitada, sem
referência a magnitude, termo ou área. (…) Quer isso dizer que, não sendo tal
expansão um aumento de magnitude, porque a expansão infinita não admite nenhum
aumento, era uma mudança de estado.”
Por outras palavras, expansão
pode-se referir à emanação ou desdobramento de planos ou esferas
progressivamente mais densas a partir da cúpula espiritual de uma hierarquia,
até que o mundo inferior ou mais material é atingido. No ponto médio do ciclo
evolutivo, o processo inverso começa: os mundos inferiores começam gradualmente
a se desmaterializarem ou a se eterealizarem sendo reabsorvidos ou recolhidos
nos reinos superiores. Os céus “se enrolarão como um pergaminho” (Isaías
34:4). Portanto, a expiração e expiração pode-se referir à expansão do Uno em
muitos, e a subsequente reabsorção dos muitos no Uno.
A evolução ou involução dos
mundos não significa que o Espaço propriamente dito surja a partir do nada,
expandindo como um elástico, mais tarde contraindo-se, desaparecendo no nada.
São os mundos dentro do Espaço – planetas, estrelas, etc. – que se materializam
e eterealizam. A infinita totalidade de mundos e planos não só preenche o Espaço como também são Espaço.
De acordo com a Teosofia, nenhuma
coisa ou entidade – seja ela átomo, ser humano, planeta, estrela ou galáxia ou
agregado de galáxias – aparece aleatoriamente a partir do nada. Uma entidade
física nasce porque uma entidade interna ou alma reencarna, e cada nova
encarnação é o resultado kármico da precedente. Não existe um início ou fim
absolutos para a evolução, apenas pontos de partida relativos e locais de
paragem (ou descanso). Os planetas reencarnam diversas vezes durante o tempo de
vida de um sistema solar, e as estrelas reencarnam muitas vezes durante o tempo
de vida de uma galáxia.
Os astrónomos estimam que a nossa
Via Láctea tem 13,2 mil milhões de anos, ou seja, é 500 milhões de anos mais
nova que o Universo. A Teosofia, por outro lado, indica que a nossa
galáxia é centenas de biliões de anos mais velha. O ciclo maior (ou
maha-manvantara) do qual o nosso sistema solar é parte, é suposto durar 311 040
000 000 000 anos, e estamos presentemente a meio caminho, durante o qual 18 000
encarnações planetárias foram completadas.
A corrente científica principal
diz que o nosso sistema solar se formou há 4,57 mil milhões de anos a partir do
colapso de parte de uma nuvem molecular gigante. Especula-se que daqui a 5 mil
milhões de anos, uma vez que todo o hidrogénio no seu núcleo se converta em
hélio, o Sol tornar-se-á uma gigante vermelha. A fusão do hélio no núcleo
começará a produzir carbono e oxigénio, levando a que as camadas exteriores do
Sol se expandam e engulam a Terra. Finalmente, as camadas exteriores serão
expelidas e tornar-se-ão uma nébulosa planetária, enquanto o núcleo estelar se
tornará numa anã branca, arrefecendo lentamente e desaparecendo progressivamente ao longo de
muitos milhões de anos.
Uma vez mais, a Teosofia sugere
uma idade mais longa para o Sol. Os números exactos não foram revelados mas a
informação disponível permite fazer uma estimativa aproximada. A Terra tem
cerca de dois mil milhões de anos (compare-se com os 4,54 mil milhões de anos
dados pela ciência), e o seu tempo total de vida será de 4,32 mil milhões de
anos, seguindo-se um período de descanso (pralaya) da mesma duração. Em cada
manvantara solar, cada planeta reencarna sete vezes, estando a Terra
presentemente a meio da sua quinta encarnação. Estes cálculos implicam que o
Sol tem 37 mil milhões de anos e que existirá pelo menos durante 20 mil milhões
de anos mais.”
Para ver as referências
bibliográficas deverá o leitor consultar o texto original.
Pratt tem na sua página de internet uma quantidade bastante significativa de textos, com temas tão
variados como o aquecimento global, fenómeno OVNI, reencarnação, civilizações antigas e a extinção dos dinossauros. É sem dúvida um ponto de paragem
obrigatório para quem quer ver como a Teosofia se interliga com as descobertas
da ciência que aconteceram nos últimos anos. É uma espécie de actualização da
argumentação que Helena Blavatsky usa n’ “A Doutrina Secreta” em que
sistematicamente estabelece a ligação entre a Sabedoria Perene e a ciência do
seu tempo.
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