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domingo, 27 de maio de 2012

As Eras de Peixes e de Aquário à luz da Astrologia (1ª parte)


Uma das questões que mais atormenta os astrólogos é “Que zodíaco usar?”, o sideral, como acontece na astrologia védica (a indiana), ou o tropical (usado, na astrologia ocidental, com a qual estamos mais familiarizados)?

No início da era cristã, ambos os zodíacos coincidiam, mas devido ao fenómeno da precessão dos equinócios eles presentemente divergem em cerca de 24 graus.
Para explicar convenientemente o que está na base desta situação teria que entrar aqui com alguma terminologia como por exemplo ponto vernal, equador celestial, eclíptica, etc… pelo que não sendo esse o cerne deste post, deixo aqui e aqui links para os interessados.

O conhecido astrólogo norte-americano Robert  Zoller,  na lição referente ao Arquétipo, que integra o Diploma Course em Astrologia Medieval,  advoga que ambos os zodíacos são válidos, sendo um adequado ao Arquétipo Imutável e outro ao Arquétipo Mutável.  O zodíaco sideral é para Zoller, a origem do zodíaco tropical e uma representação da Inteligência Universal, que por sua vez emana a Alma Universal (e da qual o zodíaco tropical é uma imagem).

É através da Inteligência Universal que o Uno se diferencia e ela compreende toda as formas, sendo o paradigma de toda a existência. A Alma Universal incorpora as ideias que vêm da Inteligência Universal e que se encontram nela como sementes. É pois na Alma Universal que estão os princípios do crescimento, movimento e da Natureza.

 Zoller define o Arquétipo como a chave para a criação física e dos padrões que regulam as relações éticas entre as pessoas. Este padrão permanecerá imutável até ao fim dos tempos, ao mesmo tempo que permuta diferentes aspectos de si próprio no tempo como véus sobrepostos ao padrão subjacente. Há uma sobreposição de cada Era sobre este paradigma original (o Arquétipo Imutável) que tem os seus efeitos próprios e explica a mudança dos costumes de Era para Era.

Zoller considera que como o zodíaco sideral tem a conta a mudança do ponto vernal a uma velocidade de um grau a cada 72 anos, este zodíaco representa a mutação no mundo, ou seja, as alterações nos costumes e leis na humanidade. Ao mesmo tempo o Arquétipo Imutável está salvaguardado, embora aqueles que não conseguem ver mais do que as aparências possam ser iludidos.

No Arquétipo Imutável temos Carneiro (cujo regente é Marte) na casa I, e efectivamente a nossa chegada ao mundo é marcada por luta e dor, não só de quem nasce mas também da mulher que dá à luz. Carneiro está associado à vontade, é uma energia primária ligada à iniciativa e à acção. A motivação do Carneiro é a liberdade de acção e a obtenção de poder.

Zoller acrescenta que dez é o número da conclusão, da realização ou concretização. Cada causa concretiza-se em dez etapas. Assim a concretização de um signo acontece dez casas depois. Na casa X está Capricórnio, regido pelo também maléfico Saturno. O sucesso está pois ligado ao ser trabalhador, à atenção nos detalhes e à capacidade de sacrificar os desejos mais imediatos em favor de objectivos de longo prazo. O sucesso é medido em termos de possessões tangíveis e de segurança física e financeira.
Os fins justificarão os meios e se for necessário criar uma espécie de fachada moral, o Capricórnio alinha com isso. Este é o modo de obter sucesso no Mundo. Parece chocante?

Para Zoller, o Zodíaco não é um indiciador de impulsos espirituais elevados. Na verdade, o Sol está refém dos dois maléficos - Marte e Saturno - que dominam o Arquétipo, pois regem o Ascendente e a cúspide da casa X, os dois pontos mais fortes do Zodíaco.

Assim, conclui Zoller, para obter sucesso temporal há que agir conforme o Arquétipo. Mas, para atingir a felicidade eterna é preciso ir além dele.

Na figura abaixo podemos ver a representação da Idade de Peixes, estando o Arquétipo Imutável do lado de dentro e o Mutável do lado de fora. Para conseguir seguir o raciocínio é preciso saber um pouco de astrologia nomeadamente que planetas regem os signos e as características de ambos. Como Zoller trata de astrologia medieval, vou só dar as regências que divergem um pouco das utilizadas na astrologia moderna. Assim Marte rege Carneiro e Escorpião, Touro rege Vénus e Balança, Mercúrio rege Gémeos e Virgem, a Lua rege Caranguejo, e o Sol rege Leão. Por fim, Júpiter é o regente de Sagitário e de Peixes, enquanto que Saturno rege Capricórnio e Aquário.


Zoller começa por caracterizar as pessoas da Idade de Peixes, definindo-as como emocionais, sonhadoras místicas e muito ambiciosas (Júpiter), procurando segurança emocional, isto porque Peixes ocupa a casa I. 

O misticismo é expresso na casa IX, onde está Escorpião, o que aponta directamente para a exigência e submissão no exercício religioso, às vezes de forma extrema. O Cristianismo e o Islamismo surgem neste período e encaixam nesta descrição. A vertente bélica que acompanhou ambas as religiões combina bem com as características do Escorpião.

Em termos de governação dos povos, observamos que na Era de Peixes, Sagitário encontra-se na casa X. No Arquétipo Imutável, Sagitário ocupa a IX. Isto sugere a combinação, naquela Era, de formas de governo aristocráticas que misturam o secular e o espiritual. Na verdade temos uma mistura de poder político com poder religioso, influenciando-se mutuamente.

Como vimos atrás Zoller defende que o Arquétipo Imutável nunca perde completamente a sua influência. Se assim fosse a Era de Peixes terá sido uma época dourada com as instituições governamentais reflectindo de forma perfeita a Vontade Divina. Não foi isso que aconteceu. Lembremo-nos que no Arquétipo Imutável é Capricórnio que está na casa X, cujo regente é um maléfico – Saturno.

Zoller prossegue analisando as casas seguindo a mesma lógica. Por exemplo o papel da riqueza (casa II) seria o de financiar a guerra (pois temos Carneiro nessa casa que é regida por Marte). A casa IV (o lar, a vida doméstica), onde está Gémeos, sugere que o lar era o local onde se aprendia (essencialmente em termos práticos, pois a grande maioria da população era analfabeta). As Universidades só foram criadas em maior número a partir do século XIV (embora existam algumas anteriores a esse período) e reservadas a uma minoria.

Na 2ª parte deste post veremos o que diz Zoller sobre a Idade de Aquário.

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