Uma das questões que mais atormenta os astrólogos é “Que
zodíaco usar?”, o sideral, como acontece na astrologia védica (a indiana), ou o
tropical (usado, na astrologia ocidental, com a qual estamos mais familiarizados)?
No início da era cristã, ambos os zodíacos coincidiam, mas
devido ao fenómeno da precessão dos equinócios eles presentemente divergem em
cerca de 24 graus.
Para explicar convenientemente o que está na base desta
situação teria que entrar aqui com alguma terminologia como por exemplo ponto
vernal, equador celestial, eclíptica, etc… pelo que não sendo esse o cerne
deste post, deixo aqui e aqui links para os interessados.
O conhecido astrólogo norte-americano Robert Zoller,
na lição referente ao Arquétipo, que integra o
Diploma Course em Astrologia Medieval,
advoga que ambos os zodíacos são válidos, sendo um adequado ao Arquétipo
Imutável e outro ao Arquétipo Mutável. O
zodíaco sideral é para Zoller, a origem do zodíaco tropical e uma representação
da Inteligência Universal, que por sua vez emana a Alma Universal (e da qual o
zodíaco tropical é uma imagem).
É através da Inteligência Universal que o Uno se diferencia
e ela compreende toda as formas, sendo o paradigma de toda a existência. A Alma
Universal incorpora as ideias que vêm da Inteligência Universal e que se
encontram nela como sementes. É pois na Alma Universal que estão os princípios
do crescimento, movimento e da Natureza.
Zoller define o
Arquétipo como a chave para a criação física e dos padrões que regulam as
relações éticas entre as pessoas. Este padrão permanecerá imutável até ao fim
dos tempos, ao mesmo tempo que permuta diferentes aspectos de si próprio no
tempo como véus sobrepostos ao padrão subjacente. Há uma sobreposição de cada
Era sobre este paradigma original (o Arquétipo Imutável) que tem os seus
efeitos próprios e explica a mudança dos costumes de Era para Era.
Zoller considera que como o zodíaco sideral tem a conta a
mudança do ponto vernal a uma velocidade de um grau a cada 72 anos, este
zodíaco representa a mutação no mundo, ou seja, as alterações nos costumes e
leis na humanidade. Ao mesmo tempo o Arquétipo Imutável está salvaguardado,
embora aqueles que não conseguem ver mais do que as aparências possam ser
iludidos.
No Arquétipo Imutável temos Carneiro (cujo regente é Marte) na
casa I, e efectivamente a nossa chegada ao mundo é marcada por luta e dor, não
só de quem nasce mas também da mulher que dá à luz. Carneiro está associado à
vontade, é uma energia primária ligada à iniciativa e à acção. A motivação do
Carneiro é a liberdade de acção e a obtenção de poder.
Zoller acrescenta que
dez é o número da conclusão, da realização ou concretização. Cada causa
concretiza-se em dez etapas. Assim a concretização de um signo acontece dez
casas depois. Na casa X está Capricórnio, regido pelo também maléfico Saturno.
O sucesso está pois ligado ao ser trabalhador, à atenção nos detalhes e à
capacidade de sacrificar os desejos mais imediatos em favor de objectivos de
longo prazo. O sucesso é medido em termos de possessões tangíveis e de segurança
física e financeira.
Os fins justificarão os meios e se for necessário criar uma
espécie de fachada moral, o Capricórnio alinha com isso. Este é o modo de obter
sucesso no Mundo. Parece chocante?
Para Zoller, o Zodíaco não é um indiciador de impulsos espirituais
elevados. Na verdade, o Sol está refém dos dois maléficos - Marte e Saturno - que dominam o Arquétipo, pois regem o Ascendente e a cúspide da casa X, os dois
pontos mais fortes do Zodíaco.
Assim, conclui Zoller, para obter sucesso temporal há que
agir conforme o Arquétipo. Mas, para atingir a felicidade eterna é preciso ir
além dele.
Na figura abaixo podemos ver a representação da Idade de
Peixes, estando o Arquétipo Imutável do lado de dentro e o Mutável do lado de
fora. Para conseguir seguir o raciocínio é preciso saber um pouco de astrologia
nomeadamente que planetas regem os signos e as características de ambos. Como
Zoller trata de astrologia medieval, vou só dar as regências que divergem um
pouco das utilizadas na astrologia moderna. Assim Marte rege Carneiro e
Escorpião, Touro rege Vénus e Balança, Mercúrio rege Gémeos e Virgem, a Lua
rege Caranguejo, e o Sol rege Leão. Por fim, Júpiter é o regente de Sagitário e de
Peixes, enquanto que Saturno rege Capricórnio e Aquário.
Zoller começa por caracterizar as pessoas da Idade de
Peixes, definindo-as como emocionais, sonhadoras místicas e muito ambiciosas
(Júpiter), procurando segurança emocional, isto porque Peixes ocupa a casa I.
O
misticismo é expresso na casa IX, onde está Escorpião, o que aponta
directamente para a exigência e submissão no exercício religioso, às vezes de
forma extrema. O Cristianismo e o Islamismo surgem neste período e encaixam
nesta descrição. A vertente bélica que acompanhou ambas as religiões combina
bem com as características do Escorpião.
Em termos de governação dos povos, observamos que na Era de
Peixes, Sagitário encontra-se na casa X. No Arquétipo Imutável, Sagitário ocupa a IX. Isto
sugere a combinação, naquela Era, de formas de governo aristocráticas que misturam
o secular e o espiritual. Na verdade temos uma mistura de poder político com
poder religioso, influenciando-se mutuamente.
Como vimos atrás Zoller defende que o Arquétipo Imutável
nunca perde completamente a sua influência. Se assim fosse a Era de Peixes terá
sido uma época dourada com as instituições governamentais reflectindo de forma
perfeita a Vontade Divina. Não foi isso que aconteceu. Lembremo-nos que no
Arquétipo Imutável é Capricórnio que está na casa X, cujo regente é um maléfico
– Saturno.
Zoller prossegue analisando as casas seguindo a mesma
lógica. Por exemplo o papel da riqueza (casa II) seria o de financiar a guerra
(pois temos Carneiro nessa casa que é regida por Marte). A casa IV (o lar, a
vida doméstica), onde está Gémeos, sugere que o lar era o local onde se aprendia
(essencialmente em termos práticos, pois a grande maioria da população era
analfabeta). As Universidades só foram criadas em maior número a partir do
século XIV (embora existam algumas anteriores a esse período) e reservadas a
uma minoria.
Na 2ª parte deste post veremos o que diz Zoller sobre a
Idade de Aquário.
Sem comentários:
Enviar um comentário