Plutarco foi um filósofo grego que viveu nos séculos I e
II da nossa era e que deixou uma extensa
literatura, muita dela ainda disponível nos dias de hoje.
Um desses textos, que descreve o processo de morte do ser
humano de um modo simples, está em linha com o que podemos encontrar na
literatura teosófica, quer nos escritos de Helena Blavatsky quer nas Cartas dos
Mahatmas (salvo algumas diferenças, que são óbvias e explicáveis para quem
conhece esses textos), por exemplo.
Sendo certo que o processo da morte será um
tema recorrente neste blog, apresento de seguida a tradução do inglês feita a
partir desta mensagem de Daniel Caldwell no theos-talk.
“O Homem é um composto [soma,
psyche e nous] e está enganado quem pensa que ele é composto de apenas duas
partes.
Há quem imagine que é o entendimento [nous] é uma parte da alma [psyche],
mas é um erro não inferior ao dizer que a alma [psyche] é uma parte do corpo [soma].
Esta combinação da alma [psyche]
com o entendimento [nous] forma a
razão e [a combinação da psyche] com
o corpo [soma] [forma] o desejo [NT- passion
no original] [thumos].
Destas três partes [soma,
psyche e nous] conjuntas e compactas, a Terra deu o corpo [soma], a Lua (deu) a alma [psyche], e o SOL [deu] a compreensão [nous] para a geração [criação] do homem.
Agora das [duas] mortes, a primeira [a primeira morte, a
morte física] torna o homem em dois [psyche
e nous] [em vez] de três e a outra [a
segunda morte no Hades] [torna-o em] um [nous]
[em vez de] dois.
A anterior [a primeira morte] é na região de Deméter [Terra]
[NT- Deméter era a deusa grega da agricultura, conhecida por Ceres pelos
romanos].
Quanto à outra [segunda] morte, é na Lua ou na região de
Perséfone [Hades] [NT- Perséfone, filha de Démeter, foi raptada por Hades - o Plutão da mitologia
grega - que a levou para o mundo dos mortos. Mais tarde seria resgatada, mas
nunca rejeitou inteiramente Hades, pelo que passava metade do ano no mundo dos
mortos].
A [primeira morte] repentina e com violência arranca a alma
[psyche] do corpo [soma], mas Perséfone suavemente e durante
um longo período desune o conhecimento [nous]
da alma [psyche].
Por esta razão ela é chamada Monogenes, unigénita, isto é gerando
um só, pois a melhor parte do homem [nous]
fica sozinha quando [nous] é separada
[no Hades, da psyche] por ela.
Ambas [a primeira e a segunda mortes] ocorrem de acordo com
a Natureza.
É estabelecido pelo Destino que cada alma [psyche], com ou sem entendimento [nous], quando fora do corpo [soma],
deve vaguear por um tempo, embora não todas durante o mesmo [tempo], na região
[do Hades] que se situa entre a Terra e a Lua.
Aqueles que foram injustos e devassos sofrem então [no
Hades] o castigo pelas suas ofensas, mas os bons e virtuosos ficam lá [no
Hades] detidos até serem purificados, e têm, pela expiação, purgadas todas as
infecções que possam ter contraído pelo contágio do corpo [soma], vivendo na parte mais suave do ar, chamadas as Pradarias do
Hades, onde devem permanecer por um tempo designado e pré-fixado.
E então, tal como se regressassem de uma peregrinação
errante ou de um longo exílio do seu país [natal], eles têm o sabor do júbilo - característico daqueles que são iniciados nos Mistérios Sagrados - misturada com inquietude, admiração e um sentido de esperança apropriado e particular de cada um".
Segundo o Glossário Teosófico (traduzido para português pela
Editora Ground do Brasil, embora eu pessoalmente prefira este glossário), psyche é a alma animal ou terrestre, ou
seja, o Manas inferior. Nous era o
termo designado por Platão para a mente superior ou consciência divina no
Homem. É o Manas superior. Quanto a soma,
é o corpo físico, como é evidente.
PS - Texto alvo de algumas correcções a 10 de Setembro de 2012, nomeadamente a substituição da palavra "conhecimento"por "entendimento". Nas páginas 94 a 96 de "A Chave para a Teosofia", de Helena Blavatsky este texto é apresentado de forma mais corrida, como prova de que o processo pós-morte apresentado por ela não constituia propriamente uma novidade, sendo que no passado o tema já havia sido abordado nos mesmos moldes, de forma mais ou menos velada.
PS - Texto alvo de algumas correcções a 10 de Setembro de 2012, nomeadamente a substituição da palavra "conhecimento"por "entendimento". Nas páginas 94 a 96 de "A Chave para a Teosofia", de Helena Blavatsky este texto é apresentado de forma mais corrida, como prova de que o processo pós-morte apresentado por ela não constituia propriamente uma novidade, sendo que no passado o tema já havia sido abordado nos mesmos moldes, de forma mais ou menos velada.
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