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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Osho e Blavatsky

Desde há largos anos que, nas prateleiras da secção de esoterismo das livrarias abundam os livros de um autor chamado Osho. Todos aqueles que mergulharam, nem que seja apenas o dedo de um pé, no universo New Age já ouviram falar de Osho. O que poucos sabem – e a editora dos seus livros também não faz questão de divulgar – é do registo biográfico de tão ilustre criatura.

No extraordinário livro “O Turista Espiritual” (editado em Portugal pela Sinais de Fogo), o jornalista britânico Mick Brown descreve uma viagem por várias paragens do imaginário religioso e espiritual, ao mesmo tempo que disserta sobre alguns dos personagens mais importantes dos últimos 150 anos no campo da espiritualidade. Na verdade o livro vai muito mais além, sendo enriquecido pelas próprias reflexões do autor. Para além de se referir de forma muito respeitosa e fidedigna a Helena Blavatsky e ao percurso que fez na sua última encarnação – coisa rara na literatura não teosófica, diga-se de passagem -  fala também de Sri Aurobindo, Alice Bailey, Krishnamurti, entre outros. Neste último agregado encontra-se o famigerado Osho.

O nome verdadeiro deste guru indiano nascido em 1931 era Chandra Mohan Jain, tendo durante a infância ganho a alcunha de Rajneesh. Afirmava ter atingido a iluminação espontaneamente aos 21 anos. Foi professor de Filosofia numa Universidade indiana, começando aí a reunir um pequeno grupo de seguidores. A partir de 1971, autointitulou-se “Bhagwan”, o abençoado. Estabeleceu um ashram na cidade de Poona que em meados dos anos 70 recebia imensos visitantes e gerava assinaláveis receitas (mais de um milhão de euros por ano). Tinha-se criado um culto. Os devotos eram encorajados a se vestirem de laranja ou vermelho, usavam um colar de contas com um medalhão contendo a imagem de Rajneesh, e aceitavam incondicionalmente a sua autoridade. Advogava que o sexo era uma via para a iluminação e os devotos eram instigados a trocar de parceiro e a participarem em orgias sexuais. Havia quem se sentisse abusado e as doenças sexualmente transmissíveis  proliferavam. Rajneesh gabava-se  de ser o recordista mundial em número de parceiras sexuais (os seus seguidores confessaram que era mais dado ao voyeurismo). O escândalo espalhou-se, e as autoridades locais revogaram o estatuto de isenção fiscal da sua Fundação. Endividado, Rajneesh voou para os EUA, declarando ser o ”Messias de que a América está à espera”. Para obter residência americana casou com a filha de um milionário grego. Coleccionou Rolls-Royce (chegando aos 93!) e relógios de ouro e platina. A história do novo ashram foi idêntica à do anterior, repetindo-se o culto de personalidade e novo conflito, desta vez com as autoridades do estado de Oregon. Houve até suspeitas do envolvimento de Osho no envenenamento da população da cidade próxima do rancho onde vivia o guru, mas a condenada foi a braço-direito de Osho (Ma Anand Sheela) e ainda um grupo de séquitos, denunciados pelo próprio Osho. A investigação da polícia a este e outros acontecimentos levou à sua prisão e deportação. Depois de ser rejeitada a sua permanência em dezenas de países acabou na Índia, onde morreu em 1990 já com o seu novo nome. No ano anterior tinha ordenado um “rebranding” do seu material com o nome Osho, em substituição de Rajneesh.

Este post acaba por ser motivado por algo que encontrei há dias por acidente enquanto pesquisava na Internet. Alguém criou uma página com as opiniões de Osho sobre diferentes personagens da história: Hitler, Martin Luther King, Gandhi e inclusive Annie Besant, Krishnamurti e Helena Blavatsky. E o problema reside mesmo neste último nome. É que tudo o que Osho diz sobre HPB é mentira, até mesmo uma bela historieta que não é encontrada em nenhuma biografia da Velha Senhora. Dizia Osho que HPB tinha o hábito de atirar sementes para o exterior do comboio em andamento durante as suas viagens pela Índia. Mais tarde cresceriam flores que fariam as pessoas felizes e nas palavras de Osho, HPB dizia que fazer as pessoas felizes contribuía para a sua própria felicidade.
Tudo muito bonito, mas claramente inventado. Sendo aparentemente inofensivo, este fait-divers esconde uma táctica muito usada pelos falsos gurus, que iludem os mais crédulos. A de criar falsas histórias que mostram aparente conhecimento de causa e que lhes permitem mais tarde caluniar e apontarem-se a si próprios com os mais iluminados.
Na mesma página onde se encontra a história das flores, poderão se encontrar outras falsidades: um acordo entre Blavatsky e Damodar para que este desmaiasse e a Velha Senhora o acordasse usando os seus “poderes” (ou seja uma encenação);  a afirmação de que as Cartas dos Mahatmas eram obra de HPB; e um bando de declarações arrogantes sobre  “A Doutrina Secreta” em relação à qual nem o número de volumes Osho sabia.
E os seus seguidores tudo engoliam. Com certeza em relação a outros personagens da história também hão de existir mentiras.

Já em 2011, Ava Avalos uma proeminente discípula de Osho revelou que ouviu uma gravação de Sheela em conversa com Osho em que este dizia que “seria necessário matar pessoas em Ohio” (o estado norte-americano onde se localizava o seu ashram). “Na verdade, assassinar pessoas não era assim uma coisa tão má”, prosseguiu Osho, que assegurava ainda que “Hitler tinha sido um grande homem”, embora ele não pudesse dizer tal coisa publicamente “pois ninguém entenderia”. Mas para Osho, Hitler tinha “grande visão”.
Relativamente aos seus ensinamentos, os mesmos são uma mistura de muita coisa. É impossível não encontrar lá alguma coisa de valor. Mas este mesmo é o melhor modo de deturpar a Sabedoria Eterna. Misturar a verdade com a mentira dissimulada, ao mesmo tempo que se dá um mau exemplo prático, neste caso validando comportamentos sexuais desajustados e colocando a ênfase em excessos de bens materiais.

Quem quiser mais detalhes sobre a vida de Osho pode aceder aqui à sua página em inglês na Wikipedia.

[Atualização de 21/06/2014. Num debate na internet surgiram mais informações sobre Osho em língua portuguesa, aqui e aqui.]

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A Águia e a Cotovia


Era uma vez uma cotovia que era conhecida pelo seu lindo canto. A sua melodia era considerada por todos aqueles que a ouviam como o som mais doce à face da Terra. Desde a alvorada ao anoitecer ela cantava e à medida que o fazia, começava a crescer nela um desejo. Esse desejo era o de cantar para os deuses.
Ela apercebeu-se que se conseguisse voar alto o suficiente, os deuses a ouviriam. Então a cotovia lançou-se no ar e voou o mais alto que conseguiu, mas cantando já com as suas asas cansadas, ela sabia que os deuses não a conseguiriam ouvir. Mais determinada do que nunca, ela decidiu que subiria à montanha mais alta e voaria a partir do pico. Mas nem assim ela conseguiria chegar alto o suficiente para ser ouvida nos céus.

Um dia ela viu uma águia planando a grande altura no céu, bem mais alto do que ela alguma vez voara. A cotovia sabia com uma certeza ilimitada que se ela conseguisse voar tão alto quanto a águia, os deuses ouviriam a sua bela melodia. Então ela ficou observando a águia e quando esta poisou, aproximou-se da enorme ave. A pequena mas corajosa cotovia explicou o seu dilema à grande águia e perguntou-lhe se ela a levaria às costas, para que juntas pudessem divertir os deuses.
A águia tinha conhecimento dos deuses, pois conseguia voar nos seus domínios, mas envergonhada pela sua voz rouca, nunca tinha tido a coragem de contactá-los. Imediatamente ela concordou em transportar a pequena cotovia.

Timidamente ela subiu para as costas da águia que com um esticar e bater das suas poderosas asas se pôs no ar. Cada vez mais alto elas subiam. A cotovia quase tinha medo de olhar para baixo  e contudo continuavam a subir. A cotovia nunca havia estado tão alto. Ela conseguia ver tudo e mais alguma coisa. E então, de repente, elas haviam chegado lá. A pequena cotovia sabia que agora era a vez dela, a águia já havia feito a sua parte. Com firmeza pôs-se de pé nas costas da águia e, enchendo os seus pulmões de ar, começou a cantar. Os céus encheram-se da sua gloriosa melodia. Os deuses ficaram espantados com a força da águia e encantados com a beleza da melodia da cotovia. A águia perdeu a vergonha e a cotovia encheu-se de felicidade. Juntas, em equipa, tinham levado música aos deuses.

Esta fábula consta do início de um livro de 1999 da astróloga australiana Bernadette Brady, intitulado “Predictive Astrology – The Eagle and the Lark” (que poderia ser traduzida para português como “Astrologia Preditiva – A Águia e a Cotovia”). A obra aborda um conjunto de técnicas conhecidas de previsão astrológica, principalmente os trânsitos e as progressões.
Esta fábula é muito ilustrativa da prática da astrologia (e não só, pois a mesma poderá ser transposta para outros domínios), pois até o estudioso da Velha Arte atingir a sua zona de conforto no domínio da mesma, a dúvida sobre o papel da intuição (representada nesta fábula pela cotovia) na leitura dos mapas é uma dúvida persistente.  O que é na verdade essa intuição e se ela é estimulada por algum factor externo são outras questões.

Brady defende que a águia (que poderá ser vista como a razão, ou no caso da astrologia, o conjunto de técnicas astrológicas que são dominadas) tem de ser bem trabalhada, para que a grande ave possa mesmo voar à altitude necessária. Isso obriga a muita paciência e persistência, pois o número de técnicas é enorme e a sua validação e verificação leva imenso tempo. O número de variáveis numa carta é assinalável e é humanamente impossível levar em conta todos os factores, apesar de todo o auxílio que os computadores hoje em dia fornecem. Brady diz que é importante perceber que as origens da astrologia estão no mundo da ciência, e releva a importância da matemática e da astronomia na Arte. Para Brady, sem esforço, as portas da astrologia nunca se abrirão verdadeiramente, e fiar-se apenas numa intuição apurada é insuficiente.
Dominada a parte técnica, o uso e desenvolvimento da intuição permitirá ao astrólogo ser perspicaz e certeiro. Desprovido de intuição, o astrólogo pouco mais será que um qualquer software de astrologia que produz análises “cegas”.

Por intuição não se deve entender a intercessão de anjos, vozes interiores e espíritos familiares. Robert Zoller, que deu origem a um dos primeiros cursos de astrologia medieval pela internet, classifica este tipo de coisas como auto-ilusão.

Há quem diga (se calhar a própria HPB, mas como não encontro a referência, prefiro ser mais cauteloso) que a leitura da Doutrina Secreta obriga ao funcionamento dos dois hemisférios, o esquerdo mais ligado à razão e o direito que é associado à intuição. Portanto como vemos,  a fábula da águia e da cotovia tem uma aplicação bem mais generalizada.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Chico Xavier e o Nosso Lar


Francisco Cândido Xavier, mais conhecido por Chico Xavier, foi o mais famoso médium brasileiro, tendo nascido numa cidade do Estado de Minas Gerais em 1910 e falecido em 2002, num dia em que os brasileiros festejavam a conquista do campeonato mundial de futebol. Estavam pois felizes e em festa, e assim se cumpria o desejo de Chico Xavier que tinha pedido a Deus para que o levasse deste plano num dia de alegria para o seu país Natal.

Como se sabe, as relações entre a Teosofia e Espiritismo nem sempre foram as melhores. Embora, ambos na 2ª metade do século XIX tenham enfrentando a oposição do “establishment”, nomeadamente das instituições religiosas, as explicações para os fenómenos mediúnicos são divergentes. Blavatsky no início da sua fase de propagação pública da Teosofia tentou inicialmente atrair alguma atenção, criando uma Sociedade Espírita no Cairo, em 1871, aparentemente com o objectivo de depois de conseguir alguma visibilidade, dar a sua explicação para os fenómenos. O falhanço rotundo dessa Sociedade não a impediu de mais tarde, explicar que muitos dos espíritos não eram mais que invólucros vazios, ou seja, o mero corpo astral desassociado dos princípios superiores, já em processo de decomposição e que muitas vezes era animado por elementais ou então pelo princípio vital dos médiums. Num outro post, poderemos abordar com mais detalhe e precisão este assunto, enquadrando também o tipo de mediunidade que era praticado naquele tempo e o que existe agora. Alguns dos mais ferozes inimigos (que foram inúmeros, como se sabe) de Blavatsky eram indivíduos ligados à corrente espírita. Para quem quiser saber mais sobre as diferenças entre a Teosofia e o Espiritismo relativamente à interpretação dos fenómenos mediúnicos, pode clicar aqui

O motivo deste post é o de fazer uma menção a um filme lançado no Brasil durante 2010, baseado numa das obras psicografadas por Chico Xavier,  chamada “Nosso Lar”. Este livro foi escrito em 1944, tendo sido supostamente ditado por um “espírito” chamado André Luiz. O filme que terá custado cerca de 9 milhões de euros, foi uma das produções mais caras de sempre do cinema brasileiro, contando com uma banda sonora da responsabilidade de Phillip Glass e ainda com efeitos especiais criados em estúdios norte-americanos. Alguns dos actores são nossos conhecidos, tendo já participado em novelas brasileiras transmitidas nos canais portugueses. A crítica especializada não foi meiga com o filme, mas quem se interessa por estes temas tem sempre alguma curiosidade em visionar a película. Fi-lo recentemente  e efectivamente tem algumas ideias interessantes, como seja a representação das dimensões mais baixas (e desagradáveis)  do plano astral. Quem conhece alguns dos ensinamentos teosóficos sobre os estados post-mortem, poderá associar o pano de fundo do filme ao kâma-loka, descrito no Glossário Teosófico (Editora Ground), como “o plano semimaterial, subjectivo e invisível para nós onde as personalidades desencarnadas, as formas astrais (...), permanecem até se desvanecerem totalmente, graças ao completo esgotamento dos efeitos dos impulsos mentais, que criaram estes eidolons [fantasma humano, a forma astral] das paixões e desejos humanos e animais.(...) É o limbo ou purgatório dos católicos romanos e o Summerland dos espíritas americanos. Kâma-loka é a região ou mansão do desejo (...) onde os restos astrais dos defuntos corrompem-se e se decompõem. Nesta região, as almas dos mortos que não são puras vivem até que os seus kâma-rûpas (formas de desejo) são abandonados por uma segunda morte e, ao se desintegrarem, verifica-se a separação dos princípios superiores (...). O kâma-loka é a primeira condição pela qual passa a entidade humana, depois da morte (...).
O Summerland acima referido popularizou-se na 2ª metade do século XIX, pelas mãos de Andrew Jackson Davis, clarividente norte-americano que descrevia a “Terra de Verão” como tendo cidades, formosos edifícios, museus, bibliotecas e onde os espíritos tinham uma vida aparentemente semelhante à da Terra, embora incomparavelmente mais feliz. É fácil estabelecer aqui um paralelo com as descrições de Chico Xavier.

Entretanto, o filme já chegou aos EUA, com o nome de "Astral City - A Spiritual Journey".  A Portugal, que eu saiba não, mas no mínimo parece-me um boa oportunidade de negócio, pois é natural que muito público português sinta curiosidade em visionar esta película.
Se bem que a percepção dos teosofistas sobre este processo tenha diferenças substanciais comparativamente aos espíritas, filmes que façam questionar sobre o sentido da vida (e da morte) são sempre bem-vindos. Quanto a Chico Xavier, apesar de eu não ser um leitor da sua extensa obra, há que referir que foi uma pessoa extremamente solidária e humilde, pronta a ajudar o próximo e a reduzir o sofrimento da espécie humana, não poupando em palavras de esperança e conforto. Sem dúvida, neste aspecto Chico é um exemplo a ser seguido. Divulgou extensamente os princípios do espiritismo, apoiado segundo dizia ele, pelos seus guias espirituais.
Aliás Chico Xavier teve direito também a ver a sua vida retratada em filme, por sinal cinematograficamente mais bem conseguido que “Nosso Lar”. Esta película foi também lançada em 2010.
Abaixo ficam os trailers de ambas as obras.


NOSSO LAR



CHICO XAVIER


Para o futuro, fica a promessa de outros posts sobre filmes que abordam temáticas ligadas aos pontos de foco do Lua em Escorpião.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Paralisia do Sono ou Catalepsia Projectiva?

Pessoalmente, e desde muito jovem, aconteceram-me diversas experiências de paralisia do sono. Houve tempos em que acontecia quase todas as noites. Chegava a ter medo de dormir. Havia períodos em que isso sucedia com enorme frequência, e outros em que se tornava mais raro o fenómeno.
Na verdade cresci com isso, o que me incomodava muito.
Com o tempo fui procurando respostas e hipóteses explicativas para o problema. O que antes denominava de pesadelos assustadores começou a ser entendido a partir de outra perspectiva.
Quem nunca vivenciou uma experiência do género, não tem ideia do quanto pode ser assustadora.
Como se não bastasse a incapacidade de se mover, acrescenta-se um verdadeiro guião de um filme de terror. A sensação de que se encontram presenças estranhas no quarto, vozes, gritos ou gargalhadas sarcásticas, a visão de diabos e seres desconhecidos, peso sobre o peito e a certeza de que estamos realmente perdidos e de que não se pode pedir socorro, porque a voz não sai. Algumas situações são mais assustadoras do que outras, mas, em todas elas, a aflição é real e o medo está bem presente.
A paralisia do sono pode acontecer a qualquer individuo, e é uma experiência frequentemente relatada por pessoas comuns, e que não sofrem de distúrbios patológicos do sono. Pode ocorrer ao adormecer, e ao acordar, num período intermediário entre o sono e a vigília. Dura o tempo suficiente para que seja aterrador, uma vez que poucos minutos, ou simples segundos, podem durar uma eternidade de tormento.
De acordo com os especialistas, a verdadeira causa é a denominada atonia REM, que acontece quando o cérebro paralisa os músculos, a fim de evitar movimentos durante os sonhos. É uma forma de proteger o sonhador enquanto dorme.
O distúrbio acontece quando o cérebro paralisa os músculos antes no início do sono, mesmo que ainda não estejamos completamente adormecidos. Por outro lado, também surge ao acordar de um estado REM, visto que o cérebro se comporta como se ainda estivéssemos a dormir.
Então, nestas situações, vivenciamos alucinações derivadas dos próprios sonhos, que agora se confundem com a realidade, enquanto a pessoa sofre a paralisia.
A melhor forma de sair da situação é ficar calmo (o que é de facto extremamente difícil) e tentar mexer apenas um dedo, ou respirar profundamente.
Para a ciência, todas as visões, ruídos e estranhas vivências do desgraçado sofredor, são pura e simplesmente ilusões criadas pelo cérebro.
É evidente que as nossas crenças e experiências vividas, bem como o estado emocional de uma pessoa, influenciam os nossos sonhos e as ilusões que acontecem neste distúrbio.
No entanto, não gostaria de colocar de parte a possibilidade de estarmos perante outra realidade, a catalepsia projectiva, tal como defendem os projeciologistas. Ou seja, a possibilidade de estar perante um dos sintomas da saída da consciência do corpo físico.
Se bem que não se possa negar as influências das ilusões oníricas, parece-me viável que se olhe mais além.
Poderia contentar-me apenas com a explicação científica. Mas alguns indícios fizeram com que me inclinasse a analisar esta última possibilidade.
Parece-me importante considerar os factos, com algum discernimento, sem se deixar enredar em aparentes fantasias. Mas também não se deve colocar de lado hipóteses alternativas e, para isso, é oportuno manter o espírito aberto.
Um dos episódios que vivenciei, em Setembro de 1998, fez com olhasse para a catalepsia projectiva de forma bem mais atenta.
Tinha estado no curso de fim-de-semana, em que se debateram vários temas sobre espiritualidade.
Na altura travei conhecimento muito superficial com uma senhora, ainda jovem, que ali se encontrava. Praticamente mal falei com ela.
Nessa noite porém tive uma paralisia do sono muito aterrorizante. Fiquei em pânico e pedi ajuda mentalmente. Quem tem fé, acredite quem está a ler este artigo, começa logo a rezar…
Daí a um mês houve outro encontro de fim se semana, e fiquei a saber que a senhora em questão tinha algo a dizer-me.
Sem saber absolutamente nada do que se passara, contou-me que, precisamente durante a noite dessa minha paralisia, viu-me a flutuar e a pedir ajuda porque estava muito aflita.
Bom, talvez fosse apenas uma coincidência muito estranha. Ou seria telepatia? Mas o facto impressionou-me muito e iniciei as minhas pesquisas sobre a catalepsia projectiva.
Tinha praticamente todos os sintomas que eu nem sequer sabia serem de uma possível projecção. Na verdade, foi com uma enorme surpresa que descobri o quanto me encaixava nas explicações que ia descobrindo.
A paralisia do sono praticamente desapareceu, nos últimos anos. Agora, a sensação imediata é de estar a sair do corpo e de começar a flutuar. Outras vezes, tomo consciência que estou a deslocar-me a alta velocidade, atravessando o vento, e basta pensar em voltar para que seja, naturalmente, aspirada, para dentro do corpo físico. São mesmo estas as sensações que tenho, de “descolar” e “aterrar” no corpo, sem passar pela catalepsia propriamente dita. É bem mais rápido, quando acontece
Cuidadosamente, tento separar as vivências subjectivas de algum facto mais pontual, que possa ser indício de alguma objectividade, onde possa apoiar-me. É evidente que isso não implica que as experiências, ainda que impossíveis de provar, não sejam valiosas e transformadoras.
Nunca procurei projectar-me, nem pratico qualquer tipo de treinos. Acontece de forma espontânea, e nunca forço nada. Não me considero uma pessoa experiente no assunto, porque na verdade, não me dediquei a esse objectivo. Apenas quero compreender-me melhor. Continuo a deixar que tudo se passe no ritmo que tiver de acontecer.
Apresentei aqui diversas formas de considerar o fenómeno, como sendo real ou alucinatório (ou até uma mistura de ambas as possibilidades, dependendo da lucidez do interveniente). Parece-me importante que as pessoas tenham acesso a diferentes hipóteses de explicação, para decidirem em conformidade com as suas próprias experiências. Uma investigação constante é necessária e, actualmente, existem pesquisadores dedicados que estudam a projecção de consciência, pois o conhecimento amplia a nossa visão, e reflecte-se nas nossas opções de entendimento da Vida.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Projecção de Consciência

Projecção de consciência, viagem astral, desdobramento, experiência fora do corpo são algumas das designações utilizadas para definir a experiência pessoal de se sentir, conscientemente, fora do corpo físico.
O veículo imaterial através do qual a pessoa se manifesta numa outra dimensão é denominado de psicossoma, corpo emocional, ou corpo astral. Este, por sua vez, encontra-se ligado, energeticamente, ao corpo físico (soma) através do chamado cordão de prata, uma espécie de feixe luminoso que só se rompe no momento da morte.
Relatos e descrições deste tipo de experiências sempre existiram em diversas épocas, e culturas, ao longo dos séculos.
Entre os sintomas mais comuns, de uma projecção, encontramos:

Catalepsia projectiva – Sensação de não conseguir mexer-se. A pessoa fica paralisada, não consegue abrir os olhos, nem gritar.

Deslocamento energético – sensação de cair, ou de escorregar.

Ballonnement – Sensação de flutuar, de se dilatar como um balão.
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Ruídos Intracranianos – Zumbidos, barulhos intensos dentro da cabeça

Estado Vibracional – sensação de vibrar. A pessoa sente que que o corpo é sacudido intensamente.

O estado de lucidez de um projector é variável. A pessoa pode projectar-se, sem que disso tenha consciência, durante o sono, o que é mais frequente. Segundo a Projeciologia, todos nós somos projectores inconscientes enquanto dormimos.
O sonho lúcido é um estado intermediário, uma projecção em que o individuo não tem uma consciência plena. É como se a pessoa sonhasse acordada fora do corpo, sendo difícil libertar-se das alucinações oníricas.
A projecção lúcida é menos comum, e ocorre quando o indivíduo permanece totalmente consciente durante a experiência.
O campo da consciência não é simples de ser estudado. É mais fácil entender o que se passa no cérebro, como objecto de análise. A Projeciologia representa um desafio ao velho paradigma materialista e abre uma porta para um vasto campo de possibilidades. Mesmo que se possam reunir indícios e evidências, torna-se complicado submeter estes dados a provas e medidas objectivas, que rebatam a explicação apenas neurofisiológica do processo. Não obstante as dificuldades, as vivências pessoais não deixam de ser importantes pelo seu carácter transformador e exploratório da consciência humana.