Esta semana é publicada a 5.ª e penúltima parte do artigo de Barend Voorham sobre o Kali Yuga.
Continuando então a tradução...
Barend Voorham |
Kali-Yuga
como um ano de finalistas
É por essa razão que uma separação entre as pessoas
tem lugar no Kali-Yuga.
Um grupo de pessoas com uma nova mentalidade emerge,
enquanto outro grupo fica preso no passado. Este último grupo está ligado ao
estatuto que tem e não está preparado para percorrer a linha ascendente. É uma
mentalidade conservadora.
A nova mentalidade demonstra mais universalidade.
Estas pessoas estão dispostas a pisar novos trilhos e desenvolvem novos poderes
para fazê-lo.
Podemos comparar esta situação à de uma turma no seu
último ano. Agora é a altura. Os alunos estudaram durante alguns anos, mas
agora têm de prestar provas. A quantidade de trabalho de casa aumenta. Os
testes, que não eram tão levados a sério nos primeiros anos e não pareciam
muito importantes, são agora essenciais. Eles sobrecarregam o estado mental
criando tensão. Alguns candidatos não conseguem lidar com essa tensão e voltam
ao nível anterior. Devido à velocidade e pressão, um rápido declínio pode suceder.
Espera-se que aproveitem melhor futuras oportunidades, que logo surgirão.
Outras pessoas lidam melhor com a pressão e passam no exame. Então, novos
desafios aguardam-nas, num nível superior. O Kali-Yuga é como o ano de
finalistas. Os candidatos têm que se preparar gradualmente nos três Yugas
anteriores, mas é esta idade que lhes dá a oportunidade de terminarem com
sucesso os seus testes, para que possam avançar para a fase seguinte nas suas
vidas.
Portanto, no Kali-Yuga o novo grande Mahâ-Yuga da
nova raça-raiz começa. Contudo, uma nova raça não é exatamente a mesma coisa
que o Mahâ-Yuga.
Períodos
globais e raças-raiz
De acordo com a Theosophia,
a evolução da humanidade tem lugar em sete grandes movimentos cíclicos,
chamados de períodos globais. Em cada período global as pessoas têm a
possibilidade de desenvolver um dos sete princípios de consciência (ver esquema
dos “Sete Períodos Globais”). Por sua vez, cada um dos aspetos da consciência é
também setenário. O pequeno imita o grande.
Portanto, podemos por exemplo
dividir novamente o aspeto do desejo em sete sub-aspetos. Também podemos
subdividir cada período global em sete sub-períodos, que são chamados de
raças-raiz no jargão teosófico (neste diagrama mostramos as sete raças-raiz no
quarto período global).
Presentemente, a maior parte da humanidade está no
quarto período global e na quinta raça-raiz. No quarto período global, o desejo
(Kâma) está em desenvolvimento e, dado que estamos na quinta raça-raiz, o
aspeto intelectual do desejo em particular desabrocha. Se olharmos para a
mentalidade geral de hoje, também reconheceremos muito facilmente esta
caraterística. Não vivemos num tempo no qual muitas pessoas tentam satisfazer o
seus desejos através do intelecto? Não é este enorme desenvolvimento de
tecnologia atribuível a isto?
A meio de cada raça-raiz – quando a raça raiz está
no seu Kali-Yuga – a raça seguinte vem à existência: veja-se a figura abaixo.
Contudo, essa nova raça não aparece de um momento
para o outro. Muda a noite imediatamente para o dia, ou há um crepúsculo? Da
mesma forma, a nova raça vem gradualmente à existência. À medida que os
milénios passam, vai gradualmente aumentar a sua influência e tornar-se-á o
fator dominante no planeta.
A
transição de uma raça-raiz para outra
Vamos ilustrar isto com a transição da quarta para a
quinta – a atual raça-raiz.
A quinta raça-raiz surgiu no ápice da quarta
raça-raiz, a que – usando uma designação moderna – se chama de Atlante e viveu
na Atlântida, que foi mencionada por Platão em dois dos seus diálogos. Naquele
tempo, e muito mais do que hoje, fizemos do aspeto do desejo o poder dominante
nas nossas vidas. Era a época em que a humanidade estava mais afundada na
matéria e dependia do poder do desejo de modo mais acentuado do que hoje. O
desejo é a ponte entre os aspetos espirituais e os mais materiais. Sempre que
se está na quarta fase – quer seja o ciclo grande ou pequeno – existe um ponto
de viragem.
O poder do desejo, primeiro dirigido à matéria,
inclina-se para os aspetos espirituais. Isto significa que durante a fase da
Atlântida algumas pessoas começaram a ter outra mentalidade diferente da
habitual. Sem dúvida que eram consideradas esquisitas a princípio. Eram pessoas
estranhas, que se afastavam do padrão geral. Eram pessoas que tinham
desenvolvido mais o aspeto intelectual da sua consciência e portanto identificavam-se
menos com o desejo puro.
A certa altura, estas pessoas começaram a formar uma
comunidade. Isto não significa que se reuniram numa espécie de clube, mas que
seguiram orientações semelhantes, demonstrando formas de pensar semelhantes.
De facto,
cada mudança na mentalidade começa com um ser humano, ou com um pequeno grupo
de pessoas. Alguém vive de acordo com um certo conceito, uma certa ideia. As
pessoas são atraídas e desenvolvem a mesma mentalidade. Ao início, esse pequeno
grupo afasta-se da grande maioria. Contudo, o seu número aumenta e a certa
altura estas pessoas são tão numerosas como aquelas que ainda não vivem de
acordo com esta nova ideia. Portanto, durante um certo tempo existem duas
mentalidades diferentes, uma ao lado da outra.
Os ciclos entrecruzam-se. Podemos ver isso em todo o
lado. Não é como se o ciclo terminasse completamente e logo outro se iniciasse
imediatamente. Da mesma forma uma nova geração não toma o lugar de outra quando
esta desaparece. Habitualmente, um casal tem filhos quando está entre os vinte
e os quarenta anos de idade, ou seja, quando estão a meio do seu ciclo de vida.
Apenas quando a velha geração tem cinquenta, sessenta ou ainda mais anos, é que
a nova geração tornar-se-á o fator decisivo no mundo. Portanto, durante muito
tempo duas ou mais gerações coexistirão e viverão em conjunto. Aprendem uma com
a outra através de interação contínua. O mesmo acontece em ponto grande. Quando
os Atlantes estava no ápice da sua civilização – no seu Kali-Yuga – e quando
quase toda a humanidade estava nessa fase de desenvolvimento, as primeiras
pessoas da seguinte subfase – a quinta – na qual hoje vivemos, surgiram. A meio
de uma raça raça-raiz, a outra aparece.
Esse número de pessoas também cresce, e por fim, as
sementes da nova e quinta humanidade ficaram isoladas geograficamente. Agora há
uma raça-raiz sui generis. Cria a sua
comunidade com o seu próprio Swabhâva,
a sua caraterística individual. Entretanto, a antiga humanidade termina o seu
caminho em números cada vez mais pequenos e separa-se da nova humanidade. A
separação destas duas humanidades anda de mão em mão com as alterações
geográficas, dado que estes processos estão relacionados de modo muito próximo
com a vida da própria Terra, que também muda interna e externamente. Portanto,
as antigas massas de terra afundam e novas emergem.
Continua na próxima semana.
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