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sábado, 10 de dezembro de 2016

Kali-Yuga: uma idade de crescimento ou de decadência espiritual? (6.ª e última parte)

Terminamos hoje a tradução do artigo de Barend Voorham sobre o Kali Yuga. 

Naturalmente, a leitura das partes anteriores é imperativa.


A raça-raiz e o Mahâ-Yuga

Uma raça-raiz não é exatamente o mesmo que os Hindus designam por Mahâ-Yuga. Dado que mal a nova humanidade é formada, age como um grupo independente e separado e torna-se o poder dominante na Terra, ainda existirão pessoas com a velha mentalidade da quarta raça-raiz durante milhões de anos, até que a quinta raça-raiz atinja o seu Kali-Yuga e as primeiras pessoas da sexta raça-raiz se comecem a desenvolver. Só aí as pessoas da quarta raça irão desaparecer.

Elas desaparecem porque os corpos já não são adequados para a consciência expandida. O mesmo acontece com as roupas. Quando somos adolescentes, com treze ou catorze anos, já não conseguimos vestir as roupas da nossa infância. Esse tempo passou e essas roupas não mais são fabricadas, enquanto as roupas que estão à venda nas lojas são cada vez mais compradas.

Dito por outras palavras: toda a humanidade gradualmente incarna em novos veículos, os novos corpos da quinta raça-raiz. Isso aconteceu porque a mentalidade mudou, mas não acontece ao mesmo tempo para todos. Cada homem ou cada grupo tem o seu próprio andamento e determina o seu processo de desenvolvimento.

Existem líderes e retardatários. É por isso que existe sempre uma diferença no desenvolvimento entre as pessoas.


Líderes e retardatários

Levanta-se a questão de como é que são possíveis tantas diferenças individuais, enquanto as leis cósmicas ainda determinam os ciclos na Terra. Podemos comparar a totalidade da humanidade a um grupo de corredores; alguns vão à frente, existe um grande número a meio e finalmente há também os retardatários. Os líderes são já capazes de avançar para a fase seguinte da maratona (que aqui significa a quinta raça-raiz), enquanto a grande maioria não chegou ainda a essa fase.

Também podemos muito bem comparar a humanidade com uma turma de alunos. Para cada um ano letivo, existe um currículo definido. A partir de outubro aborda-se as frações, de fevereiro em diante as raízes quadradas e assim sucessivamente. Contudo, um aluno mais rápido pode já ter começado com as raízes quadradas em janeiro, enquanto outros não estão preparados para isso ainda em março. Ora, quando a determinada altura a maior parte dos alunos estão prontos para somas complicadas e é-lhes permitido usar as calculadoras, isso também terá influência nos alunos que não estejam ainda preparados para isso.

Embora as diferentes idades também apresentem o seu próprio “material de aprendizagem”, cada um determina a sua própria jornada evolutiva. A evolução da humanidade não é um processo automático, que acontece ao mesmo ritmo para todos. O indivíduo determina sempre se ele faz uso das possibilidades que se lhe apresentam. À medida que mais pessoas escolhem novas possibilidades, a certa altura a escala sobe para uma nova fase de evolução.

Então, dizemos que a humanidade está na quinta raça-raiz, porque essa nova mentalidade tornou-se o fator decisivo. Entretanto, metade da humanidade está ainda na quarta raça. Os contactos entre ambos os povos subsistem. Na verdade, a interação entre as culturas resulta em importantes lições de vida e cria uma forte atração em direção a uma nova fase evolutiva. De facto, as novas possibilidades, que a nova raça traz com ela, também têm a sua influência nos retardatários, tal como os melhores alunos de um determinado ano também influenciam os outros alunos.

No antigo épico da Índia, o Râmâyana, existem alusões a estas duas humanidades que existiram lado a lado e que a certa altura estiveram em guerra uma com a outra. De um lado, estavam Râma e os seus amigos, símbolo da nova humanidade, a quinta subfase, e do outro lado estavam os Râkshasas, liderados por Râvana, também apresentados como demónios ou gigantes. Eles representam os Atlantes, e em particular as gerações degeneradas.


Depois do Kali-Yuga

Viver no Kali-Yuga é viver dentro de uma panela de pressão. No final, a alta pressão resulta no isolamento geográfico das sementes de uma nova humanidade, enquanto a velha humanidade termina o seu percurso em números progressivamente decrescentes.

Esta nova humanidade, sendo de início uma pequena minoria está então no seu Satya-Yuga: a idade de ouro e pacífica, na qual tudo acontece quatro vezes mais devagar que no Kali-Yuga. Entretanto, milhões de pessoas estão ainda na fase antiga. A pouco e pouco, mais pessoas fluem para uma nova fase, pois embora nos influenciemos mutuamente, a evolução é sempre um processo individual.

Então, vem o momento no qual uma separação definitiva entre os dois tipos de humanidade tem lugar e que acontece em simultâneo com a alteração geográfica. Durante a transição da quarta para a quinta raça-raiz foi a água que transformou a superfície da terra; durante a transição da quinta para a sexta raça-raiz será principalmente o fogo, através dos vulcões e dos terremotos.

Embora só tenham passado 5.000 dos 432.000 anos que tem a totalidade do Kali Yuga, na Europa grandes alterações irão começar depois de cerca de 16.000 anos, de acordo com a Theosophia. Seguramente a separação não acontecerá de um dia para outro; acontecerá durante séculos. No final, grandes partes da superfície, entre outras, na Europa Ocidental, irão afundar, enquanto novas terras irão emergir.


Kali-Yuga: expetativa, esperança, desafio e progresso

Em todos estes processos, nunca deveremos esquecer que nós próprios somos aqueles que atravessamos estas fases. Nós próprios passamos de um estado autoinconsciente para um estado cada vez mais autoconsciente. Em todo este processo, o Kali-Yuga é indispensável. Esta nova sexta raça será de uma natureza mais nobre do que na fase em que estamos de momento. A sociedade será muito mais baseada na compreensão e na compaixão.

De modo a chegar a este estado mais evoluído espiritualmente temos de atravessar o Kali-Yuga. Separamos o ouro do ferro com o calor. A pressão tem que aumentar de modo a se atingir o espiritual.


Portanto, a nossa presente Era não precisa de ser uma Idade negra, pelo contrário, deve ser de expetativa, esperança, desafio e progresso. Somos capazes de escrever história. As oportunidades para crescimento, para dar impulsos espirituais aos nossos semelhantes, nunca foram tão grandes como agora. Só precisamos de fazer uso delas.

FIM

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