Esta organização é uma das mais ativas hoje em dia na promoção da Teosofia, embora só esteja efetivamente presente na Holanda e na Alemanha. A mesma é herdeira da chamada tradição de Point Loma. Em 1895 dá-se a cisão na Sociedade Teosófica. Judge forma a sua própria organização que irá assentar arraiais em Point Loma, na costa ocidental dos EUA. Seria palco de uma grande comunidade de teosofistas, cuja história é contada magistralmente neste artigo do San Diego Reader. Nos anos 50, já instalada noutro espaço (em Pasadena, depois de ter saído de Point Loma em 1942, por questões financeiras, tendo ainda se instalado em Covina até 1945), dá-se um problema na sucessão desta organização teosófica. William Hartley, derrotado nesse processo altamente controverso vai fundar uma nova organização, a ST Point Loma - Blavatskyhouse. Herman Vermeulen, é o seu presidente desde 1985.
Herman Vermeulen (foto retirada de: blavatskytheosophy.com) |
Antes de prosseguir para a 2.ª parte, recomenda-se a leitura da introdução que antecedeu a publicação da 1.ª parte, feita na semana passada.
Yugas
Como já foi explicado, no ilimitado só existem
pontos de início e de fim relativos. No Oriente, estes são descritos como a
inspiração e expiração da divindade Brahmâ. Quando Brahmâ expira, existe um
início relativo: a manifestação começa. Quando Brahmâ inspira há um fim
relativo: a manifestação cessa de existir. Contudo, depois de um período de
repouso, Brahmâ expira novamente e uma vez mais o Cosmos vem à existência.
Portanto, existe um processo cíclico contínuo de
expiração e inspiração. Temos de ver a noção de Yuga dessa perspetiva. Yuga é
uma palavra sânscrita, que literalmente significa “ciclo”. Um ciclo não é tanto
um círculo, mas uma espiral. Como numa escada em espiral, sobe-se em círculos.
Existe outra palavra sânscrita que expressa a mesma
ideia: Kala-Chakra, a roda do tempo.
O tempo gira como uma roda. As idades vão e vêm e voltam de novo. E sempre
retornam num nível ligeiramente superior.
Ora, esta roda gira numa determinada proporção, que
é 4, 3, 2, 1 ou repouso, e depois 4, 3, 2, 1 outra vez e assim por diante. De
acordo com a literatura Sânscrita estas proporções numéricas existem em todo o
lado na natureza. Aplicam-se da mesma forma à vida num planeta, a um sol, bem
como à vida da Terra, ou a uma fase da vida na Terra. Sempre encontramos esta
mesma relação do 4, 3, 2 e 1. Portanto, um ciclo consiste de quatro idades.
Os
quatro Yugas
O famigerado Kali-Yuga é uma destas quatro idades. É
parte de um grande ciclo de mais de 4 milhões de anos, chamado pelos Hindus de
Mahâ-Yuga, ou Grande Yuga. Mil Mahâ-Yugas constituem um ciclo de vida de um
planeta. Nesse Mahâ-Yuga estas quatro idades são assim designadas:
Satya-Yuga 4
Tretâ-Yuga
3
Dwâpara-Yuga
2
Kali-Yuga 1
Os números que colocámos à frente de cada idade
indicam as proporções entre estes quatro Yugas. Portanto, o Satya-Yuga –
literalmente a idade da verdade – é quatro vezes mais longa que a idade mais
curta, o Kali-Yuga.
De facto, não interessa a que ciclos se aplicam
estes rácios. Eles são universais, e portanto, aplicáveis à vida de um sistema
solar – a vida de Brahmâ – como à de um planeta, de um povo e até de homem. A
única coisa que precisamos de fazer é pegar nos números 4, 3, 2, 1 como ponto
de partida e por exemplo colocar um, dois, três ou dez zeros à frente. Quando
diz respeito a eras de pequena duração devemos colocar um ou mais zeros antes
de um ponto. Contudo, estes números também indicam as caraterísticas destes
Yugas, ou seja, estão associados com o
Dharma. Dharma significa Lei ou
Dever no sentido da lei natural divina. Portanto, também podemos entender o
Dharma como a religião, filosofia, ciência e ética verdadeiras. É a expressão
da perfeita harmonia e unidade. Quando o Dharma é praticado, temos uma
sociedade baseada na ética, dignidade humana, compaixão e respeito. As pessoas
vivem de acordo com as regras éticas universais.
Nas metáforas típicas dos Hindus diz-se que o boi do
Dharma – o símbolo da vivência de acordo com o Dharma – está apoiado nas quatro
patas no Satya-Yuga, em três no Tretâ-Yuga, em duas do Dwâpara-Yuga e apenas numa
no Kali-Yuga. Desta forma, a decadência, a degeneração da ética é salientada. (1)
Podemos encontrar uma ideia similar na Grécia
antiga. Aí, as quatro idades eram chamadas de Idades do Ouro, da Prata, do
Bronze e do Ferro. O nível interno da civilização decresce continuamente. Os
Babilónios devem ter conhecido também estas idades, avaliando pelo sonho de
Nabucodonosor mencionado na Bíblia (Daniel
2:32-33). Ele sonha com uma estátua gigante com uma cabeça dourada, peito de
prata, ventre de cobre e pernas de ferro. É uma representação simbólica da
evolução da humanidade, que se estende por mais de quatro idades.
Quanto
tempo duram estas idades?
Como já foi explicado, em princípio podemos aplicar
estes quatro Yugas a cada ciclo de vida, pequeno ou grande. Contudo, na maior
parte dos casos, eles são aplicados ao que se designa por Mahâ-Yuga.
A duração destes destas quatro idades é fornecida em
antigos textos Hindus como o Vishnu
Purâna. Aí, os números elementares 4, 3, 2 e 1 surgem novamente. Contudo,
cada uma das quatro idades tem uma fase inicial e outra terminal. Por outras
palavras, existe uma alvorada e um crepúsculo. Em Sânscrito, isso é designado,
respetivamente, por Sandhyâ e Sandhyânsa. A duração, quer da Sandhyâ quer da
Sandhyânsa é de um décimo do respetivo Yuga. Isso é explicitado na imagem
abaixo:
Caso queiramos saber quanto isto representa em anos
terrestres, há que multiplicar estes números por 360.
Este número está relacionado com a rotação de outros
planetas à volta do Sol. Afinal de contas, os ciclos na Terra estão
relacionados com os movimentos de outros corpos celestes. Existe uma relação
próxima entre o Sol e os planetas. Eles influenciam-se mutuamente.
Conforme mostra a tabela, existe uma regularidade
matemática nestes ciclos orbitais. Há uma correspondência entre as suas
frequências. Note-se que a tabela tem os números arredondados. Ao longo de
muitos séculos de existência, os planetas podem mudar ligeiramente a sua
velocidade de rotação. Isto tem a ver com o livre arbítrio, que todo o ser vivo
tem.
A rotação de Júpiter e
de Saturno tem a duração mais longa. Quando se multiplica os seus períodos
orbitais (12x30), obtemos o número 360. Um ciclo completo leva 360 anos
terrestres. Assim, para os planetas visíveis a partir da Terra, todas as
combinações possíveis estão identificadas.
É por esta razão que o número 360 era muito
importante para os Hindus e também para os Babilónios, os Maias e muitos outros
povos. Portanto, caso queiramos saber a duração dos Yugas em anos terrestres,
temos que multiplicar os anos divinos por 360. (ver quadro).
Continua na próxima semana.
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