O que é lembrar?
O que é, então, lembrar?
Significa: recordar-se de uma
impressão que foi produzida na nossa consciência. Estamos a recuperar uma
sensação, um pensamento ou uma visão para a consciência que perceciona.
Lembrar-se é trazer algo para o
alcance da nossa perceção outra vez: as perceções físicas, emocionais, mentais
ou impessoais.
Barend Voorham |
Memória: a capacidade de recordar imagens na nossa consciência
À capacidade para lembrar
chamamos de “memória”. Uma pessoa com uma boa memória pode lembrar-se das
coisas facilmente.
Como todos sabemos, existem
certas coisas das quais nos lembramos bem e outras que não. Existem crianças
que podem facilmente distinguir dezenas de marcas de automóveis com base apenas
nos faróis da frente, mas que não conseguem memorizar verbos irregulares do
Francês.
Isto está tudo relacionado com
aquilo que nos interessa ou atrai. O nosso foco é aquele onde as impressões são
produzidas mais profundamente. A nossa consciência está treinada para estar
ativa nesse plano, para que possa se recordar mais facilmente de determinadas
impressões feitas nesse mesmo plano. Indivíduos fortemente emocionais têm uma
maior propensão para recordar um insulto ocorrido há anos, enquanto uma pessoa intelectual esquecê-lo-á numa semana. Podemos portanto receber, de forma autoconsciente,
na nossa perceção, impressões particulares que estão numa das camadas da nossa
consciência. Recuperamos a capacidade de raciocínio matemático, recordamo-nos
de um nome, de um acontecimento ou da caracterização física de um determinado
local.
Memória: o local onde as impressões são feitas
No uso corrente da linguagem
também consideramos a “memória” como o local
onde determinada informação é guardada; a memória como o “arquivo da
consciência”. A isto, o materialista associaria de imediato o cérebro. O
cérebro é frequentemente comparado com um computador, porque no mundo digital
as pessoas também falam sobre memória, que é então expressa em kilo, mega, giga
e terabytes. Serão os nossos cérebros algum tipo de supercomputador?
Imagem da capa da revista Lucifer (nº3/2014) |
Cérebros: repositórios de informação?
Como ouvimos ontem [NT: este
texto resulta de uma palestra intitulada “Como a nossa consciência muda o nosso
cérebro?” no âmbito do simpósio da ISIS Foundation - International Study-centre
for Independent Search for truth] o cérebro é composto por dezenas de milhares
de milhões de neurónios ou células nervosas. Todas estas células têm ligações
com outras células. Estas ligações também se desconectam frequentemente. Isto
tudo acontece num processo muito complexo e dinâmico, muito mais dinâmico e
complicado do que o nosso computador pessoal. O modo como onde e quando esta
informação poderia ser guardada neste sistema complexo e dinâmico que é o
cérebro, é algo completamente desconhecido.
Em geral é assumido que a
informação é transferida de um lado do cérebro para o outro lado. Neste
contexto poder-se-ia falar de memória de curto e longo prazo. Dizem que tudo
aquilo que experienciamos ou aprendemos será gravado primeiro na memória de
curto prazo e depois na memória de longo prazo. Mas como pode a informação ser
gravada nas células cerebrais que mudam constantemente, que constroem e quebram
ligações constantemente – sinapses – entre si? Como podem estes neurónios
conter as nossas memórias? Pensamos que esta teoria não é lógica e portanto que
a memória não está localizada no nosso cérebro.
O cérebro é o instrumento dos pensamentos inferiores,
portanto é o instrumento da nossa
memória, especialmente nos seus aspetos inferiores. Nós, seres humanos,
pensadores, lembramo-nos dos nossos pensamentos. Pelo facto de vivermos neste
mundo material precisamos de um cérebro para moldar os nossos pensamentos
inferiores e para traduzi-los para o domínio exterior. Mas, assumir que a
memória reside no cérebro é acreditar que a música reside no rádio.
Herman Vermeulen é o líder da ST Point Loma |
A memória está em todo o lado
Mas se a memória não reside no
cérebro, onde poderia estar? A nossa resposta é: onde não poderia? A memória
está em todo o lado.
Se lembrar significa ter a
capacidade de trazer de volta impressões particulares à nossa perceção, então
toda a natureza visível e invisível pode permitir lembrar-nos dessas
impressões. Provavelmente já experienciámos isto.
Por exemplo, depois de muitos
anos, regressamos a um local que visitámos de férias quando éramos jovens.
Quando lá chegamos, recordar-nos-emos de forma precisa de todas as pessoas que
vimos, do que elas fizeram e do que nós fizemos. Outro exemplo: ouvimos uma
velha canção na rádio e lembramo-nos de certas ideias idealistas da nossa
juventude. O local das nossas férias e a canção são na verdade os lugares onde
as nossas memórias permanecem escondidas. Mas nunca conseguimos desconectar
estas circunstâncias da nossa própria consciência. Existe algo na nossa
consciência que se identifica com aquela canção e com aquele lugar em
particular. Por causa deles lembramo-nos novamente de certos pensamentos e sentimentos.
Tudo está interligado
Isto pode ser clarificado pelo
facto de existir uma Unidade essencial subjacente a toda a Natureza. Tudo está
ligado. Não estamos separados de nada. As nossas experiências, não são
portanto, nossa propriedade privada. Não estão armazenadas num arquivo privado
do qual só nós temos a chave. Na verdade todos têm acesso a elas.
Isto dever-nos-ia fazer perceber
a ampla responsabilidade que temos em relação à vida no nosso planeta. Por simplesmente
termos um pensamento, deixamos uma marca na Natureza viva. Podemos reencontrar
essa marca mais tarde – lembramo-nos – mas também é possível que outras pessoas
a atraiam para o seu campo de perceção. E, por Natureza, não se entenda apenas
a mera natureza visível, mas a totalidade da vida. Mais tarde isso será
explicado.
Continua na próxima semana.
The I.S.I.S Foundation has active co-workers everywhere.
ResponderEliminarThank you Paolo you are in the I.SI.S. team now ...
Valuable theosophical work can be found among the different traditions and that's I try to do...To publish in Portuguese the gems that I am able to find in TSPL, ULT, TSP and TS Adyar related websites.
Eliminar