Terminamos hoje a tradução de partes do artigo de 2004 do reputado cientista
e médico Pim van Lommel sobre as Experiências de Quase Morte (EQM), “About the continuity of our consciousness”. Recomenda-se naturalmente a leitura dos posts referentes às três partes anteriores.
Antes da conclusão, o Dr. van Lommel faz uma série de considerações
sobre questões médicas, descrevendo as paragens cardíacas e os efeitos da mesma
no corpo humano e também sobre neurofisiologia, tendo com pano de fundo a questão da
consciência funcionar ou não dentro do cérebro. Posteriormente ele introduz conceitos da física quântica para ajudar a explicar
alguns os episódios relacionados com as EQM.
De qualquer modo esta parte do artigo é
bastante mais técnica e não fundamental para o objetivo deste post. Avancemos pois para a parte final
do artigo.
A certa altura, escreve o Dr. Pim van Lommel:
“Poderá o nosso cérebro ser comparado a um aparelho de TV,
que recebe ondas eletromagnéticas e as transforma em imagem e som, ou como uma
câmara de filmar que transforma imagem e som em ondas eletromagnéticas? Esta
radiação eletromagnética detém a essência de toda a informação, mas apenas é
percetível aos nossos sentidos através de instrumentos adequados como uma câmara e
aparelho de TV.”
Conclusão
“De acordo com a nossa conceção, baseada nos aspetos reportados
sobre a consciência durante uma paragem
cardíaca, podemos concluir que a nossa consciência pode ser baseada em campos
de informação, consistindo de ondas que têm origem no espaço fásico.
Durante a paragem cardíaca, o funcionamento do cérebro e de outras células no
corpo para, devido à anóxia. Os campos eletromagnéticos dos nossos neurónios e de
outras células desaparecem e a possibilidade de ressonância, a interface entre
a consciência e o corpo físico, é interrompida.
Esta explicação altera fundamentalmente a nossa opinião
sobre a morte, devido à quase inevitável conclusão de que na altura da morte
física a consciência continuará a ser experienciada noutra dimensão, num mundo
invisível e imaterial, o espaço fásico, no qual todo o passado, presente e
futuro estão englobados. A pesquisa sobre EQM não nos pode dar provas
científicas irrefutáveis sobre esta conclusão, porque as pessoas que passaram por
EQM não chegaram a morrer, mas estiveram todas muito próximas da morte, privadas
de um cérebro em funcionamento.
Dr. Pim van Lommel, capa de revista |
A conclusão de que a consciência pode ser experienciada
independentemente da função cerebral pode muito bem induzir a uma grande
mudança no paradigma científico na medicina ocidental, e poderá ter implicações
práticas em efetivos problemas médicos e éticos tal como o cuidado prestado a
pacientes a morrer ou em coma, eutanásia, aborto e remoção de órgãos para
transplante a alguém no processo de morte com um coração a bater num corpo
quente, embora com diagnóstico de morte cerebral.
Ainda existem mais questões que respostas, mas, com base nos
aspetos teóricos acima mencionados da continuidade da nossa consciência obviamente
experienciada, devemos finalmente considerar a possibilidade que a morte, tal
como o nascimento, poderá ser uma mera passagem de um estado de consciência para
outro.”
E assim termina o artigo do Dr. Pim van Lommel.
Este texto já tem perto de dez anos e desde então as
pesquisas têm continuado, quer por parte do Dr. van Lommel, quer por parte de outros
investigadores. Recentemente, o médico e cientista canadiano Bruce Greyson conseguiu
fundos para uma investigação que poderá trazer informação crucial sobre esta
questão. Aqui a reportagem do canal de TV norte-americano WTVR (fica o
agradecimento a Odin Townley por esta
dica).
Além dos muitos livros que existem sobre esta matéria, o
primeiro dos quais publicado pelo também médico Raymond Moody Jr. em 1975, “Vida
depois da vida”, volta e meia a imprensa generalista pega no assunto normalmente
carregando na tónica do ceticismo ou do sensacionalismo. Contudo, em agosto de
2012, a revista portuguesa “Sábado” publicou um artigo intitulado “O mistério dos relatos sobre o céu”, por sinal bastante equilibrado. O artigo contém
alguns relatos semelhantes aos referidos no texto do Dr. van Lommel, mas que tiveram lugar em Portugal. O
papel do médico holandês é "desempenhado" pelo Dr. Manuel Domingos. O artigo da Sábado faz ainda referência à abordagem religiosa e também aos céticos.
O que diz a Teosofia
Recentemente, o Lua em Escorpião publicou um texto sobre o
processo pós-morte de acordo com a Teosofia original, que pode ser lido aqui (1ª parte) e
há algum tempo mais, um artigo também em duas partes traduzido do blog de Odin Townley,
a primeira das quais está aqui.
Em português, as melhores fontes são “A Chave para a Teosofia” e as “Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett”.
Em inglês, recomendo “When we die” e “After death consciousness and processes” de Geoffrey Farthing que compilam tudo o que existe escrito
por HPB e os Mahatmas (particularmente no segundo livro) sobre o que acontece
após a morte do corpo físico. Abaixo fica um video baseado no livro "When we die", produzido pela Blavatsky Trust, organização criada por Farthing e Christmas Humphreys.
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