Blavatskytheosophy.com é a página de
internet de um grupo de estudantes britânicos ligados à Loja Unida de
Teosofistas (LUT). Naquela página podemos encontrar um conjunto de artigos já
extenso, sendo que alguns deles expressam de modo simples e cristalino ideias
essenciais da Teosofia, com a vantagem (do meu ponto de vista) de respeitarem
escrupulosamente as ideias originais conforme foram transmitidas por Helena
Blavatsky, William Quan Judge e pelos Mahatmas através das suas Cartas
dirigidas a Alfred Percy Sinnett.
Helena Blavatsky (1831-1891) |
A referência que está no
parágrafo anterior não significa que apenas aquela literatura seja valiosa no
campo teosófico, pois muitos outros contribuidores expressaram aquelas noções
de maneiras quiçá até mais apelativas e compreensíveis, e sem contradizer os
postulados originais. Quem obviamente apresentar ideias contrárias deverá claramente
explicar porque o faz. Contudo, não há dogmas na Teosofia e tal como expressou
Blavatsky, as ideias propostas deverão “triunfar ou desmoronar-se por seus
próprios méritos” (vol.V, p.41, edição em português da Editora Pensamento).
O texto que será hoje traduzido (a primeira de duas partes) aborda a morte e o que sucede em seguida. Fala do caso geral e não aborda exceções.
Avancemos pois com a tradução, sendo que as imagens que intercalam o texto e respetivas legendas foram colocadas por mim. Agradeço ainda ao Matthew Webb a permissão dada para a tradução.
Avancemos pois com a tradução, sendo que as imagens que intercalam o texto e respetivas legendas foram colocadas por mim. Agradeço ainda ao Matthew Webb a permissão dada para a tradução.
“P: Eu sempre tive receio da
morte e de morrer. O que me acontecerá quando morrer, de acordo com os
ensinamentos da Madame Blavatsky e dos Mestres apresentados na Teosofia? O que
disserem eles sobre isto?
R: Antes de mais, não há nada com
que se preocupar. Você nunca morrerá.
A única parte de você que realmente morrerá quando a mudança ou transição vulgarmente
conhecida por “morte” tiver lugar é o corpo físico…e isto não é nada mais do
que o seu invólucro exterior, de qualquer modo.
Um excerto de um famoso poema de
Mary Elizabeth Frye diz: “Não fiques na
minha sepultura a chorar; eu não estou lá, eu não durmo…não fiques na minha
sepultura a chorar; eu não estou lá, eu não morri.”
Foto de Mary Elizabeth Frye (1905-2004) |
O verdadeiro “Eu” do nosso ser
nunca morrerá. O nosso corpo astral acabará por se desintegrar quando a última
partícula do corpo físico morto se desintegrar. Além disso, o prana (vitalidade,
energia vital) que anima agora o nosso corpo físico e mantém-nos encarnados
fisicamente, regressará depois da morte ao prana universal.
Mas apesar disso você – a alma –
nunca morrerá.
Nos últimos momentos da vida,
quando o corpo para todos os efeitos parece morto, tudo o que fizemos, dissemos,
pensamos e experienciámos na vida que terminou passará com perfeita clareza
perante a nossa visão interna. Veremos a absoluta justiça e equidade de tudo o
que nos aconteceu na vida e como tudo prosseguiu exatamente como devia, de
acordo com a infalível lei da causa e efeito, ação e reação, conhecida como
karma.
Então o “cordão de prata” que
liga o nosso corpo físico ao seu duplo astral vitalizante irá partir-se e é
isto que traz a verdadeira morte física. Isto causa um tal choque à alma que a
próxima parte do processo irá ter lugar de forma inconsciente para nós.
Mahatma KH, um dos Mestres que se comunicou por escrito com Sinnett, tendo abordado extensamente esta matéria |
Inconscientemente iremos entrar
no Kama Loka, que é a atmosfera psíquica ou “plano astral” que rodeia e que até
certo ponto interpenetra o plano físico.
O tempo que permaneceremos lá
será determinado por vários fatores mas principalmente pelo grau de
sensualidade e atração material que caracteriza a vida que terminou. O que lá
ocorre é a separação entre a nossa natureza inferior, sensual e material e a nossa
natureza mais espiritual e superior.
O lado mais inferior, sensual e
material da nossa natureza não pode entrar no estado celestial e portanto tem
de ser abandonado no estádio intermediário do Kama Loka. Quanto mais espiritual
e menos material e sensualmente estivermos direcionados e inclinados, mais
rapidamente este processo acontecerá. Poderá levar apenas alguns minutos, ou
então várias horas, dias, semanas ou meses – ou, menos frequentemente, vários
anos – dependendo da preponderância da natureza inferior sobre a superior.
Não estaremos conscientes
enquanto tudo isto acontece. Quando a separação entre a natureza inferior e
superior eventualmente ocorre, é designada, figurativamente falando, como a
“segunda morte”.
A.P.Sinnett (1840-1921) |
Isto inevitavelmente causará
maior choque à alma e portanto nós entraremos naquilo que é conhecido como o
“estado de gestação”, um período e estado de profundo repouso e recuperação
interna, semelhante ao sono mais profundo que se possa presentemente imaginar.
Não podemos especular sobre a duração
que isto possa ter, mas nalguns casos é bem longo do que se possa pensar.
Entretanto, os elementos da nossa
natureza inferior, agora aglutinados numa espécie de casca psíquica permanecem
no Kama Loka. A nossa alma – que em Teosofia é muitas vezes chamada de Ego,
usando esta palavra no seu sentido literal e verdadeiro – seguiu em frente e
uniu-se à sua natureza mais elevada e espiritual.
A casca no Kama Loka é conhecida
como Kama Rupa, o que significa “forma desejo”. É desprovida de alma e a
inteligência que nela sobrevive é básica e automática. Não tem consciência
individual própria. É apenas a amálgama das escórias da natureza inferior da
vida que acabou de terminar.
Continua na próxima semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário