Na semana passada, iniciámos a tradução do texto "A morte e a vida depois da morte", disponibilizado pelo site blavatskytheosophy.com que é gerido por grupo de estudantes ligados à Loja Unida de Teosofistas (LUT). O texto é claro e conciso, expressando a visão da chamada Teosofia original.
Continuemos pois com a 2ª e última parte do texto.
"Devemos esperar que nenhum dos
nossos amigos e entes queridos sobreviventes tente estabelecer contacto connosco
depois da morte do corpo físico. Será impossível para a nossa alma ser
alcançada ou se comunicar com aqueles que permanecem na Terra. As leis da
natureza asseguram que não seremos sujeitos a ou vítimas de esforços equivocados
daqueles que ficaram para trás em nos contactarem ou em nos trazerem de volta
às considerações físicas da vida terrena.
Qualquer tipo de espiritismo,
mediunidade e canalizações é sempre perigosa e prejudicial, particularmente para
as pessoas que o praticam.
Este livro de Matheson que inspirou um filme de cinema (e um post no Lua em Escorpião) descreve de forma curiosa o que se passa quando um medium contacta alguém que faleceu |
Embora essas pessoas muito
provavelmente não se apercebam, é apenas o nosso Kama Rupa que elas terão alguma
hipótese de alcançar. Elas irão confundir esta casca desprovida de alma com o
nosso eu verdadeiro, devido à sua capacidade em repetir automaticamente certos
factos, detalhes, características e informações que possuímos durante aquela
vida. O de tempo de vida do Kama Rupa no Kama Loka será prolongado como
resultado de tal interferência e situações e problemas indesejáveis poderão
eventualmente surgir. Talvez fosse prudente, antes de falecermos, pedirmos aos
nossos familiares e entes queridos que prometam não nos contactar depois de
partirmos.
O nosso eu verdadeiro
eventualmente emergirá do estado de gestação e entrará num estado beatífico a
que a Teosofia chama de Devachan. A consciência regressa à porta do Devachan.
Não é um local ou um plano mas um estado. É efetivamente bastante diferente das
conceções religiosas populares de Paraíso.
Mestre Morya, outro dos Mahatmas que também se comunicou por escrito com Sinnett |
Para já, toda a gente tem o seu próprio
estádio devachânico, criado por nós próprios involuntariamente a partir da
nossa própria consciência. É a exata representação e experiência daquilo em que
acreditámos e esperámos e o Paraíso idealizado como se estivéssemos ainda vivos
na Terra.
É um estado perfeito de extrema
felicidade, paz e alegria. Não há nem mesmo a mais leve sombra, sugestão, ou vestígio
de tristeza, deceção, sofrimento ou dor. Todos e tudo o que nós esperámos lá
estar vai lá estar, porque é a sua própria criação mental. Até mesmo os nossos
entes queridos que deixámos para trás na Terra quando morremos e que ainda
estão fisicamente vivos vão lá estar no nosso estado de Devachan. Eles não vão na
realidade lá estar, mas parecem lá estar,
tão vívida e realisticamente que nunca vamos estar inclinados a questionar o
assunto ou a duvidar da realidade da nossa experiência nem por um momento.
Isto é necessário para que aquele
seja um estado da maior felicidade possível para nós. Os entes queridos que falecerem
antes de nós também vão estar no nosso estado devâchanico, independentemente de
há quanto tempo isso sucedeu e até mesmo independentemente de já terem
reencarnado novamente.
Uma vez mais, eles não estarão
realmente lá, mas parecerão lá estar, tão perfeita, vívida e realisticamente
como quando estávamos com eles no plano físico. Alguns deles estarão no seu
próprio Devachan, ao mesmo tempo que estamos tendo o nosso, mas a lei da
justiça e felicidade perfeitas exige que cada um de nós tenha o nosso próprio
Devachan pessoal, que é inteiramente uma construção própria. Portanto, não há
interação ou comunicação efetiva
entre almas que partiram, mas seremos representados ali, de modo tão real como
em vida, no estado devachânico do nosso amado assim como eles vão estar no nosso.
Foto retirada de blavatskywatch.com |
No Devachan não há memória ou
consciência de ter morrido, ou mesmo de haver tal coisa como a morte.
Felicidade, paz e alegria prevalece infalivelmente durante todo o tempo. Sendo
uma experiência temporária, subjetiva e criada pelo próprio, ela é realmente um
tipo de sonho, mas um sonho tão vívido, tangível e bem definido como a vida na
Terra.
A duração da nossa estadia no
Devachan será exatamente de acordo com a quantidade e a força do Karma bom ou
positivo que acumulámos durante a vida anterior. Isto é o que sustenta e
prolonga a nossa experiência devachânica. Isto, naturalmente, varia muito de
pessoa para pessoa. Para uma pessoa o Devachan pode durar mil anos ou até mais.
Alternativamente, pode talvez durar centenas de anos ou apenas várias décadas.
Algumas pessoas regressam para a vida na Terra depois de poucos anos,
principalmente se a atração para a existência física e material é uma grande
força dentro da sua alma.
De qualquer forma, o nosso estado
devachânico acabará por começar a desvanecer-se e caminhar para o final, coincidindo
com o processo de reencarnação de nossa alma, desde a conceção, passando pela
gravidez e, culminando finalmente no nosso renascimento no plano físico.
Então teremos deixado e
descartado para sempre a personalidade e a persona da vida anterior e iremos
embarcar numa nova vida, encarnados em, através de, e como uma nova persona, moldada e determinada
pelo seu próprio Karma passado. E deste modo a jornada de evolução e de desdobramento
interno em curso continua. Como diz Krishna no Bhagavad Gitâ : "O fim de
nascimento é a morte, o fim da morte é o nascimento. "
Foto tirada de theosophywatch.com |
Eu espero que se sintam agora
reassegurados que a morte não é o fim e o nascimento não é o começo.
Este é um resumo e uma visão
geral do que H.P. Blavatsky e seus Adeptos Instrutores têm a dizer sobre a
morte e a vida após a morte. Quem pretender explorar os ensinamentos teosóficos
sobre a morte em maior detalhe, está convidado a dar uma olhada no artigo “Quando morremos”.
Outros artigos que tratam de alguns dos tópicos mencionados aqui incluem “Um
entendimento correto da reencarnação”, ”Um
entendimento correto do Karma”, “A natureza setenária do homem” e “O
perigo e a ilusão das canalizações”.”
E assim termina este artigo da
Blavatskytheosophy.com. Em breve, o Lua
em Escorpião publicará mais traduções para português deste site.