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sábado, 14 de setembro de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (10ª e última parte)

Termina hoje a tradução (adaptada) do texto “O Conde de St. Germain” de David Pratt.

Em maio de 1789 Cagliostro e a sua esposa chegaram a Roma. Os seus inimigos mandaram-lhe dois jesuítas que fingiam pretender a conversão à Maçonaria Egípcia. A 27 de dezembro, Cagliostro foi preso por praticar Maçonaria, uma ofensa nos Estados papais. Ele ficou detido no Castelo Sant’Angelo em Roma, onde foi algemado e acorrentado pelo pescoço. A sua mulher também foi detida, intimada a dar informações sobre Cagliostro e “confessar” tudo. Morreria num convento alguns anos mais tarde. O julgamento de Cagliostro perante a Santa Inquisição durou 15 meses. A 7 de Abril de 1791 ele foi condenado à morte. Os seus “crimes” incluíam ser um maçon e um “herege”. Todos os seus documentos, bens e parafernália relacionada com as suas atividades maçónicas foram queimados perante uma enorme quantidade de gente, incluindo os seus manuscrito sobre a Maçonaria Egípcia. Nesse momento algo de misterioso ocorreu:

“Um estranho, nunca antes visto por ninguém no Vaticano, apareceu e exigiu uma audiência privada com o Papa, mandando através do Cardeal Secretário uma palavra em vez de um nome. Ele foi recebido de imediato, mas apenas esteve com o Papa alguns minutos. Mal ele saiu, o Papa deu ordens para comutar a pena de morte para prisão perpétua na fortaleza chamada de Castelo de San Leo, acrescentando que esta mudança deveria ser conduzida no maior dos sigilos.

Na Fortaleza de San Leo, os captores de Cagliostro, com medo que ele escapasse, por vezes punham-no numa espécie de poço, em vez da sua cela de pedra. Ele foi fisicamente torturado, e terá morrido de apoplexia a 26 de agosto de 1795. Blavatsky reconta mais tarde as histórias que negam que ele tenha morrido nas celas da Inquisição, sugerindo uma fuga espetacular.

A fortaleza de San Leo nos Montes
Apeninos. No tempo de Cagliostro, o
único modo de lá chegar era sendo içado
numa espécie de cesto com o
auxílio de cordas e roldanas.


Comentando a vida de Cagliostro, Blavatsky diz:

“A causa raiz de todos os seus problemas foi o casamento com Lorenza [ou Seraphina] Feliciani, uma ferramenta dos Jesuítas, e duas causas menores, a sua extrema boa natureza e a confiança cega que colocava nos seus amigos, alguns dos quais tornaram-se traidores e nos seus mais encarniçados inimigos. 

(…) Foi a sua ligação com a Ciência Oculta Oriental, o seu conhecimento de muitos segredos – mortais para a Igreja de Roma – que trouxeram a Cagliostro, primeiro a perseguição dos Jesuítas e finalmente a severidade da Igreja.”

Os Jesuítas mais tarde espalharam o falso rumor que ele havia sido seu espião, mas não existem provas de que Cagliostro alguma vez tivesse envolvido em intriga política.

“Ele era simplesmente um ocultista e um maçon, e como tal era permitido sofrer às mãos daqueles, que aliando o insulto à injúria, primeiro o tentaram matar por prisão perpétua e depois espalharam o rumor de que teria sido um dos seus ignóbeis agentes.

Existem muitas passagens nas biografias de Cagliostro que mostram que ele ensinou a doutrina oriental dos princípios no homem, de “Deus” vivendo no homem, como uma potencialidade in actu (o “Eu Superior”), e em todo o ser vivo e até átomo, como uma potencialidade in posse. Essas passagens também serviram para mostrar que ele serviu os Mestres de uma Fraternidade que ele não podia nomear, devido ao seu juramento de que não o podia fazer.

G. de Purucker escreve:

“Que curioso é que Giuseppe Balsamo sugira uma influência de cura e que “Balsamo” correta ou erradamente possa ser atribuída a uma palavra semítica composta que significa “Senhor do Sol”-“Filho do Sol”, enquanto o nome hebreu José significa aumento ou multiplicação. Que curioso é que o primeiro professor de Cagliostro se tenha chamado Althotas, uma curiosa palavra contendo o artigo definido árabe “o”, com o sufixo grego “as” e contendo a palavra egípcia “Thoth”, que era o Hermes grego – o Iniciador! Que curioso é que Cagliostro tenha sido chamado de órfão, a criança infeliz da Natureza! Cada iniciado num certo sentido é mesmo isso, cada iniciado é um órfão sem pai, sem mãe, porque misticamente falando cada iniciado nasce a partir de si próprio. Que curioso é que os outros nomes pelo qual Cagliostro foi conhecido  em diferentes alturas tenham em cada instância um significado esotérico particular.
Para cada Cagliostro que aparece, existe sempre um Balsamo. Acompanhando de perto e na verdade inseparável de cada mensageiro está a sua sombra. Junto de cada Cristo aparece um Judas.”
Blavatsky dizia que o fim dele “não foi totalmente imerecido, pois Cagliostro foi infiel aos seus votos em alguns conceitos: saiu do estado de castidade e cedeu à ambição e ao egoísmo.”

G. de Purucker comenta:

“O falhanço de Cagliostro não foi resultado da vulgar paixão humana, nem da vulgar ambição humana, conforme entendem as pessoas estes termos….Existem às vezes mais tragédias na vida de um Mensageiro do que seria esperado, pois um Mensageiro jura obediência em ambas as direções – obediência à lei geral do seu karma, de que ele não se pode afastar um só passo, e obediência igualmente estrita à Lei daqueles que o mandaram… Sejam, portanto, caridosos no vosso julgamento desse grande e infeliz homem, Cagliostro!”

FIM


Um agradecimento final a David Pratt, pela autorização dada para a tradução dos seus excelentes textos para português.

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