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sábado, 21 de setembro de 2013

LIVROS – A Vida Antes da Vida, de Jim. B. Tucker

Terminei esta semana a leitura de “A Vida Antes da Vida – Uma Investigação Científica das Memórias Infantis de Vidas Anteriores”, de Jim B. Tucker. O livro, originalmente publicado em 2005 nos EUA, foi editado em Portugal pela Sinais de Fogo dois anos mais tarde, tal como sucedeu no Brasil, mas pela mãos da Editora Pensamento.

Capa da edição portuguesa

O Dr. Tucker é um pedopsiquiatra que trabalha na Divisão de Estudos de Personalidade da Universidade da Virgínia, continuando o trabalho feito pelo falecido pelo Prof. Ian Stevenson, cujas investigações sobre as memórias de crianças sobre pretensas vidas passadas constituem ainda um marco notável.

De referir que a unidade a que Tucker pertence, desenvolve também investigações sobre as experiências de quase-morte (EQM) e mediunidade, através do Dr. Bruce Greyson e da Drª Emily Kelly, respetivamente.

Prof. Ian Stevenson (1918-2007)


Como foi lançado em 2005, o livro beneficia ainda do contributo direto de Stevenson (que morreria dois anos mais tarde aos 98 anos de idade) através do prefácio. Ele escreveu: “Podemos facilmente pensar em objeções à reencarnação: a escassez de pessoas que realmente afirmam lembrar-se de uma vida passada, a fragilidade das memórias, a explosão populacional, o problema da relação mente-corpo, a fraude e outras. Jim Tucker aborda estas questões uma por uma e minuciosamente. O seu livro não se assemelha a qualquer outro porque não há nenhum precedente deste tipo. (…) Ele pede, quase exige, que os leitores avaliem com ele à medida que escreve e discute cada objeção à ideia de reencarnação.”(p.11 da edição portuguesa).

Efetivamente o livro segue uma abordagem de tipo científico, muita rigorosa e meticulosa. Por vezes, o leitor verá repetidos argumentos, tal é o cuidado que Tucker põe na análise das diversas explicações para os casos que apresenta.

Capa da edição brasileira


Na introdução, o pedopsiquiatra refere: “Desde há mais de quarenta anos que os investigadores pesquisam os relatos dessas crianças. Estão registados mais de 2 500 casos nos arquivos da Divisão de Estudos de Personalidade da Universidade da Virgínia. Algumas das crianças afirmaram ter sido membros falecidos da sua família, e outras descreveram vidas anteriores como estranhos. Num caso típico, uma criança muito pequena começa a descrever memórias de outra vida. A criança é persistente e frequentemente pede para ser levada para a sua outra família, num local diferente. Quando a criança fornece nomes ou pormenores suficientes sobre o local, a família dirige-se em muitos casos a esse local e descobre que as declarações da criança correspondem à vida de uma pessoa que morreu num passado recente.” (p.16).

Memórias espontâneas versus regressões

A descrição anterior é um resumo perfeito dos casos apresentados no livro, ou seja, estamos perante memórias espontâneas das crianças, que não são estimulados por qualquer processo de hipnose, em relação à qual Tucker considera tratar-se “de uma ferramenta pouco fiável, quer seja usada para descobrir memórias da vida presente, quer das vidas anteriores. A hipnose pode levar a memórias notáveis da vida presente, mas pode também produzir material de fantasia. Sob hipnose, o espírito tende a preencher os espaços em branco.” (p.265). O mesmo sucederá com certeza com as vidas passadas, pelo que se torna difícil discernir o que é real do que é fantasia. A razão principal do recurso à terapia regressiva a vidas passadas faz-se para tentar solucionar problemas de saúde, não se interessando a maior parte dos terapeutas pelo rigor histórico das descrições. Mas há exceções e em breve escreverei sobre isso, quando a abordar a obra deixada pela psicóloga e professora universitária norte-americana Helen Wambach.

Dr. Jim B. Tucker

Paralelismos com a Teosofia

O capítulo 1 inicia-se com a história de William, uma criança que alegava ser a reencarnação do avô, polícia morto a tiro cinco anos antes do nascimento de William. A criança tinha várias memórias sobre a educação da própria mãe, ministrada pela sua anterior personalidade. Sobre o período entre vidas referiu: “Quando morremos, não vamos diretamente para o Céu. Passamos por níveis diferentes - aqui, depois ali, depois ali”, uma afirmação curiosa para quem conhece a literatura teosófica sobre o período entre vidas. Note-se que o pouco tempo entre uma morte por acidente e a encarnação seguinte – outra confirmação do que ensina a teosofia – é algo transversal aos casos de morte violenta ou acidental que constituem a maior parte dos episódios descritos no livro de Tucker.

Outro aspeto interessante do livro de Tucker e que era também uma realidade na investigação do prof. Ian Stevenson tem a ver com as marcas e defeitos de nascença, pois “(…) muitos dos sujeitos dos (…) casos nascem com marcas (…) ou defeitos de nascença que correspondem a ferimentos no corpo da personalidade anterior, normalmente ferimentos fatais.” Num dos casos, a parte posterior do crânio da criança “(…) apresentava uma depressão parcial, e no mesmo local tinha uma marca de nascença. Quando começou a falar, afirmou que tinha sido um moleiro que morrera quando um cliente zangado [o] tinha assassinado.” (p.30). Obviamente que este tipo de descrições é depois confirmado e são vários os casos de crianças com este género de marcas normalmente resultantes de mortes violentas em vidas anteriores. Existe um caso, que foi investigado pelo prof. Stevenson onde uma marca foi encontrada no couro cabeludo de uma criança, marca essa nunca detetada pelos pais e que o eminente professor localizou na sequência da descrição feita pela criança sobre a sua própria morte.

As crianças normalmente começam a falar sobre as vidas passadas aos três anos e deixam de o fazer aos seis, sete anos (o que é curioso, dado que segundo HPB, “o corpo astral e físico existem antes do desenvolvimento da mente e antes do despertar de Atma. Isto ocorre quando a criança tem sete anos de idade” (Collected Writings W, Vol. X, p.218).

Em resumo, o livro é altamente recomendável, permitindo ao leitor obter informação sobre as investigações científicas num campo que é cuidadosamente evitado pela maior parte dos cientistas. Além do mais, permitirá o domínio de uma série de argumentos dificilmente rebatíveis relativamente à reencarnação.

Tucker, conforme anunciou no final desta obra, queria dedicar mais tempo à investigação de casos em território dos EUA. O resultado será novo livro a lançar em dezembro deste ano, que se intitulará “Return to Life: Extraordinary Cases of Children Who Remember Past Lives“. Podem ver uma entrevista do Dr. Tucker no video abaixo:




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