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sábado, 20 de julho de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (3ª parte)

Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde de St. Germain” de David Pratt.


Gleichen, um proeminente maçon, descreve Saint-Germain como “um homem de altura mediana, muito robusto, que se vestia com uma simplicidade magnífica e que era muito elegante”(…) Acrescenta:
Ele possuía segredos químicos, para a produção de cores, tintas e um metal semelhante ao ouro de rara beleza…Ele mantinha um regime rigoroso, nunca bebendo enquanto comia, purgando-se com laxantes naturais (sene), que preparava ele próprio, e era tudo o que recomendava àqueles que lhe perguntavam o que deveriam fazer para prolongar as suas vidas.”

Várias pessoas relatavam que Saint-Germain parecia ter 40 a 60 anos em 1759. Uma das razões porque as pessoas pensavam que ele era mais velho mas não parecia, era porque, segundo dizia Gleichen em segunda mão, o compositor Jean-Phiilipe Rameau e um parente idoso de um embaixador francês em Veneza, ambos conheceram Saint-Germain em França. Mas também disseram que o tinham conhecido em Veneza em 1710, aparentando 50 anos, enquanto que em 1759 parecia um homem de 60. As pessoas assumiam que a dieta vegetariana de Saint-Germain e a ingestão regular de um chá contendo vagens de sene tinha-lhe permitido viver até uma idade invulgar. Era devido à sua dieta especial que ele nunca era visto a comer em público.

Mme. Du Hausset, uma dama de companhia de Mme. De Pompadour, disse que Saint-Germain “não era forte nem magro”, “vestia-se de forma simples, mas com bom gosto” e “tinha diamantes muito belos nos seus dedos bem como na sua caixa de rapé e no seu relógio”. Saint-Germain alegadamente disse-lhe: “Às vezes divirto-me, não fazendo as pessoas acreditar, mas em deixá-las acreditar que eu vivi nos tempos mais antigos”.

(…) Como muita gente testemunhou, Saint-Germain tinha um processo secreto para remover falhas dos diamantes e melhorar a sua cor e brilho. Numa ocasião o Rei mostrou-lhe um dos seus diamantes que tinha uma falha. Valia 6 mil livres, mas sem a falha valeria mais de 10 mil (cerca de 92 mil euros). Saint-Germain disse que conseguia eliminar a falha, e trouxe o diamante um mês mais tarde, embrulhado em amianto, sem a falha. Tinha o mesmo peso que antes. O joalheiro ofereceu 9600 livres por ele, mas o Rei preferiu guardá-lo como uma curiosidade.

Hoje em dia, a cor e brilho dos diamantes pode ser melhorado através da irradiação de elétrons ou neutrões e diamantes defeituosos podem ser melhorados se mergulhados em poderosos ácidos, isto se as falhas forem acessíveis através de uma rachadura. Não possuímos os detalhes das técnicas usadas por Saint-Germain, ele poderá ter usado ácidos (que eram amplamente usados no tingimento) e /ou outros processos elétricos, químicos ou alquímicos.

4. Missão de Paz

Por volta de 1760 Saint Germain participa num conjunto de manobras diplomáticas que tinham como objetivo fazer a paz com a Inglaterra, anulando a aliança com a Áustria, país governado pelos Habsburgos e cujo domínio sobre a Europa Saint-Germain não apreciava.

Numa carta a Frederico, o Grande, um diplomata da Prússia falava sobre Saint-Germain da seguinte forma:

“Ele é uma espécie de aventureiro, que tem vivido na Alemanha e Inglaterra como Conde de Saint-Germain, que toca violino excelentemente, mas que também trabalha por trás das cortinas, e por isso fica com uma boa imagem…
O Conde deve presentemente desempenhar um grande papel na Corte de Versalhes, participando nas reuniões íntimas do Rei e da Marquesa [de Pompadour]…[E]le parece ter comunicado ao Rei de França algumas descobertas curiosas que ele fez através da química, entre outros segredos de tingimento rápido de cores.”

Willem Bentinck, um membro do parlamento holandês comentava sobre St. Germain:

“A sua conversa agradou-me bastante, por ser extremamente brilhante, variada e cheia de detalhes com respeito a diferentes países onde havia estado, muitas historietas interessantes e eu estava extremamente agradado com o seu julgamento sobre pessoas e lugares do meu conhecimento. Os seus modos eram extremamente polidos e falava com um homem instruído da classe mais alta.
Eu pressionei-o com questões, a que ele respondeu rápida e claramente”.

Willem Bentinck (foto wikipedia)


Na verdade, muitas pessoas comentavam sobre a loquacidade e competência de Saint-Germain como um contador de histórias.

Sobre a imensa idade de Saint-Germain, o Conde Kauderback, um representante do Rei da Polónia em Haia comentou em 1760:

“A verdade é que um membro do Conselho Geral que tem cerca de 70 anos disse-me que viu este extraordinário homem na casa do seu pai quando ele era apenas uma criança, e no entanto, ele mantém os movimentos soltos e ágeis de um homem trintão. As suas pernas estão sempre prontas a dar uma volta, ele tem o seu próprio cabelo negro e que cresce em toda a sua cabeça e mal tem uma ruga na sua cara. Ele nunca come carne, exceto um pouco de carne branca de galinha e limita a sua nutrição a cereais, vegetais e peixe. Ele toma grandes cuidados com o frio.”

O conde Kauderback acrescenta que Saint-Germain alegava ter aprendido “os mais belos segredos da Natureza”, era extremamente rico e tinha-lhe mostrado pedras de valor inestimável.

Um dos grandes opositores de Saint-Germain foi o duque de Choiseul, que chegou a ser ministro dos Negócios estrangeiros francês.

Também em 1760 Choiseul escrevia ao embaixador francês em Haia, D’ Affry que uma carta que Saint-Germain havia escrito a Mme. De Pompadour “era suficiente por si só para demonstrar quão absurda é esta personagem; um aventureiro de primeira ordem e ainda por cima muito estúpido”.

“Você tem ordens minhas para avisá-lo que se me chegar aos ouvidos que ele se intrometeu em política, muito ou pouco, eu obterei uma ordem do Rei que, caso regresse a França fará com ele passe o resto dos seus dias numa masmorra…”

Mais tarde Saint-Germain comentaria:

“Ele (d’Affry] não percebe que eu tenho passado pelo meio de elogio e culpa, medo e esperança e não tenho outro objetivo que não seja o bem da humanidade, fazer o melhor possível pela humanidade. O Rei sabe bem isso, e eu não tenho medo dos senhores D’Affry ou Choiseul.

Mas Saint-Germain acabaria por ser traído e o seu papel como mediador de paz foi abortado. Luís XV recuou perante Choiseul e Saint-Germain foi sacrificado, fugindo para Inglaterra. É lá que recebe uma carta de um amigo holandês, o Conde de la Watu.

“(…) Eu ponho seja o que for em jogo e farei todos os esforços imaginários para prestar a minha homenagem a você pessoalmente, pois não me passa despercebido o facto, Senhor,  de seres o maior da Terra, e fico mortificado por gente malvada se ter atrevido a vos causar problemas. Ouvi que dinheiro e intrigas foram empregues contras as vossos esforços de paz.”

Mas as autoridades inglesas também não querem Saint-Germain no seu país e ele acaba por voltar a terras holandesas.


Continua na próxima semana…

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