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sábado, 27 de julho de 2013

Conferência internacional de Teosofia aborda o “despertar da compaixão”

Mais importante do que aquilo que separa os teosofistas, é o que os une. É neste espírito que se realizam as “International Theosophy Conferences” (ITC) que juntam teosofistas das diferentes tradições que foram surgindo depois do falecimento de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), a principal impulsionadora do movimento teosófico moderno.

Conforme escreve aqui o atual presidente das ITC, Garrett Riegg, as ITC têm vários propósitos: a partilha dos ideais e conceitos teosóficos, a promoção da amizade e fraternidade entre estudantes de teosofia de todo o mundo e a construção de pontes de entendimento e de apoio mútuo entre os líderes de diferentes organizações teosóficas. Tudo isto num ambiente descontraído, cheio de energia positiva e com convidados de renome. Este ano o convidado principal é Dean Radin, um renomado cientista que tem dedicado muito do seu trabalho à investigação dos poderes psíquicos do ser humano.

Dean Radin


As ITC começaram de forma praticamente informal em 1995, pelas mãos de uma teosofista da Loja Unida de Teosofistas, chamada Willie Dade, que juntava num fim-de-semana de cada ano, teosofistas do Arizona, da Costa Oeste dos EUA e da Europa. Com os anos, as ITC passaram a ser mais organizadas e difundidas, tendo em 2008 adotado o nome pelo qual são conhecidas atualmente. Nos últimos 4 anos, apenas em 2010 a ITC se realizou fora dos EUA, precisamente em Haia, na Holanda.

Este ano o local escolhido foi o Bohemian National Hall em Nova Iorque, estando convidados 30 oradores que irão apresentar as suas comunicações entre os dias 8 e 11 de agosto. O tema desta 15ª ITC é “Como despertar a compaixão? – HPB e a eterna Doutrina Secreta”. Estão a ser feitos esforços para que nas próximas edições o evento possa sair mais vezes dos EUA.

Bohemian National Hall em Nova Iorque


Para aqueles que não tiverem possibilidade de se deslocar a Nova Iorque para assistir à Conferência Internacional de Teosofia, será possível seguir a transmissão via internet através desta página.

Textos de alguns dos oradores podem ser encontrados no histórico do Lua em Escorpião. No primeiro dia da Conferência, 8 de agosto, fala Barend Voorham, da Sociedade Teosófica de Point Loma-Blavatsky House, autor de um texto sobre o Râja e Hatha Ioga, publicado neste blog. Voorham vai falar sobre a “Teosofia e a compaixão no mundo de hoje”. No mesmo dia, um pouco mais tarde falará Jerry Hejka-Ekins, que fez a introdução ao conhecido texto de J.J. van der Leeuw “Realização ou Revelação: O Conflito na Teosofia”, também publicado este ano no Lua em Escorpião. Hejka-Ekins faz parte de um painel que integra também Ed Abdill, autor de vários livros sobre Teosofia e um experiente palestrante. Neste painel falar-se-á da “Unidade na Diversidade”.

Ed Abdill


No dia seguinte, Jan Nicolaas Kind, que tem este e este textos publicados no Lua em Escorpião, fará parte de um painel que discutirá a “Unidade”. Nesse dia, dois autores mais conhecidos do grande público também apresentam comunicações: Mitch Horowitz, editor-chefe da divisão dedicada a literatura metafísica da famosa editora Penguin, falará sobre a “Nova Iorque Oculta” e Dean Radin, de quem já falámos acima, apresenta o seu novo livro: Supernormal: Science, Yoga, And The Evidence For Extraordinary Psychic Abilities”.

Mitch Horowitz

No dia 10, April Hejka-Ekins, que fez há algum tempo uma palestra (ver video abaixo) sobre a ética nos escritos de HPB que serviu de base a um texto do Lua em Escorpião, fará um workshop, também na ITC, sobre “A arte perdida da Compaixão”. Antes, Barend Voorham terá nova apresentação desta vez sobre “Religião, misticismo, educação e compaixão”.



Outro palestrante já nosso conhecido é Odin Townley, de quem vários textos já foram aqui traduzidos. Juntamente com Clancy McKenzie, Odin abordará os “Sete tipos de sonhos e sonhos programados”.

Odin Townley

O resto do programa – e friso que os destaques acima foram feitos apenas tendo em conta que são teosofistas com textos publicados no Lua em Escorpião e por isso nossos conhecidos – pode ser visto aqui e é efetivamente de grande qualidade. Neste documento podem também ser encontradas breves notas biográficas sobre os palestrantes.

Vamos aguardar então pelo próximo dia 8 de agosto, esperando que a transmissão via internet se realize para todos aqueles que não puderem se deslocar a Nova Iorque usufruam deste fantástico evento.

E… não esquecer nunca que aquilo que nos une é infinitamente maior do que aquilo que nos separa! 

sábado, 20 de julho de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (3ª parte)

Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde de St. Germain” de David Pratt.


Gleichen, um proeminente maçon, descreve Saint-Germain como “um homem de altura mediana, muito robusto, que se vestia com uma simplicidade magnífica e que era muito elegante”(…) Acrescenta:
Ele possuía segredos químicos, para a produção de cores, tintas e um metal semelhante ao ouro de rara beleza…Ele mantinha um regime rigoroso, nunca bebendo enquanto comia, purgando-se com laxantes naturais (sene), que preparava ele próprio, e era tudo o que recomendava àqueles que lhe perguntavam o que deveriam fazer para prolongar as suas vidas.”

Várias pessoas relatavam que Saint-Germain parecia ter 40 a 60 anos em 1759. Uma das razões porque as pessoas pensavam que ele era mais velho mas não parecia, era porque, segundo dizia Gleichen em segunda mão, o compositor Jean-Phiilipe Rameau e um parente idoso de um embaixador francês em Veneza, ambos conheceram Saint-Germain em França. Mas também disseram que o tinham conhecido em Veneza em 1710, aparentando 50 anos, enquanto que em 1759 parecia um homem de 60. As pessoas assumiam que a dieta vegetariana de Saint-Germain e a ingestão regular de um chá contendo vagens de sene tinha-lhe permitido viver até uma idade invulgar. Era devido à sua dieta especial que ele nunca era visto a comer em público.

Mme. Du Hausset, uma dama de companhia de Mme. De Pompadour, disse que Saint-Germain “não era forte nem magro”, “vestia-se de forma simples, mas com bom gosto” e “tinha diamantes muito belos nos seus dedos bem como na sua caixa de rapé e no seu relógio”. Saint-Germain alegadamente disse-lhe: “Às vezes divirto-me, não fazendo as pessoas acreditar, mas em deixá-las acreditar que eu vivi nos tempos mais antigos”.

(…) Como muita gente testemunhou, Saint-Germain tinha um processo secreto para remover falhas dos diamantes e melhorar a sua cor e brilho. Numa ocasião o Rei mostrou-lhe um dos seus diamantes que tinha uma falha. Valia 6 mil livres, mas sem a falha valeria mais de 10 mil (cerca de 92 mil euros). Saint-Germain disse que conseguia eliminar a falha, e trouxe o diamante um mês mais tarde, embrulhado em amianto, sem a falha. Tinha o mesmo peso que antes. O joalheiro ofereceu 9600 livres por ele, mas o Rei preferiu guardá-lo como uma curiosidade.

Hoje em dia, a cor e brilho dos diamantes pode ser melhorado através da irradiação de elétrons ou neutrões e diamantes defeituosos podem ser melhorados se mergulhados em poderosos ácidos, isto se as falhas forem acessíveis através de uma rachadura. Não possuímos os detalhes das técnicas usadas por Saint-Germain, ele poderá ter usado ácidos (que eram amplamente usados no tingimento) e /ou outros processos elétricos, químicos ou alquímicos.

4. Missão de Paz

Por volta de 1760 Saint Germain participa num conjunto de manobras diplomáticas que tinham como objetivo fazer a paz com a Inglaterra, anulando a aliança com a Áustria, país governado pelos Habsburgos e cujo domínio sobre a Europa Saint-Germain não apreciava.

Numa carta a Frederico, o Grande, um diplomata da Prússia falava sobre Saint-Germain da seguinte forma:

“Ele é uma espécie de aventureiro, que tem vivido na Alemanha e Inglaterra como Conde de Saint-Germain, que toca violino excelentemente, mas que também trabalha por trás das cortinas, e por isso fica com uma boa imagem…
O Conde deve presentemente desempenhar um grande papel na Corte de Versalhes, participando nas reuniões íntimas do Rei e da Marquesa [de Pompadour]…[E]le parece ter comunicado ao Rei de França algumas descobertas curiosas que ele fez através da química, entre outros segredos de tingimento rápido de cores.”

Willem Bentinck, um membro do parlamento holandês comentava sobre St. Germain:

“A sua conversa agradou-me bastante, por ser extremamente brilhante, variada e cheia de detalhes com respeito a diferentes países onde havia estado, muitas historietas interessantes e eu estava extremamente agradado com o seu julgamento sobre pessoas e lugares do meu conhecimento. Os seus modos eram extremamente polidos e falava com um homem instruído da classe mais alta.
Eu pressionei-o com questões, a que ele respondeu rápida e claramente”.

Willem Bentinck (foto wikipedia)


Na verdade, muitas pessoas comentavam sobre a loquacidade e competência de Saint-Germain como um contador de histórias.

Sobre a imensa idade de Saint-Germain, o Conde Kauderback, um representante do Rei da Polónia em Haia comentou em 1760:

“A verdade é que um membro do Conselho Geral que tem cerca de 70 anos disse-me que viu este extraordinário homem na casa do seu pai quando ele era apenas uma criança, e no entanto, ele mantém os movimentos soltos e ágeis de um homem trintão. As suas pernas estão sempre prontas a dar uma volta, ele tem o seu próprio cabelo negro e que cresce em toda a sua cabeça e mal tem uma ruga na sua cara. Ele nunca come carne, exceto um pouco de carne branca de galinha e limita a sua nutrição a cereais, vegetais e peixe. Ele toma grandes cuidados com o frio.”

O conde Kauderback acrescenta que Saint-Germain alegava ter aprendido “os mais belos segredos da Natureza”, era extremamente rico e tinha-lhe mostrado pedras de valor inestimável.

Um dos grandes opositores de Saint-Germain foi o duque de Choiseul, que chegou a ser ministro dos Negócios estrangeiros francês.

Também em 1760 Choiseul escrevia ao embaixador francês em Haia, D’ Affry que uma carta que Saint-Germain havia escrito a Mme. De Pompadour “era suficiente por si só para demonstrar quão absurda é esta personagem; um aventureiro de primeira ordem e ainda por cima muito estúpido”.

“Você tem ordens minhas para avisá-lo que se me chegar aos ouvidos que ele se intrometeu em política, muito ou pouco, eu obterei uma ordem do Rei que, caso regresse a França fará com ele passe o resto dos seus dias numa masmorra…”

Mais tarde Saint-Germain comentaria:

“Ele (d’Affry] não percebe que eu tenho passado pelo meio de elogio e culpa, medo e esperança e não tenho outro objetivo que não seja o bem da humanidade, fazer o melhor possível pela humanidade. O Rei sabe bem isso, e eu não tenho medo dos senhores D’Affry ou Choiseul.

Mas Saint-Germain acabaria por ser traído e o seu papel como mediador de paz foi abortado. Luís XV recuou perante Choiseul e Saint-Germain foi sacrificado, fugindo para Inglaterra. É lá que recebe uma carta de um amigo holandês, o Conde de la Watu.

“(…) Eu ponho seja o que for em jogo e farei todos os esforços imaginários para prestar a minha homenagem a você pessoalmente, pois não me passa despercebido o facto, Senhor,  de seres o maior da Terra, e fico mortificado por gente malvada se ter atrevido a vos causar problemas. Ouvi que dinheiro e intrigas foram empregues contras as vossos esforços de paz.”

Mas as autoridades inglesas também não querem Saint-Germain no seu país e ele acaba por voltar a terras holandesas.


Continua na próxima semana…

sábado, 13 de julho de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (2ª parte)

Continuamos com a tradução (adaptada) do texto “O Conde de St. Germain” de David Pratt.

2. Em Inglaterra

“O primeiro traço histórico do Conde de Saint-Germain parece ser uma carta escrita a 22 de Novembro de 1735 em Haia por alguém que assina ‘P.M. de Saint-Germain’.(…) Um francês com o nome de Morin, então embaixador em Haia, disse que tinha lá conhecido Saint-Germain em 1735, e que tornou a encontrá-lo em França antes de 1760, tendo ficando surpreso pelo facto de Saint-Germain não parecer ter envelhecido mais do que ano.

Saint-Germain aparece depois em 1745, em Inglaterra, onde foi preso por suspeita de ser um espião. “ Foi neste ano que um jovem político Whig, chamado Horace Walpole escreveu uma carta a um compatriota:
“Há dias prenderam um estranho homem, que dá pelo nome de Conde de St. Germain. Ele está cá há dois anos, e não nos diz quem é nem de onde vem, mas professa duas coisas maravilhosas, que o nome pelo qual é conhecido não é o verdadeiro e que nunca teve um relacionamento com qualquer mulher – e nem com um sucedâneo [substituta]. Ele canta, compõe, toca maravilhosamente violino, é louco e não muito sensato. 
Dizem que é italiano, espanhol, polaco, alguém que casou com uma grande fortuna no México e fugiu com as suas jóias para Constantinopla. Dizem ainda que é um padre, um violinista, um grande nobre. O Príncipe de Gales tem manifestado uma curiosidade insaciável sobre ele, mas em vão.”

Num relatório datado de 21 de dezembro de 1745, um diplomata francês em Londres declarava que Saint-Germain “conhece todas as pessoas em altas posições, incluindo o Príncipe de Gales. Fala diversas línguas, francês, inglês, alemão, italiano, etc… é muito bom músico e toca vários instrumentos. Diz-se ser siciliano e de grande riqueza. O que tem levantado suspeitas sobre ele é o facto de deixar boa imagem aqui, recebendo grandes somas de dinheiro e liquidando todas as contas com tal rapidez que nunca precisa de ser recordado do facto. Ninguém imagina que um homem que era simplesmente um senhor, possa dispor de tão vastos recursos, a menos que ele trabalhe como espião. Ele foi deixado no seu apartamento sob guarda de um “State Messenger”, mas não se encontraram documentos na sua residência ou nele próprio que forneçam o mínimo de provas contra. Foi interrogado pelo Secretário de Estado [o duque de Newcastle], a quem ele não fornece uma explicação sobre si próprio que seja satisfatória, persistindo na recusa em declarar o seu verdadeiro nome, título ou ocupação, a não ser ao próprio Rei, pois como ele diz, o seu comportamento não tem sido de nenhum modo contrário às leis deste país, e é contra o direito comum privar a um estrangeiro honesto da sua liberdade sem formular uma acusação.
Pouco tempo depois foi libertado livre de acusações.”
(…)

O Duque de Newcastle (foto wikipedia)


Após 1745, nos doze anos seguintes o paradeiro preciso de Saint-Germain e as suas atividades são de natureza incerta. As suas próprias declarações indicam que ele estava provavelmente a desenvolver técnicas manufatureiras na Alemanha, principalmente na área do tingimento. Em 1755 ele esteve envolvido na promoção de uma máquina inventada por um francês para assoreamento e aumento da profundidade de portos, estuários e canais aquáticos, tendo feito uma viagem a Haia no fim de 1755 ou inícios de 1756.

3. Em França

(Imagem de hyperstory.com)


(…)
Saint-Germain entra em França durante o verão ou nos inícios do outono de 1757. Nessa altura França era governada por Luís XV.(…) Saint-Germain tinha ligações a pessoas próximas da Coroa francesa. Ao irmão da Mme de Pompadour (grande amiga do rei e sua antiga amante) ofereceu as suas técnicas de tinturaria e outras mais que providenciassem emprego, aumentassem a riqueza nacional e aliviassem a cobrança de impostos aos pobres.

Em Maio de 1758 tinha sido concedido a Saint-Germain o uso do Castelo de Chambord , a residência mais magnífica do Rei depois de Versalhes. Também foi-lhe concedido o uso de três cozinhas no rés-do-chão (para o processo de tingimento) e alguns dos seus anexos (para alojar a mão-de-obra). O trabalho não se havia iniciado pois tudo teria de vir da Alemanha. Ele conheceu o Rei e Mme. De Pompadour em Versalhes, tornou-se um convidado frequente nas ceias de Mme. De Pompadour e passou muitas noites com o Rei e a família real.

Luís XV (foto wikipedia)

(…) Naquela altura, Luís XV parecia ser uma das poucas pessoas – a outra pode ter sido o Duque de Newcastle – a quem Saint-Germain tinha revelado o seu segredo. Luís não recebia homens abaixo de uma determinada posição na nobreza, e não se teria permitido a sofrer a imposição de um charlatão. Vale a pena referir que o predecessor de Luís XV e bisavô Luís XIV (o “rei Sol”) tinha sido um bom amigo do pai de Saint-Germain, o príncipe Francisco II Rákóczy.

Mme. de Pompadour cerca de 1750 (foto wikipedia)

A hostilidade do Duque de Choisel para com Saint-Germain foi revelada durante uma refeição na sua casa. O duque perguntou à sua esposa porque ela não estava bebendo, e ela respondeu que estava seguindo o regime recomendado por Saint-Germain, e com grande sucesso. O duque proibiu-a imediatamente de “seguir as loucuras de um homem tão equivocado” e continuou alegando que sabia a verdade sobre Saint-Germain: “Ele é filho de um judeu português, que se impõe pela credulidade da cidade e da Corte.” Choiseul estava simplesmente a repetir boatos, embora seja provavelmente verdade que Saint-Germain  tenha passado algum tempo em Portugal, pois falava  a língua fluentemente.

O Duque de Choiseul (foto wikipedia)

Nas suas memórias, Mme. De Genlis (então conhecida como Stéphanie-Felicité du Crest) relata que durante o verão de 1759, quando tinha 13 anos, ela via Saint-Germain virtualmente todos os dias e às vezes, enquanto cantava, ele acompanhava-a de ouvido com o cravo. Ela descreve Saint-Germain como um bom médico e um grande químico. Ela também diz que ele pintava com óleos, e alegava que pintava quadros em que as pessoas usavam joalharia, que devido a um pigmento especial que ele havia descoberto, brilhava e refletia luz como se fosse feito de pedras verdadeiras. Saint-Germain era certamente um conhecedor de pinturas, mas se ele próprio fosse pintor, teríamos com certeza ouvido isso de outros escritores. Ela também escreve:

“A conversa de Saint-Germain era instrutiva e divertida, ele tinha viajado bastante e conhecia história moderna com extraordinário detalhe, que o fazia falar de povos antigos como se ele tivesse vivido com eles… Os seus princípios eram dos mais elevados, ele cumpria com os deveres externos da religião com precisão, era muito caridoso e toda a gente concordava que a sua moralidade era a mais pura.”
Contudo ela persistia em chamá-lo de charlatão. (…)

Não sabemos se Saint-Germain possuía poderes paranormais ou não, e não parecem haver relatos de testemunhas confiáveis de demonstrações disso, havendo no entanto relatos confiáveis de outros ocultistas importantes (como por exemplo Cagliostro e H.P. Blavatsky).


Continua na próxima semana…

sábado, 6 de julho de 2013

Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain (1ª parte)

O Conde de Saint-Germain (por Nicholas
Thomas, 1783)

O post desta semana é o primeiro de uma série de dez que terão como base o trabalho de David Pratt sobre o Conde de St. Germain publicado no “Exploring Theosophy”. Não será feita uma tradução na íntegra, pois o texto é demasiado extenso e contém detalhes que não são relevantes, para o que se quer transmitir - por um lado confirmar que o Conde de St. Germain foi um Adepto que tinha uma missão importante, num período conturbado da história europeia, e por outro lado desmistificar todo o folclore alimentado pelo lado mais deprimente da indústria new-age, que apresenta o Conde de St. Germain como mais um “santinho” para pôr no altar, o clássico mimetismo do catolicismo, onde os santos são substituídos por Mestres Ascensos cada um com o seu pelouro.

Sugere-se a consulta do texto original para as devidas referências bibliográficas (que são inúmeras) e para outros detalhes históricos que foram omitidos como acima se referiu. Depois da publicação da última parte, o texto no seu conjunto será colocado no Scribd.

Segue-se pois a tradução do texto (adaptado).

1. Introdução

O Conde de St.Germain foi uma figura enigmática que atingiu grande proeminência na alta sociedade da Europa durante meados do século XVIII. Era próximo de muitos reis, príncipes e figuras de estado e beneficiava da sua confiança e admiração. Ele era estupendamente rico, possuindo uma coleção de jóias de raro tamanho e beleza, que frequentemente dava como prendas. Os conhecidos louvavam os seus modos charmosos e gentis e enorme erudição. Ele foi músico, compositor e um virtuoso no violino. Também foi um químico brilhante, com um conhecimento ímpar de corantes e diamantes. Frederico, o Grande chamava-o de homem cujo enigma nunca fora desvendado. O seu nascimento e antecedentes são obscuros, mas no fim da sua vida ele revelou que era filho do Príncipe Rákóczy da Transilvânia.

As histórias sobre Saint-Germain embelezam muitas memórias do período, mas a sua fiabilidade varia. Muitas vezes contêm adornos, exageros e evidentes invenções, e várias dessas histórias não foram escritas pelos seus alegados autores. Existiam lendas de que ele poderia fundir diamantes pequenos em maiores, fazer ouro, de que possuía o segredo da eterna juventude e de que teria centenas ou mesmo milhares de anos de idade. Os seus contemporâneos às vezes referiam-se a ele (frequentemente de modo irónico) como o “Homem Maravilha”. Voltaire zombava, chamando-o “um homem que nunca morre e que sabe tudo”. Embora Saint-Germain tenha muitas vezes sido rotulado de charlatão, aventureiro, vigarista e espião, não existe nenhuma evidência convincente que suporte estas alegações.

O nome de Saint-Germain é frequentemente ligado à alquimia, ocultismo e sociedades secretas. Helena P. Blavatsky escreve: “O Conde de Saint Germain foi indubitavelmente o maior Adepto oriental que a Europa já conheceu durante os últimos séculos. Porém, a Europa não o reconheceu.” [Glossário Teosófico, Ed. Ground, p.590]. De acordo com Cooper-Oakley “ele trouxe o seu enorme conhecimento para ajudar o Ocidente, para afastar um pouco as nuvens tormentosas que se adensavam rapidamente à volta de algumas nações. Mas infelizmente as suas palavras de aviso caíram em orelhas moucas e os seus conselhos foram todos ignorados.”


Continua na próxima semana…