Nesta 2ª parte vamos analisar os
restantes degraus da “Escada de Ouro”. No último post, tínhamos detalhado um
pouco mais os quatro primeiros passos.
Esses quatro passos estão
associados com o desenvolvimento e controlo do nosso estado físico, mental e
emocional. Estão relacionados com o Eu Inferior e são pré-requisitos do quinto
degrau que é:
5. Clara percepção espiritual
É o reconhecimento que existe
algo mais: o Eu no homem, um plano na Natureza para ele, uma visão de que
existe um propósito maior na vida.
Chegado a este passo, o aprendiz
domina já parcialmente a mente, a vontade e o coração e agora passa a
direccioná-los para propósitos maiores. Há uma clara reorientação de vida, que
deixa de ser governada por circunstâncias externas. O trabalho activo e serviço
tomam o lugar da bondade passiva.
É nesta fase de maior percepção
espiritual que se descortina que as limitações são algo auto-imposto e começa
uma luta interior para ultrapassar essas mesmas limitações. O karma, como lei
de justiça começa agora a ser interiorizado e aceite.
6. Fraternidade para com o seu
co-discípulo
A falta de fraternidade e de
tolerância dentro das e entre as várias as organizações teosóficas é sinal de
que este degrau está a ser negligenciado. Não é algo exclusivo das organizações
teosóficas, pois mesmo nas religiões organizadas esta lacuna tem estado
omnipresente. O princípio de amar “o próximo como a ti mesmo” não tem passado
da teoria.
Lembremo-nos que nas nossas anteriores
encarnações, com certeza estivemos ligados a diferentes religiões, religiões
essas que como sabemos têm uma base comum.
Fica ainda a nota que, por razões
que desconheço Sidney Cook traduz este princípio como “fraternidade para com
todos”, diferindo da versão original dos Collected Writings (pode ser conferida também a compilação de Daniel Caldwell “The Esoteric Papers of Madame Blavatsky”
que está parcialmente disponível aqui).
7. Prontidão para dar e
receber conselhos e instruções
Neste passo, é importante
perceber que a oferta de um conselho pode não implicar a aceitação por parte do
outro lado, não devendo isso gerar qualquer desconforto ou preocupação. Escutar
um conselho pode ser ainda mais difícil, devemos ser humildes e saber retirar
aquilo que é bom e verdadeiro.
8. Leal sentido de dever para
com o Instrutor
Apenas aqueles que expressam
confiança no Instrutor e têm desejo de aprender podem ser ensinados. É
inconcebível ouvir um Instrutor de forma pretensiosa e desrespeitosa.
9. Obediência diligente aos
preceitos da Verdade
Por isto não se entende a
aceitação cega, baseada na inactividade mental, ou outro qualquer estado
negativo. Não é a aceitação da Verdade resultante de um desejo ou inclinação,
mas uma obediência para com a mesma que resulte de intenção auto-dirigida e
profunda em segui-la.
Enquanto os degraus de 1 a 4 são
qualificações pessoais, os passos de 5 a 9 são expressões de relacionamento –
fraternidade, dar, receber, conselho, instrução, dever e obediência, portanto
envolvem mais de uma pessoa.
Os quatro passos finais são:
10. Resistência corajosa às
injustiças pessoais
Aqui bastaria pensar na vida de
Helena Blavatsky, como grande exemplo deste passo. A defesa pessoal é
esquecida, mas a defesa das Verdades Eternas nunca pode ser descurada. O
esforço vai se tornando progressivamente mais solitário…
11. Destemida declaração de
princípios
É um teste aos nossos
conhecimentos, às nossas certezas e convicções. A gentileza e o tacto não a
devem condicionar, mas também devemos ter cuidado com o perigo do fanatismo,
que pode conduzir a efeitos opostos aos pretendidos.
12. Defesa valente daqueles
que são injustamente atacados
É algo que obriga a ter
discernimento, pois o quando e como ajudar nem sempre é muito claro.
13. Uma mira constante no
ideal do progresso humano
A mira deve estar na ajuda activa
e não na observância passiva.
Estes últimos quatro degraus são
dirigidos ao Eu Superior. As qualidades são resistência, braveza na defesa de princípios,
oposição à injustiça e a mira no Grande Plano – expressões do Eu na acção e no
serviço.
Cook divide os degraus em quatro
partes:
1 a 4 – Preparação
5 –A revelação e a visão
6 a 9 – Relacionamento e
Instrução
10 a 13 – A descoberta e a libertação do Eu numa acção iluminada
Cada indivíduo sobe pois pela
“Escada de Ouro” ao seu ritmo, para se tornar um pilar do Templo da Humanidade.
É uma longa mas fascinante caminhada, partilhada com muitos irmãos e irmãs.
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