Terminamos hoje a tradução do artigo de Barend Voorham sobre o Kali Yuga.
Naturalmente, a leitura das partes anteriores é imperativa.
A
raça-raiz e o Mahâ-Yuga
Uma raça-raiz não é exatamente o mesmo que os Hindus
designam por Mahâ-Yuga. Dado que mal a nova humanidade é formada, age como um
grupo independente e separado e torna-se o poder dominante na Terra, ainda
existirão pessoas com a velha mentalidade da quarta raça-raiz durante milhões
de anos, até que a quinta raça-raiz atinja o seu Kali-Yuga e as primeiras
pessoas da sexta raça-raiz se comecem a desenvolver. Só aí as pessoas da quarta
raça irão desaparecer.
Elas desaparecem porque os corpos já não são
adequados para a consciência expandida. O mesmo acontece com as roupas. Quando
somos adolescentes, com treze ou catorze anos, já não conseguimos vestir as
roupas da nossa infância. Esse tempo passou e essas roupas não mais são
fabricadas, enquanto as roupas que estão à venda nas lojas são cada vez mais
compradas.
Dito por outras palavras: toda a humanidade
gradualmente incarna em novos veículos, os novos corpos da quinta raça-raiz.
Isso aconteceu porque a mentalidade mudou, mas não acontece ao mesmo tempo para
todos. Cada homem ou cada grupo tem o seu próprio andamento e determina o seu
processo de desenvolvimento.
Existem líderes e retardatários. É por isso que
existe sempre uma diferença no desenvolvimento entre as pessoas.
Líderes
e retardatários
Levanta-se a questão
de como é que são possíveis tantas diferenças individuais, enquanto as leis
cósmicas ainda determinam os ciclos na Terra. Podemos comparar a totalidade da
humanidade a um grupo de corredores; alguns vão à frente, existe um grande
número a meio e finalmente há também os retardatários. Os líderes são já
capazes de avançar para a fase seguinte da maratona (que aqui significa a
quinta raça-raiz), enquanto a grande maioria não chegou ainda a essa fase.
Também podemos muito bem comparar a humanidade com
uma turma de alunos. Para cada um ano letivo, existe um currículo definido. A
partir de outubro aborda-se as frações, de fevereiro em diante as raízes
quadradas e assim sucessivamente. Contudo, um aluno mais rápido pode já ter
começado com as raízes quadradas em janeiro, enquanto outros não estão
preparados para isso ainda em março. Ora, quando a determinada altura a maior
parte dos alunos estão prontos para somas complicadas e é-lhes permitido usar
as calculadoras, isso também terá influência nos alunos que não estejam ainda
preparados para isso.
Embora as diferentes idades também apresentem o seu próprio
“material de aprendizagem”, cada um determina a sua própria jornada evolutiva.
A evolução da humanidade não é um processo automático, que acontece ao mesmo
ritmo para todos. O indivíduo determina sempre se ele faz uso das
possibilidades que se lhe apresentam. À medida que mais pessoas escolhem novas possibilidades,
a certa altura a escala sobe para uma nova fase de evolução.
Então, dizemos que a humanidade está na quinta
raça-raiz, porque essa nova mentalidade tornou-se o fator decisivo. Entretanto,
metade da humanidade está ainda na quarta raça. Os contactos entre ambos os
povos subsistem. Na verdade, a interação entre as culturas resulta em
importantes lições de vida e cria uma forte atração em direção a uma nova fase
evolutiva. De facto, as novas possibilidades, que a nova raça traz com ela, também
têm a sua influência nos retardatários, tal como os melhores alunos de um determinado
ano também influenciam os outros alunos.
No antigo épico da Índia, o Râmâyana, existem alusões a estas duas humanidades que existiram
lado a lado e que a certa altura estiveram em guerra uma com a outra. De um
lado, estavam Râma e os seus amigos, símbolo da nova humanidade, a quinta
subfase, e do outro lado estavam os Râkshasas, liderados por Râvana, também
apresentados como demónios ou gigantes. Eles representam os Atlantes, e em
particular as gerações degeneradas.
Depois
do Kali-Yuga
Viver no Kali-Yuga é viver dentro de uma panela de
pressão. No final, a alta pressão resulta no isolamento geográfico das sementes
de uma nova humanidade, enquanto a velha humanidade termina o seu percurso em
números progressivamente decrescentes.
Esta nova humanidade, sendo de início uma pequena
minoria está então no seu Satya-Yuga: a idade de ouro e pacífica, na qual tudo
acontece quatro vezes mais devagar que no Kali-Yuga. Entretanto, milhões de
pessoas estão ainda na fase antiga. A pouco e pouco, mais pessoas fluem para
uma nova fase, pois embora nos influenciemos mutuamente, a evolução é sempre um
processo individual.
Então, vem o momento no qual uma separação
definitiva entre os dois tipos de humanidade tem lugar e que acontece em
simultâneo com a alteração geográfica. Durante a transição da quarta para a
quinta raça-raiz foi a água que transformou a superfície da terra; durante a
transição da quinta para a sexta raça-raiz será principalmente o fogo, através
dos vulcões e dos terremotos.
Embora só tenham passado 5.000 dos 432.000 anos que
tem a totalidade do Kali Yuga, na Europa grandes alterações irão começar depois
de cerca de 16.000 anos, de acordo com a Theosophia.
Seguramente a separação não acontecerá de um dia para outro; acontecerá durante
séculos. No final, grandes partes da superfície, entre outras, na Europa
Ocidental, irão afundar, enquanto novas terras irão emergir.
Kali-Yuga:
expetativa, esperança, desafio e progresso
Em todos estes processos, nunca deveremos esquecer
que nós próprios somos aqueles que atravessamos estas fases. Nós próprios
passamos de um estado autoinconsciente para um estado cada vez mais
autoconsciente. Em todo este processo, o Kali-Yuga é indispensável. Esta nova
sexta raça será de uma natureza mais nobre do que na fase em que estamos de
momento. A sociedade será muito mais baseada na compreensão e na compaixão.
De modo a chegar a este estado mais evoluído espiritualmente
temos de atravessar o Kali-Yuga. Separamos o ouro do ferro com o calor. A
pressão tem que aumentar de modo a se atingir o espiritual.
Portanto, a nossa presente Era não precisa de ser
uma Idade negra, pelo contrário, deve ser de expetativa, esperança, desafio e
progresso. Somos capazes de escrever história. As oportunidades para
crescimento, para dar impulsos espirituais aos nossos semelhantes, nunca foram
tão grandes como agora. Só precisamos de fazer uso delas.
FIM