Para mais informações sobre a STPL deverá consultar a 1ª parte deste artigo, recomendando-se naturalmente a leitura das quatro partes anteriores a quem não o fez.
A Teosofia depois de Blavatsky
De modo
algum queremos minimizar o papel de H.P. Blavatsky na divulgação da Teosofia, antes
pelo contrário. Ela foi aquela que, depois de muitos séculos, levantou a ponta
do véu. Só alguém que sabe alguma coisa sobre ensinar Theosophia, percebe que enorme tarefa isto é. Ela era o elo com os
Mestres.
Quando,
depois da sua morte, alguns supostos ensinamentos espirituais são proclamados, sendo
contrários ao que Blavatsky ensinou, temos simplesmente de determinar o
seguinte: ou Blavatsky e os seus Instrutores estavam errados e existe
aparentemente uma outra doutrina que contém mais verdade; ou então eles tinham
razão. Neste caso, aquilo que é contrário a Blavatsky não é verdade.
Mas
isto não significa que depois dela não existiram outros representantes dos
Mestres, que pudessem clarificar os textos de Blavatsky e ao fazerem-no
pudessem levantar um pouco mais o véu e mostrar um pouco mais da verdade.
Devemos abordar os seus ensinamentos da mesma forma que abordamos os de
Blavatsky. Se os seus textos refletirem as nossas ideias que já experienciámos
como verdadeiras, então podemos confiar razoavelmente nos seus ensinamentos.
De
facto, cada ser pensante, quando está num estado altamente intuitivo e
compassivo é capaz de encontrar um caminho para uma explicação mais profunda.
Se negarmos esta possibilidade, então estamos a tornar Blavatsky num ícone. A
colocá-la num pedestal. E isto será tão injusto para ela, como rebaixá-la ou
ignorá-la. Em ambos os casos, isso conduz à degeneração.
A
tendência para venerar a fundadora de um movimento espiritual pode ser
encontrada em quase todos os movimentos espirituais. Nasce de uma sincera, mas
muitas vezes cega devoção. Para dar um exemplo: embora o Buda tenha
enfaticamente proclamado que o homem deve alcançar a sua própria salvação,
existem Budistas que rezam a Gautama e imploram-lhe por saúde e felicidade.
Uma imagem do Buda Gautama |
Existem
pessoas que têm uma imagem de Blavatsky em sua casa e em cada decisão
importante “consultam” essa imagem. Blavatsky certamente não ficaria agradada.
E isto é um eufemismo! Paradoxalmente, esta grande instrutora e principal
fundadora da Sociedade Teosófica, é neste caso mais um obstáculo do que um
auxílio para a vida teosófica, pois um teosofista deve aprender a tomar
decisões de modo independente.
A verdadeira prova é a aplicação
Acreditamos
que depois de Blavatsky, outros foram também ajudados e apoiados pelos Mestres.
É sabido que existem cartas dos Mestres, escritas depois da morte de Blavatsky.
Annie Besant da Sociedade Teosófica de Adyar recebeu em 1900, nove anos depois
do falecimento de Blavatsky, uma carta de um Mestre. (11) W.Q. Judge
também recebeu cartas de Mestres depois da morte de Blavatsky, o que por sinal,
originou muitos problemas, porque nem toda a gente acreditou nele. Katherine
Tingley e Gottfried de Purucker estiveram, por assim dizer, também em contacto
com os Mahâtmas, anos após o falecimento de Blavatsky.
Gottfried de Purucker (1874-1942) |
Seria
ilógico se os Mestres virassem as costas à S.T.. Mesmo um homem ”mediano” não
iria, a meio da sua missão, atirar a toalha ao chão. Iriam estes grandes e
compassivos sábios agir dessa forma? Julgamos que não. É por isto que estamos
convencidos que depois de Blavatsky, outros estudantes avançados explicaram e
desenvolveram a Theosophia com a
ajuda dos Mestres.
Existe
uma pedra-de-toque que sirva para avaliar os mensageiros? Com certeza que sim. Acima
de tudo e antes de mais, eles devem ser exemplos vivos dos seus ensinamentos.
Devem praticar o que apregoam. Além disso, reconhece-se a árvore pelos seus frutos.
O mensageiro proporcionou mesmo uma maior perceção? Em que medida ele
contribuiu para moldar a fraternidade em termos práticos?
E finalmente: a
doutrina que ele veicula, conflitua com a da Tradição Esotérica, de quem
Blavatsky foi a última e grande representante, e não nos referimos às suas
palavras (que são apenas ferramentas) mas ao conjunto integrado de
ensinamentos? Isso não significa que um novo mensageiro não possa explicar e
desenvolver os seus ensinamentos. Claro que pode: o propósito da missão dele é
fazer isso. Não deve apenas repetir as palavras de Blavatsky. Se compararmos o
primeiro grande trabalho de Blavatsky “Ísis sem Véu” com “A Doutrina Secreta”,
notaremos que o último livro não se contradiz com o primeiro, mas explica-o e complementa-o
em vários pontos. Quando Gottfried de Purucker apresenta o seu famoso diagrama
oval, (10) ele certamente não contradiz a divisão setenária da
consciência humana dada por Blavatsky. (9) Mas, vai um passo
adiante. Quando se apreende a ideia do digrama oval, é-se capaz de melhor
perceber o significado mais profundo de Blavatsky. Leia-se por exemplo a
estância 7 do volume I de “A Doutrina Secreta” e o comentário de Blavatsky
sobre esta estância, especialmente o primeiro verso com a frase do Livro Egípcio
dos Mortos. (12)
Combine-se isto com o diagrama oval e
compreender-se-á o que Blavatsky tentava comunicar.
Mesmo
nós, editores da presente revista “Lucifer”, inspirados por uma citação de H.P.
Blavatsky, desenvolvemos este diagrama oval de algum modo, ao desenhar em cada
ego, uma oitava de um piano; uma modesta tentativa de tornar o ensinamento um
pouco mais claro. Em resumo, quando a Teosofia é-nos realmente provada, devemos
aplicá-la. Porque, ao fazê-lo mostramos que realmente a entendemos. Digerimos
os ensinamentos e novo alimento espiritual pode ser ingerido.
Notas:
9.
Ver: H.P. Blavatsky, A Chave para a Teosofia, capítulo 6, secção 5.
10. G. de Purucker Fundamentals
of the Esoteric Philosophy, Point Loma Publications, San Diego 1990, p.
225.
11. http://www.katinkahesselink.net/lastkh.htm
12.
Ver ref. 7, Vol. 1, p. 213-222 [p.250-258 da edição em português].
13. H.P. Blavatsky,‘Psychic and
Noetic Action’. Collected Writings, The Theosophical Publishing House,
Wheaton 1990, Vol.12, p. 368-369.
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