A autoria do artigo é de Barend Voorham e de Herman C. Vermeulen. Recomenda-se a leitura da introdução e também da 1ª parte.
Barend Voorham- um dos autores deste artigo |
Avancemos então para a 2ª parte do artigo.
Crença – sentimentos interiores
Pode a
convicção ser baseada na crença?
Crer é
aceitar a verdade sobre algo com base na autoridade de alguém. Assume-se que
alguém tem tanto conhecimento, ou é tão sábio, que o que diz é verdade. Isto
pode aplicar-se a qualquer coisa. Há a autoridade religiosa. Há a autoridade do
Estado. Os pais ou os professores têm uma certa autoridade, e assim
sucessivamente.
Ao
terem esta crença, algumas pessoas podem ficar muito satisfeitas porque isso
priva-as da sua responsabilidade. É delegada a outrem. É verdade, dizem elas,
porque fulano tal assim disse. Ele comprovou que era verdade.
Obviamente que esta é a maneira mais passiva de
lidar com os assuntos.
Os
aspetos inferiores da mente estão agora ativos e encontram-se satisfeitos, o
que pode conferir um certo grau de convicção.
As leis de Newton – um exemplo
Vamos
ilustrar estes três aspetos de evidência aplicando as leis de Newton.
Sir Isaac Newton (1643-1727) |
A
descoberta por Newton das três leis fundamentais da natureza foi o início de
uma nova fase na ciência. Estas leis são geralmente aceites como verdadeiras.
São ensinadas nas escolas e universidades. Mas a questão é: com que base
presumimos que essas leis da natureza são verdadeiras? De acordo com estas leis
todos os objetos exercem uma atração mútua. Podemos ver claramente que todos os
objetos caem na terra. Toda a gente experiencia a gravidade. Todos podem
portanto entender que os objetos são atraídos para a Terra. Mas a lei da
gravidade também ensina que todos os objetos caem ao mesmo tempo se atirados a
uma distância similar.
Esta
última parte não é confirmada pela nossa observação. Quando se deixa cair uma
pena e uma peça de chumbo da mesma altura, elas não atingem simultaneamente o
chão. Será que, não obstante, ainda acreditamos em Newton, que alega que todos
os objetos caem com a mesma aceleração?
Uma
análise mais atenta mostra contudo que as propriedades aerodinâmicas da
atmosfera exercem uma influência altamente disruptiva na velocidade dos
objetos. Isto foi demonstrado muitos anos depois de Newton no que se designa
por torre de queda de vácuo. Provavelmente poucos leitores de Lucifer repetiram os testes com uma
torre de queda. Não determinaram pela sua própria observação que as leis de
Newton são efetivamente corretas. Apenas aqueles que o fizeram, experienciaram efetivamente a verdade.
Mas, a
maior parte das pessoas apenas observou que os objetos caem na terra. Portanto,
se querem assumir as leis de Newton como verdadeiras, elas devem ter confiança em Newton e noutros
investigadores que recolheram mais informação sobre este tópico. Eles obtêm
essa confiança ao ponderar de forma independente os detalhes das várias
investigações. Devem ser ativos na procura de compreenderem.
Outros
podem nunca ter refletido sobre a gravidade. Acreditam na autoridade dos cientistas ou dos professores de que
Newton estava certo. Assumem que ele e os físicos depois dele são pessoas de
tal modo inteligentes que o mais provável é que estejam certos. Portanto,
existem três géneros de convicção, ou três tipos de humanos. Aqueles que
acreditam, aqueles que têm confiança e aqueles que sabem. É claro que
existem combinações destes três tipos.
A mensagem de H.P. Blavatsky
Vamos
agora olhar para o nosso objeto principal, a Theosophia. Esta “Sabedoria Divina” foi trazida por H.P. Blavatsky
no final do século XIX. Mais tarde foi desenvolvida e disseminada por outros.
Blavatsky
demonstrou nos livros e nos muitos artigos que escreveu, as implicações da
Teosofia. Ela explicou os ensinamentos teosóficos ao usar os exemplos correntes
de então. Algumas das teorias científicas do seu tempo estão obsoletas. Mas ela
apenas usou esses exemplos para explicar os princípios universais. As descobertas
recentes podem muitas vezes ilustrá-los melhor, portanto o que mais interessa
são as doutrinas e não os exemplos.
Um
outro ponto é o de que a Teosofia contém um vasto campo de ensinamentos.
Oferece uma visão nítida em relação a cada tópico. Não existe assunto em
relação ao qual a Theosophia não
tenha uma visão. Às vezes os ensinamentos são muito detalhados e é difícil
encontrar o nosso caminho através de um labirinto de informação. Não
conseguimos ver a madeira nas árvores.
Se
contudo queremos encontrar a verdade, não devemos começar com os detalhes, mas
com uma perspetiva mais ampliada. Por outras palavras: quais são os princípios
da Teosofia?
Ora,
estes princípios são claros como a água. Não são dogmas, mas devemos tomá-los
como hipóteses ou axiomas. (2) Os princípios centrais são: 1)
ilimitabilidade 2) ciclicidade 3) evolução progressiva e absoluta igualdade entre
todos os seres vivos. Por outras palavras, todos os seres vivos estão no seu
núcleo ilimitado. E, ao estarem nas profundezas dos seus corações ilimitados,
existe uma absoluta igualdade. Num processo cíclico eles aparecem e
desaparecem. Durante o período no qual aparecem nesta etapa na Terra, eles têm
a possibilidade de desenvolver mais do seu infinito potencial.
Destas
três ideias básicas podemos deduzir que cada fenómeno é a manifestação da
consciência, a manifestação de um poder ou de uma substância formativa subjacente
mais etérica. Um fenómeno é portanto como uma sombra: vai e vem, enquanto a
força que projeta a sombra subsiste.
Todos
os ensinamentos teosóficos, até ao mais pequeno pormenor, são baseados nestas
ideias centrais. São emanadas logicamente a partir dessas ideias e nunca podem
contradizê-las.
Notas:
2. Ver: Herman C. Vermeulen, ‘H.P.
Blavatsky’s message to the world’, Lucifer, nº1, março 2015, p. 2-4.
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