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sábado, 19 de março de 2016

Como provar a Teosofia? - H.P. Blavatsky e os seus sucessores (1ª parte)

A Sociedade Teosófica de Point Loma  BlavatskyHouse, é uma das organizações teosóficas mais ativas na disseminação da Teosofia  nos últimos anos. Embora de reduzida dimensão quando comparada por exemplo com a Sociedade Teosófica de Adyar e com a Loja Unida de Teosofistas, e estando apenas presente na Holanda e na Alemanha – ou seja não tendo a dimensão internacional das duas maiores organizações – o seu trabalho merece todos os encómios, sendo alvo de admiração até por quem é membro de outros grupos. A aplicação prática dos princípios teosóficos é visível no comportamento dos seus membros, e quase todos, se não mesmo todos desempenham alguma tarefa, não havendo membros inativos. Além do mais estudam com empenho e devoção o trabalho de Helena Blavatsky, William Judge e de Gottfried de Purucker.


Um dos modos que a S.T. Point Loma utiliza para veicular a Sabedoria Perene é a revista Lucifer (recuperando assim a designação do título da revista que Blavatsky lançou depois do seu regresso à Europa) e foi do número de março de 2015 dessa revista que se traduziu para Português o artigo, cuja primeira parte (de cinco) é hoje publicada.



Capa da revista Lucifer de onde
foi retirado este artigo.


No início do artigo existe uma secção com as ideias centrais do mesmo, pelo qual não é necessário fazer nenhuma introdução. A autoria do texto pertence a Barend Voorham – membro proeminente da organização e elemento ativo das Conferências Internacionais de Teosofia, nas quais participam membros das diferentes tradições do movimento teosófico - e também ao líder da S.T. Point Loma, Herman C. Vermeulen. Para saber mais sobre esta organização, veja o artigo publicado no Lua em Escorpião sobre “A Teosofia e as Sociedades Teosóficas”. De referir que este é o terceiro artigo que este blogue lança proveniente da S.T. Point Loma. Para ver os dois anteriores clique aqui e aqui.


Como provar a Teosofia? - H.P. Blavatsky e os seus sucessores

por Barend Voorham e Herman C. Vermeulen


A Teosofia não é uma religião. E certamente não é uma crença. Todos os líderes teosóficos, enfática e repetidamente declararam que deveríamos investigar a Teosofia por nós próprios. Mas como? E como sabemos que é verdade? Se não temos que depositar uma fé cega nos líderes teosóficos, então que papel desempenham eles?

IDEIAS CHAVE:

  •  Prova é a convicção para o coração, a mente e os sentimentos.
  •  Podemos ser convencidos por três causas: perceção da verdade, confiança e crença.
  • Comece por estudar Teosofia testando os princípios.
  • A Teosofia deve ser baseada nos seus méritos intrínsecos e não na autoridade daquele que a proclama.
  • Ao tentar disseminar a Teosofia, H.P. Blavatsky, emissária dos Mestres, colocou a primeira pedra. Depois da sua morte, os Mestres continuaram a apoiar o trabalho.


Como sabemos que alguma coisa é verdade? Se foi provada. Mas o que é uma prova?

Uma prova é informação que mostra que algo é definitivamente verdade. É um fator externo e dá garantia decisiva da correção de algo. É como um apresentador de concursos, que avalia a resposta a uma questão, se está certa ou errada. O seu julgamento não pode ser disputado.

A realidade, contudo, é diferente, porque a prova está sempre relacionada com a consciência individual do homem. Gottfried de Purucker, quarto líder da Sociedade Teosófica (S.T.), descreve-a como “a convicção de que uma coisa é verdade para a mente pensante”. Ele acrescenta, “se pela adução de provas, a mente não é influenciada a acreditar que determinada coisa é verdade, essa coisa não foi provada, embora possa ser verdade. (1)


Katherine Tingley (1847-1929)

Portanto, ninguém nos pode fornecer provas. Só estão disponíveis através de autoanálise. Mas, quando é que ficamos convencidos de que algo é verdade?

Existem três aspetos principais no qual a convicção pode estar baseada: a perceção da verdade, a confiança e a crença. Estes três conceitos desempenham um papel importante para obter convicções e consequentemente provas.


A perceção de Verdade – o coração

Quando falamos de VERDADE, referimo-nos à mais elevada e universal expressão do SER. O SER é ilimitado. Nenhuma entidade é capaz de conhecê-lo, nem mesmo o deus mais exaltado, pois cada entidade é limitada e portanto não pode nunca experienciar a derradeira VERDADE. Mesmo um deus sabe que é apenas parte dela.

Expandir a consciência significa tornar-se mais consciente desta Verdade Universal. O que experienciámos dela até agora é a nossa convicção derradeira. Estamos conscientes de algo e estamos convictos da sua verdade. A nossa perceção da Verdade é sempre limitada, mas está constantemente sujeita a crescer.

De modo a compreendermos a Verdade Universal devemos ativar os nossos aspetos mais elevados do pensamento. Podemos chamar a estes aspetos o coração do nosso ser. Eles constituem os aspetos divino-espirituais dentro de nós, o que em Sânscrito é chamado de Âtman e de Buddhi. É a parte de nós que compreende a unidade e a interligação de todas as entidades. É a base de toda a ética. É supra-pessoal, portanto nunca está ligado a qualquer opinião pessoal limitada.





Confiança – a cabeça

Quando somos capazes de verificar parte de uma doutrina, proposição ou hipótese ao experienciá-la na nossa vida diária como verdade – porque esta parte coincide com aquilo que já sabemos, ou expande as nossas conceções – construímos confiança na sua verdade. Pode ser afirmado que neste caso também existe convicção? Num certo sentido, sim, embora não atinja uma profundidade como a perceção da verdade pelo coração. Não podemos verificar e examinar toda a doutrina, mas apenas partes ou aspetos da mesma. Contudo entendemos a lógica desses aspetos e percebemos que a doutrina é consistente. Isto dá-nos a confiança de que o resto da doutrina também é verdade. Embora não consigamos ver a imagem completa, somos capazes de compreender facetas da verdade, que nos ajudam a estar convencidos de aspetos de uma doutrina, que na sua totalidade estão acima da nossa compreensão. Podemos portanto alcançar um certo nível de convicção. Esta convicção tornou-se para nós numa hipótese muito razoável.


Neste modo de pensar o intelecto é altamente eficaz, mas está focado no espiritual e no divino; esses aspetos são também parcialmente ativos. É a combinação desses três aspetos da consciência – Âtman, Buddhi e Manas – que nos fornece a confiança da verdade de uma doutrina. E, se aplicarmos essa doutrina consistentemente e com perseverança nas nossas vidas e se repetidamente revela ser verdade, a nossa convicção na Verdade irá sucessivamente crescer.


Notas: 

1. G. de Purucker, ‘How can you Prove Reincarnation’. Wind of the Spirit, Point Loma Publications, San Diego 1976, p. 245.


Continua na próxima semana.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. I guess Theosophy has identical views on the organized religions. In general you won't find a theosophical perspective regarding Islam which is fundamentally different from the one Theosophy has on Christianity or Judaism. Religions are an object of study for Theosophists, since this is part of the second object of the Theosophical Society. If you google on "Islam and Theosophy" you will find some articles on Theosophical websites like the following:

      http://austheos.org.au/articles/articles-essays/theosophy-islam/

      Eliminar