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sábado, 25 de outubro de 2014

Einstein leu mesmo a Doutrina Secreta? (1ª parte)

Face à cultura instalada não é fácil falar abertamente sobre filosofia esotérica sem se ficar com receio de ser olhado de lado. A resistência a ideias que os interlocutores com grande probabilidade considerarão estranhas, demove grande parte dos teosofistas de falar de Teosofia sem ser no círculo restrito que partilha esse mesmo interesse.

Contudo, para aqueles que tentam popularizar a Sabedoria Eterna em ambientes hostis, uma das estratégias é ligar a Teosofia à Ciência. Contudo, para fazê-lo de modo correto e especialmente perante pessoas que têm bom domínio dos meandros da Ciência, é necessário conhecimento sólido sobre ambas as coisas: Teosofia e Ciência. Mas, sejamos francos: teosofistas desse calibre há muito poucos. E aqui não me refiro apenas ao mundo de língua portuguesa, mas em termos gerais. Assim, a maior parte dos teosofistas, o máximo que consegue fazer é partilhar referências soltas: artigos sobre Experiências de Quase Morte, algum aspeto cosmológico que parece comprovar algum ponto da Cosmogénese da Doutrina Secreta ou citar alguém famoso que se interessou pela Teosofia.

Caso a escolha recaia na última opção, parece haver um argumento de peso: o interesse de Albert Einstein em “A Doutrina Secreta”. Mas será que esse interesse foi verdadeiro?


Albert Einstein (1879-1955)

O famoso cientista nascido na Alemanha é apontado por muitos teosofistas como se tendo inspirado em “A Doutrina Secreta” de Helena Blavatsky.

Isto mesmo é descrito na p.474 da edição em língua portuguesa da biografia mais conhecida da Velha Senhora, “Helena Blavatsky – A Vida e a Influência Extraordinária da Fundadora do Movimento Teosófico Moderno”, da autoria de Sylvia Cranston que escreve:

“Como foi indicado no prefácio deste livro, um certo número de cientistas tem-se interessado por “A Doutrina Secreta”. De acordo com uma sobrinha sua, Einstein tinha sempre uma cópia dessa obra na sua mesa de trabalho.” Nas notas no final do livro, Cranston especula sobre como poderia Einstein ter entrado em contacto com a magnum opus de Blavatsky.  Robert Millikan, presidente do comité executivo da Cal Tech, onde Einstein trabalhou antes de aceitar um lugar em Princeton, poderá ter sido quem deu a conhecer Blavatsky ao mais famoso cientista de todos os tempos. Millikan estava profundamente interessado em “A Doutrina Secreta”.


Sylvia Cranston


Outra pessoa pode ter sido Gustav Stromberg, um astrofísico do Observatório Mount Wilson, em Los Angeles, com quem Einstein trabalhou. Stromberg chegou a visitar a Sociedade Teosófica de Point Loma e a lá dar uma palestra. Também escreveu a introdução de um livro sobre astronomia de dois teosofistas de Point Loma (ver p. 652 op.cit.).

Mas, as informações dadas por Cranston têm uma deficiência… Einstein não tinha sobrinhas.
Cranston que era reconhecidamente rigorosa e meticulosa parece ter confiado no testemunho oral que recebeu e não confirmou a história.

Há quatro anos um grupo de teosofistas juntou-se para debater o assunto pela internet. A plataforma usada foi a comunidade Theosophy.net que com o passar dos anos degenerou e passou a ser uma fonte de ataque permanente à Teosofia moderna e a Helena Blavatsky em particular. Sob a influência de um tal John E. Mead e com o apoio do administrador da comunidade, Joe Fulton, os ataques foram de tal ordem que vários teosofistas foram banidos e outros retiraram-se voluntariamente. Tenho na minha posse um resenha feita por um conhecido teosofista dos piores ataques dirigidos a Blavatsky no referido site e é realmente indescritível o tratamento dado à fundadora do movimento teosófico moderno. O theosophy.net é pois hoje em dia uma caricatura do que já foi e excluindo alguns recursos úteis (leia-se literatura online) nada mais tem para oferecer. Na verdade, a discussão a que vou aludir daqui em diante já não está disponível e é uma sorte tê-la copiado em tempos e guardado em ficheiro.


Joe Fulton

Do que efetivamente disponho é da discussão à volta das conclusões finais. A cópia também poderá não conter todas as opiniões, pois alguns teosofistas descontentes com o rumo do site apagaram o seu registo e com isso todos os seus posts. Contudo, o material que vou apresentar parece-me suficiente.

No referido grupo de teosofistas estão nomes como Daniel Caldwell (responsável pelo principal portal sobre HPB, o Blavatsky Study Center), Jerry Hejka-Ekins (bem conhecido no meio, agora envolvido no projeto FOTA para preservação da literatura teosófica), Leon Maurer  (que estudou profundamente “A Doutrina Secreta” e estabeleceu pontes com a Física moderna, até à sua morte em 2011, aos 86 anos de idade), e David Reigle (sanscritista e que já publicou alguns livros importantes, o último dos quais foi o manuscrito de Wurzburg).


Jerry Hejka-Ekins


Maurer não tem dúvidas em considerar que a base para a teoria da relatividade, bem como para a natureza quântica da luz, foi o livro de Dzyan e “A Doutrina Secreta” de HPB.

A sua convicção foi despertada pelo físico Richard Feynman que na revista Time disse “Não consigo entender como ele [Einstein] intuiu que E=mc2, tendo em conta o nível de conhecimento científico na altura [1905].” Maurer escreveu a Feynman, mas nunca recebeu resposta.




O teosofista norte-americano acrescenta que Blavatsky deixou claro que energia e massa eram equivalentes e que a sua relação era estabelecida com base na velocidade da luz (daí a famosa equação E=mc2). Ele acrescenta que inicialmente (no primeiro artigo que Einstein escreveu sobre o tema) a teoria não tinha suporte matemático, algo que só veio acontecer mais tarde, sendo mais uma pista que a inspiração foi “A Doutrina Secreta”.

Existem duas histórias com respeito a Einstein: uma, a de que foi um ávido leitor de “A Doutrina Secreta” e outra que acrescenta que a sua cópia desse livro foi depositada numa Biblioteca de uma organização teosófica, ou na Sociedade Teosófica de Adyar, ou na da Loja Unida de Teosofistas, neste caso em Bombaim.


São esses dois relatos que vamos analisar em pormenor na 2ª parte, a publicar de hoje a uma semana.

1 comentário:







  1. alguns relatos de Leadbeater, além dos pontos mencionados nesta abordagem, apontam que, a forma como o ser é individualizado influi no período entre uma encarnação e outra

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