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sábado, 26 de abril de 2014

A ascensão e queda da “bola de neve suja”

Uma das tarefas necessárias para popularizar a Teosofia é interligar os seus conceitos com as novas descobertas científicas. Para isso, há que dominar uma e outra coisa com certo à vontade. Infelizmente no meio teosófico não abunda quem possua estas qualidades combinadas. Mas ainda assim há quem se esforce por fazer a referida interligação contribuindo para a atualização das referências científicas que constam por exemplo de “A Doutrina Secreta”. São exemplos disso, Nicholas Weeks, que nos fóruns de discussão de Teosofia já colocou diversas referências do género; David Pratt que no seu excelente site Exploring Theosophy tem vários artigos bastante elaborados sobre Teosofia e Ciência e Odin Townley que no seu blog Theosophy Watch coloca amiúde artigos acompanhados de links e videos sobre investigação científica. 


Dara Eklund e Nicholas Weeks
(foto: Theosophy Forward)

É desse blog que extraímos o texto que hoje disponibilizamos no Lua em Escorpião. “Bola de neve suja” é sinónimo de cometa.

Em português, destaque para os artigos de Liliana Ferreira em vários números da revista  Biosofia.

Uma advertência contudo para alguns gurus e facilitadores, que quando começam a falar de física quântica e teoria das cordas é palavra-senha para fugir a sete pés. Normalmente, não fazem a mínima ideia do que estão a falar e apenas pretendem dar algum ar de cientificidade às noções erradas que muitas vezes transmitem.

Avancemos então para o artigo de Townley.

A principal contestação teosófica às teorias consensuais da ciência moderna tem lugar nos temas da evolução, da Física, do espaço, da matéria e da consciência.

Diz o ocultismo que a luz é uma substância, que o espaço não é um vácuo, que a matéria é consciência, que a gravidade é uma lei menor, que não evoluímos dos animais e que o átomo é infinitamente divisível (& etc…).

A infinita divisibilidade do átomo, discutida por H.P. Blavatsky em “A Doutrina Secreta” (vol. II, p.231 da edição em português), foi finalmente aceite na viragem para o século XX. Juntando perplexidade às suas críticas ela acrescenta que contudo, o átomo “pertence totalmente ao domínio da Metafísica.”




“É uma abstração convertida em realidade (ao menos para a ciência física); e estritamente falando, nada tem a ver com a Física” (op.cit, p.225).

Mas talvez a ideia mais provocadora de todas, e a promovida mais vigorosamente pela Teosofia, é a sustentação elétrica do universo. Os cosmólogos continuam agarrados com unhas e dentes à gravidade – mas felizmente isto está a mudar, graças ao UE (universo elétrico).

A teoria da gravidade permanece como a hipótese cosmológica predominante hoje em dia. A eletricidade é por vezes levada em conta mas os seus efeitos são habitualmente minimizados, conforme salientam os proponentes do  universo elétrico.


Campo de plasma ou gás quente?


Esta divergência é explorada no artigo Electric charge vs Hot Gas [versão em castelhano, aqui] disponibilizado este mês pelo Thunderbolts Project, um website da nova ciência do Universo Elétrico. As massas em movimento e o calor referidos por Einstein são ainda hoje os únicos fatores a quem é permitido operar no universo.

A carga elétrica é por vezes tomada em conta, mas o seu efeito é habitualmente negligenciável, se é que tem algum efeito, dizem os cientistas do UE.

Em artigos anteriores da Imagem do Dia, tinha-se observado que partículas carregadas que fluem desde as estrelas como o Sol são ainda chamadas de “vento” em vez de chamá-las correntes elétricas e magnéticas, o que suporta apenas a teoria da gravidade. A verdadeira substância é aquilo que a Sra. Blavatsky se refere como flogisto (que é hoje chamado de plasma), ou “matéria radiante” – também chamado o “quarto estado” da matéria.

Para além da gravidade




Fé cega

“A ciência não deve ter desejos nem preconceitos. A verdade deveria ser o seu único objetivo”, Sir William Robert Grove

Muitas das “leis” de ciência oculta foram “postas de lado…e deitadas de forma nada cerimoniosa no monte de lixo das teorias desacreditadas.”, queixou-se a Sra. Blavatsky.

E observa: “ gravitação – o princípio em função do qual todos os corpos se atraem entre si, na razão direta das massas e na inversa do quadrado das distâncias que os separam – subsiste ainda hoje e reina, soberana, nas supostas ondas etéreas do Espaço.”

Como uma hipótese, a gravidade tem sido ameaçada de morte “porque não lograva abranger todos os fatos que se apresentavam”, escreveu Blavatsky: “Como lei física, é a Rainha” – e – “”é quase uma blasfémia…um insulto à respeitosa memória de Newton o pô-la em dúvida”… - exclama um crítico americano de Ísis sem Véu.”




“Muito bem; mas, quem é, afinal de contas, esse Deus invisível e intangível, em que devemos crer com uma fé cega?”, pergunta ela. “Astrónomos, que veem na gravitação uma solução fácil e cómoda para tantas coisas, e uma força universal que lhes permite calcular movimentos planetários, preocupam-se muito pouco com a Causa da Atração.”

“Dizem que a gravidade é uma lei, uma causa em si mesma. Nós qualificamos de efeitos as forças que atuam sob esse nome, e até de efeitos bem secundários.” [vol II, p.200]

“A Ciência é como a mulher de César, não deve ser objeto de suspeita; é evidente. Mas é permitido criticá-la, respeitosamente; e em todo o caso, pode-se recordar-lhe que a “maçã” é uma fruta perigosa.”


Adão e Eva


“Pela segunda vez na história da humanidade, pode tornar-se a causa da QUEDA – e já agora, da queda da Ciência “exata”, exclamou Blavatsky:

“Um cometa, cuja cauda desafia a lei da gravidade nas barbas do próprio Sol, dificilmente pode ser considerado submisso a essa lei.”



“A gravitação é uma lei a que nada pode sobrelevar, mas que, não obstante, se deixa vencer, no tempo devido ou fora de tempo, pelos corpos celestes ou terrestres mais ordinários – como, por exemplo, as caudas de cometas impertinentes.” (vol. II, p, 505).

Que devemos o Universo à Santa Trindade Criadora: Matéria Inerte, Força Inconsciente e Acaso Cego. Da verdadeira essência e natureza de qualquer um destes três fatores, nada sabe a Ciência…”


O Cometa Elétrico


“ A perspetiva convencional é que os cometas são pedaços inertes de gelo e poeira, ou “bolas de neve sujas” evaporando-se com o calor do Sol.”

“A perspetiva alternativa é que os cometas descarregam eletricamente conforme se movimentam através de um campo radial elétrico do Sol. Um meio termo entre estas duas perspetivas parece impossível…”


[The Thunderbolts Project]


“Acreditamos que esta análise crítica da teoria dos cometas que aparece nos manuais pode ter um grande impacto na compreensão humana em relação a estes corpos extraordinários. Ele também pode ir além da ciência especializada em cometas e provocar uma reconsideração sobre o Sol, a história planetárias e muito mais. Nós vivemos no Universo Elétrico, e o comportamento enigmático dos cometas fornece insights únicos sobre o papel das partículas carregadas e do plasma eletrificado por todo o Cosmos.”




A antecipação de Blavatsky


“…a extrema tenuidade da massa de um cometa é também demonstrada pelo fenómeno que apresenta a sua cauda, a qual, à medida que o cometa se aproxima do Sol, se projeta por vezes a uma extensão de 90 milhões de milhas, em poucas horas. O que há de notável, É QUE A CAUDA SE PROJETA EM SENTIDO CONTRÁRIO À GRAVIDADE, por alguma força impulsiva, provavelmente elétrica; tanto assim que a causa sempre se afasta do Sol (!!!).” [vol. II, p. 216]


Sir William Robert Grove

sábado, 19 de abril de 2014

A influência da Teosofia em personalidades famosas IV - Pintores, Atores e Feministas

Esta é a quarta secção de uma série de seis, sobre personalidades famosas influenciadas pela Teosofia e pela Sociedade Teosófica. O artigo baseia-se num levantamento originalmente feito por Katinka Hesselink e para entender o contexto é necessário ler a primeira parte.


Katinka Hesselink


PINTORES E OUTROS ARTISTAS

Rukmini Devi Arundale (1904-1986) - revitalizou as artes indianas, especialmente a dança e a música. No seu caso, a associação à Sociedade Teosófica significou contactos internacionais que lhe tornaram possível aprender dança e música ocidental, que por sua vez lhe deram a preparação necessária para dar nova vida à dança indiana. O modo como ela acabou fazendo aquilo que fez é impensável sem os contactos que a Sociedade Teosófica lhe deu. [A E.T. recorda o controverso casamento (devido à diferença de idades) de Rukmini com George Arundale, o terceiro presidente da S.T. Adyar. Fundou em Adyar, a Kalakshetra, a Academia Internacional das Artes. Foi uma defensora da causa animal e do vegetarianismo. Depois de falecer, foi cremada nos Besant Gardens, uma parte da propriedade da S.T. Adyar].




Gutzon Borglum (1867-1941) – escultor das cabeças presidenciais do Monte Rushmore e pintor de um quadro de Blavatsky [que se encontra em Wheaton, na sede da S.T. na América. De acordo com este artigo de John Algeo, o quadro foi solicitado pelo pai de Borglum quando este era Presidente da loja da ST em Omaha, Nebraska. Antes de o pintar preparou-se lendo e estudando os ensinamentos de Blavatsky. Isolou-se durante os três dias que levou a executar o trabalho. Crê-se que terá sido pintado em 1889 ou pouco tempo depois, pois baseia-se na famosa fotografia de Enrico Resta, conhecida como "A Esfinge" que foi tirada precisamente em 1889].

Foto bastante recente do quadro pintado
por Borglum. Fica o agradecimento pelo seu envio
a Janet Kerschner, arquivista da TS in America


Paul Gauguin (1848-1903) – Pintor francês primitivista e pós-impressionista.


Autorretrato de Paul Gauguin


Alex Grey (n. 1953) – [artista norte-americano] Parece improvável que este pintor tenha sido influenciado pela Sociedade Teosófica, mas certamente simpatiza com ela, como a sua página de internet testemunha.

Lawren Harris (1885-1970) – Pintor canadiano que foi membro da Loja de Toronto da Sociedade Teosófica, no Canadá.

Wassily Kandinsky (1866-1944) – Russo (…) [introdutor da abstração no campo das artes visuais]. Influenciado pela Teosofia, não foi membro [da ST]. Aqui um artigo sobre Arte e Teosofia também alojado no site de Katinka Hesselink.

Wassily Kandinsky


Paul Klee (1879-1940) - artista suíço extravagante da escola Bauhaus, pertencente [ao grupo artístico] do “Der Blaue Reiter” [de que também fez parte W. Kandinsky].

Hilma af Klint (1862-1944) – pintora abstracionista [sueca] (consultar “O Teosofista”; julho 2006, p. 385-389) [A versão inglesa do wikipedia diz que a arte de Hilma pode ser considerada paralela à de Mondrian, Malevich e Kandinsky, todos eles inspirados pelo movimento teosófico].

Charles Rennie Mackintosh (1868-1928) – escocês, arquiteto e designer da “art noveau”.

Piet Mondrian (1872-1944) – pintor holandês, principal expoente de “de Stijl” cujo estilo “neoplástico” influenciou profundamente a arte, arquitetura e o design gráfico modernos. Membro da Sociedade Teosófica [desde 1909, segundo relata a E.T., que acrescenta que Mondrian considerava a sua arte uma expressão da vida espiritual, o que será muito provavelmente reflexo da sua exposição ao idealismo teosófico].


Piet Mondrian

Nicholas Roerich (1874-1947) - artista místico russo, amigo de Henry Wallace. [Segundo a E.T. aderiu à S.T. em 1920, no mesmo ano em que ele e a sua esposa, Helena Roerich fundaram a Sociedade Agni Ioga. Viajou bastante, esteve inclusive no Tibete onde pintou cerca de 500 quadros sobre os Himalaias].


"Canção de Shamballa", um dos quadros de Nicholas Roerich


Beatrice Wood (1893-1998), artista e ceramista [norte-americana, membro da S.T. e próxima de Krishnamurti, que tal como Wood, também vivia em Ojai. Também ensinou e viveu na Besant Hill School].


ATORES

Florence Farr (1860-1917), atriz [britânica] ligada à Aurora Dourada. [Contudo, uma série de episódios conflituosos dentro desta organização levariam à sua saída em 1902, ingressando mais tarde na S.T.. Segundo, o wikipedia inglês publicou vários artigos em revistas teosóficas. Morreu no Sri Lanka, para onde tinha ido viver depois de travar conhecimento através da S.T. com Sir Ramanathan, um instrutor espiritual que com o seu plano de educação para as jovens mulheres cingalesas convenceu Farr a assumir um papel importante no Colégio que criou.].


Florence Farr


Dana Ivey (n. 1941) - atriz [norte-americana] de TV, de cinema e da Broadway.

Shirley MacLaine (n. 1934). Atriz norte-americana [Crente na reencarnação, algo que já referiu por diversas vezes nos vários livros que escreveu, que também refletem o seu entusiasmo pelo fenómeno OVNI]. 


FEMINISTAS

Clara Codd (1876-1971) – Uma feminista que esteve presa na Inglaterra. [Segundo a E.T., Clara aderiu à S.T. em 1903 e foi Secretária-Geral da Secção Australiana entre 1934 e 1936. Desempenhou as mesmas funções na África do Sul em 1938. Esteve envolvida num movimento teosófico para crianças, denominado a “Corrente Dourada”. Publicou vários livros].


Clara Codd


Matilda Joslyn Gage (1826-1898) – Autora feminista norte-americana e coautora juntamente com Elizabeth Cady Stanton e Susan B. Anthony de “History of Woman Suffrage” [A história do sufrágio feminino]. [A E.T. refere que foi Gage quem conduziu Frank Baum, o autor de “O Feiticeiro de Oz”, à S.T.].

Gloria Steinem (n.1934) – Escritora e feminista norte-americana (…). Influência teosófica reconhecida numa entrevista em Jewish News.


sábado, 12 de abril de 2014

A perspetiva de um teosofista sobre a Astrologia

Vicente Hao Chin, Jr. é um dos teosofistas mais conhecidos e respeitados no mundo inteiro, tendo sido até apontado por alguns, como um dos possíveis candidatos à presidência da Sociedade Teosófica (ST) de Adyar nas eleições que se aproximam. Hao Chin, membro da ST desde 1970, já liderou a Secção da ST das Filipinas, mas não faz contudo parte do boletim de voto onde constam os nomes de Tim Boyd e de CVK Maithreya.


Vicente Hao Chin, Jr.


O teosofista filipino foi autor dos livros “Why Meditate?” [Porquê meditar?]  e “The Process of Self-Transformation: Mastery of the Self and Awakening of Our Higher Potentials” [O processo de auto-transformação:  o domínio sobre o Eu e o despertar dos nossos mais elevados potenciais]. Também compilou, editou e publicou a edição cronológica de “Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett”, a partir do qual foi a feita a única tradução para português hoje existente. É o editor-chefe da revista “Theosophical Digest” publicada nas Filipinas, e editor associado do website Theosopedia, uma transposição para a internet da “Theosophical Encyclopedia”, também da sua autoria. Hoje em dia, Vicente Hao Chin, Jr. é também o presidente do Golden Link College, um estabelecimento de ensino fundado pela ST das Filipinas e pela Fundação Filipina da Ordem Teosófica de Serviço, que tem um modelo de aprendizagem bastante diferente do convencional, aplicando princípios que reconhecemos facilmente como estando em consonância com a Teosofia, como seja o da não promoção da competitividade entre os alunos. Mais sobre o Golden Link College pode ser encontrado aqui e aqui.




Será pois Hao Chin Jr. quem nos vai falar um pouco sobre astrologia, sobre a qual está bem habilitado para se debruçar, pois ele próprio foi um antigo praticante da Velha Arte.  E a isso há que somar a ampla perspetiva que lhe dá ser um teosofista bastante experiente. Ele é - como fica patente na pequena nota biográfica acima - bastante ativo e basta seguir o grupo do Facebook da Sociedade Teosófica das Filipinas para perceber isso. A entrevista concedida ao Theosophy Forward, confirma igualmente a sua visão sobre como a Teosofia deve influenciar a Sociedade.

Esta é pois a tradução de uma entrevista de Kristine Sy, colocado no blog Astrology Friends Philippines, que autorizou o Lua em Escorpião a publicar o artigo.

“Vic Hao Chin Jr. tem sido uma fonte de inspiração para mim, desde o dia em que o ouvi falar no “Seminário de Auto-transformação” que teve lugar em 2011 na sede da Sociedade Teosófica das Filipinas. Sendo um dedicado estudante de Astrologia, foi com prazer que descobri que ele foi em tempos considerado um dos melhores astrólogos do país. Vic é um dos seres espirituais que conheço e vejo-o como um mentor. Eu tenho grande consideração sobre as suas perspetivas sobre a natureza humana e considero um privilégio partilhar convosco, estudantes e entusiastas da Astrologia, as seguintes palavras sábias de Vic Hao Chin Jr.


Hao Chin Jr. com Tim Boyd, um dos candidatos
à presidência de ST Adyar


Kristine Sy: O que é a astrologia para si?

Vic Hao Chin, Jr.: Os meus próprios estudos durante muitos anos convenceram-me que certos aspetos daquilo que é chamado astrologia têm validade, mas ao mesmo tempo, muitas outras perspetivas tradicionais são muito questionáveis. A astrologia é uma hipótese testável e consequentemente os esforços dos astrólogos devem ir nesta direção. Mas a astrologia também tem o seu lado subjetivo que não está sujeito, de momento, à análise científica. A devida compreensão deste aspeto depende da maturidade e insight do intérprete. Não é mais apenas uma interação de energias, mas a compreensão de um processo mais lato de crescimento do ser humano. Nesta faceta encontra-se a astrologia natal onde o estudo tem um valor potencial efetivo, mas ao mesmo tempo é uma das mais difíceis de dominar. Ela acarreta uma compreensão da psique dos seres humanos e do seu potencial espiritual. É aqui que entra a Astrologia Esotérica, onde o trabalho de Alan Leo permanece válido mesmo passado um século. Quando testei a aplicação de astrologia à vida humana, encontrei um significado notável na correlação entre o mapa e a vida do indivíduo, particularmente na identificação de oportunidades de vida, bem como na possível resolução de conflitos de vida. Eu encontrei, contudo, que a maior parte das pessoas estão principalmente interessadas sobre o destino e circunstâncias externas. Uma senhora não parava de perguntar se ela ia ganhar no casino. Apercebi-me que a maior parte das pessoas não estava interessada no seu genuíno crescimento interior, mas absorvidas em assuntos sobre benefícios materiais, sociais ou pessoais. Um astrólogo que atende a isto estará apenas a alinhar com as necessidades e desejos superficiais das pessoas e dificilmente irá contribuir para o crescimento humano genuíno. No longo prazo, não será o melhor modo de gastar o seu tempo.




Kristine Sy: E o que pode aconselhar aos futuros astrólogos?

Vic Hao Chin, Jr.: Uma das facetas mais úteis do estudo é a compreensão da natureza básica da psique e consciência humana conforme representadas pelo mapa natal. Uma quadratura entre Sol e Júpiter, pode indicar por exemplo, uma abordagem desvirtuada da expansão de muitas formas, como entusiasmo exacerbado ou otimismo desmesurado. Se é este o caso, então esta é uma lição que a pessoa deve aprender nesta vida, e deve lidar conscientemente com isso quando se debruça sobre problemas, projetos ou assuntos da vida. Depois de validar essa observação com a pessoa, então a carta pode-se tornar uma ferramenta útil em detetar insights únicos na auto-compreensão que podem ajudar os indivíduos a ver possibilidades de crescimento mais profundas e amplas. Oferece-nos vislumbres daquilo a que normalmente estaríamos cegos em relação a nós próprios.

Mas para fazer isso, um astrólogo deve compreender o panorama mais vasto sobre vida e crescimento – carma, reencarnação e auto-atualização ou autorrealização. Tem a ver com a ideia perene da possibilidade da completa perfeição e maturidade humanas. O conhecimento astrológico, sendo válido, é apenas uma ferramenta pela tal busca pela perfeição.




Kristine Sy: Que livros de astrologia leu? Que livro pode recomendar?

Vic Hao Chin, Jr.: Eu não li a literatura mais recente sobre astrologia das últimas duas décadas, portanto não estou numa posição de sugerir bons livros que tivessem aparecido durante esse período. Mas eu sugeria livros que seguissem as linhas iniciadas pela Escola Astrológica de Londres [NT:provavelmente refere-se à Loja Astrológica de Londres] sobre astrologia psicológica, que olha para os planetas como representações das energias da psique. Os livros de Jeff Mayo vêm-me imediatamente à memória. Mas estes devem ser validados por estudos paralelos na psicologia, incluindo a psicologia transpessoal. Outra faceta do estudo é a pesquisa científica sobre astrologia. Uma das primeiras compilações relevantes de esforços nesta área é “Recent Advances in Natal Astrology”. Os estudantes de astrologia devem ser objetivos, racionais e científicos e devem estar atentos a experiências que confirmem ou refutem princípios tradicionais da astrologia. Por exemplo, os estudos de Gauquelin parecem ter parcialmente invalidado algumas das assunções tradicionais da astrologia enquanto ao mesmo tempo reafirmam os seus princípios básicos. Desta forma, a astrologia crescerá gradualmente até se tornar uma ciência, não sobre as estrelas, mas sobre a lei das correspondências e a natureza da psique e destino humanos.




Estando mais desligado da Astrologia nos últimos anos,  é natural que Hao Chin Jr. desconheça a recuperação dos textos antigos que têm ajudado ao ressurgimento de velhas técnicas e também a uma maior fundamentação da astrologia e sua interligação com os princípios e organização do Universo. Contudo, a sua entrevista não deixa de ser um elemento bastante útil, quer para os teosofistas, quer para os astrólogos.

sábado, 5 de abril de 2014

A influência da Teosofia em personalidades famosas III - Arquitetos, Cientistas e Inventores e Psicólogos

Esta é a terceira secção de uma série de seis, sobre personalidades famosas influenciadas pela Teosofia e pela Sociedade Teosófica.

O artigo baseia-se num levantamento originalmente feito por Katinka Hesselink e para entender o contexto é necessário ler a primeira parte.


Katinka Hesselink


ARQUITETOS

Claude Fayette Bragdon (1866-1946) - autor e arquiteto norte-americano [A E.T. diz-nos no verbete dedicado à Teosofia na América, que Bragdon desenhou o novo arco da entrada da sede da S.T. na América, sendo identificado como um antigo membro da Sociedade. O wikipedia inglês refere que Bragdon, nos seus livros sobre teoria arquitetónica defendia uma abordagem teosófica na conceção de edifícios].

Walter Burley Griffin (1876-1937) - planificador e arquiteto norte-americano, que trabalhou no gabinete de F. L. Wright e que concebeu o plano para a capital australiana, Canberra.

CIENTISTAS E INVENTORES

Sir William Crookes (1832-1919) – [químico] e físico teórico e inventor do protótipo do tubo [de raios catódicos] da TV e das luzes fluorescentes. [A E.T. tem um longo verbete sobre Crookes, começando por lembrar a sua filiação na S.T., embora isso e as suas investigações no domínio do paranormal sejam desconhecidas da maior parte das pessoas. Esta sua pesquisa foi despertada na sequência da morte de um irmão de quem era próximo. Filiou-se na S.T. em 1883, sobre a qual tomou conhecimento através de um colega cientista, C.F. Varley, que já tinha feito várias experiências à volta dos fenómenos espíritas. Crookes é abundantemente citado em “A Doutrina Secreta” e referido com apreço pelos Mahatmas nas Cartas dirigidas a Sinnett].


William Crookes


Thomas Edison (1847-1931) - inventor norte-americano da luz elétrica, fonógrafo, etc…(cf. “O Teosofista”, agosto [NT: talvez novembro] 1931, p. 657). [A E.T. conta-nos que Edison filiou-se na S.T. em 1878, fruto da sua ligação com Olcott e reproduz uma carta entre os dois].


Diploma de Edison como membro da S.T.


Camille Flammarion (1842-1925) - astrónomo francês. [Segundo a E.T. juntou-se à S.T. em 1880 tendo servido como Vice-presidente da S.T. de 1880 a 1888. Foi amigo de Allan Kardec e médium, cuja canalização de Galileu serviu de base à produção de um dos  livros base do espiritismo kardecista “A Génese”].

Jane Goodall (n. 1934) - cientista [britânica famosa pelo seu trabalho] (…) com chimpanzés. A ligação à Teosofia é reconhecida no seu livro “Motivo de esperança”.




Rupert Sheldrake (n. 1942) - biólogo britânico, proponente dos campos morfogenéticos.




Alfred Russel Wallace (1823-1913) - naturalista que desenvolveu uma teoria de seleção natural independente da de Darwin (…) tendo sido um espiritualista (1823-1913). Os seus interesses teosóficos são discutíveis. “Já experimentei vários livros teosóficos e de reencarnação, mas não consigo lê-los ou ter interesse neles. São tão puramente imaginativos e não me parecem ser racionais. Muitas pessoas são cativadas por eles. Acho que a maior parte das pessoas gosta de uma teoria complexa, estranha e grandiosa sobre o homem e a natureza, dada com autoridade – pessoas que se religiosas seriam católicos romanos.” citado a partir de William Brock, “William Crookes (1832-1919) e a Comercialização da Ciência”, 2008 (…) [A E.T. reconhece que Wallace estava essencialmente interessado nos fenómenos espíritas, embora em 1876 se tinha filiado na S.T.. Recebeu uma cópia enviada por Blavatsky de “Ísis sem véu”, a qual elogiou pela vasta erudição. Antes já se havia correspondido com Olcott por ocasião da publicação da obra do também fundador da S.T. “People from the Other Worlds”].


Alfred Russell Wallace


PSICÓLOGOS

Roberto Assagioli (1888–1974) – psicólogo, humanista e visionário italiano. Assagioli fundou o movimento psicológico conhecido por psicossíntese, que ainda hoje é desenvolvido por terapeutas e psicólogos que praticam a sua técnica. O seu trabalho enfatizou a possibilidade de integração progressiva da personalidade em torno da essência do Eu por meio do uso da vontade. (Fonte: wikipedia) [A E.T. refere que Assagioli foi membro da Secção Italiana da S.T. e que o seu trabalho foi feito respeitando as linhas da ortodoxia vigente no domínio da psicologia, de modo a que o seu trabalho fosse aceite pelo establishment. Contudo grande parte dele estava bem longe dessa ortodoxia, para perto de uma visão teosófica da natureza do indivíduo. Reconheceu a existência de um plano búdico na Natureza].




William James (1842-1910) – filósofo e psicólogo [norte-americano] [A E.T. refere que James juntou-se à S.T. [NT: em 1882] e que foi um estudioso de “A Voz do Silêncio”, de Helena Blavatsky citando várias vezes esse livro em palestras. Na fase final da sua vida perdeu interesse na psicologia formal e virou-se para o misticismo].

Carl Gustav Jung (1875-1961) – fundador da psicologia analítica. Não se interessou por Blavatsky, Leadbeater ou Besant, mas esteve em contacto frequente com G.R.S. Mead, depois de este ter abandonado a ST em 1909. [A E.T. diz que os teosofistas são recetivos às teorias de Jung, pois este não ignorava o aspeto místico do ser humano. A sua exploração dos aspetos da psique humana levou em linha de conta as religiões orientais, a mandala e a reencarnação].


Jung é o primeiro à direita na fila de baixo
Freud é o primeiro à esquerda na mesma fila


Ian Stevenson (1918-2007) - professor de psiquiatria da Universidade da Virgínia e investigador de vanguarda de casos relatados de reencarnação. Provavelmente influenciado pela sua educação teosófica. [NT: No livro de Tom Shroder “Almas antigas”, Stevenson diz ao autor “que atribui o seu interesse inicial pela relação entre o espiritual e o material à sua mãe, que era adepta de (…) Teosofia”, que o psiquiatra descreve como “uma espécie de budismo enlatado para ocidentais”].