És Tu, sou eu? Isso faria dois.
Longe de Vós, longe de Vós o pensamento de afirmar dois.
Um ser, o Teu, exprime-se sempre no fundo do meu não ser.
Pretender somar o meu todo ao Todo seria uma dupla ilusão:
Onde está a Tua essência, em relação a mim, para que eu possa vê-la,
Já que a minha essência ultrapassou visivelmente o Onde?
E onde está a Tua face?
A minha visão devo procurá-lo no íntimo do meu coração
Ou na pupila do meu olho?
Entre Ti e mim, há um "eu sou" que me atormenta.
Ah! Tira pelo teu "Eu sou" o meu "eu sou" do meio de nós dois.
Al-Hallaj
Apontamentos sobre teosofia, astrologia, reencarnação, karma e outros temas serão trazidos regularmente a este blog. Os autores podem ser contactados através de blog.luaemescorpiao@gmail.com
sábado, 29 de março de 2014
sábado, 22 de março de 2014
A influência da Teosofia em personalidades famosas II - Escritores
Há duas semanas atrás, inicíamos esta série de seis secções (repartidas em sete partes, pois a seção relativa às figuras religiosas e espirituais e extensa e foi dividida em dois) sobre a influência da Teosofia e da Sociedade Teosófica em indivíduos que se tornaram conhecidos.
Este artigo baseia-se num levantamento originalmente feito por Katinka Hesselink e para entender o contexto é necessário ler a primeira parte.
Este artigo baseia-se num levantamento originalmente feito por Katinka Hesselink e para entender o contexto é necessário ler a primeira parte.
ESCRITORES
Sir
Edwin Arnold (1832-1904) – britânico, autor de “A Luz da Ásia” [poema épico
sobre a vida e os ensinamentos do Buda] e “A Canção Celestial” [um tradução do
Bhagavad-Gita]. [A E.T.
refere Arnold como amigo próximo do Coronel Olcott, um dos fundadores da S.T.. Também conheceu Blavatsky, a quem admirava pelas suas capacidades mentais.
Perto da sua morte tornar-se-ia membro honorário da Sociedade Budista
Internacional. Tinha simpatia pelo movimento teosófico e expressava a opinião
que o mesmo tinha tido um excelente efeito na humanidade. A certa
altura da sua vida tornou-se vegetariano.]
Lyman
Frank Baum (1856-1919) – Autor norte-americano de “O Feiticeiro de Oz” e de
outras histórias infantis. [Segundo a E.T.,
ele ter-se-á filiado na S.T. em 1892. O verbete dedicado a Baum é muito
interessante explicando a simbologia de “O Feiticeiro de Oz” à luz da Teosofia.
Assim a referência ao Kansas, vem do facto deste estado norte-americano ter
forma quadrangular, uma alusão ao quaternário inferior da literatura teosófica.
Os personagens que acompanham Dorothy (que enquanto no Kansas simboliza a alma
humana aguardando a encarnação no mundo físico), representam os nossos corpos
imperfeitos mental (espantalho), astral (Homem de Lata) e físico (Leão
Medroso).]
Algernon
Blackwood (1869-1951) - escreveu sobre o sobrenatural e histórias
misteriosas. [ A E.T.
diz-nos que Blackwood foi um teosofista britânico que refletia o interesse na
Teosofia nos seus romances. Foi membro e Secretário-Geral da S.T. de Toronto e
anos mais tarde esteve também ligado à Loja de Londres].
Lewis
Carroll (1832-1898) – pseudónimo de Charles Lutwidge Dodgson, autor britânico
dos livros “Alice no país das maravilhas”, “Algumas aventuras de Sílvia e
Bruno”, etc…[NT: A versão em inglês do verbete do wikipedia
referente a Lewis Carroll lembra o
interesse dele na Teosofia].
Mohini
Mohun Chatterji (1858-1936) –
escreveu sobre o Bhagavad Gita, Vivekachudamani, etc... [A E.T.
descreve Mohini como um chela do
Mestre KH, que caiu na armadilha da arrogância. Aderiu à S.T. em 1882 tendo a
abandonado cinco anos mais tarde fruto de uma postura crítica face à condução da
Sociedade por parte de Olcott. Segundo Sven Eek, em “Damodar e os Pioneiros da
Teosofia”, Mohini morreu praticamente cego devido a cataratas nos olhos].
James
Henry Cousins (1873-1956) – Escritor, dramaturgo, ator, crítico,
editor, professor e poeta, nascido na Irlanda. Usou vários pseudónimos incluindo Mac Oisin e
Jayaram, um nome hindu. Cousins foi bastante influenciado pela capacidade de
George William Russell de reconciliar o misticismo com uma abordagem pragmática
às reformas sociais e de acordo com os ensinamentos da Senhora Blavatsky. Teve
um interesse no paranormal durante toda a sua vida e foi testemunha de várias
experiências levadas a cabo por William Fletcher Barrett, professor de Física
na Universidade de Dublin e um dos fundadores da Sociedade de Pesquisa
Psíquica. Também escreveu profusamente sobre Teosofia e em 1915 Cousins
deslocou-se até à Índia com viagem paga por Annie Besant, a Presidente da
Sociedade Teosófica (Fonte: Wikipedia)
Sir Arthur
Conan Doyle (1859-1930) - inglês, autor das histórias de Sherlock Holmes; espiritualista. O seu interesse na Teosofia é duvidoso, embora tenha estado em
contacto com ela. Teve ligação com a Blavatsky
Association sobre o Relatório Hogdson.
O falecido ator Jeremy Brett fez uma das memoráveis interpretações do famoso Sherlock Holmes |
Robert Duncan (1919–1988) – Poeta norte- americano e um
estudante (…) da tradição esotérica ocidental, tendo passado a maior parte da
sua carreira em São Francisco e arredores.(…) O trabalho mais maduro de Duncan emergiu nos anos 1950 no contexto
literário da cultura Beat. (…) A sua
mãe, (…) morreu durante a infância [de Duncan] e o pai não era capaz de
sustentá-lo pelo que foi adotado por Edwin e Minnehaha Symmes, uma família de
devotos teosofistas (Fonte: Wikipedia).
T.S. Eliot
(1888-1965) - poeta e crítico anglo-americano.
E.M.
Forster (1879-1970) - romancista inglês, [autor de] “Passagem para a Índia”.
Kahlil Gibran (1883-1931) (consultar
“Prophet: the life and times of Kahlil Gibran / Robin Waterfield. (New
York : St. Martin's Press, 1998), p. 225.) [NT: A versão em inglês do verbete do wikipedia referente
a Gibran menciona o seu misticismo como sendo uma convergência de diversas
influências: Cristianismo, Islamismo, Sufismo, Judaísmo e Teosofia. Autor do
famoso livro “O Profeta”, muito popular durante os anos 60 nos EUA, embora
tenha sido publicado pela primeira vez em 1923].
Sir Henry Rider Haggard
(1856-1925) - escritor inglês, [autor
de] “As Minas do Rei Salomão”, “Ela, a feiticeira”, etc…
James
Joyce (1882-1941) - romancista irlandês, [autor de] “Ullisses” e “Finnegans
Wake”.
D.H.
Lawrence (1885-1930) - romancista inglês, [autor de] “A Serpente Emplumada”,
etc.. “um escritor religioso que não rejeitou o Cristianismo, mas que tentou
criar uma nova base religiosa e moral para a vida moderna”.
D.H. Lawrence |
Jack
London (1876-1916) - romancista norte-americano.
Maurice
Maeterlinck (1862-1949) - poeta belga, também dramaturgo e romancista, principal
expoente do teatro simbolista que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1911.
Henry
Miller (1891-1980) - [norte-americano] autor de romances autobiográficos.
Talbot
Mundy (1879-1940) – [NT: Katinka Hesselink não dá detalhes sobre Mundy no
artigo, remetendo para um link
com extensa informação sobre este escritor, que teve relação com a ST de Point
Loma, através de Katherine Tingley - a sucessora de W.Q. Judge - entre 1922 e
1929. A E.T.
também o menciona, embora não haja informação muito mais relevante do que
aquela que já foi atrás referida].
John
Boynton Priestley (1894-1984) - romancista e dramaturgo inglês, autor de “O
tempo e os Conways”, “I Have Been Here Before”, “An Inspector Calls”, [etc].
George
W. Russell (Æ) (1867-1935) – Poeta irlandês, também pintor e especialista em agricultura [Segundo
a E.T.
foi aluno de Helena P. Blavatsky e contemporâneo de Yeats. Aderiu à S.T. em
1887, tendo, aquando da cisão da Sociedade em 1895, apoiado William Judge.
Quando este morreu um ano mais tarde, abandonou aquela S.T. e formou a
Sociedade Hermética. Foi um ativista político a favor dos movimentos de
libertação irlandeses. Grande parte dos poemas de Russell são de natureza
mística refletindo as suas crenças teosóficas. Aqui mais um artigo do
Canadian Theosophist sobre Russell].
Retrato de George Russell |
Sir
Thomas (Tom) Stoppard (n. 1937) - dramaturgo nascido na República Checa, autor de drama intelectual, como por exemplo “Arcádia” (1993), que juntou o último
teorema de Fermat, a teoria do caos, arquitetura paisagística e o Lorde Byron.
Também escreveu “Indian Ink” sobre a independência da Índia e os teosofistas.
Kurt
Vonnegut Jr. (1922-2007) - autor norte-americano de romances satíricos de
crítica social.
Thornton
Wilder (1897-1975) - romancista e dramaturgo norte-americano, [autor de] “The
Cabala”, “A ponte de São Luís Rei”, “Nossa Cidade”, “The Matchmaker”,”The Skin
of Our Teeth”…
William
Butler Yeats (1865-1939) - Poeta e dramaturgo anglo-irlandês [A E.T.
conta-nos que Yeats juntou-se à S.T. em 1887, estando os seus trabalhos fortemente
influenciados pela Teosofia e pelas suas incursões no misticismo. Foi por
sugestão de Blavatsky que o poeta irlandês haveria de estudar a literatura
espiritual indiana, o que o influenciaria nalgumas das suas produções.
Mais tarde reconheceria que Blavatsky o tinha ajudado a desenvolver os
seus poderes mentais e capacidade de liderança].
W.B. Yeats |
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sábado, 15 de março de 2014
Como uma borboleta na sua crisálida
Daniel Caldwell é um dos mais conhecidos investigadores no campo da Teosofia, particularmente de todo o universo relacionado com Helena Blavatsky.
Conhece como poucos a vida de HPB e sabe imensos detalhes sobre as inúmeras
controvérsias da história do movimento teosófico, as diferenças sobre edições de
livros, as datas de certos acontecimentos, as diferentes perspetivas sobre determinado conceito, etc…uma
verdadeira enciclopédia, vertida no seu Blavatsky Study Center, o portal existente com mais conteúdos sobre Teosofia e HPB. Tem tanto material que duvido
que alguém o tenha explorado na sua totalidade. Será a porta de entrada mais
provável para aqueles que procuram as primeiras informações sobre Teosofia e
HPB (em língua inglesa, naturalmente).
Helena Blavatsky (1831-1891) |
Caldwell já editou três livros, um deles traduzido para
português, “O Mundo Esotérico de Madame Blavatsky” que foi um dos meus primeiros contactos com Blavatsky. Um livro que já reli e
que permanece como um dos meus favoritos. No fundo, é uma espécie de biografia
de Blavatsky com base numa série de relatos de quem a conheceu, quer daqueles
que lhe eram mais próximos, quer de pessoas que só a viram por uma vez. Também há
lugar para aqueles que não gostaram (e não gostavam) da Velha Senhora.
Nem todos são apreciadores do trabalho de Caldwell, que já
se envolveu em várias polémicas na internet e que fez parte do grupo de
trabalho envolvido na controversa edição do I volume das Cartas de HPB, liderado
por John Algeo, cujas deficiências foram referidas num artigo
da revista Biosofia. A publicação de textos críticos para com algumas das práticas da Loja
Unida de Teosofistas (LUT), bem como algumas
referências à história desta organização e aos seus líderes acarretaram uma
ligação um pouco difícil com certos elementos desta estrutura. “O
Mundo Esotérico de Madame Blavatsky” foi inclusive alvo de uma
dura crítica de Jerome Wheeler, um decano da LUT, a meu ver um pouco
exagerada, pois na altura em que li o livro fiquei com uma ideia de HPB que
mantenho até hoje, a de uma mulher extraordinária, a quem o mundo muito deve.
Mais recentemente Caldwell, editou “Laura
Holloway e os Mahatmas” e antes “The Esoteric
Papers of Madame Blavatsky”, que contém fac-similes de diverso
material importante na história do movimento, como sejam as regras e as primeiras instruções para os membros da
Secção Esotérica e transcrições das reuniões do Grupo Interno (Inner Group).
Há ainda uma compilação de Caldwell para introdução à Teosofia em forma de e-book.
Esta introdução antecede a tradução de uma interessante subpágina
do Blavatsky Study Center sob o processo pós-morte e que se intitula “Como uma
borboleta na sua crisálida“. Caldwell autorizou a sua tradução para português,
ficando aqui desde já o meu agradecimento.
Como uma borboleta na sua crisálida
As esferas intermediárias (…) são os grandes pontos de paragem, as estações nas quais são gerados os futuros Egos autoconscientes, a prole auto-engendrada dos Egos antigos e desencarnados no nosso planeta. Antes que a nova Fénix, renascida das cinzas dos seus pais, possa voar mais alto para um mundo melhor, mais espiritual e mais perfeito…tem que passar pelo processo de um novo nascimento...”
“(…) naquele mundo de sombras o Ego-feto, novo e ainda inconsciente, transforma-se na vítima merecida das transgressões do seu último Eu, cuja carma – mérito e demérito - criará sozinho o seu futuro destino. Naquele mundo (…) nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autómatas; almas em estado de transição, cujas faculdades e individualidades adormecidas estão como uma borboleta na sua crisálida; e os Espíritas esperam que elas falem com sensatez…!”
Mestre KH, [Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, carta 18 (por ordem cronológica), vol I, p.125 da edição em português]
Usando o ciclo de vida da borboleta-monarca, tentemos
ilustrar as palavras do Mestre KH.
Imagens 1 e 2 : o Mundo Físico
1 |
2 |
A fase da lagarta representa o ser humano durante a sua vida
no plano físico. É a nossa personalidade humana.
A lagarta da borboleta monarca tem um apetite voraz por
serralha e passa a sua vida enquanto naquele estádio a se alimentar…da mesma
forma que os seres humanos têm apetite por experiências – físicas, emocionais,
mentais, etc…
Imagens 3 a 10: Kama-loka
Naquele mundo (...) nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autómatas, almas em estado de transição..." [op.cit, carta 18, vol. I, p.25]
3 |
4 |
Quando o ser humano morre de morte natural normal, a
personalidade entra numa fase de casulo no Kama-loka. Tem lugar uma
transformação e apenas as partes “superiores” da personalidade são assimiladas pelo nosso “Deus” interior,
ou seja, dá-se a “ressuscitação”…no Devachan…a fase da borboleta. As partes inferiores
da nossa personalidade são descartadas…tornando-se uma casca.
5 |
6 |
Existem contudo exceções…vidas interrompidas pelo doença, acidentes, assassinatos, suicídios, abortos. Veja-se o que escreve Plutarco [também n'"A Chave para a Teosofia", p.94 a 96]
7 |
8 |
O Mestre KH escreve:
“Aquele que possui as chaves dos segredos da Morte é possuidor
das chaves da Vida.” [Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett , carta
136, vol II, p.315]
E o Mestre M escreve:
“O sr. Hume [no seu artigo “Fragmentos da Verdade Oculta”]
definiu perfeitamente a diferença entre personalidade e individualidade. A
primeira dificilmente sobrevive; a segunda, para percorrer com êxito os seus
cursos setenários descendente e ascendente, tem de incorporar em si mesma a
força vital eterna que reside somente no sétimo princípio e então unir os três
(quarto, quinto e sétimo) num – o sexto. Os que chegam a fazê-lo convertem-se
em Budas, Dhyan Chohans, etc…O propósito principal dos nossos esforços e
iniciações é alcançar esta união enquanto estamos na Terra." [op.cit., carta 44, vol. I, p.205-6]
9 |
10 |
Ver aqui este texto em inglês com excertos de referências feitas por HPB e pelos Mestres, bem como estas tabelas (1 e 2) do livro de Geoffrey Farthing, "When we die". Explicações sobre o Kama-loka e o Devachan podem ser encontradas em posts anteriores do Lua em Escorpião.
Imagens 11 e 12: Devachan
A revitalização da consciência começa depois da luta no Kama-loka, às portas do Devachan e apenas depois do “período de gestação”.
11 |
“Do Kama-loka (…) uma vez despertadas do seu torpor
pós-morte, as “Almas” recém-transladadas vão todas (exceto as cascas), de
acordo com as suas atrações, ou para o Devachan, ou para o Avitchi [estado de maldade espiritual, a antítese do Devachan].” [op.cit., carta
104, vol.II, p.190]
“Quando o sexto [Buddhi] e sétimo [Atman] princípios tiverem ido, levando
consigo as partes mais finas e espirituais daquilo que certa vez foi a consciência
pessoal do quinto princípio [Manas], só então a casca gradualmente desenvolve uma
espécie de vaga consciência própria a partir do que permanece na sombra da
personalidade.” [op.cit, carta 93B, vol.II, p.141]
12 |
No chamado manuscrito de Wurzburg d’”A Doutrina Secreta” ,
HPB escreveu:
[Buddhi] é também o plano de existência no qual a
individualidade espiritual evolui, e a partir do qual a personalidade é
eliminada.”
Devemos portanto aprender a fazer de forma consciente nesta
vida, aquilo que é feito automática e inconscientemente nos estados pós-morte.
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Teosofia
sábado, 8 de março de 2014
A influência da Teosofia em personalidades famosas I - Músicos
Katinka Hesselink era até há pouco tempo uma das teosofistas
mais ativas no mundo da internet. Contudo, desiludida
com as cúpulas da Sociedade Teosófica de Adyar, virou-se para o Budismo.
As suas opiniões colocadas em blogues e sites
eram bastante lidas, bem como muitos dos seus interessantes artigos.
Há dias,
numa pesquisa no Google, acabei por localizar um
desses artigos – uma extensa lista de pessoas conhecidas que foram tocadas pela
Teosofia, uns de modo mais profundo, outros nem tanto. Katinka Hesselink
autorizou a tradução do artigo que foi elaborado entre 2006 e 2010, mas ao
longo da mesma achei por bem adicionar umas notas entre parenteses retos e
eliminar algumas partes que me pareceram mais irrelevantes.
Katinka Hesselink |
Também procedi à
ordenação alfabética dentro de cada categoria. Muitas das referências do artigo
original vêm da wikipedia, que não
será a melhor das fontes para um tema tão específico como é o da Teosofia. Por
isso e aproveitando o facto da “Theosophical Encyclopedia” (E.T.) estar online fiz uma adaptação do conteúdo
original, com a permissão da Katinka, e o que se encontra dentro dos parenteses
retos é em praticamente todos os casos extraído da E.T..
Este texto será colocado no Lua em Escorpião dividido em seis secções ao
longo de várias semanas, intercalando com outros posts, pois não existe
propriamente continuidade entre cada uma das secções (uma delas, a das figuras religiosas e espirituais, por ser extensa, será partida em duas partes). As personalidades estão agregadas em várias
categorias: escritores, cientistas e inventores, pintores, músicos, políticos,
arquitetos, atores, psicólogos, feministas e figuras religiosas e espirituais.
O facto de determinada personalidade constar desta lista não
significa que o seu contributo tenha sido, na minha opinião, positivo. Esse é o
caso do casal Ballard, que iniciou o movimento “I AM”, um conjunto de ilusões e
mistificações à volta dos “Mestres Ascensos”. Há também uma menção a um antigo presidente
de El Salvador que só consta da lista por estar referenciado no artigo
original, pois as suas ideias e práticas estão nos antípodas do que defende a
Teosofia.
O objetivo do artigo, para o qual avançamos já de seguida, é
mostrar a amplitude da influência da Teosofia nestes quase 140 anos que
passaram sobre a fundação da Sociedade Teosófica.
Este é um inventário provisório do impacto da Sociedade Teosófica
no mundo. Baseia-se bastante no trabalho de John Algeo.
Algumas coisas foram adicionadas, embora a minha fonte para elas sejam
meramente rumores no meio teosófico. Estes casos necessitam obviamente de maior
investigação. Eu (ainda) não incluí as fontes de referência adequadas, o que
com o tempo acontecerá. De momento esta lista apenas inclui pessoas da
Sociedade Teosófica de Adyar. Isto não é uma questão política, mas o reflexo do
meu conhecimento nesta área. Se alguém consegue indicar pessoas de outras
organizações teosóficas que tiveram um impacto significativo na sociedade,
contactem-me por favor.
Tenho consciência que este é um campo de estudo
problemático: o que constitui exatamente influência? Contudo, penso que é
possível dar algum tipo de resposta à questão da influência da Sociedade
Teosófica fazendo um inventário de destacados inovadores culturais que foram
membros da Sociedade Teosófica. Se se consegue encontrar um número
significativo, então é plausível que uma organização relativamente pequena tenha tido uma influência relativamente elevada no Oriente e no Ocidente. Como demonstra a
lista, nem sempre é fácil mostrar como a Sociedade Teosófica ou os seus ideais
e ensinamentos fizeram diferença no método ou nas perspetivas de certas
pessoas. De qualquer modo, julgo ser útil para os historiadores da área da
cultura estarem conscientes das filiações na Sociedade Teosófica. Para os membros
da Sociedade Teosófica pode ser interessante saber as contribuições que outros
membros tiveram no mundo.
Algumas pessoas que constam da lista nunca foram membros da
Sociedade Teosófica (S.T.), e nesses casos foi adicionada uma nota. Elas
constam da mesma devido aos seus interesses espirituais, ou devido ao seu
contacto com teosofistas, mesmo que nunca se tenham filiado.
Esta lista tornou-se em parte desnecessária porque a
Enciclopédia Teosófica (doravante E.T.) também fornece um inventário considerável.
[NT: Esta enciclopédia existe em forma de livro, mas também está disponível
gratuitamente na internet em formato wiki].
MÚSICOS
Ruth
Crawford-Seeger (1901-1953) – compositora [norte-americana, influenciada por
Scriabin e interessada pelo misticismo oriental, segundo refere o wikipedia].
Gustav
Mahler (1860-1911), compositor de sinfonias [Segundo Cranston escreveu na
sua biografia de HPB, quer Mahler quer Sibelius tinham muitas ligações ao meio
teosófico e uma firme crença na reencarnação (p.533 da edição em língua portuguesa)].
Dane
Rudhyar (1895-1985) – compositor [francês. A E.T. refere que foi influenciado por
Scriabin. Rudhyar é especialmente conhecido pelo seu papel enquanto grande dinamizador
da astrologia humanista, que depois transformou em transpessoal. Esta nova
visão da astrologia caracterizava-se por ser menos determinista, com a ação dos
planetas a constituir um conjunto de forças psicológicas nos indivíduos, mas
sem condicionar de modo absoluto o seu
livre-arbítrio. Casou com uma secretária de um teosofista independente e foi próximo
de Alice Bailey, de quem falaremos na secção V].
Dane Rudhyar (foto retirada de beyondsunsigns.com) |
Cyril
Scott (1879-1970) - compositor e autor [Segundo a E.T.
aderiu à S.T. em 1914, depois de ouvir uma palestra de Annie Besant. Alegava
ligações a um mestre. Proponente do vegetarianismo].
Alexandre
Nikolayevich Scriabin (1872-1915), compositor russo. As ideias teosóficas
forneceram a base para o “Poema da Êxtase” (1908) e para “Prometeu” (1910), que
necessitava da projeção de cores num ecrã durante o concerto. [Segundo a E.T.,
Scriabin era um grande entusiasta de Blavatsky e da Teosofia. A sua síntese das
cores com a música lembra as correspondências como Hermetismo. ”Prometeu”
invoca as Estâncias de Dzyan, e a sua síntese inacabada das artes, “Mistério”, é
essencialmente a visão teosófica da futura transformação da humanidade].
Jean
Sibelius (1865-1957) – finlandês, compositor musical inspirado pelo Kalevala.[ver Mahler]
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sábado, 1 de março de 2014
A arte e o transcendente III
Desde a sua origem que a Sétima Arte tem acompanhado a evolução interior e exterior do Homem e contribuido para o despertar de consciências.
Este terceiro post da rubrica "A arte e o transcendente" será composto por diversas sugestões cinematográficas tendo como principal foco a espiritualidade e introspecção/reflexão.
Cá ficam algumas sugestões:
- Mindwalk (1990)
O filme "Mindwalk" é baseado no livro do físico Fritjof Capra, autor do livro "O Tao da Física".
O filme gira à volta de três personagens: um político frustrado, uma ex-cientista e um poeta.
Num casual encontro, ambos partilham as suas respectivas visões sobre o Homem e a Vida. Um filme que alia a ciência moderna com a sabedoria antiga.
IMDb
Link do Youtube para o filme (legendado PT)
- Giordano Bruno (1973)
Giordano Bruno, talvez a mais famosa vítima da Inquisição da Igreja Católica Romana, foi um teólogo e filósofo italiano que viveu no séc. XVI.
Foi um dos primeiros a romper com a concepção aristotélica de um mundo estático e tornou-se progressivamente num símbolo da luta contra o obscurantismo e/ou dogmatismo.
De realçar que diversas ideias defendidas por Giordano Bruno são idênticas às que encontramos na Teosofia.
IMDb
Links para a parte 1 do filme (legendado PT) e parte 2
(Um artigo da revista Biosofia sobre a vida de Giordano Bruno: Link)
- La Belle Vert (1996)
"(...), é uma divertida e criativa crítica ao estado actual da ¨civilização¨ sob a ótica de uma suposta visitante vinda de ¨outro planeta¨, que poderia ser uma versão otimista futura da Terra, após a decadência do presente paradigma de degradação ecológica, consumismo, poluição indústrial, moral e ética que está culminando com o presente patético dramático que vivemos." (fonte do texto)
- Milarepa (2006)
Um dos mais famosos místicos tibetanos que viveu no séc. XI e XII.
O filme retrata o seu processo de evolução espiritual. Não só a sua dedicação à obtenção da iluminação espiritual como também os erros e obstáculos pelos quais passou.
IMDb
- Mahabharata (1989)
Juntamente com o Ramayana, Mahabharata constitui um dos grandes épicos da Índia, atribuindo-se a sua autoria a Vyasa.
O Mahabharata é uma pedra basilar do hinduísmo e engloba várias temáticas incluindo a libertação do ciclo de morte e nascimento e os métodos de desenvolvimento espiritual.
O Bhagavad Gita, umas das partes de Mahabharata, é bastante citado pelos principais autores teosóficos.
IMDb
Link do Youtube para o filme (legendado, PT: parte 1 ; parte 2 ; parte 3)
- Samsara (2001)
Em falta ficam filmes de Tarkovsky, Miyazaki, Bergman, Kurosawa entre outros, que, por serem mais populares achei que seria escusado colocar na lista.
Contudo, ficam algumas recomendações:
Andrei Tarkovsky: Stalker, Nostalghia, Andrei Rubliov
Hayao Miyazaki: Spirited Away; Princess Mononoke
Ron Fricke: Baraka; Samsara
Darren Aronofsky: The Fountain
Carlos Reygadas: Silent Light
Ingmar Bergman: The Magic Flute; Personna; The Seventh Seal
Akira Kurosawa: Ran; Ikiru; Dreams; Madadayo
Kim Ki-Duk: Spring, Summer, Fall, Winter... and Spring
Im Kwon-Taek: Mandala
Bae Yong-Kyun: Why has Bodhi-Dharma Left for the East
Terrence Malick: The Tree of Life
Alejandro Amenábar: Àgora
Kenji Mizoguchi: Ugetsu
Richard Linklater: Waking Life
René Laloux: Fantastic Planet
Richard Schenkman: The Man From Earth
Banmei Takahashi: Zen
Clint Eastwood: Hereafter
Nina Paley: Sita Sings the Blues
Este terceiro post da rubrica "A arte e o transcendente" será composto por diversas sugestões cinematográficas tendo como principal foco a espiritualidade e introspecção/reflexão.
Cá ficam algumas sugestões:
- Mindwalk (1990)
O filme gira à volta de três personagens: um político frustrado, uma ex-cientista e um poeta.
Num casual encontro, ambos partilham as suas respectivas visões sobre o Homem e a Vida. Um filme que alia a ciência moderna com a sabedoria antiga.
IMDb
Link do Youtube para o filme (legendado PT)
- Giordano Bruno (1973)
Giordano Bruno, talvez a mais famosa vítima da Inquisição da Igreja Católica Romana, foi um teólogo e filósofo italiano que viveu no séc. XVI.
Foi um dos primeiros a romper com a concepção aristotélica de um mundo estático e tornou-se progressivamente num símbolo da luta contra o obscurantismo e/ou dogmatismo.
De realçar que diversas ideias defendidas por Giordano Bruno são idênticas às que encontramos na Teosofia.
IMDb
Links para a parte 1 do filme (legendado PT) e parte 2
(Um artigo da revista Biosofia sobre a vida de Giordano Bruno: Link)
- La Belle Vert (1996)
"(...), é uma divertida e criativa crítica ao estado actual da ¨civilização¨ sob a ótica de uma suposta visitante vinda de ¨outro planeta¨, que poderia ser uma versão otimista futura da Terra, após a decadência do presente paradigma de degradação ecológica, consumismo, poluição indústrial, moral e ética que está culminando com o presente patético dramático que vivemos." (fonte do texto)
- Milarepa (2006)
Um dos mais famosos místicos tibetanos que viveu no séc. XI e XII.
O filme retrata o seu processo de evolução espiritual. Não só a sua dedicação à obtenção da iluminação espiritual como também os erros e obstáculos pelos quais passou.
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Abaixo o filme com legendas em inglês.
Juntamente com o Ramayana, Mahabharata constitui um dos grandes épicos da Índia, atribuindo-se a sua autoria a Vyasa.
O Mahabharata é uma pedra basilar do hinduísmo e engloba várias temáticas incluindo a libertação do ciclo de morte e nascimento e os métodos de desenvolvimento espiritual.
O Bhagavad Gita, umas das partes de Mahabharata, é bastante citado pelos principais autores teosóficos.
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Link do Youtube para o filme (legendado, PT: parte 1 ; parte 2 ; parte 3)
- Samsara (2001)
"Samsara é uma ¨história de amor espiritual¨ filmada nas imponentes locações geladas dos Himalaias. Um jovem discípulo a monge, depois de passar três anos meditando solitariamente nas montanhas, é levado de volta para o seu monastério, onde recupera suas forças. Em um passeio na aldeia, conhece Perna, se apaixona à primeira vista e desiste da sua vocação. Mas logo se depara com seu despreparo perante as dificuldades e desafio do dia-a-dia." (fonte do texto)
Contudo, ficam algumas recomendações:
Andrei Tarkovsky: Stalker, Nostalghia, Andrei Rubliov
Hayao Miyazaki: Spirited Away; Princess Mononoke
Ron Fricke: Baraka; Samsara
Darren Aronofsky: The Fountain
Carlos Reygadas: Silent Light
Ingmar Bergman: The Magic Flute; Personna; The Seventh Seal
Akira Kurosawa: Ran; Ikiru; Dreams; Madadayo
Kim Ki-Duk: Spring, Summer, Fall, Winter... and Spring
Im Kwon-Taek: Mandala
Bae Yong-Kyun: Why has Bodhi-Dharma Left for the East
Terrence Malick: The Tree of Life
Alejandro Amenábar: Àgora
Kenji Mizoguchi: Ugetsu
Richard Linklater: Waking Life
René Laloux: Fantastic Planet
Richard Schenkman: The Man From Earth
Banmei Takahashi: Zen
Clint Eastwood: Hereafter
Nina Paley: Sita Sings the Blues
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a arte e o transcendente,
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