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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Cascas, andarilhos terrestres e egrégoras (2ª parte)

A semana passada vimos a descrição das cascas astrais e continuamos ainda no mesmo tema no início do post desta semana. Lembre-se que este texto foi retirado de uma discussão do theos-talk.

Numa carta de KH para Laura C. Holloway datada de finais de agosto de 1884, o Mahatma escreve:

Laura C. Holloway-Langford (1843-1930)


“Você não pode adquirir poder psíquico antes que as causas da fragilidade psíquica sejam removidas. Você aprendeu mal os elementos de autocontrolo psicológico; a sua forte imaginação criativa evoca criaturas ilusórias, surgidas no instante anterior por invenção da sua mente, sem que você mesmo o saiba. Até agora você não descobriu o método exato de discernir o falso do verdadeiro, porque ainda não compreendeu a doutrina das cascas. [esta parte encontra-se nas p.145 e 146 da edição em português das “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, a partir daqui a tradução é minha] Seja como for não é o emocionalismo irracional que pode eliminar um facto da Natureza. O seu ex-amigo é uma casca e mais perigoso para você que outras dez cascas, pois o sentimento dele por você era intenso e terreno. O pouco da espiritualidade dele está agora no Devachan [um estado de bem-aventurança dos Egos na maior parte do período entre-vidas] e no Kama-loka apenas a escória que em vão ele tentou reprimir. E agora oiça e lembre-se:

Quer você faça sessões para os seus amigos na América ou em Londres como médium - embora você agora odeie a palavra – ou vidente ou reveladora, dado que mal aprendeu os elementos de autocontrolo em psiquismo, você deve sofrer más consequências. Você atrai para si as influências mais próximas e fortes – muitas vezes más – e absorve-as, ficando psiquicamente sufocada e drogada por elas. O ar fica cheio de fantasmas ressuscitados.

Eles dão-lhe falsas indicações, revelações enganadoras e imagens enganosas. A sua vívida fantasia criativa evoca gurus e chelas ilusórios e põe na boca deles palavras gravadas um instante antes na sua mente, sem você se aperceber. O falso parece como real, como o verdadeiro e você não tem nenhum método exato de deteção, pois você está ainda inclinada a obrigar as suas comunicações a estarem de acordo com os suas ideias preconcebidas. O Sr. Sinnett atraiu para si, inconscientemente e contra a sua vontade, uma nuvem de elementários cujo poder é tal sobre ele tornando-o miseravelmente infeliz e abalando a sua constância. Ele está efetivamente em perigo de perder tudo aquilo que ganhou, e de cortar a ligação comigo para sempre...”



Sobre os andarilhos terrestres

O mestre K.H. escreveu sobre este assunto com algum detalhe e menciona o destino dos “andarilhos terrestres”:

“A regra é que uma pessoa que tenha uma morte natural permaneça “desde algumas horas até uns poucos anos” dentro da atração da Terra, isto é, no Kama-loka. Mas há exceções, no caso dos suicidas e daqueles que têm uma morte violenta em geral.

Consequentemente um destes Egos, por exemplo, que estivesse destinado a viver, digamos 80 ou 90 anos, mas que se matou ou foi morto por acidente, vamos supor, aos 20 anos – teria que passar no Kama-loka não “alguns anos”, mas neste caso 60 ou 70 anos, como um Elementário, ou mais precisamente um “andarilho terrestre”, já que ele não é, infelizmente para ele, nem mesmo uma “casca”.”(Carta dos Mahatmas para A.P. Sinett, vol I, carta 68, p.312-3)


Na mesma carta KH (p.308) já tinha referido:

“(…) os suicidas e os mortos em acidentes (…) são uma exceção à regra, pois terão de permanecer dentro da atração da Terra e na sua atmosfera – o Kama-loka – até o exato último momento do que teria sido a duração natural das suas vidas. Em outras palavras, aquela onda particular de vida-em-evolução deve prosseguir até à sua praia. Mas é um pecado e uma crueldade reviver a sua memória e intensificar o seu sofrimento dando-lhes a possibilidade de viver uma vida artificial; uma possibilidade de sobrecarregar o seu carma, ao colocar diante deles a tentação de portas abertas, isto é, médiuns e sensitivos (…)”

Sobre as egrégoras

O mestre KH escreve o seguinte sobre as formas-pensamento:

“…cada pensamento do homem , ao ser produzido, passa ao mundo interno e torna-se uma entidade ativa associando-se - amalgamando-se, poderíamos dizer – com um elemental, isto é, com uma das forças semi-inteligentes dos reinos. Ele sobrevive como uma inteligência ativa – uma criatura gerada pela mente por um período mais curto ou mais longo, proporcionalmente à intensidade da ação cerebral que o gerou. Desse modo, um bom pensamento é perpetuado como força ativa e benéfica, um mau pensamento como um demónio maléfico. Assim o homem está constantemente ocupando sua corrente no espaço com o seu próprio mundo, um mundo povoado com a prole das suas fantasias, desejos, impulsos e paixões (…)” (op.cit, vol. II, 1ª carta para A. O. Hume,p.343)

Allan Octavian Hume (1829-1912)


Noutro lado (op.cit, vol. I, carta 18, p.125) KH escreve:

“As noções de infernos, purgatórios, paraísos e ressurreições são todas ecos distorcidos e caricaturais da Verdade primordial e única, ensinada à Humanidade na infância das suas raças por cada Primeiro Mensageiro – o Espírito Planetário (…) e cuja lembrança permaneceu na memória do homem como o Elu dos caldeus, o Osíris do Egito, como Vishnu, os primeiros Budas e assim por diante.

O mundo inferior dos efeitos é a esfera destes pensamentos distorcidos; das conceções e representações mais sensuais; de divindades antropomórficas, projeções dos seus criadores, isto é, as mentes humanas sensuais de pessoas que jamais superam a sua animalidade na Terra. Lembrando que os pensamentos são coisas – têm resistência, coerência e vida -, e que eles são entidades reais, o resto ficará claro. 

Desencarnado, o criador é atraído naturalmente para a sua criação e criaturas; sugado pelo Maelstrom que ele mesmo produziu…”

E numa carta de HPB (op.cit., vol.I, carta 30, p.166) esta cita o mestre Morya sobre formas-pensamento coletivas:

Helena P. Blavatsky


“A fé em Deuses ou em Deus e outras superstições atraem milhões de influências alheias, entidades vivas e poderosos agentes para perto das pessoas (…) planetários atrasados deliciam-se personificando deuses e, às vezes, personagens famosos que viveram na Terra. Existem Dhyan-Chohans [de acordo com o Glossário Teosófico são devas, ou deuses mais elevados, que correspondem aos Arcanjos da religião católica-romana], e “Chohans das Trevas”, não o que eles chamam de diabos, mas “Inteligências” imperfeitas que nunca nasceram nesta ou em qualquer outra terra ou esfera, tanto quanto os “Dhyan-Chohans”, e que nunca farão parte dos “construtores do Universo”, as Inteligências Planetárias puras que presidem cada Manvantara [período de manifestação], enquanto que os Chohans das Trevas presidem aos Pralayas [período de obscuridade ou repouso].

(…) tudo neste Universo é contraste (…) assim também a luz dos Dhyan Chohans e a sua inteligência pura é contrastada pelos “Ma-Mo Chohans” – e a sua inteligência destrutiva. Esses são os deuses que hindus, cristãos, maometanos e todos os demais integrantes de religiões e seitas intolerantes fanáticas adoram.”

Arthur W.Osborn reúne de forma apropriada muito do que está acima exposto no seguinte excerto sobre visões de Deus por parte de devotos como formas-pensamento coletivas:

“Imagens do Supremo, embora tomadas como definitivas pelos simples devotos, são mais rapidamente explicáveis como projeções, sejam individuais ou coletivas, ou credos doutrinais relativos a Krishna, Cristo, Kali ou outros aspetos pessoais da Divindade. Nós dizemos projeções “coletivas” porque qualquer símbolo religioso, que talvez durante séculos tenha sido foco de devoção, pode assumir uma realidade concreta. O ocultismo fornece alguns exemplos marcantes da força do pensamento coletiva na criação de formas-pensamento de suficiente intensidade para se tornarem objetos percecionados. Centros de energia parecem se ter formado nalgum plano suprafísico capaz de exercer influência no meio físico…” (The Cosmic Womb, p.59).

Nos vários livros referidos neste texto (e não só) poderá o leitor descobrir mais sobre este tema. Para melhor perceber o fenómeno das cascas e dos andarilhos terrestres recomendam-se os livros de Geoffrey Farthing: "When we Die" e "After Death Consciousness and Processes" .

Geoffrey Farting (1909-2004)

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