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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Filme - Em defesa da vida

Lançada em 1991, a comédia “Em defesa da vida” passou relativamente despercebida. Não deixa contudo de ser uma pequena pérola, que poderá fazer reflectir o espectador e direcionar o seu pensamento para uma das questões que poderá expô-lo ao vasto campo da espiritualidade. Essa questão é: o que acontece após a morte?

Escrito e realizado pelo norte-americano Albert Brooks, o filme conta a história de Daniel Miller (interpretado pelo próprio Brooks), um alto quadro de uma empresa que morre na sequência de um acidente de viação. Chega depois a outro plano existencial, apercebendo-se que terá que passar por uma espécie de julgamento, que além do réu tem ainda um conjunto de juízes, um advogado de defesa e outro de acusação. Numa tela são passados imagens do passado de Daniel que assim vê o que de bom e de mau fez na sua existência na Terra.

Sendo uma comédia cheia de elementos alegóricos, o filme não pretende dar uma representação fiel de como é o mundo astral, embora aqueles que conhecem literatura sobre o assunto consigam estabelecer diversos paralelismos.

Um deles é a confusão que se apodera depois da transição, particularmente no caso particular de acidentes. Eis, com muito humor como é informado Daniel do sítio onde está pelo seu advogado de defesa, interpretado por Rip Torn.


  


Sendo um filme de Hollywood, existe também um elemento de romance, que é espoletado pelo encontro de Daniel com Julia, interpretada por Meryl Streep. Ao contrário da vida nem sempre exemplar de Daniel, Julia parece ter acertado sempre nas decisões que tomou ao longo da vida. Assim, a probabilidade dela seguir em frente é maior que a de Daniel, que poderá de ter de voltar a reencarnar na Terra, local onde já tinham estado antes diversas vezes, como se pode ver no excerto abaixo.




Mas como se sabe não existem muitas “Julias”, praticamente toda a humanidade continua presa ao ciclo de encarnações sucessivas, com um intervalo mais ou menos longo no Devachan (que segundo o Glossário Teosófico é o estado intermediário entre duas vidas terrestres, que corresponde à ideia de Céu ou Paraíso, onde cada mónada individual vive num mundo que foi criado pelos seus próprios pensamentos e onde os produtos da sua própria ideação espiritual lhe aparecem substanciais e objectivos)…

O tópico central do filme é na verdade, o medo e a forma como este nos afecta nas nossas decisões. Os nossos medos resultam de experiências negativas na vida presente, mas alguns desses medos inconscientes terão com certeza origem em encarnações anteriores. Infelizmente, muitos de nós imaginar-se-ão no lugar do Daniel, no momento em que é confrontado pela feroz advogada de acusação, interpretada pela actriz Lee Grant.

Segundo parece o DVD do filme está esgotado e portanto a solução está em aguardar que algum canal de TV o passe novamente (em Portugal o canal Hollywood já o fez por diversas vezes), ou então procurá-lo na internet. Com o passar dos anos, o filme passou a ser mais apreciado e bem o merece (tem 7,1/10 no IMDB).

Quanto à revisão de vida, ela acontece efetivamente conforme descreve Helena Blavatsky em “A Chave para a Teosofia” (p.146 da edição em português):

“No momento solene da morte, cada homem, mesmo quando a morte é súbita, vê toda a sua vida passar diante dos olhos, nos mais diminutos detalhes. (…) este instante é suficiente para mostrar a ele a cadeia completa de causas que estiveram em acção durante a sua vida. (…) Ele lê a sua vida, permanecendo como um espectador, olhando lá em baixo a arena que está abandonando; ele sente e conhece a justiça de todo o sofrimento que o atingiu.”

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