Helena Petrovna Blavatsky nasceu a 12 de Agosto de 1831 na
actual Dnepropetrovsk, cidade do
interior da Ucrânia, que então se chamava de Ekaterinoslav. Helena era filha de
Peter von Hahn, militar e de Helena Andreyevna Fadeyef, escritora que assinava
com o pseudónimo Zenaida B-va, ambos provenientes de estratos sociais elevados.
Enquanto nova, Helena já demonstrava o seu temperamento muito particular,
evidenciando forte rebeldia e um espírito muito curioso. Episódios inexplicáveis
do ponto de vista da ciência convencional começaram já na sua infância.
Até 1873, ano em que
chega a Nova Iorque, há considerável especulação sobre a vida de Helena. Existem
apenas testemunhos da própria, de alguns familiares e de personagens que
interagiram com ela nesse período, mas é difícil de estabelecer consensos, até
porque Helena nunca quis descortinar completamente alguns eventos ocorridos
neste período. Existem por exemplo relatos dissonantes relativamente à data em
que teve o primeiro encontro com o seu Mestre (confrontem-se os livros
“Incidentes na vida de Madame Blavatsky”, de A.P. Sinnett e “Reminiscências de HPB da Doutrina Secreta”, da Condessa Constance Wachtmeister). Depois de muitas
viagens a sítios tão diversos como a Turquia, Egipto, Canadá, EUA, parte da
América Latina, Inglaterra e outros países da Europa, HPB esteve no Tibete a ser
treinada pelos Mahatmas, uma deslocação já tentada anteriormente mas sem
sucesso. De “regresso ao mundo”, Helena começa a fazer as primeiras tentativas
de transmitir os seus conhecimentos à humanidade. A primeira dessas tentativas
é um rotundo falhanço. A criação de uma sociedade espírita no Cairo, para que
Helena pudesse atrair algum interesse e para que posteriormente pudesse dar uma
explicação alternativa para esses fenómenos falha, por terem sido contratadas
mediums fraudulentas. Pouco tempo depois ruma aos EUA, onde irá travar
conhecimento com o Cel. Henry Steel Olcott, no decurso de uma visita a uma casa
conhecida por ser palco de fenómenos associados a espiritismo.
A 7 de Setembro de
1875 é lançada a semente do que viria a ser Sociedade Teosófica (ST), ideia que
se concretizaria a 17 de Novembro do mesmo ano. A declaração de objectivos da
entidade ficou assim definida:
1. Formar um núcleo de fraternidade universal para
a humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor.
2. Encorajar o estudo comparativo das religiões,
das filosofias e das ciências.
3. Investigar as leis inexplicadas da natureza e os
poderes latentes da humanidade.
Em
Setembro de 1877, HPB publica a sua primeira grande obra “Isis sem Véu”
(traduzida no Brasil para português em 4 volumes, pela editora Pensamento) e
algum tempo depois dirige-se à Índia onde estabelecerá a sede principal da ST em
Adyar (na cidade de Chennai, então chamada de Madras), na costa oriental
daquele país. Aí HPB irá travar conhecimento com Alfred Percival Sinnett, um
jornalista britânico, que acabaria por trocar correspondência com os Mestres, o
que daria origem a obras populares na literatura teosófica (“O Mundo Oculto” e “BudismoEsotérico”). Em 1884, inicia-se um processo que iria desgastar fortemente a
imagem de HPB, espoletado pelo casal Coulomb que trabalhava para a ST e que serviria
de pretexto para uma investigação por parte da Sociedade de Pesquisa Psíquica
(SPP). Os Coulomb denunciavam HPB, acusando-a de fraude. A 31 de Dezembro de
1885, Blavatsky toma conhecimento das conclusões do investigador, o australiano
Richard Hodgson. Na introdução ao relatório o Comité da SPP, descreve HPB como “uma
das mais bem sucedidas, engenhosas e interessantes impostoras da história”. Em
1986, praticamente 100 anos depois, a SPP reconheceu falhas na investigação e
anulou esse ónus que pesava sobre HPB, muitas vezes citada em enciclopédias e
artigos de jornal, como uma charlatã, à conta do relatório da SPP. Regressada à
Europa, HPB produzirá aí a sua magnum
opus, “A Doutrina Secreta”, obra central da teosofia, publicada no último
trimestre de 1888. Escreveria ainda “A Chave para a Teosofia”, livro que ainda
hoje é uma excelente introdução à filosofia esotérica e “A Voz do Silêncio”,
que é na minha opinião, o livro mais espantoso que já li. Iniciaria ainda o “Glossário
Teosófico”.
Com
a saúde muitas vezes debilitada – HPB esteve à portas da morte mais do que uma
vez – vem a falecer em Londres a 8 de Maio de 1891, na sequência de um surto de
gripe.
A
vida de HPB é demasiado rica e importante e qualquer resumo parece sempre muito
imperfeito. O melhor mesmo é ler as biografias existentes de HPB. Falarei sobre
algumas delas em próximos posts.
HPB
é para mim, uma das principais figuras do século XIX. O seu valor não foi
reconhecido na altura e ainda hoje continua por ser feita maior justiça com
esta mensageira das verdades eternas.
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