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sábado, 13 de dezembro de 2014

Manifesto para uma Ciência pós-materialista (1ª parte)

Recentemente circulou entre vários estudantes de Teosofia a notícia de que um grupo de cientistas de vanguarda tinha redigido um manifesto para uma ciência pós-materialista.

O manifesto foi da autoria de Mario Beauregard (PhD), Gary Schwartz (PhD) e Lisa Miller (PhD), em colaboração com Dr. Larry Dossey, Dr. Alexander Moreira-Almeida (PhD), Marilyn Schlitz (PhD) e dois investigadores mais conhecidos, Rupert Sheldrake (PhD) e Charles Tart (PhD).

Como já escrevi anteriormente, a Teosofia, embora reconheça as limitações da ciência moderna, tem nela um aliado poderoso para, à medida que aquela evolui, mais facilmente convencer a humanidade em geral das verdades da Sabedoria Eterna.


Foto de: http://www.quantumactivist.com
 
O novo paradigma que este corajoso grupo de cientistas propôs é por essa razão visto com entusiasmo pelo movimento teosófico, pelo menos, por aqueles que acompanham a evolução da ciência mais de perto.

Avancemos para a tradução, sendo que o link para o texto original está associado ao título abaixo.


Manifesto para uma ciência pós-materialista


Desde o seu nascimento, a ciência tem evoluído continuamente devido a uma razão fundamental: a acumulação de provas empíricas que não podem ser acomodadas por opiniões enraizadas. As alterações decorrentes têm sido muitas vezes insignificantes, mas nalguns casos foram titânicas, como por exemplo na revolução quântico-relativista das primeiras décadas do século XX.

Muitos cientistas acreditam que uma transição do género é presentemente necessária, porque o enfoque materialista que tem dominado a ciência na era moderna não pode explicar um conjunto crescente de descobertas empíricas no domínio da consciência e espiritualidade.

O seguinte manifesto para uma Ciência Pós-materialista escrito por um grupo de académicos e investigadores contemporâneos tenta visualizar como poderá uma perspetiva científica emergente.

Dr. Larry Dossey, Editor Executivo


Somos um grupo de cientistas de renome internacional, de uma variedade de campos científicos (biologia, neurociência, psicologia, medicina e psiquiatria), que participaram numa cimeira internacional sobre ciência pós-materialista, espiritualidade e sociedade. A cimeira foi coorganizada pelos doutorados Gary E. Schwartz, Mario Beauregard, da Universidade do Arizona e Lisa Miller, da Universidade de Columbia. Esta cimeira foi realizada no Canyon Ranch em Tucson, Arizona, entre 7 e 9 de fevereiro de 2014. O nosso objetivo foi discutir o impacto da ideologia materialista na ciência e a emergência de um paradigma pós-materialista para a ciência, espiritualidade e sociedade. 


Foto: Huffington Post (ver aqui o artigo publicado no Post
sobre o assunto)

Chegámos às seguintes conclusões:

1. A mundivisão científica moderna é predominantemente baseada em suposições que estão intimamente associadas com a física clássica. O materialismo - a ideia de que a matéria é a única realidade - é uma dessas suposições. Um pressuposto relacionado é o reducionismo, a noção de que as coisas complexas podem ser compreendidas, se as reduzirmos às interações das suas partes, ou às coisas mais simples ou mais fundamentais, tais como partículas materiais minúsculas.

2. Durante o século XIX, esses pressupostos estreitaram-se, transformaram-se em dogmas, e fundiram-se num sistema de crença ideológica que veio a ser conhecido como "materialismo científico". Este sistema de crença implica que a mente não é nada mais que a atividade física do cérebro e que os nossos pensamentos não podem ter qualquer efeito sobre os nossos cérebros e corpos, as nossas ações e no mundo físico.

3. A ideologia do materialismo científico tornou-se dominante no meio académico durante o século XX. De tal modo dominante, que a maioria dos cientistas começou a acreditar que ela estava baseada em evidências empíricas estabelecidas, e que representava a única visão racional do mundo.


Capa do livro de Charles Tart, um dos
cientistas que colaborou na redação do manifesto


4. Os métodos científicos baseados na filosofia materialista têm sido muito bem sucedidos, não só por aumentarem a nossa compreensão da natureza, mas também por trazerem maior controlo e liberdade através de avanços na tecnologia.

5. No entanto, o domínio quase absoluto do materialismo no mundo académico tem restringido seriamente as ciências e dificultado o desenvolvimento do estudo científico da mente e da espiritualidade. A fé nesta ideologia, como um quadro explicativo exclusivo para a realidade, obrigou os cientistas a negligenciar a dimensão subjetiva da experiência humana. Isto levou a uma compreensão extremamente distorcida e empobrecida de nós mesmos e do nosso lugar na natureza.

6. A ciência é antes de tudo um método não-dogmático e de mente aberta, de aquisição de conhecimento sobre a natureza através da observação, investigação experimental e explicação teórica de fenómenos. A sua metodologia não é sinónimo de materialismo e não deve estar comprometida com nenhuma forma particular de crenças, dogmas ou ideologias. 


Mario Beauregard
(foto:vancouversun.com)

7. No final do século XIX, os físicos descobriram fenómenos empíricos que não podiam ser explicados pela física clássica. Isto levou ao desenvolvimento, durante os anos 1920 e início dos anos 1930, de um revolucionário novo ramo da física chamado mecânica quântica (MQ). A MQ questionou as bases materiais do mundo, ao mostrar que os átomos e partículas subatómicas não são realmente objetos sólidos, pois não existem com certeza em localizações espaciais definidas e os tempos definidos. Mais importante ainda, a MQ explicitamente introduziu a mente na sua estrutura concetual básica, uma vez que se verificou que as partículas a serem observadas pelo observador - o físico e o método utilizado para a observação - estão ligados. De acordo com uma interpretação de MQ, este fenómeno implica que a consciência do observador é vital para a existência dos acontecimentos físicos que estão sendo observados, e que os acontecimentos mentais podem afetar o mundo físico. Os resultados das experiências recentes suportam esta interpretação. Estes resultados sugerem que o mundo físico não é mais o componente principal ou único da realidade, não podendo ser totalmente entendido, sem fazer referência à mente.

8. Estudos psicológicos têm demonstrado que a atividade mental consciente pode influenciar causalmente o comportamento e que o valor explicativo e preditivo dos fatores agênticos (por exemplo, crenças, objetivos, desejos e expetativas) é muito alto. Além disso, investigações em psiconeuroimunologia indicam que nossos pensamentos e emoções podem afetar significativamente a atividade dos sistemas fisiológicos (por exemplo, imunológico, endócrino, cardiovascular) conectados ao cérebro. Em outros aspetos, os estudos de neuroimagem de auto-regulação emocional, psicoterapia, e o efeito placebo demonstram que os episódios mentais influenciam significativamente a atividade do cérebro.

9. Os estudos dos chamados "fenômenos psi" indicam que às vezes podemos receber informações significativas sem o uso de sentidos comuns, e de formas que transcendem os constrangimentos habituais do espaço e do tempo. Além disso, a investigação psi demonstra que podemos influenciar a mentalmente – à distância –dispositivos físicos e organismos vivos (incluindo os seres humanos). A investigação psi também mostra que mentes distantes podem se comportar de modos que estão não-localmente correlacionadas, ou seja, hipoteticamente as correlações entre as mentes distantes não são mediadas (não estão ligados a qualquer sinal energético conhecido), não são mitigadas (não se degradam com o aumento da distância), mas são imediatas (parecem ser simultâneas). Estes episódios são tão comuns que não podem ser vistos como anómalos, nem como exceções às leis naturais, mas como indicações sobre a necessidade de um quadro explicativo mais amplo, que não pode ser ditado exclusivamente pelo materialismo.




No video anterior temos Rupert Sheldrake, outro dos cientistas que colaborou na redação do manifesto.

Os restantes 9 pontos serão apresentados na próxima semana.

1 comentário:

  1. Scientists and physics prove every day that the teachings of the Theosophia are true.The electric universe is a projection of consciousness..

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